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História Demônio - [extra] Demônios não morrem.


Escrita por: bwtfly

Capítulo 2 - [extra] Demônios não morrem.


Exatos dois anos e sete meses haviam se passado desde que Myungsoo acabara com a própria vida para salvar seu amado. Sungjong, por sua vez, nunca entendera exatamente o que havia acontecido. Diversas buscas em sites variados, em livros, com professores de sua antiga faculdade, mas nada lhe parecia cabível. Eu namorava um demônio? Se perguntava a cada dia como nunca havia notado. A frieza, a ironia, as palavras desconhecidas que Kim dizia pela noite. Como podia ele nunca ter desconfiado? Mas demônios são incapazes de amar, são ruins. Erroneamente pensava.

A vida havia seguido. Mesmo que o amor por aquele demônio ainda ardesse dentro de si, não poderia fazer nada.

— Deixe de ser idiota, Sungjong... Ele está morto. –Sibilou para si mesmo, enquanto organizava as flores em uma prateleira.

Agora trabalhava em uma floricultura, se virava sozinho na vida. As flores o lembravam Myungsoo. Principalmente as rosas negras, algo incomum, um fenômeno que, ao que parecia, pela grande procura, só acontecia ali. Com seus espinhos afiados e pétalas escuras, eram frágeis, delicadas, capazes de machucar alguém. Como uma música suave, uma melodia calma, uma letra melancólica. Sungjong sequer entendia o porquê daquelas flores serem negras; elas nasciam vermelhas, como todas as outras, e em um passe de mágica pela noite se tornavam negras. O dono do estabelecimento repetia que havia um demônio ali. Que tais flores estavam amaldiçoadas. Mas as mantinha, afinal, dinheiro é dinheiro. Sungjong por sua vez se pegava desejando que realmente fosse um demônio, o seu demônio. Mas era impossível. Câmeras já haviam sido instaladas, e nelas o único registro era a cor escura tomando as rosas, sem sequer uma sombra por perto.

Fechou as portas da floricultura ao fim do expediente, ouvindo a todas as regras de Byung-heon, o dono do local.

— Você dorme aqui, mas nada de pegar dinheiro ou comer qualquer coisa. Nada de amassar minhas flores. Nada de surrupiar para entregar às damas. Nada de mexer nas minhas coisas e, principalmente, por favor, senhor Lee, fique longe das rosas escuras. Não quero chegar amanhã e encontrá-lo morto com um 666 no peito. – Sungjong por sua vez apenas assentia a tudo.

Dormiria ali naquela noite. Não havia conseguido pagar o aluguel e nem encontrar outra casa, era orgulhoso o suficiente para não conseguir pedir ajuda financeira aos amigos ou aos pais, que de certa forma o rejeitavam desde o namoro com Myungsoo. Eles sabiam sobre ele ser um demônio?

Deu de ombros. Precisava arrumar algum canto para ficar. Dentro da estufa, perto das tão diferentes rosas negras, arrumou alguns panos sobre uma cadeira e ali se encolheu. A nova cama não era confortável, ele podia dormir em um sofá macio na recepção, mas o conforto de estar perto daquelas flores era mais cômodo. Em poucos minutos o sono já o atingira. 

Sonolento, parcialmente acordado e zonzo, se levantou ao ouvir um barulho infernal, algumas horas após se acomodar na cadeira, a ponto de deixá-lo louco. Os olhos embaçados e atentos percorreram todo o local. Pensou em checar se era o alarme de segurança, mas aquele ruído não era o mesmo. Parecia algo sobrenatural. Sungjong sentia uma presença ali. Talvez apenas estivesse louco, mas sentia.

Um vulto. Um grito abafado e conhecido. Uma melodia quase inaudível e triste. Aquilo talvez pudesse descrever a cena que o loiro via e ouvia diante de si. O medo fazia com que um arrepio brusco tomasse todo o corpo do rapaz, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de segurança o percorria.

— Myungsoo...?

Chamou uma, duas, três vezes, mas nada. Aos poucos os vultos sumiam, a voz, o chiado, tudo. Apenas restava ali uma rosa negra, jogada no chão em frente à seus pés.

``

Semanas haviam se passado desde aquele acontecimento. As rosas já não escureciam, nas noites em que Sungjong dormia lá nada aparecia, tudo era calmo. Talvez ele tenha desistido de mim. Outra vez errava em seus pensamentos.

Aquele dia estava especialmente parado. Uma chuva persistente e serena caía desde as primeiras horas do dia, o céu nublado, o frio. Myungsoo adorava quando o tempo estava assim. Resmungou dentro de sua própria mente. Com ordens para fechar a floricultura mais cedo, por conta do baixíssimo número de clientes, se obrigou a sair dos pensamentos aos quais estava imerso e ir até a porta; porém, quando ali chegou, um rapaz com o rosto coberto adentrou o local, ignorando completamente todas as exclamações de Sungjong sobre estarem fechando o estabelecimento.

— Senhor, por favor, se retire. Nós já fechamos, o caixa já foi desligado. O senhor pre-...

Os olhos se arregalaram, a fala foi cortada, o coração falhou duas batidas. O rapaz tirara a máscara que cobria o rosto, tal como também tirara do bolso do casaco uma rosa vermelha. A deixou sobre as mãos trêmulas do loiro e, após um simples passar dos dedos por cima das pétalas, estavam negras. 

— Myungsoo...

— Sungjong.



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