História Delírio - Eu só quero que você saiba.

Eu só quero que você saiba.

Estava escuro, mas mesmo assim se via uma silhueta iluminada por uma luz fraca que surgia de frestas. Conforme a visão se acostumou ao escuro, ela conseguiu ver o pequeno quarto onde se encontrava.

- Úrsula? - A silhueta lhe chamava.
- Quem é você? - A menina conseguia apenas ver contorno do corpo da pessoa.
- Sou eu, meu amor.

Úrsula acordou com a respiração acelerada. Ela nunca havia sonhado com aquilo.

- Ta tudo bem ai? – Valentina apareceu descabelada na porta.
- O que você ta fazendo? Que horas são? – Desorientada, Úrsula procurava o celular.
- São 3hrs. Eu não tava conseguindo dormir, ai resolvi vim ver você. – Sorriu.
- Meu deus, Valentina! Vai dormir! – A ruiva pegou uma almofada e acertou em cheio na amiga.
- Ei! - Ela pegou a almofada e jogou de volta. - Grossa. - Cruzou os braços, mas não aguentou e gargalhou. - O que foi que você ta com essa carinha amuada?
- Eu tive um sonho. - Valentina revirou os olhos. - Não faz essa cara. Esse é diferente.
- Diferente como? - Ela faz uma careta.
- Eu nunca tinha sonhado isso. Eu estava em um quarto escuro, mas tinha uma pessoa lá, dava pra ver essa pessoa apesar da escuridão.
- E deixa-me adivinhar, essa pessoa era o Arthur?
- Era. - Valentina saiu de perto da porta e caminhou até a cama. - Úrsula.
- Já sei, já sei. Eu tenho que esquecer ele, mas eu tento, só que não consigo. - Valentina olhou pra ela séria.
- Vou fazer um chá, quer?
- Não, obrigada. - A amiga levantou e se encaminhou para a porta. - Espera! Eu tenho que te perguntar alguma coisa. - Valentina virou. - Eu estava pensando em voltar para a faculdade.

Logo depois de Arthur sumir, Úrsula e Valentina entraram na faculdade. Como tudo estava desmoronando em volta dela, Úrsula não aguentou e trancou a matrícula, Valentina havia se formado e estava pensando em fazer uma segunda graduação.

- Nós podemos fazer juntas. - A menina sorriu e pulou na cama. - Não o mesmo curso, é claro.
- Eu acho que vou fazer a matrícula amanhã.
- Já? Com que dinheiro? Você não trabalha.
- Sim, e logo vou procurar um estágio. Meus pais vão pagar. - Úrsula corou.
- Eu liguei para eles só com a intenção de contar o que eu estava pensando, ok? - Valentina riu. - E eles ficaram tão felizes e queriam que eu começasse já e eu disse que ia procurar um emprego primeiro, mas eles se ofereceram para pagar e eu aceitei. - Sorriu culpada.
- Você não tem vergonha de ser sustentada pelos pais não? E ainda fora de casa. - Valentina brincou.
Úrsula sempre foi a filhinha do papai, ela davam tudo e um pouco mais pra ela, inclusive o apartamento onde elas moravam foi dado de presente pelo pai. Basicamente, a casa era sustentada por seus pais e, claro, Valentina, que no momento não estava trabalhando.
- Não me julgue. Tá bom? E você ai desempregada? - Valentina abriu a boca indignada e Úrsula sorriu.
- Ei! Ta difícil ok? - Ela pegou um travesseiro e tacou na amiga. - Agora eu vou fazer meu chá. - Ela levantou e saiu do quarto.
Úrsula continuou rolando na cama até perceber que já era de manhã, sem saída levantou. No corredor, Úrsula notou que na mesinha de centro na sala havia um objeto brilhante, confusa ela foi até o objeto e chegando perto percebeu que era o suposto anel de Arthur.
- Mas como isso foi parar aqui? - Ela falou para si mesma enquanto analisava o anel.
- Já ta falando sozinha? - Úrsula deu um pulo e escondeu o anel.
Valentina! Você tem que parar de aparecer como um fantasma. - A menina sorriu.
- Ta escondendo alguma coisa aí? - Valentina tentou pegar o que havia na mão da amiga. - Não, sai! - Valentina insistiu em tentar pegar até que conseguiu. - É um anel? Por que você ta me escondendo um anel? - Ela olhou atentamente o anel. - Esse não é o anel do Arthur?
- Sim, talvez, não sei. - Valentina abriu a boca, mas Úrsula a interrompeu. - Nem me pergunta o que ta fazendo aqui que eu nem sei. Tava lá no chão. - Apontou. - E isso já faz duas semanas, quem colocou ai na mesinha? - Valentina deu de ombros. - Não sei, deve ter sido o Fred. Sinceramente, eu nem vou à sala.
- Mas não é estranho? O anel que ele nunca tirava. - Valentina deu de ombros e voltou pro quarto. - Grossa. - Resmungou Úrsula.
Valentina queria deixar tudo isso no passado, mas parecia que Úrsula sempre trazia isso a tona. Úrsula deixou isso de lado e foi para o banho, ela precisava ir fazer sua matrícula na faculdade.
Na hora em que saiu do banheiro a campainha tocou, ela foi até a porta e quando abriu não havia ninguém lá.
Ah pelo amor de deus. - Antes de se virar e fechar a porta ela olhou para o chão. - O que é isso? - Era um bilhete. Ela se abaixou e começou a ler.

“Gostou da minha visita? Espero que a próxima dure mais que um 2 segundos, nós precisamos conversar.
Arthur.”