1. Spirit Fanfics >
  2. Delírio >
  3. Quanto tempo.

História Delírio - Quanto tempo.


Escrita por: hereisduda

Capítulo 6 - Quanto tempo.


Fanfic / Fanfiction Delírio - Quanto tempo.

Quanto tempo.

Metade do rosto de Arthur estava iluminado pela televisão. Ele continuou sorrindo pra ela.
Ela fechou os olhos e respirou fundo, quando abriu, não havia mais ninguém lá.  
Olhou em volta confusa e se levantou quando a campainha começou a tocar.

- Quem é essa hora? - Olhou pelo olho mágico e viu Fred parado lá. - O que ele ta fazendo aqui? - Abriu a porta.
- Oi! - Ele acenou.
- Você sabe que horas são? O que você quer?
- São… - Olhou no relógio. - Quinze pra seis. - Voltou a sorrir. - Eu vim ver minha vida.
- Que? Você bateu a cabeça?
- Você não vai me deixar entrar? Isso não é muito educado sabia? Nem seguro. - Ela revirou os olhos pra ele e deu passagem. Fred entrou e se sentou no sofá.
- Eu tinha falado para você não vir aqui. - Úrsula cruzou os braços e fechou a cara.
- Não, você desligou na minha cara. Aliás, o que foi aquilo?
- Isso não é hora pra você estar aqui.
- Você não me respondeu. - Sorriu e imitou a menina cruzando os braços.
- Seguinte. - Apontou o dedo no rosto do menino. - Você magoou minha amiga.
- O que? - Ele olhava confuso.
- Acorda Fred! Ou você começa mudando essas atitudes ou você vai perder a Valentina. - Fred estava chocado.
- Mas…
- Não quero saber. - Se sentou do lado dele. - Isso é seu? - Pegou um anel que estava no chão.
- Não. - O menino respondeu meio desorientado.
- Engraçado, isso não tava aqui. Tem certeza… - Ela parou lembrando-se do seu pequeno delírio. - Não. - Fred estava de cabeça baixa em silêncio. - Não é possível.  - O que não é possível? - Perguntou ainda de cabeça baixa.
- Olha isso. - Ele levantou a cabeça e Úrsula deu o anel pra ele. - Isso não é familiar? - Ele ficou pálido.
- Esse anel… É o anel do Arthur. Ele nunca tirava, mas o que ta fazendo aqui?
- Eu não sei.
- Ruiva. - Úrsula arregalou os olhos. Só Arthur tinha o costume de chamar ela assim. - Alá, o jeito que você ficou. O que aconteceu? - Fred olhava sério para ela.
- Um pouco antes de você tocar a campainha. - Parou olhando para o amigo. - Você sabia que você fica assustador nessa luz? Seus olhos ficam mais fundos, suas olheiras...
- Úrsula! Não interessa. Continua.
- Eu dormi assistindo TV, ai de repente eu comecei a sentir um ar quente no meu rosto, e quando eu abri os olhos, voilà, lá está Arthur me olhando. - Fred olhou assustado e Úrsula desviou o olhar. - Ele me chamou de ruiva e perguntou se eu senti falta dele. Com aquele sorriso sabe? - Ela deu uma olhada no amigo e ele continuava igual. - Eu decidi fechar os olhos e quando abri não estava mais lá. Eu imaginei que era um delírio meu até ver isso. - Apontou para o anel nas mãos de Fred.
- Mas, então cadê ele? Não teria como sair sem eu ver ou você. - Fred olhou para os lados, pálido.
- Como ele entrou isso sim! Tava trancada. Eu devo ter imaginado isso.
- E o anel?
- Não sei, vamos esquecer isso, ta? - Fred olhou para ele com certo alívio e devolveu o anel.
- A Valentina ta dormindo?
- Sim. - Ele se levantou e foi até o quarto dela. - Você não vai acordar ela né? - Ele virou e balançou a cabeça negativamente. - Então ok.

Úrsula continuou no sofá pensando no que aconteceu com Arthur, se aquilo havia sido real ou não.

Abril de 2008, São Paulo.

Úrsula estava sentada na grama entre vários livros quando uma sombra cobriu sua visão. Ela ergueu a cabeça.

-Oi Ruiva. - O sol impedia a menina de ver a pessoa melhor. - Tudo bem? - A pessoa se abaixou e Úrsula pode enxergar melhor quem era. Ela ficou hipnotizada. O menino tinha um rosto bem desenhado, o nariz fino e comprido, cabelos castanhos e lisos que voavam de acordo com o vento, olhos cinza e um incrível sorriso. - Sou Arthur. - Ele ofereceu a mão para ela, que mesmo perdida, aceitou. - E você, sardas? - Arthur a fitava com curiosidade.
- Úrsula. - Ele abriu ainda mais o sorriso.
- Um belo nome. Tão bonito quanto à dona.
- Obrigada. - Ela sentiu o rosto queimando. - Eu nunca te vi por aqui. É novo? - Arthur riu.
- Não. Deve ser uma das coincidências da vida. Deve ser o destino querendo que a gente fique junto. - Se aproximou do rosto dela e ela congelou. - Não sei como nunca vi esse cabelo laranja voando pela escola. É natural? - Pegou o cabelo dela e começou a olhar.
- Si-m. - Gaguejou.
- Eu estou no primeiro ano e você?
- Primeiro também. Você parece mais velho.
- Eu sou atrasado. - Riu. - Eu tenho um amigo que também é. - Continuou mexendo no cabelo dela. - Fred.
- O que? - Ela ficou confusa.
- O nome do meu amigo, Fred. Você já deve ter visto ele na escola. - Ele soltou o cabelo dela. - Ele é alto, um pouco mais que eu e tem um cabelo meio dourado, meio ruivo como o seu. É bonito, mas o seu é muito mais. - Sorriu para ela. - Ah! É claro! Como pude esquecer? - Ela olhou assustada. - Ele tem os olhos bem fundos e o nariz grande. Como um passarinho. - Ele riu.
- Eu acho que nunca vi.
- Você vai ter bastante tempo pra conhecer. - Bastante tempo? - Ele se levantou.
- Eu to indo, a gente se vê. - Ele acenou e saiu andando. Ela observou o menino se afastando confusa e encantada. Quem era aquele menino?

- Terra para Úrsula! - Valentina estava na sua frente. - Ta dormindo acordada? - Fred que estava atrás dela fez uma careta.
- Que horas são? - Úrsula levantou assustada.
- São 7h30. Eu acordei com ele no meu quarto. - Apontou para Fred que deu um sorriso sem graça. - Imagina o susto que eu levei. - Fechou a cara quando ele a abraçou. - Eu vou tomar banho. - Se soltou dele e saiu.
- Ela ta me ignorando. - Fred suspirou triste e se sentou no sofá.
- Ótimo. O que você vai fazer? Ignorar ela também e chorar pra mamãe? - Ele olhou boquiaberto para a amiga. - Vira homem, Fred. - E se levantou do sofá.
- O que é isso… - Ela o ouviu resmungando.
Úrsula se sentiu estranhamente revigorada quando entrou em seu quarto. Quando se olhou no espelho que havia do lado da porta tomou um susto.
- Há quanto tempo eu não me olho no espelho? - Se aproximou do seu reflexo. - Meu deus, o que ta acontecendo comigo? - Olhou a porta e saiu do quarto. Fred estava sentando no sofá de cabeça baixa e as mãos na cabeça. Ignorou-o e entrou no quarto de Valentina. - Val? - A menina deu um pulo.
- Úrsula! Não faz isso não. - Valentina estava com uma toalha rosa no cabelo e um roupão lilás. - O que você quer?
- Acabei de ver no espelho. - Valentina fez uma careta.
- Ver o que?
- Eu. - Valentina revirou os olhos.
- Você invadiu meu quarto para falar que se viu no espelho? - Ela colocou as mãos na cintura e fechou a cara.
- Não, eu, tipo, eu pareço sem vida.
- Normal, já me acostumei. - Ela virou para o guarda roupa. - Você já ta assim há um bom tempo. - Deu uma risadinha que fez Úrsula querer estrangular ela.
- E você nunca me disse que eu pareço doente? - Valentina pegou uma roupa e olhou para a amiga.
- Mas é claro que sim! Já tem quase cinco anos que eu falo isso. - Úrsula arregalou os olhos.
- Tem cinco anos que eu saio na rua assim? - Valentina assentiu. - Mas… mas, como eu nunca percebi?
- Eu vou saber? - Ela parou com a mão da cintura e olhou curiosa para Úrsula. - Aliás, o que ta acontecendo? Você ta mais viva, mais falante, tanto que até reparou que parece um zumbi ambulante.
- Eu não sei. Não tinha reparado. - Valentina arregalou os olhos.
- Foi a carta não foi? Depois que você leu, ficou assim.
- Hã? Não.
- Então o que? - Valentina continuava com as mãos na cintura.
- Deve ser sido você. - Valentina fez uma careta. - Eu nunca tinha visto você daquela forma. Acho que deu um clique em mim. - Sorriu para amiga que continuou com uma careta.
- Ta, ta. - Virou de novo para o guarda roupa.

Novembro de 2008, São Paulo.

Durante vários meses Úrsula procurou aqueles olhos nos corredores tumultuados da escola. Não obteve sucesso. Arthur, da mesma forma que apareceu, sumiu.

-Ursa? - Alguém estava cutucando ela. - Ursa! - Ela virou para ver quem era e deu de cara com Valentina. - Ará, finalmente. To há dez minutos falando contigo, aliás, falando com o nada né. Tava onde? Porque aqui que não era.
- Eu tava pensando no Arthur. - Valentina fez uma careta.
- Ainda com essa história? Ele deve estar fugindo de você. - Soltou uma risadinha. - Ah, não faz essa cara. - Jogou os braços em cima da amiga e a abraçou. - To brincando, quem ia fugir dessa ruiva maravilhosa? - Valentina deu uma piscadela e depois soltou uma gargalhada.
- Valentina. - Úrsula não conseguiu se conter também começou a rir. - É sério. - Parou de rir e olhou séria para a amiga. - Eu nunca mais o vi. O que será que aconteceu?
- Vocês já devem ter se tombado e nem perceberam. Ou ele saiu da escola.
- Não, eu teria visto ele, certeza! - Bateu na mesa com convicção. - E também, você não viu...
- Não vi mesmo. - Valentina resmungou.
- Para de ser rabugenta. - Valentina revirou os olhos. - Continuando, ele tinha o sorriso e os olhos mais lindos que eu já vi. Nem se eu quisesse poderia esquecer.
- E como são esses olhos tão lindos? - A amiga debochou.
- Cinzas, como o céu antes de uma tempestade. - Sorriu encantada.
- Hmmm, alguém está apaixonada.
- Claro que não! Eu só vi e falei com ele uma vez. - Valentina tinha um sorriso malicioso no rosto.
- Se você visse sua cara quando fala dele. - Gargalhou. - Vem, vamos procurar ele.
- O que? - Valentina puxou a mão dela e a arrastou até a saída da sala. - A gente nunca vai achar ele.
- Ue, por que? Ele não é do primeiro também?
- O que, a gente vai de sala em sala? - Úrsula deu uma risadinha nervosa.
- Isso mesmo. - Valentina continuou puxando a amiga.
- Tem sete salas de primeiro aqui.
- Sim, e daí? A gente ta sem professor mesmo, dá tempo. Aliás, são seis sem a nossa sala. - Sorriu.
- Você está louca.
- E você ta adorando isso, diz ai. - Parou de repente. - Aqui é a B, vê ai se ele ta ai. - Úrsula mesmo a contra gosto se esticou e olhou na janelinha da sala.
- Nada. - Valentina voltou a puxar ela.

Elas foram na C, D e E e nada de Arthur, quando estavam na F, Úrsula já perdia as esperanças.

-Só tem mais essa e a G. - Valentina olhou sorrindo para a amiga.
- Isso mesmo, ele ta nessa ou na G. Para de ser chata e olha ai. - Úrsula virou para a porta e se esticou de novo. Deu de cara um menino no fundo da sala encarando, tinha os olhos amendoados e bem fundos junto de um nariz pontudo. Os olhos de Úrsula se arregalaram. - Ai meu deus.
- O que foi ele ta ai? - Valentina enfiou a cabeça na janelinha e deu de cara com o menino. - Olha aquele doido, ta olhando. - Olhou para a amiga
- Eu sei. - Úrsula sorriu e Valentina olhou confusa.
- Mas ele não tem olho cinza. - Valentina falou desanimada.
- Ele não é o Arthur. Ele é o amigo do Arthur, ele falou que tinha um amigo exatamente assim. - O menino continuava olhando para as duas, só que agora confuso.
- Assim como? Estranho?
- Não, com essas características físicas. - Valentina olhou estranho para ela. - E que parecia um passarinho.
- Eita, parece mesmo. - Valentina sorriu. - Agora, cadê o Arthur?
- Não sei to procurando. - Úrsula olhou para a pessoa do lado do menino, ela estava deitada na mesa.
- O menino passarinho não para de olhar. - Valentina estava se divertindo olhando para ele. - Olha, ele tem um amigo. É o Arthur? - Valentina apontou para tal pessoa que estava deitada e que tinha acabado de levantar a cabeça.
- Eu não sei, ele ta de touca e não ta olhando pra cá. - Dito isso, o menino olhou para porta e Úrsula arregalou os olhos quando viu o rosto do menino. - É ele, vamos. - Úrsula saiu puxando Valentina pelos corredores.
- Calma, eu nem vi ele. - Valentina olhava ofegante para a amiga. - Calma! - Exclamou quando Úrsula a empurrou para dentro da sala.
- Será que ele me viu? - Elas se sentaram na cadeira.
- Não sei, mas o menino passarinho viu e muito.
- Ai que vergonha. - Cobriu o rosto e deitou na carteira.
- Ehh, Úrsula?
- HM? - A voz da menina saiu abafada.
- Não olha, mas eles estão na porta.
- O queee?! - Ela levantou a cabeça rapidamente.
- Não olha. - Valentina segurou a cabeça da menina. - Isso, fica calma. Vamos fingir que nada aconteceu. - Valentina soltou a cabeça de Úrsula e olhou para frente.

- O que foi? - Úrsula tinha voltado para o presente com Valentina parada segurando um secador. - Ta me olhando desse jeito por quê? Apaixonou-se? - Ela sorriu.
- Tava lembrando quando fomos procurar a sala do Arthur. - Valentina fechou a cara e ligou o secador.
- Não sei por que você fica lembrando isso. - Disse por cima do barulho do ventilador.
- São lembranças boas, eu fico feliz quando me lembro disso.
- É, antes dele se mostrar um maluco completo. - Úrsula desfez o sorriso.
- Precisa? Realmente, precisa disso, Valentina?
- Desculpa. - E as duas ficaram em silêncio.

Novembro de 2008.

Úrsula resolveu olhar para a porta. Ia ser rápido, nem Valentina ou Arthur iam perceber. Quando olhou não tinha ninguém lá.
- Cadê? - Valentina olhou para a menina confusa.
- O que foi?
- Não tem ninguém lá. - Apontou para porta. - Eles devem ter saído. - Valentina olhou para a porta e depois virou para frente.
- Ah. - Úrsula suspirou desanimada quando tocou o sinal para o intervalo.
- Vai ficar ai? - Valentina estava parada do lado dela com a mão na cintura.
- Não. Vamos. - Levantou e saindo esbarrou em dois meninos. - Vocês não olham para.. - Parou de falar quando viu quem era.
- Oi ruiva. Quanto tempo. - Arthur abriu um enorme sorriso para Úrsula. Valentina olhava confusa para os três. - Ah, esse é o Fred. - Apontou para o menino do lado dele, o mesmo da sala. - Você já deve conhecer. - Úrsula corou enquanto Valentina olhava séria.
- Essa é minha amiga, Valentina. - Arthur sorriu, enquanto Fred deu um beijo no rosto dela.

-Você vai querer sair? - Valentina escovava os cabelos já secos.
- Acho que sim. - Levantou e abriu a porta. - Vem. - Valentina se levantou. - Essa casa exala tristeza. - Olhou para Fred que continuava na mesma posição.
- Sim. - Olhou o para a mesma direção da amiga e suspirou. Valentina caminhou em direção ao sofá e abraçou o namorado pelos ombros. Fred levantou a cabeça e deixou escapar um sorriso quando viu as mãos de Valentina entrelaçadas em seu pescoço. Úrsula assistia tudo isso aliviada e preocupada ao mesmo tempo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...