História Deixe sua janela aberta - Para você.

Em que a mamãe de Ji Hansol está ocupada demais no serviço e Nakamoto Yuta oferece ao rapaz um cantinho na sua cama.

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Uma e quinze da manhã, marcava o relógio no momento em que os olhos de Yuta se abriram com o susto que levou. Algo arranhava sua janela, o que fez com que o rapaz apertasse os dedos no cobertor por puro medo; Ergueu a cabeça brevemente, na esperança de enxergar algo – ou alguém – em sua janela.

O suspiro que saiu por entre os lábios do japonês fora de alívio. Do lado de fora da janela estava Ji Hansol, o vizinho engraçadinho que raramente falava consigo em horários que não fossem de madrugada. O rapazinho vivia com a mãe, uma médica bem requisitada na cidade, o que resultava em suas noites mal dormidas: Não sabia pegar no sono quando estava sozinho, algo dentro de si acabava por o desesperar.

Yuta chutou as cobertas o mais rápido que pôde, andando em passos lentos até a janela. Hansol sorriu para si no momento em que as mãozinhas foram até a tranca, abrindo-a e permitindo que o rapaz entrasse em seu quarto sem muita cerimônia.

— Você não conseguiu dormir hoje? – Yuta questionou, fechando a janela para que a brisa fria da madrugada não entrasse no quarto. Encarou o amigo nos olhos, esperando por sua resposta.

— Eu estive dormindo bem, mas quando tive sede e fui até a cozinha para beber água, percebi que a mamãe não estava mais em casa. – os lábios do rapaz formaram um bico que Yuta julgou fofo; Gostava da companhia do mais velho e achava um absurdo sua mamãe lhe abandonar sem nem avisar. Se pudesse, deixaria que Hansol dormisse consigo todos os dias, apenas na garantia de que ele acordaria bem no dia seguinte.

— Ah, eu sinto muito. – Yuta resmungou, observando os olhos do filho dos Ji. Hansol parecia, realmente, uma criança; Os olhinhos grandes conseguiam o deixar ainda mais bonito que sua aparência em conjunto. Yuta gostava daquilo mais do que gostava de comer sorvete em dias quentes. — Você quer conversar um pouquinho, então?

O sorriso que o japonês deixou escapar naquele instante foi o suficiente para aquecer o coração de Hansol. Os dois meninos não costumavam conversar muito, apesar das visitas constantes de Hansol ao quarto do vizinho. Trocavam olhares durante horas e perguntavam, um ao outro, se o dia havia sido legal. Vez ou outra, jogavam video-game juntos; Mas não costumavam conversar a ponto de saberem coisas um sobre o outro. Não coisas importantes.

— Mamãe tinha me prometido que passaria o feriado comigo, mas ela saiu de madrugada de novo. Isso me deixa chateado. – o biquinho nos lábios do coreano parecia aumentar cada vez mais. Yuta observou-o com os bracinhos cruzados; Não queria ver o amigo naquela situação, gostava de quando o maior sorria para si por coisas bobas ou contava piadas que um dia havia ouvido.

— Não fique chateado, Hyung. – resmungou, aproximando-se um pouco do corpo do rapaz. Abraçou-o pela cintura. Yuta não costumava abraçar pessoas, mas, um dia, ouviu falar que abraços podem curar mágoas, e Hansol parecia magoado. Não queria vê-lo daquela forma, de jeitinho nenhum! — Você quer passar a noite comigo? Assim você consegue dormir.

— Hm, – olhou para o rosto do japonês e logo desviou o olhar para a janela do quarto. A noite estava bonita, mas estaria ainda mais bonita se ele pudesse passá-la com Yuta. — Onde eu posso dormir?

Yuta fechou os olhos por um instante, parecia estar pensando em algo; E realmente estava. Seu quarto era miúdo, onde Hansol dormiria, afinal? Não haviam colchões extra e muito menos um sofá cama! Suspirou, abrindo os olhos novamente. Tornou a observar o coreano, deixando que um sorriso estampasse sua face mais uma vez naquela noite.

— Você pode dormir comigo! – disse, animado. Hansol pensou por um minuto inteiro, sorrindo para Yuta ao tomar a decisão final.

— Então eu passo a noite com você. – abraçou o rapaz, andando devagarinho até a cama onde o mesmo estava deitado minutos atrás.

Deitaram-se juntos na cama de solteiro. Estavam apertados ali, mas nada que um abraço – ou umas empurradinhas – não resolvesse, não é mesmo?

Hansol, antes mesmo de fechar os olhos para tentar dormir, pegou nas mãos de Yuta. Estavam quentinhas, o que refletia bastante com o clima – era inverno na Coreia do Sul, o que tornava as noites ainda mais frias que o normal. O Ji acabou sorrindo por uns instantes, antes de observar o japonês pelo canto dos olhos. Ele sorria, também.

— Obrigado por ser meu amigo, Yuta. Mesmo que a gente não saiba muito um do outro, acho que a sua companhia me faz bem. Eu fico tão alegre com você, meu coração até acelera; Às vezes eu acho que vou morrer! – as palavras sinceras fizeram com que algo dentro do pequeno Yuta batesse mais forte, pensou que iria desmaiar, pois se sentia da mesma forma quando o assunto era o vizinho. Virou-se para o mesmo, puxando uma das mãos apenas para conseguir apoiar a cabeça e observá-lo melhor.

— Você me deixou sem palavras, Hyung! – o japonês resmungou, jogando o próprio corpo acima de Hansol, que abraçou-o com força, como se não quisesse soltá-lo nunca. E, de fato, não queria. — Você é importante para mim.

Ao ouvir aquelas palavras, Hansol sentiu-se imensamente feliz. Não pensou muito antes de erguer rapidamente a cabeça e capturar os lábios do amigo em um selar rapidinho. O coração acelerou ao sentir o calor dos lábios do rapaz, ao se afastar, Hansol sorria como um bobo. Yuta estava com as bochechas rosadinhas, o que fez com que ele apertasse ambas as bochechas, envergonhado.

Não sabia o que havia dado no vizinho para que tal atitude fosse tomada, mas havia gostado. Hansol sempre foi de agir sem pensar muito, e Yuta achava aquilo adorável. Observou-o rapidinho, deixando em suas bochechas dois beijos repletos de agradecimento e carinho.

— Hm, Hyung? – resmungou. Hansol o olhou no exato momento. — Quando você se sentir sozinho de novo, pode dormir aqui. Eu vou deixar a janela aberta, para você.