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História Demônio - Desculpe.


Escrita por: bwtfly

Capítulo 1 - Desculpe.


— Vamos, Myung! Você anda devagar demais. Como consegue? 


Sungjong estava animado, afinal, era a primeira vez em sete anos que sairiam juntos. Para Myungsoo, aquilo já não trazia tanta felicidade. Sete anos. Era seu prazo, era ali que as coisas acabariam, assim como acabaram sete anos atrás, e atrás, e atrás... Um círculo vicioso; a cada sete anos, uma morte. Era seu destino, não havia como se negar, ou a morte seria a dele. Myungsoo nunca havia se importado em matar, era tão frio quanto sua aparência durante maior parte do tempo, mas com aquele garoto de cabelos loiros aquilo estava sendo difícil. Eu não vou conseguir. Era o pensamento que lhe invadia toda vez em que tentava planejar, mas sua vida estava acima de tudo e todos. Um exímio egoísta.

Após meses de planejamento, facilmente convenceu seu inocente noivo a passarem dias em uma casa pequena numa floresta. A ingenuidade e pureza de Sungjong incomodava ainda mais Myungsoo, tinha de admitir. Em sua mala, no lugar de roupas e acessórios como os do rapaz mais novo, carregava uma arma, facas e seringas com suas mais variadas drogas. Os passos lentos e calculados, a respiração calma, os batimentos quase nulos do coração, enquanto observava de forma triste a figura de seu futuro ex noivo animado à sua frente, fazendo inúmeros planos para aqueles dias.


— Que dias? -Zombou sozinho, sem notar, em voz alta.

— O que disse, Myunggie? Ah, não importa! Eu quero ficar bem grudado em você! 


O mais novo abraçou Myungsoo, que continuou sereno, com as mãos nos bolsos de sua jaqueta de couro favorita. Já caminhavam naquela floresta por minutos, longos minutos que se arrastavam em uma tortura sem fim ao mais velho. Por que é tão difícil? Por que Sungjong não é como qualquer merda de ex namorado que tive? Os pensamentos martelavam. Mas era ele ou si mesmo.

Quando enfim adentraram na pequena casinha, a decepção no rosto de Sungjong era clara. Talvez estivesse esperando por algo mais bonito, não apenas um monte de madeira envelhecida, suja com sangue de sacrifícios passados. Nem mesmo móveis havia ali, além de uma cama velha e empoeirada. 

Deixou sua mala cor de rosa no chão e voltou-se ao noivo, que trancava a porta com cuidado, minucioso em cada ato. 


— Myung? Isso aqui é... Bem... Macabro... 


Myungsoo riu. 


— Você acha? Eu gosto... É aconchegante. 


Mesmo assustado, Sungjong voltou a seus planos. Era incrível -E vantajoso- para Myungsoo como aquele menino conseguia falar por horas, sem nem mesmo notar que ao seu lado um monstro preparava sua morte. 

Enquanto o loiro procurava em suas malas por algo que Myungsoo não sabia, e nem se importava, o que era, ele tratava de em um canto mofado da casa se drogar. Era um prazer que sentia, estar alto enquanto matava. 

Procurou por sua arma e a recarregou. A respiração antes calma agora era ruidosa, acelerada e descompassada, assim como o coração que batia dolorosamente. Me desculpe, Sungjong. Pensava inúmeras vezes, e lágrimas lhe escorriam pelos olhos.


— Myung...?


Ele havia notado. Sungjong estava ciente do risco que corria. Os olhos vermelhos, não só pela droga, de Myungsoo focaram-se nos assustados e arregalados de seu noivo. Sungjong dava passos para trás, aterrorizado com a cena que via de seu amado com uma arma na mão. Ele vai me matar?!


— Sungjong, eu... Não queria fazer isso. Eu não queria. Mas se não for você, serei eu... Você vê? Tentei tantas vezes te fazer me deixar. Tantas, tantas vezes. De todas as formas possíveis o afastei de mim... -As palavras saíam como facadas dos lábios do mais velho, que caminhava na direção do loiro. 

— V-Você vai me matar? Você está louco! P-Pare! Por favor, você não quer fazer isso... Não quer... 


A voz de Sungjong tremia. O medo era evidente. E aquilo era estranho a Myungsoo. Em todos os assassinatos anteriores, o medo o estimulava. Quanto mais apavorados seus namorados anteriores ficavam, mais a vontade de matar aumentava naquele demônio.


— Você não me ouviu em nenhuma dessas vezes, Sungjong. Você nunca me obedeceu quando eu lhe mandei sumir. E aqui está o preço...


Os passos de Myungsoo chegaram ao fim. Estava frente a frente com Sungjong, em outro canto mofado, onde ele não poderia escapar. As lágrimas de ambos se faziam presentes, a dor que o mais velho sentia por dentro era incomparável a qualquer outra dor, era a maior que sentiu durante toda a existência.


— Myung... Não... 

— Cale a boca! -Vociferou o moreno, e um tapa forte fora liberado contra o rosto de Sungjong. A marca dos dígitos presente ali no mesmo instante, instante também onde o revólver na mão fria de Myungsoo fora apontado para a cabeça de seu noivo. — Você não pode continuar me influenciando. Hoje é seu prazo. Sete anos se passaram desde que seu pobre coração me foi entregue. E está acabado aqui, Sungjong... 


Nenhuma outra palavra além de um gemido doloroso fora ouvida. Desculpe . Era apenas aquilo. O único som era o eco do tiro, e ali, mais uma vida era ceifada. O corpo sem vida de Myungsoo caiu nos braços de seu amado. Sungjong não havia notado a mudança na direção da arma, o medo era tamanho que não havia percebido. Myungsoo preferira acabar com a própria vida, a ver Sungjong morto em seus braços. 

O demônio frio. Um ceifador sem alma. O pior dos monstros. Um assassino profissional. Ele amava.



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