História Delírio - Oi, ruiva.

Oi, ruiva

O corpo inteiro de Úrsula tremia tudo faz sentido agora. Então não havia sido uma ilusão da sua cabeça, Arthur tinha estado em sua frente depois de cinco anos. Mas como? Como ele poderia ter entrado e saído sem que ninguém percebesse?

Úrsula desabou no chão, em choque, ela sentia as lágrimas rolando pelo rosto. Ela não conseguia acreditar, ele tinha voltado.

- Eu ouvi um barulho e vim ver o que estava acontecendo. - Valentina parou quando viu a amiga no chão. - O que aconteceu? - Úrsula começou a chorar como uma criança.

- Eu sei que você não aguenta mais isso. - Valentina olhava em choque enquanto a menina soluçava. - Eu não tenho culpa! Não tenho. - Ela cobriu o rosto com as mãos e continuou a chorar.

- Culpa de que? - Valentina começava a ficar irritada com a falta de informações da amiga. - Por que você ta assim? - Úrsula estendeu o bilhete pra ela.

- Me desculpa não ter contado. - Valentina começou a ler.

- Visita? Que visita? Eu não acredito que esse canalha voltou para te atormentar! - A menina se abaixou e envolveu a amiga em um abraço. - Eu não estou com raiva de você, e sim dele. - Úrsula continuou chorando, dessa vez mais alto. - Ele vai pagar pelo o que fez contigo e o que continua fazendo. Ah, vai. - Ela abraçou a amiga mais forte.

Úrsula nunca mais havia chorado daquela forma. O jeito que Arthur ainda mexia com ela era incrível. Ela decidiu que ele não iria interferir na vida dela desse jeito, ela não iria viver mais cinco anos como uma morta, toda a alegria e vontade de viver fora arrancada por ele. Ela se transformou em outra pessoa por culpa dele e agora que estava conseguindo retomar o controle de sua própria vida, ele não iria estragar tudo.

Mais tarde, Úrsula saiu para fazer a matrícula, Valentina olhou chocada, mas, ficou em silêncio observando à amiga.

- Quer carona? - Perguntou.

- Não, obrigada. - Sorriu para ela. - To bonita? - Úrsula estava com os cabelos soltos e ondulados, uma calça jeans e uma bata. Simples, mas bonita.

- Ta sim, não sei pra se arrumar toda.  

Úrsula sorriu e saiu batendo a porta. Valentina respirou fundo, ela tentava se manter forte pelo bem da sanidade mental da amiga, mas ela tinha tanto medo quanto.

Quando chegou à faculdade um arrepio percorreu o corpo de Úrsula, era gratificante e assustador estar ali. Ela caminhou pensativa até a recepção quando algo a interrompeu.

- E aí Ruiva. - Ela se virou assustada para ver de onde vinha aquela voz e encontrou um menino sorridente, porém desconhecido. - Quer ajuda? - Ele era alto, tinha pequenos olhos verdes e cabelos castanhos.

- Não, obrigada. - Ela respondeu desorientada.

- Eu sou Leonardo, mas pode me chamar de Leo. - Ele estendeu a mão e ela apertou incerta.

- Úrsula.

- Que nome incomum. - Ele continuou sorrindo. - Você veio se matricular?

- Sim, é eu já estudei aqui, só que eu tranquei a matrícula. - Ele continuava olhando interessado pra ela.

- Legal, vai continuar no mesmo curso?

- Sim. - Ela estava ficando incomodada com aquela pessoa sorridente. Ele era mais sorridente que Fred até.

- Jornalismo. - O rosto dele se iluminou.

- Eu estou fazendo esse curso também, mas eu estou… - Úrsula o interrompeu.

- Bom, eu vou terminar de resolver as coisas aqui e a gente se vê. - Ela tentou ser simpática. - Tchau. - Ela acenou sorrindo e ele acenou de volta.