História Demons - It's Dark Inside!

... Se você for embora agora...

Como eu vou ficar?

Eu realmente te odeio, Lucas Amaral. Primeiro você cai em meu mundo, faz todos gostarem de você e começa a morar junto comigo e com meu irmão. No começo a minha desconfiança em relação a você era enorme, mas como o previsto você conseguiu me conquistar um pouco, que mal faria se você estava fazendo bem para o meu “Bro”?

Tá, isso foi o pior erro que pude cometer. Eu comecei a ser esquecido e deixado de lado por todos, é visível que se eles preferem você a mim. Não posso culpa-lo já que a culpa não é sua, eu devia ter lhe matado assim que chegou aqui e ter evitado que meu irmão jogasse aqueles diversos puzzles com você. Ah, maldita hora que prometi para Maethe que iria cuidar de você e não deixaria nenhum mal lhe acontecer!

É aquela maldita história... Você conhece uma pessoa, a odeia com todas as forças e de um momento para outro se vê apaixonado por ela. Ótimo, Alan! E agora ele vai embora para sempre e você vai se ferrar aqui em baixo.

Suspirei pesadamente me sentando na cama e observando meus pés balançarem lentamente para os lados, havia escalado a janela para chegar ao andar de cima sem que ninguém notasse, eles estavam tão felizes lá em baixo conversando... Eu não seria a pessoa que estragaria isso com a simples presença.

“Man, I never had a chance
And no one even knew
It was really only you”

Algo começava a rastejar quase que sem que eu notasse por minha perna, aos poucos eu conseguia sentir o aperto cada vez mais forte, subindo para minhas mãos e em seguida para meu pescoço. A porta do quarto se abriu e o aperto desapareceu em seguida, observei seu rosto surpreso ao me notar ali, um sorriso angelical brotou em sua face, tal ato me fez sentir borboletas no estômago e um calor incomum em meu corpo.

— Pequeno, eu não sabia que estava aqui! — Sorriu ainda mais e eu senti meu rosto queimar, puxei meu gorro do moletom para tampar meu rosto e o maior aparentou notar, entristecendo-se em seguida.  — Por que está bravo comigo? Fiz-lhe algo que não agradou?

— Você ainda pretende ir embora, Lu?

— Uh, eu preciso ir, pequeno. Minha mãe deve estar preocupada, eu não quero preocupa-la mais... Além do mais ela está bastante doente, preciso cuidar dela. — Lucas coçou sua nuca nervosamente, em seguida abrindo um sorriso gentil. — Mas eu não vou me esquecer de vocês não! São os meus melhores amigos e eu sou muito grato a todos vocês, eu quero muito que algum dia vocês venham morar comigo na superfície.

Acenei positivamente com a cabeça com um sorriso falso presente em meu rosto, o maior pegou uma blusa e saiu do quarto sem pressa alguma, parando na porta segundos antes e convidando-me para me juntar a eles. Neguei com a cabeça e direcionei meu olhar para a janela, os segundos pareciam horas, não demorou muito tempo para que aquele aperto retornasse para o meu corpo, mas desta vez eu sentia aquilo penetrando em minha pele.

Urrei de dor me jogando no chão e me encolhendo, mas diferente das outras vezes ninguém podia me escutar. Minha voz começava a mudar violentamente, a casa onde morávamos começará a desaparecer, minha visão parecia uma tevê velha chiando. Minha visão simplesmente escureceu e eu me vi fora de mim.

Os pecados rastejam por sua pele

Você sente algo maior tomando conta de si

Rasgando cada pedaço ainda existente de dentro para fora

Você entende como é horrível ver sua família diante a si, tentando te parar a qualquer custo?! O olhar assustado deles em cima de mim é o suficiente para eu desejar apenas uma coisa... A morte.

— Você é um monstro... — Uma pessoa aleatória gritou com os olhos espantados me encarando.

“I cannot stop this sickness taking over
It takes control and drags me into nowhere
I need you help I can't fight this forever
I know you're watching
I can feel you out there”

Eu sei que não posso lutar contra isso para sempre, isso há de ter um fim. Meus ouvidos eram entupidos por sussurros vindos de demônios, salve-me se eu me tornar um demônio, por favor. Eu me tornava o meu pior inimigo, vendo algo que me controlava matar um a um, evitando minha família por enquanto. Mas e quando apenas sobrassem eles? Sabe, o egoísmo virou o meu melhor amigo de uns tempos para cá.

O amor virou meu pior inimigo.

O egoísmo de pensar que ele voltaria para sua família e eu nunca mais poderia vê-lo, é isso o que o amor faz conosco. Talvez, apenas talvez... Eu devesse botar um fim nisso de uma vez só, às vezes falar a verdade não é tão ruim assim, pode ser algo libertador. Quebrar o habito apenas hoje... Ah, quem estou querendo enganar, nunca terei o perdão deles novamente.

— Alan, mesmo você sendo meu amigo, eu vou acabar com você hoje. — O Linnyker de olhos esverdeados gritou, senti meu corpo virar macabramente em sua direção, o maior arregalou os olhos e empunhou a espada em suas mãos.

— Criança... O que aconteceu para você virar... Isso? — Gabs, a mais velha do grupo, questionou com a voz embargada pelo choro. — Perdoe-me, mas não posso perdoa-lo.

— Tsc, eu não preciso do seu perdão.  É isso que acontece quando o LOVE toma o coração das pessoas, de bônus vem o egoísmo e a fácil manipulação. É incrível como esse amiguinho aqui... — Indicou-me com o dedo indicador, com um sorriso debochado. — Se deixou abater por conta disso, o mais surpreendente é que ele se apaixonou por um humano! Lucas, certo? Eu vou começar por você.

Minha mão me ergueu e uma chama azul a envolveu, com a pouca força que eu tinha de controle sobre meu corpo ergui a mão livre e segurei firmemente meu outro braço, o ataque acertou o teto do local e por um instante pude suspirar aliviado.

— Que porra, pirralho! Então ainda insiste em tomar controle?! — A criatura berrou indignada, intercalando entre o controle entre mim e ele no corpo.

— Sabe o que temos em comum? — Semicerrei os olhos e um sorriso de quem aprontaria surgiu em minha face. — Nós ambos vamos ter um Bad Time.

Um a um meus órgãos eram perfurados, já não ligava mais para a dor que resista em rastejar por minha pele, abri os olhos e sorri em direção a Lucas, que olhava tudo espantado assim como os outros.

— Olha, não me leve a mal. — Fechei meu olho esquerdo e pendi minha cabeça um pouco para o lado. — Não é fácil eu estar loucamente apaixonado, você não sente as mesmas coisas, não consegue ao menos entender um por cento da dor que eu sinto em tentar imaginar a minha vida longe de você. Tá, isso me subiu a cabeça, me atormentou todas as noites desde que eu soube que iria embora. Eu devia ter lhe dito isso antes, até porque nesse exato momento meus órgãos estão sendo estourados um a um pelos meus próprios ataques relacionados a ossos flutuantes e cabeças de dragões voadores. Bom, mas é isso... Eu te amo.

O rosto de Void passou de pálido para um tom totalmente avermelhado, suas mãos tamparam seu rosto rapidamente e o sangue começou a subir por minha garganta, fechei os olhos com força e comecei a tossir freneticamente, quando tornei a abrir os olhos notei que Lucas estava na minha frente. Suas mãos seguraram meu rosto, com agilidade o mesmo colou nossos lábios em um beijo demorado.

Nos separamos quando o fôlego do mesmo acabou, sorri colando minha testa na sua. Seu polegar acariciava minha bochecha carinhosamente, meus olhos começaram a pesar, um sono incontrolável tomou meu corpo enquanto eu tombava meu corpo para frente.

— Ei! Alan, ei! — Lucas gritou desesperado, segurando-me. — Olha você não tem a autorização para morrer agora! Não agora que me falou tudo aquilo...

— Um o-ótimo t-tempo para você, L-Lu...

Parece que quem está tendo uma Bad Time sou eu agora.

Mas, é horrível apenas imaginar um mundo onde você não está presente.

[*Barulho de algo se quebrando*]

— Void, por que está com essa garrafa quebrada em mãos...?

[•Genocide•]

Você sente uma enorme determinação o preenchendo, depois de realizar tais coisas, um botão bordado com a enorme palavra “Reset” surge a sua frente, um sorriso indecifrável surge em seu rosto quando o aperta, está novamente na ponte onde tudo começou.

— Olhe, Alan! Um humano caiu aqui no submundo.

E novamente seus olhos pousaram no pequeno a sua frente, que sorria debochadamente em sua direção, assim como das outras vezes.

Inocentemente o menor se aproxima de si e estende a mão em sua direção, e você prontamente a segura com falsas lágrimas em seus olhos.