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História Delírio - Desconfianças.


Escrita por: hereisduda

Capítulo 11 - Desconfianças.


Desconfianças

Úrsula saiu de lá aliviada, as aulas dela começariam na segunda. Saindo de lá, ela me lembrou que Fred morava próximo dali e resolveu passar lá para dar um oi, ver se ele estava bem. Fred morava sozinho em um apartamento que havia ganhado dos pais quando entrou na faculdade. Basicamente, ela era a filhinha do papai e ele era o filhinho da mamãe do grupo como Arthur e Valentina tanto diziam.

Chegando lá como já era comum ela ir lá com Valentina, o porteiro a deixou subir sem ser anunciada. Ele morava no terceiro andar, apenas porque três era o número favorito de Valentina, Úrsula não conseguia lembrar-se de quando tudo começou a dar errado entre os dois. Quando o elevador parou, ela deu de cara com o apartamento de dele, a porta estava entreaberta e havia vozes saindo de lá.

- Você enlouqueceu? - Parecia Fred.

- Eu só queria… - A outra voz parecia abafada e ela não reconheceu.

- Você tem que parar com isso! - Úrsula se assustou, nunca ouvira Fred tão bravo. - Você não tem noção de… - Ela resolveu interromper e deu duas batidas na porta.

- Fred? - Ela falou alto.

- Úrsula? - Ele repetiu baixinho. - Úrsula? - E abriu a porta. - O que você ta fazendo aqui? - Ele parecia assustado.

- Quem está aí? - Ela tentou espiar por cima do ombro dele.

- É, meu tio. - Úrsula olhou desconfiada.

- Seu tio?

- Sim, olha, você pode voltar mais tarde? As coisas estão meio tensas por aqui.

Úrsula resolveu não discutir e foi embora, ela sabia que ele estava mentindo, conhecia ele há sete anos. Ela sabia que tinha alguma coisa errada. Mas o que?

No caminho de volta para casa ela continuava pensando nisso, desde o dia que Valentina e Fred terminaram, ele parecia estranho. Muito estranho. Mas ela resolveu deixar isso pra lá, ela não tinha ninguém pra quem contar, só tinha dois amigos, Fred e Valentina. De repente lhe ocorreu uma ideia, ela estacionou o carro, pegou o celular e digitou o número torcendo para que continuasse o mesmo.

- Alô? - Úrsula respirou aliviada.

Mia? Sou eu, Úrsula.

- AH! Oi, Ursa. - De repente a voz dela ficou longe. - Não mãe, é a Úrsula. - Úrsula estremeceu. - O que você quer?

- Eu queria me encontrar com você, se você quiser.

- Claro! Você quer vir aqui em casa? - o coração de Úrsula bateu mais forte, ir à casa de Arthur era outro desafio. Ela respirou fundo e respondeu.

- Tudo bem.

- Você lembra onde moro? – ‘’Claro que sim’’, pensou Úrsula.

- Eu acho que sim, daqui a pouco estou aí. Até já Mia. - Ela respondeu alguma coisa e desligou.

Ela ligou o carro e seguiu em direção a casa de Mia. A casa não ficava longe da casa de seus pais, aliás, seis anos atrás aquela casa era sua segunda casa. Mia era como sua própria irmã mais nova, Senhora e Sr. Montenegro eram segundos pais. Ela lamenta que tudo tenha terminado daquele jeito. Ela parou o carro em frente da casa, olhar lá era como voltar no tempo. Ela desceu do carro e caminhou lentamente para a porta, antes que pudesse tocar a campainha, a porta se abriu.

- Úrsula? - Era a mãe de Arthur, Laura. Ela olhou para Úrsula em choque. - Você ta tão diferente. Quer dizer… - Ela parou com os olhos lacrimejados. - Ta tão adulta. - Úrsula deu um sorriso doce e Sra. Montenegro a envolveu num abraço apertado. - Eu senti tanto sua falta, minha menina. - Ela soltou Úrsula e a segurou pelos ombros. - Eu quero que você saiba não tenho nenhum tipo de mágoa por você, nenhum de nós tem. Talvez Amélia, mas só um pouquinho. - Ela sorriu com os olhos. Os mesmos olhos de Arthur e Mia. - Eu entendo a confusão que você estava passando.

- Eu estou passando ainda. - Ela deu um risinho. - Estou me recuperando, tudo foi um baque. - Sra. Montenegro olhou para ela preocupada.

- Você ainda acha que meu Arthur é culpado? - Úrsula baixou os olhos e Laura assentiu. - Entendo.

- Desculpe.

- Tudo bem, você veio ver Amélia, certo? Ela está lá em cima, pode subir. - Ela sorriu para Úrsula e foi para a cozinha.

Úrsula deu uma boa olhada na sala, tudo permanecia igual à antes. Ela subiu a escada, o quarto de Amélia ficava no fim do corredor, mas o quarto que lhe chamava era o em frente à escada. O quarto de Arthur.

Ela caminhou lentamente até a porta e tocou na maçaneta, pensando se deveria entrar. “Que se dane” ela girou a maçaneta e a porta abriu.

Maio de 2009.

 

- Esse… - Ele abriu a porta. - É meu quarto! - Ele fez uma pose e deu passagem para Úrsula.

- Gostei. - Ela falou olhando para a foto do dois no mural do lado da janela. Uma das únicas fotos daquele mural junto de uma de Arthur com Fred e uma de Valentina, Úrsula, Arthur e Fred. Arthur seguiu o olhar dela e sorriu.

- Nossa primeira foto. - Ele se aproximou dela e a abraçou por trás. Com o queixo apoiado no ombro dela disse:

- Nossa primeira foto de muitas. - E deu um beijo na bochecha dela.

O mural estava lotado de foto dos dois, mas aquela primeira foto continuava lá. O coração de Úrsula apertou e ela quis muito chorar, mas ela não podia se permitir fraquejar. Isso era um passado distante e não ia voltar mais.



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