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História Delicate - Last Pack


Escrita por: nuggetcamren

Capítulo 3 - Last Pack


Camila POV

Realmente não sei o significado da palavra “dormir”. Eu pareço mais um zumbi do que eu mesma. Rolei de um lado para o outro o resto da manhã e não adiantou. O sono não chegou. Só de pensar que daqui a algumas horas vou estar deixando minha cidade e indo para o outro lado do país... Começar do zero, eu me sinto elétrica. Será que vou conseguir me enturmar? Embora Dinah esteja indo comigo, não me parece muito atrativo passar o ano inteiro sozinhas (?). Tá, eu não faço questão se vou voltar de qualquer jeito. Por falar em Dinah, ainda não respondi sua mensagem.

Cacei meu celular e cliquei em sua conversa.

China [05:07am]: Obrigada por me deixar curiosa, Cabello! Vou começar a arrumar minhas coisas. Tu bem que podia vir me ajudar, huh? Pra agilizar o processo...

China [07:00am]: Mila...!! Eu realmente preciso de ajuda

China [10:38am]: Camila, eu tô falando sério. Que banho demorado é esse? Desceu pelo ralo?

China [12:01pm]: KARLA CAMILA! Cadê você? Morreu?

Oh oh... acho que alguém será decapitada. Dinah odeia quando demoram para responde-la, principalmente quando o assunto é sério ou quando ela está falando comigo. Me sinto especial, mas as vezes é ruim ter que responder imediatamente sem nem pensar em uma resposta digna.

Deslizei meus dedos pelo teclado a respondendo antes que ela venha até aqui.

Me [12:10pm]: Hey, Chee! Eu... cochilei. Melhor, embolei na cama. Ainda precisa de mim?

Mal enviei e apareceu o “digitando”. Ri divertida, ela está nervosa.

China [12:11pm]: lmbecil, doente mental! Claro que eu preciso, vem logo.

Me [12:11pm]: Vou falar com dona Sinu e tentar almoçar. Chego em 1 hora.

China [12:11pm]: Tô esperando.

Não falou mais nada a partir dai. Eu poderia perguntar como ela poderia saber que minha mãe vai me deixar ir, mas lembrei-me que conheço Dinah desde o berço. Nossas famílias são amigas há tanto tempo que não consigo lembrar de alguma época da minha vida em que Dinah não estivesse presente. Sabe como é conhecer uma pessoa como a palma de sua mão? Saber quando está triste, quando quer chorar, quando está com dor, quando quer fazer surpresa sobre algo, mas sei que está feliz demais e que tem algo por trás... Eu realmente conheço essa menina. E sei que ela me conhece tão bem quanto.

Levantei da cama e fui direto pro banheiro. Se não consigo dormir, espero pelo menos espantar a cara de cansada. Com um banho quente e extremamente relaxante eu resolvo isso, certo? Errado. O cansaço, vulgo, as olheiras, não deixaram meu rosto. Tive que improvisar com o presente dos Deuses também conhecido como: maquiagem. Vesti meu moletom favorito do Ed, uma calça jeans justa e calcei meu all star surrado. Suspirei em frente ao espelho, vou assim mesmo. Desci as escadas com dificuldade graças às pilhas de caixas por todos os lugares. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo e fui à procura da minha mãe. Eu poderia ter ido comer, mas só de pensar no cheiro sinto vontade de vomitar. Então é melhor ir direto pra casa da minha monstrinho ajudar.

Encontrei minha mãe junto com Sofia, ajudando a empilhar a última carga de coisas no caminhão da mudança.

O dia está lindo. Perfeito para ir à praia. O sol queima forte lá em cima sem nenhuma nuvem em seu caminho. Praia... vou sentir falta das festas, das escapadas. Acho que o que vou sentir mesmo com essa mudança é o clima. Não que a falta dos meus amigos seja irrelevante, muito pelo contrário! Senti meu coração apertar e desci os degraus da varanda indo em direção a minha mãe.

– Mama... –Chamei sua atenção delicadamente e vi seu sorriso brilhar mais do que o sol que irradiava– Eu, hm... Dinha mandou um 911, posso ir?

–Saiu do covil! –Exclamou espantada e feliz referindo-se ao meu quarto– Ela está bem? –Sua expressão agora era preocupada.

– Oh, sim. Só precisa de ajuda com as malas. –Respondi sem conter o sorriso.

– Seu pai e essas ideias... –Riu divertida– Pode ir, hija. Agora volte antes da 7pm.

– Okay! –Exclamei pulando– obrigada! –Beijei sua bochecha.

– Te quiero, Kaki –Sorriu segurando meu rosto em suas mãos.

– Te quiero, mama –Sorri de volta e percebi a felicidade evidente da minha mãe. Afinal, eu não sorria para ela haviam semanas.

Sinu deu breves tapinhas em minhas costas e mandou que eu fosse logo antes que Dinah viesse até nós. Concordei e fui caminhando os dois quarteirões. Dobrei as mangas do moletom para não me chamarem de louca, embora eu não esteja exatamente com calor. Não é um dia quente. Apesar do sol forte a brisa é fresca e contínua fazendo alguns fios do meu cabelo saírem do nó e voarem livres pelo meu rosto.

Enquanto mil e uma coisas atravessam meu pensamento, ao mesmo tempo nada prevalece. Cansei de meus pensamentos confusos e enfiei os fones de ouvido. Ouvi a voz graciosa da Adele em Turning Tables até chegar na casa da minha melhor amiga.

Bati duas vezes na porta e tia Milika surgiu com um ar apressado, mas sorriu ao me ver.

– Oi, Mila. Aqui tá tudo no corre-corre! Procura Dinah, sim? –Assenti sorrido– Ela tá no quarto, não saiu de lá hoje.

– Cadê tio Gordon? Sei como é essa correria... Estávamos assim até algumas horas atrás.

– Gordon? Fugiu do serviço! –Respondeu com as mãos na cintura e uma cara irônica– Está na empresa, foi assinar uns papéis com seu pai.

– Oh... –Ri divertida– Ele estará aqui em breve.

– Assim espero. –Murmurou.

– CAMILA! –Ouvi meu nome gritado e revirei os olhos. Esquentadinha.

Tia Milika riu de me deu espaço para passar. Vou ser sincera, a casa está uma bagunça! Nunca tinha visto a casa tão bagunçada desse jeito. Caixa aqui, malas ali... pacotes acolá, tava cheia! Me direcionei para o  tão conhecido quarto de DJ que milagrosamente estava mais arrumado que o restante da casa. Um pouquinho só. Ao abrir a porta dei de cara com mais duas figuras acompanhando Dinah.

– Finalmente, margarida. –Disse Dinah pondo uma blusa em sua mala.

– Kyle! –Gritei jogando-me nos braços de meu amigo.

– Camilinha! –Me apertou com força enquanto sorria– Vou poder ir nessa viagem também? –Me desvencilhei de seu abraço e sorri.

– Não sei se o senhor Alejandro vai abrir mais vagas... mas gostaria muito de levar todos comigo.

Abrecei Lena com força. Kyle e Lena são irmãos... gêmeos. Pois é! Creio que os tenha conhecido na Igreja, mais ou menos com 8 anos. Foi um dos últimos dias que fui. Na verdade era uma vizinha que vivia dizendo que eu precisava de Deus na minha vida desde cedo. Minha mãe não via problemas, então eu ia à igreja todo domingo. Só que eu nunca gostei. Na verdade eu não entendia nada, talvez por ser pequena demais. Preferia e ainda prefiro viver um conto de fadas e fingir que sou uma, me custa a acreditar que o mundo foi criado em 7 dias e que no 7º Deus descansou. Desculpem, religiosos, mas suas afirmações não me tocam. Ou talvez eu não gostasse pelo simples fato de não conhecer ninguém, só a vizinha. Até esse dia.

Os dois estavam tão entediados quanto eu e perceberam isso também. Lena foi a primeira a se manifestar, começamos a conversar... e paramos no parquinho na frente da Igreja. Minha vizinha quase enfartou quando não me achou no final da missa e disse que foi a última vez que me levou. Lena e Kyle eram novos na cidade e logo começaram a estudar na mesma escola que eu. E a partir dai a nossa amizade cresceu. Pode dizer que eles que me induziram ao mal caminho! Tudo culpa deles!

– Não vai, Mila... –Lena choramingou.

– Sabe que não tenho escolha –Suspirei triste– Mas... meu pai falou que voltaremos assim que a empresa se estabilizar.

– Tá brincando? –Os gêmeos gritaram em uníssono, até mesmo Dinah me encarou surpresa deixando uma caixa cair aos seus pés.

– É sério. Meu pai me deu essa opção e prometeu que voltaremos. Só não sei quanto tempo uma empresa demora a se estabilizar... Alguns anos talvez.

– Pouco importa o tempo! Vocês vão voltar, só isso importa! –Kyle disse me abraçando novamente.

– Podia ter me avisado né, Chan. –Fez uma carinha emburrada.

– Awn, desculpa Chee... você vai comigo, então... whatever. –Dei de ombros.

– Espero que saibam que Skype e Facetime estarão presentes no nosso dia a dia –Lena comentou.

– Nossa válvula de escape – Completou Kyle entre meus cabelos.

Não sei o que tenho na cabeça. Kyle... com seus lindos olhos cor de mel, seu sorriso branco e galanteador, seu cabelo loiro lisíssimo... seu corpo forte e definido, sua barba rala bem feita, ele é lindo. E não apenas por fora, por dentro é mais ainda. Um verdadeiro cavalheiro que não se encontra em qualquer lugar... Kyle que é apaixonado por mim, mas não tem reciprocidade no sentimento. Eu não consigo vê-lo mais do que meu amigo. Para mim, sei lá, seria como incesto.

Ele já se acostumou... e por mais que eu saiba que o sentimento ainda cresce, ele diz se contentar com nossa amizade. Sei que ele fala a verdade, apesar de tudo, e isso me deixa feliz. Mais calma até. Como ele ficou quando soube da mudança? Arrasado. Foi horrível de ver. Já conversamos bastante e depois dessa última atualização creio que ele esteja mais tranquilo.

Sobre Lena... É tão linda quanto o irmão, a versão feminina se assim posso dizer. Espermatozoide abençoado esse da família Montgomery. Ficou triste ao saber da viagem também, afinal somos extremamente próximas. Lena conseguiu lidar de uma forma mais fácil, sempre nos dando soluções de como continuar a nos comunicar... E com seu jeito animado não nos deixou tão pra baixo assim. Funcionou de qualquer jeito.

– Entraremos sempre! Todos os dias. –Exclamei sorridente me separando de Kyle novamente– E teremos um horário fixo.

– Discutimos isso depois, dá pra vocês me ajudarem aqui?! –Dinah resmungou frustrada. Reviramos os olhos e começamos a “empacotar”.

E assim se passou a tarde inteira, em meio a conversas, risadas e despedidas. Com certeza a parte que mais dói. Meu celular começou a vibrar insistentemente em meu bolso. Rapidamente o capturei atendendo a ligação.

– Camila? Cadê você, filha? Eu disse 7hrs em casa! –Minha mãe começou sem me dar espaço para responder.

– Desculpe, mama. Dinah tem muitas coisas. –Revirei os olhos recebendo um tapa de minha melhor amiga– E eu nem sentir o tempo passando, já são 7 horas? –Questionei admirada.

– São quase oito, querida. –Respondeu com uma risada calma– Enfim, chame seus amigos, se quiser, estamos indo na pizzaria. Nosso último dia em Miami! –Exclamou animada, suspirei.

– É, mama... –Respondi sem ânimo– Já estou indo, okay? Tchau.

Desliguei suspirando em meio aos olhos curiosos dos meus amigos que obviamente repararam minha drástica mudança de humor.

– Estão a fim de uma pizza? Meus pais estão comemorando nosso último dia em Miami. –Disse irônica e Dinah bufou.

– Chan, para de reclamar tanto! Você nem sequer sabe como é lá e fica criticando o tempo inteiro, sendo pessimista! Olha, não é o fim do mundo, ok? O pessoal daqui não vai nos esquecer, nossa amizade não vai acabar! E outra melhor ainda: nós vamos voltar! Pelo amor do Senhor, abre os olhos. Já parou para pensar nessa felicidade dos seus pais? Lá deve ser ao menos legal para que estejam animados. É por pouco tempo, você tá precisando mesmo de umas férias de Miami. Não sei você, mas eu tô animada pra vida nova. –Dinah jogou tudo séria, mas em um tom calmo e sincero. Foi como um balde de água gelada com gelo em minha cabeça. Os gêmeos a encaravam sem saber se concordavam.

Querendo ou não, ela está, como de costume, certa. Eu não consegui aceitar a ideia de deixar meus amigos e estou tão presa a Miami que não consigo abrir possibilidade para outros lugares. Dói dizer, mas ela está certa e com total razão.

– Eu seu, Chee... você está certa. –Admiti em voz alta– Realmente não consigo largar tudo o que vivi durante anos, o Estado que me acolheu, todos os meus amigos e família tão fácil assim.

– Eu sei que é difícil, Mila, mas não custa tentar. E você não tem escolha anyway, precisa aprender a se adaptar as dificuldades impostas por seus pais. –Dinah argumentou ainda calma.

–DJ está certa, Milinha... Você precisa tentar. –Lena disse segurando minhas mãos nas suas. Assenti deixando uma lágrima cair. Os 3 me abraçaram apertado.

– Eu amo vocês, sério. Obrigada. –Comentei fora do abraço.

Eles sorriram e me abraçaram novamente. Avisei a Dinah que amanhã nosso voo sai ás 12:15pm e que ela precisa estar pronta. Abracei Lena e Kyle uma última vez e voltei para casa, nem na pizzaria passei. Embora esteja cogitando a hipótese de “curtir” meu tempo em Forks, não quero comemorar nossa mudança. Mesmo que isso signifique que a empresa está indo bem, que estamos progredindo e o negócio ficando maior. Então apenas joguei-me na cama e fechei os olhos. Que venha uma vida nova.


Notas Finais


:)


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