História Demon - 2nd Thots

 Ji Hye não podia ir à faculdade, pois seu irmão obviamente procuraria por ela lá, mas ainda tinha que estudar algumas coisas. Durante a tarde, procurou a sua mochila por todo o quarto de hotel, porém não estava em lugar nenhum. Só então que Ji Hye percebeu que deixara a sua mochila no Porsche de Zico.

Ela pensou em mil soluções, mas nada funcionava, além de ligar para ele e pedir o favor de devolvê-la a mochila. Ji Hye pegou o cartão que Zico a dera na última festa e chamou o número dele:

- Alô? - Respondeu uma voz rouca.

- Sr. Woo Ji Ho? É a Kim Ji Hye. A produtora Gee Gee.

- Ah, sim…

- Você está bem? - Ela perguntou, preocupada, pois ele soava estranho.

- Só um pouco lento e de ressaca, perdão. Mas por que ligou? - Ele indagou.

- Desculpa incomodar quando você deve estar ocupado, mas creio que minha mochila ficou no seu carro.

- Não estou ocupado, estou deitado. Onde você está?

- No hotel mais perto da sua casa. O ‘High Society’. - Ji Hye respondeu.

- Eu levo sua mochila aí. Me mande uma mensagem com o andar e o número do quarto. Até mais. - Ele desligou.

Ji Hye mandou uma mensagem com as informações do seu quarto e esperou. Algum tempo depois, ouviu uma batida à sua porta. Era Ji Ho. Ele trazia sua mochila nas costas, dois cafés com leite e um pacote de padaria.

- Olá. Eu tenho café e croissaints de chocolate. - Ele cumprimentou, sorrindo. Ji Hye o deixou entrar, indicando a mesa da sala para ele se sentar, fazendo o mesmo em seguida.

- Era para trazer só minha mochila, mas ganhei um bônus. - Ji Hye disse, rindo.

- Você pagou a conta ontem e me aguentou bêbado, além de me levar para casa. Espero que goste de café com leite, mesmo que seja simples. - Ji Ho entregou um copo para ela, junto a um croissaint.

- Eu adoro.

- Sinto muito por ter ficado daquele jeito e tentado lhe fazer ficar na minha casa. Essa não é uma atitude que uma pessoa de bem deveria ter.

- E qual é o conceito de “pessoa de bem”? - Ji Hye perguntou, fazendo-o se perder nas palavras. Ela riu. - Está tudo bem. Quem nunca bebeu e ficou assim, que atire a primeira pedra.

- Serei apedrejado, então. - Ji Ho notou as roupas dela, as mesmas do dia anterior. - Você só tem essas roupas?

- Por enquanto. Pretendo ir em breve comprar mais roupas, mas não posso me descuidar. Eu saquei uma certa quantia de dinheiro para minha fuga de casa, já que não posso usar meus cartões caso meu irmão tente me rastrear, então é limitada.

- Me desculpe por perguntar, mas por que fugiu de casa?

- Porque meu irmão me prende demais e não me deixava viver por mim mesma. Sei que devo muito a ele, mas não dava mais. Quero ser independente.

Eles terminaram de comer em silêncio. Ji Hye olhou bem para Zico, decorando cada detalhe de sua aparência. Era o primeiro homem rico e famoso que ela não se sentia tentada em seduzir, estava satisfeita apenas com a presença silenciosa dele ao seu lado.

- Sabe… - Ele começou. - Hoje a Seol Hyun me ligou, então pensei no que conversamos ontem.

- E aí?

- Eu quis marcar um encontro para terminar com ela, mas… de repente, isso não fazia mais sentido. Eu acho que… não posso mais viver sem ela. Não consigo me imaginar sem a voz dela me ligando todos os dias para saber se estou bem, sem o sorriso dela iluminando meus pensamentos. - Ele olhou para as próprias mãos. - Eu a amo.

Ji Hye sorriu, mas pensando que ele era indeciso demais:

- Isso é bom. Mas, se você a ama, pare de pensar naquilo que disse, sobre ela ter confirmado o namoro à imprensa e você se sentir obrigado e blá-blá-blá. Comece tudo de novo, com paciência. - Ela deu tapinhas de conforto nas costas dele.

~~~

 - No que deu seu encontro com a Gee Gee ontem? - Perguntou Loco a Jay Park.

Simon Dominic, Elo, Gray, Loco, Jay Park e DJ Pumkin estavam nos bastidores de um show em que se apresentariam. Simon automaticamente se aproximou de Jay para ouvir a resposta dele. Por que ele estava se encontrando com Kim Ji Hye?

- Foi legal, mas não conversei sobre nossos projetos com ela. Esqueci. - Respondeu Jay Park, preparando-se para uma apresentação solo. Deixou de fora todos os problemas sobre as mensagens apagadas, o primeiro encontro falho e o suposto amigo de Ji Hye.

- Eu posso falar com ela sobre os projetos. - Ofereceu-se Simon. Era uma oportunidade para conseguir o número de telefone da garota e se encontrar com ela mais uma vez.

- Por quê? Eu faço isso. Eu sou o representante da AOMG. - Devolveu Jay.

- Eu também sou um presidente dessa porra! - Insistiu Simon. - Por que você sempre age como se fosse o único capaz de fazer algo pela agência?

- Jae Beom, falta um minuto para você entrar no palco. - Avisou Loco, aflito.

- Porque eu realmente sou o único capaz aqui, Ki Seok. - Disse Jay no ouvido de Simon, indo para o palco. O outro se segurou para não socar a cara do colega ali mesmo.

Simon D foi para o camarim de Jae Beom. Se ele não daria o número de Ji Hye, então Simon pessoalmente o conseguiria. Não precisou procurar muito pelo celular de Jay, pois estava sobre o balcão de maquiagens, e a tela não tinha bloqueio nem nada do tipo, pois Jay sempre se esquecia das senhas. Até as senhas de banco, Jay Park anotava em um caderninho.

Simon procurou o número de Ji Hye entre centenas de contatos, a maioria mulheres, que Jay nem usava, mas deixava ali em caso de necessidade. Finalmente achou o contato “Produtora Gee Gee” e copiou o número para o próprio celular, depois voltando para perto da entrada do palco como se nada tivesse acontecido.

~~~

 Kim Ji Hye comprara uma blusa substituta barata em um brechó perto do hotel em que estava hospedada, apenas para poder tirar a camisa de Dean, impregnada com o cheiro dele. Já se passaram dois dias desde que dera entrada naquele hotel e ela estava ficando enjoada daquele local, das roupas, das pessoas, de tudo. Uma tarde de compras não faria mal.

Enquanto saía do seu quarto, recebeu uma ligação de um número desconhecido:

- Alô? Quem é? - Atendeu.

- Você não tem meu número? - Responderam.

- Quem é?

- Jung Ki Seok… - Ele deu uma pausa. - Simon Dominic.

- Ah, eu sei. Aconteceu alguma coisa?

- Quero conversar com a senhorita em nome da AOMG, a fim de apresentar alguns projetos nossos que talvez sejam do seu interesse. A senhorita pode me encontrar? - Ki Seok explicou, formal.

- Você soa como um presidente agora. - Ji Hye riu. - Tudo bem, vamos nos encontrar, mas eu tenho uma pequena condição.

- Condição? Por quê? O que é?

- Vá às compras comigo.

~~~

Algumas horas depois, Ki Seok e Ji Hye haviam se encontrado em um centro de compras. Trocaram poucas palavras, porque a garota fez Ki Seok segui-la incansavelmente por várias lojas e carregar sacolas para ela. Ji Hye vestia conjuntos e pedia a opinião dele, mas, para Ki Seok, ela ficaria linda até vestindo um saco de batatas. No fim da tarde, pararam para fazer um lanche em uma loja de conveniências.

- Obrigada por me ajudar hoje. - Agradeceu Ji Hye.

- Por que eu aceitei fazer isso? - Perguntou-se Ki Seok, suspirando.

- Foi legal, não foi? - Ji Hye sorriu. - Você deve fazer isso com a Lady Jane às vezes, não é?

Ki Seok bebeu um gole da lata de refrigerante que comprara:

- Não tenho motivos para fazer isso.

- Como assim?

- Olha, não sei o que você viu naquele dia… - Ele colocou os cotovelos sobre a mesa em que estavam sentados. - Mas eu não tenho mais nada a ver com ela. Ela é meu passado, uma memória que voltou para tentar me assombrar.

- Aquele beijo…

- Foi um descuido meu. Você não precisa se preocupar.

- Por que eu me preocuparia? - Perguntou Ji Hye, encarando Ki Seok. Ele desviou os olhos.

Os dois ficaram em silêncio enquanto terminavam de comer seu lanche. Ki Seok estava se sentindo estranho, pois acabara falando demais. Por que havia dito para ela não se preocupar? Que idiota. Não era como se ela devesse algo a ele ou vice-versa.

- Vamos tratar de negócios, sr. Jung Ki Seok? Afinal, é para isso que você quis me encontrar. - Disse Ji Hye, ao terminar de comer seu hambúrguer.

- Por que me chama de senhor toda hora? Eu não sou tão velho assim. - Questionou Ki Seok.

- Eu chamo todos de senhor, senhora, senhorita, etc… Foi assim que fui instruída durante toda a minha criação. - Explicou a garota. - Mas vamos direto ao ponto: negócios.

- Ah, claro. - Ele se endireitou na cadeira. - Nós da AOMG temos vários projetos que achamos que seriam adequados a você…

Ki Seok falou sobre as pretensões da AOMG com as músicas de Ji Hye. Explicou sobre divisão de lucros, contratos, divulgação e outras coisas relacionadas aos negócios. Assim que chegasse em casa, enviaria a Ji Hye, em um arquivo por correio eletrônico, mais detalhes sobre os projetos e o que eles esperavam da garota como uma produtora.

À noite, já no hotel, Ji Hye não precisou pensar muito sobre o arquivo que Ki Seok a mandara. Descartou os projetos que envolviam quaisquer outros artistas além de Simon Dominic e Jay Park, afinal, os dois eram os únicos alvos pessoais dela. Mandou uma mensagem para Ki Seok dizendo que gostara da letra de Jay Park, cujo tema era o equilíbrio entre amor e ódio, e a de Simon Dominic, que falava sobre as dificuldades de um garoto pobre. Fingiu ter se interessado pelos assuntos das letras, mas mal havia prestado atenção nisso, só queria um pouco mais de tempo com aqueles dois homens.

Ji Hye nem se incomodou em produzir novas músicas. Sempre que estava com tédio, costumava criar sons e batidas em casa, então tinha uma biblioteca gigante de músicas no seu laptop. Selecionou as que achava que combinavam mais com as letras dos artistas e tentou cantar junto, descartando umas ou outras e finalmente chegando às batidas perfeitas. Ela mandou uma mensagem para Ki Seok:

[JIHYEKIM] “Eu já tenho as músicas”

Ele respondeu:

[SR. SIMON D] “Já?! Como assim?!”

[JIHYEKIM] “Eu já tinha algumas coisas trabalhadas aqui, só aproveitei. Posso lhe mandar uma amostra?”

[SR. SIMON D] “Com certeza!!!"

Ela mandou uma amostra das duas músicas. Ki Seok levou meia hora para responder:

[SR. SIMON D] “Não acredito”

[JIHYEKIM] “Está tão ruim assim?”

Ele ligou para ela:

- Ruim?! Está maravilhoso! Como você faz isso? Caralho!

- Hã… - Ji Hye não sabia o que falar.

- Venha logo para a AOMG. Sério. Por favor. - Ki Seok implorou.

- Não, ainda não. Tenho mais planos a realizar antes disso.

- Não assine com nenhuma agência, hein? Só a AOMG vale a pena. Lembre-se disso sempre. Vou mostrar isso agora mesmo para aquele besta do Park Jae Beom…

Alguns minutos depois, Jay Park mandou a Ji Hye:

[SR. JAY PARK] “Eu sabia que podia confiar em você”

[SR. JAY PARK] “Park Jae Beom nunca erra uma aposta”

[SR. JAY PARK] “Podemos começar a gravar daqui a duas semanas?”

[SR. JAY PARK] “Podemos gravar as duas músicas simultaneamente”

[SR. JAY PARK] “Ou a minha, primeiro”

[SR. JAY PARK] “Ou o que você preferir”

[SR. JAY PARK] “Por que você não me responde logo?”

 

[JIHYEKIM] “Porque você está incansavelmente mandando mensagens a cada 1 segundo”

[JIHYEKIM] “Vamos fazer a sua, primeiro, vai dar mais trabalho”

 

[SR. JAY PARK] “Por quê? Você acha que sou mais incompetente que o Ki Seok?”

 

[JIHYEKIM] “A carapuça serviu?”

 

[SR. JAY PARK] “...”

~~~

 Duas semanas depois, Ji Hye ainda estava hospedada naquele mesmo hotel, porém já havia começado a se preparar para se mudar para a pensão que Ji Ho a indicara. Ele lhe dissera para deixar bem claro à dona da pensão que quem a recomendara fora “Ji Ho, o queridíssimo pirralho mais lindo do mundo”, assim a senhora daria preferência a Ji Hye.

Ji Ho contara que a dona da pensão era vizinha dele durante sua infância, e ela odiava crianças. Ele sempre fazia travessuras com ela, pois também a odiava, então ambos nunca tiveram um bom relacionamento. Conforme ele foi crescendo, começou a ajudá-la com serviços na casa, compras no mercado e outros pequenos gestos, pois ela já era mais velha, e os dois viraram bons amigos.

Enquanto pensava no que vestir para ir ao seu primeiro dia de trabalho, Ji Hye ouviu uma batida na porta. Estranhou. Apenas Ji Ho sabia sobre aquele lugar, mas não havia motivos para ele ir ali. Ultimamente, ele estava dando a atenção que nunca dera a Seol Hyun e ambos ficavam mandando fotos a Ji Hye. Seol Hyun pegara o número de Ji Hye com Ji Ho e se comunicava muito com ela, sempre querendo marcar um encontro em seu tempo livre, mas Ji Hye não achava que Ji Ho contaria onde ela estava se hospedando. Então quem estava ali? Em vez de ficar adivinhando, Ji Hye abriu logo a porta:

- Kwon Hyuk? - Ela se surpreendeu ao ver Dean parado ali. Eles não se falavam desde o incidente com as mensagens, era estranho ele saber onde ela estava. O homem entrou no quarto de hotel e Ji Hye fechou a porta. - O que faz aqui? Como você sabe sobre esse lugar?

- Primeiramente, sinto muito. Responder aquelas mensagens foi mancada mesmo, não sei o que deu em mim. - Ele disse, evitando contato visual.

- Tá, tanto faz. Como você sabe sobre esse lugar?

- Seu irmão. Você não estranhou que ele não achou você? - Perguntou Dean, pegando as mãos de Ji Hye.

- Claro que estranhei. Ele não rastreou meu celular, nem meus cartões, nem colocou alguém para me seguir. Isso é muito estranho, conhecendo meu irmão. - Ela disse, tirando as mãos do toque do outro.

- Na verdade, Ji Hoon rastreou você. Ele descobriu sobre esse lugar e esteve cuidando de você de longe.

- Então por que ele não me arrastou de volta para casa?

- Porque ele cansou. Ji Hoon me disse que deixaria que você experimentasse a liberdade que tanto queria.

- Meu irmão nunca faria isso. Você está mentindo? - Indagou Ji Hye, encarando Dean afiadamente.

- Claro que não. Foi o que Ji Hoon me falou. Ele também pediu para eu cuidar de você o máximo que pudesse, e é por isso que estou aqui.

- Obrigada pela preocupação, mas não preciso. Estou sobrevivendo muito bem sozinha.

- Deixe-me ao menos lhe levar até o seu trabalho. - Ofereceu Dean, falando a última palavra com desdém.

No caminho, Ji Hye não trocou palavra alguma com o outro. Perguntava-se por que seu irmão repentinamente decidira deixá-la viver em paz, se ele fora tão protetor a vida inteira, não fazia sentido. Todavia Ji Hye chegou à conclusão de que não devia mais se preocupar com aquilo, por mais que essa preocupação ainda permanecesse no seu coração mesmo que ela evitasse pensar nisso.

~~~

 Park Jae Beom estava fora do prédio da AOMG para respirar um ar fresco. Na verdade, isso era só uma desculpa, porque o que ele queria era receber Kim Ji Hye lá embaixo mesmo. Um carro preto parou na rua e Ji Hye saiu do veículo, tão linda quanto sempre foi, porém outra coisa também chamou a atenção de Jay: o vidro do carro baixou para que o motorista pudesse conversar sobre algo com a garota, e era Dean no volante.

Jae Beom logo se lembrou do que Seol Hyun dissera a Ji Hye na casa dele: “Pensei que você fosse namorada do Dean...”. Será que aquele era o amigo que mandara aquelas mensagens no lugar de Ji Hye? Jay se escondeu atrás de uma coluna de concreto quando a garota passou por ele.

~~~

 - Olá! - Cumprimentou Ji Hye, quando Gray a recepcionou da porta até o escritório. Os outros empregados da AOMG presentes a saudaram. - É um prazer ser capaz de trabalhar com artistas tão sensacionais quanto vocês.

- Ah, não é para tanto… - Começou Ugly Duck. - Mentira, somos sensacionais mesmo, obrigado. - Todos riram.

- Você não se encontrou com o Jae Beom? Ele desceu para pegar um ar, ou algo assim. - Indagou Hoody.

- Eu não o vi, perdão. - Respondeu Ji Hye.

- Srta. Kim Ji Hye? - Chamou Simon D, saindo do corredor dos estúdios. - Você pode vir comigo para algumas instruções?

Ji Hye o seguiu, indo até a última porta do corredor, que dava para um estúdio não muito grande, mas confortável e bem equipado. Havia um frigobar em um canto e um sofá de couro vermelho ao lado dele. Simon pediu para ela se sentar e fez o mesmo em seguida, mantendo uma certa distância.

- Você… está linda. - Ele comentou, nervoso.

- Que tipo de instruções são essas? - Ji Hye riu, chegando mais perto dele.

- Antes de qualquer coisa, tem algo que quero dizer há muito tempo, mas sou idiota demais e perco as chances. - Ki Seok a encarou.

- O que é?

- Desde que lhe vi pela primeira vez, no clube Answer, eu fui… sei lá, hipnotizado por você. Algo assim. E sempre quis lhe ver de novo, então, quando você entrou no apartamento do Jae Beom com o Shin, eu cheguei até, por uns cinco segundos, a acreditar em destino. - Ele olhou para as próprias mãos. - Eu quero lhe conhecer melhor, se você permitir.

- Claro que pode me conhecer melhor. Afinal, somos colegas de trabalho. - Disse Ji Hye, aparentemente tímida. Por dentro, ela estava sorrindo: conseguira capturar Jung Ki Seok para si. Agora faltava Park Jae Beom e, então, ela poderia escolher o mais conveniente entre eles.

- Não diga isso. Ou vai dizer que, no clube Answer, aqueles olhares não significavam nada? Ou quando você beijou minha bochecha no carro, quando ficou chocada com o beijo da minha ex, quando pediu para eu lhe acompanhar à tarde, isso tudo não foi nada para você? - Ele segurou a mão dela.

- Sr. Jung Ki Seok…

- Me chame só de Ki Seok, por favor, antes que eu enlouqueça com essa formalidade.

- Ki Seok… eu não posso dizer que não significou nada, mas isso está indo ráp…

Ki Seok a beijou, interrompendo-a. Foi simples, um selinho, mais de quem segurava sua admiração por um bom tempo do que algo carnal. O homem percebeu o que fizera e se afastou rapidamente, perdido.

- Jung Ki Seok, o quê… - Começou Ji Hye.

- Desculpa mesmo, sério, isso foi péssimo da minha parte, não sei por que fiz isso. - Desculpou-se Ki Seok.

- Tudo bem, se acalme. Não estou dizendo que não gostei. - Ela sorriu. - Mas acho que é muito cedo para algo assim. Como eu dizia, isso está indo rápido demais.

- Você tem razão.

Jay Park entrou no estúdio na mesma hora. Olhou para os dois sentados no sofá e notou que as mãos deles estavam entrelaçadas. Lançou um olhar de desprezo e cruzou os braços:

- Ki Seok. Não precisamos de você aqui, vaza. - Ele disse.

- Estou indo. - Simon D se levantou, acenou para Ji Hye e saiu do estúdio.

- Olá, sr. Park Jae Beom. - Ji Hye ficou em pé.

- Vamos começar.

Jay a tratou friamente durante o tempo inteiro, então a gravação não estava dando muito certo. Ji Hye tentava corrigir certas coisas no rap, no canto e no tom dele, porém Jay não aceitava as críticas e reclamava cada vez mais, até a garota desistir de trabalhar.

- Sinto muito, mas não posso fazer uma produção para alguém que não leva música a sério. - Ji Hye disse, desligando os computadores.

- A música é minha vida, quem disse que não levo a sério? - Indagou Jae Beom.

- Então aceite que falta muito em você como artista! - Ela se exaltou por um momento, segurando suas emoções assim que percebeu.

- E o que você entende? Você é só uma produtora que surgiu repentinamente e, basicamente, apenas pode estar aqui ao meu lado por causa de suas conexões, por causa do Shin!

- Não fui eu que pedi para entrar na AOMG, foi o senhor mesmo que ofereceu, presidente Park!

- Eu me deixei levar por sua carinha de inocente.

Ji Hye suspirou:

- Por que você está assim hoje? O que eu fiz? Seja direto!

- Eu vi você e o Ki Seok de mãos dadas. - Ele confessou. - Vocês nem tentaram disfarçar…

Ela ficou brava. Jay estava a tratando mal por causa de um simples toque afetivo entre ela e Ki Seok? Ji Hye não devia nada a Jae Beom, porém ele achava que podia se irritar assim:

- E daí? Você nem sabe o contexto e já vai reclamando? Eu estava confortando o sr. Jung Ki Seok por causa de algo pessoal que ele me contou. O que isso tem a ver com você?!

- Naquele dia, na minha casa… Kim Seol Hyun falou que achava que você namorava o Dean. Eu também o vi lhe deixando aqui hoje. Ele é o cara das mensagens, certo? Você até estava vestindo a camisa dele no outro dia. Não ache que homens não notam essas coisas. Eu percebi. - Disse Jae Beom.

- Então você diz que não posso ter amigos homens. Uau. - Ela riu com desdém, revirando os olhos em seguida. - Que direito você tem para falar isso?

- Há uma diferença entre amigos homens e homens que olham para você como Dean o fez, ao conversar com você quando saiu do carro. - Ele suspirou. - Eu não tenho direito de falar isso, claro que não, mas acho que você deve parar. Não dance sensualmente comigo, não segure as mãos do Ki Seok nem use as camisas do Dean, não tudo ao mesmo tempo.

- Você é irritante.

- Não vai dar para continuar com essa música hoje. Vamos fazer isso outro dia. - Jay falou, saindo do estúdio.

Ji Hye ficou mais um tempo ali, gravando outras músicas. O principal motivo pelo qual quis trabalhar com a AOMG, além de dinheiro e independência, era a possibilidade de usar os estúdios deles livremente. Estava com raiva de Jae Beom, mas evitou pensar nisso. Queria abortar a missão “seduzir Jay Park”.

~~~

 Dois meses mais tarde, eles já haviam terminado a música de Simon Dominic e a de Jay Park, por mais que a última tenha levado mais tempo. Park Jae Beom se obrigou a ser amigável com Ji Hye, até porque ele não tinha muita razão, porém a tensão entre eles sempre esteve presente. Jung Ki Seok e Ji Hye se tornaram praticamente melhores amigos, trocando mensagens e saindo juntos. Quanto a Dean, Ji Hye o perdoara e eles voltaram a se tratar como nos velhos tempos.

Kim Ji Hoon nunca mais dera notícias. Dean insistia que ele apenas estava deixando a irmã livre, mas Ji Hye não parava de suspeitar. Quando ela tentava chegar perto do casarão do irmão, os seguranças a mandavam embora, dizendo que, já que fugiu de casa, a garota deveria simplesmente ficar para fora.

Ji Hye estava a caminho da pensão para estudantes em que morava, mexendo no celular. Recebeu uma mensagem de Seol Hyun. Era uma foto dela e Zico apontando para Dean, com a legenda: “Olha quem encontramos no bar ontem!”. Ji Hye se segurou para não responder com um “foda-se” e entrou no Instagram para se distrair. Ela ganhara muitos seguidores, pois Simon D frequentemente postava fotos com ela, assim como faziam os outros integrantes da AOMG - exceto Jay Park -, apresentando-a como a produtora Gee Gee. Nesses poucos tempos que trabalhou com a empresa, Ji Hye conseguira muitas conexões no mundo artístico e fãs.

Sorriu ao ver um anúncio da sua música com Simon D: “Amanhã, ao meio-dia: 'Simon Dominic – I’m Still Here' (prod. por Gee Gee). Confiram!”. Parecia que as coisas finalmente funcionariam bem na vida dela. Ao chegar perto da sua pensão, Ji Hye notou que um carro Mercedes-Benz C 180 preto estava estacionado à frente do portão, onde um homem de terno esperava. Quando ela se aproximou mais, o homem a abordou:

- Kim Ji Hye?

- Quem é você? - Ji Hye indagou, suspeitando.

- Desculpe, não é nada pessoal. - O homem disse, assentindo com a cabeça.

Outros dois homens, que a garota não notara saindo do carro, pegaram-na pelos braços. Quando Ji Hye tentou resistir, levou um Mata-leão e desmaiou.