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História Dépaysement - Uma boa conexão


Escrita por: dreamingnabi

Notas do Autor


OLÁAAAA MARMOTINHAS <3
Peguem a pipoca e guardem as armas que eu sei que vocês escondem nos bolsos q
Boa leitura~

Capítulo 24 - Uma boa conexão


 

_

 

 


L.

 

Lu Han piscou, mas provavelmente foi evidente que ele não estava tão surpreso assim, só assustado por aquilo finalmente ter sido admito em voz alta.

 

“Ok…” ele se levantou porque o corredor estava enchendo de alunos que se dirigiam para suas salas. “Vamos encontrar um lugar para nos esconder primeiro.”

 

Yifan se levantou de cabeça baixa e foi puxado pelo pulso pelo chinês que não sabia exatamente para onde ir. Bem poderia usar o mesmo quartinho de antes onde ficara com Sehun, mas naquele horário ele estava sendo aberto pelos funcionários que começariam a limpar a bagunça deixada pelos alunos.

 

Foi o Wu que percebeu a dificuldade do outro e resolveu lhe puxar, ambos andando contra o gradiente da multidão que lhes apertava e atrapalhava a passagem. Eles desceram, percorrendo todo o pátio e as quadras até chegarem à área da piscina, tomando cuidado para não serem vistos por algum inspetor que estivesse ali. Então Yifan seguiu para um dos boxes de banho do banheiro masculino e eles entraram, ficando um de frente para o outro.

 

Lu Han respirou fundo, pensando em como começar aquilo. Ele sabia que aquilo devia ser difícil para o maior só pela forma como ele sequer o encarava.

 

“Tudo bem…” cruzou os braços. “O que você faria se eu dissesse que eu já sabia?”

 

O platinado arregalou os olhos em sua direção.

 

“É tão óbvio assim? Ele sabe?”

 

“Calma, ele não faz ideia.” Provavelmente estaria morto se soubesse. “Mas isso é porque ele é um pouco desligado… e eu, bem… eu sou seu amigo. Eu percebi algumas coisas.”

 

Os olhos negros de Yifan não conseguiam encontrar algo em que se fixar em seu rosto, então os desviou.

 

“Quando eu vejo meus amigos, seja você ou o Yoonho e o Seokwon, eu realmente não me importo com isso; não acho que seja grande coisa, não vejo problema nenhum. O importante é que todos sejam felizes como são. Mas, por algum motivo, quando me vejo na situação de estar de fato gostando de outro cara… parece tão errado. É como se uma voz dissesse que eu não deveria aceitar isso e outra gritasse que eu não deveria ter preconceito comigo mesmo. A segunda sempre parece mais certa, mas a primeira ainda me deixa muito confuso.”

 

“Ei, isso não é errado, Fan.” Afirmou, a voz dura. Ele sempre se sentia incomodado quando falavam aquilo, talvez até irritado. Yifan parecia derrotado por algo maior do que ele e em nenhum momento Lu Han pensou que veria a imagem do outro daquele jeito… não era muito fácil encontrar coisas maiores que Yifan, mas provavelmente o peso de gostar de alguém do mesmo sexo naquele país era algo maior do que todos. “Você não se aceita.” Constatou e, como Yifan não protestou, viu que estava certo.

 

“Eu sei que sempre pensei nele de uma forma diferente… como se ele fosse algo superior aos outros. Quando ele se afastou de mim quando éramos mais novos eu sofri muito também, e não sou burro para não saber que o modo como me desespero quando ele está perto é porque sinto alguma coisa a mais. Eu estava observando-o hoje e me martirizando porque nunca tenho a atenção dele do jeito que quero e… droga, Han.”

 

O maior enfiou as mãos no rosto e o menor se aproximou para um abraço desajeitado. Como contar que o que ele mais tinha era a atenção de Zitao? Sequer sabia se devia mesmo falar isso por aí ou deixar que descobrisse sozinho.

 

“Está tudo bem, Fan. Isso não é errado. Amar não é errado.” Sentiu o corpo tremer em seus braços e notou que novamente lidava com algo com o que não era acostumado. Ele nunca havia sofrido uma verdadeira aversão por ser homossexual; seus pais sempre foram muito compreensíveis e lhe ajudaram em tudo, até mesmo a esquecer os olhares tortos na rua. Ele crescera sabendo que era algo normal… mas como devia ser para alguém que não foi criado assim? “Isso só prova que você é humano… e humanos amam. O amor não devia ser limitado a gêneros. Você não precisa se martirizar por isso, hum? Zitao é uma ótima pessoa.”

 

“Eu sei… mas acho que isso não melhora muito as coisas. Eu não deveria desejá-lo tanto e isso é muito estranho de se falar em voz alta.” Riu, sem graça, e secou as lágrimas que escorreram pelas bochechas. Lu Han sorriu em resposta.

 

“Pense menos no que impuseram para você e olhe para si mesmo. Você se sente bem quando está perto dele? Como se, por um momento, parecesse de alguma forma certo?”

 

Yifan assentiu.

 

“Eu me sinto bem só de pensar em estar no mesmo lugar que ele. Mas isso ainda é estranho.”

 

“Então isso é certo, Yifan. O que importa é você estar se sentindo bem, não os outros. Talvez isso seja estranho de aceitar imediatamente, mas não se martirize por isso.”

 

O maior respirou fundo e Lu Han se afastou. Parecia ainda precisar digerir um pouco aquilo.

 

“Obrigado. Eu precisava contar para alguém… isso estava me sufocando.”

 

“Sem problema.” Estendeu o braço para esfregar os fios prateados. “Então, o que vai fazer?”

 

“Como assim? Não vou fazer nada, só torcer para ele sair da minha cabeça sem que eu tenha que arrancá-la.”

 

Lu Han riu, apesar de não ter certeza se deveria.

 

“Claro que não, Yifan! Você não pode fazer isso. Tem que falar com ele.”

 

O maior arregalou os olhos.

 

“Sem chances. Ele nem fala comigo! O que vai fazer se ele souber que eu… que eu gosto dele? Ele pode me afastar para sempre! Pode sentir nojo de mim ou…”

 

O chinês sabia que aquilo não iria mesmo acontecer, mas também achava que não deveria revelar. Ao mesmo tempo que não queria tirar a magia dos acontecimentos não queria deixar o amigo no escuro e mais desesperado ainda.

 

“O Tao é o melhor amigo do Sehun. Do jeito que o Sehun é, você acha que ele ficaria ao lado de alguém intolerante?” Os olhos do Wu brilharam em expectativa. “E você conhece ele… não tem coisinha mais amável. Além do mais, ele também gosta de garotos.”

 

“O quê?!”

 

Yifan quase sorria, as mãos agarradas no braço do menor.

 

“É sério. Será que ninguém nunca percebeu isso e comentou com você?”

 

“Não. Não mesmo.”

 

Lu Han sorriu.

 

“Parece que você tem sorte. Tente chamá-lo para sair ou algo assim, não precisa se confessar de primeira.”

 

“Obrigado, Hannie.” Aproximou-se do menor e quase lhe sufocou ao lhe abraçar apertado. “Eu não sei o que eu faria sem você.”

 

“Exagerado.” Comentou quando sentiu que viveria, podendo respirar novamente. “Bem, o que vamos fazer agora?”

 

“Você quer voltar pra aula e correr o risco de detenção ou prefere ficar aqui?”

 

Lu Han lhe lançou um olhar travesso.

 

“Poxa, que difícil a decisão.” Yifan riu e ambos se sentaram no chão em um consenso mútuo, um de frente para o outro mas um pouco afastados lateralmente. Yifan era alto demais e o boxe, muito pequeno. “Espero que o Sehun não me mate ou me odeie quando eu voltar. Ele faz muito isso de me odiar.”

 

Yifan riu.

 

“Por que ele faria isso?”

 

“Porque ele não gosta que fiquemos juntos em lugares públicos com medo de alguém aparecer. E foi exatamente isso que aconteceu quando eu disse que não aconteceria.”

 

Era possível sentir o ar culpado no apertar de lábios do platinado.

 

“Foi mal.” Lu Han negou e apoiou os pés na parede oposta. Não tinha como ele saber. “Eu estou curioso para saber como vocês acabaram juntos.”

 

E as horas de aula foram muito bem preenchidas.

 

 

 

_

 

 


S.

 

“Hunnie!” A voz ecoou alta pelo corredor e Sehun se virou, avistando um amontoado de rosa e azul correndo em sua direção. Ele parou e esperou que o outro se aproximasse, sorridente. “Onde você ia levar minha mochila?”

 

Sehun olhou para o objeto que carregava no colo como se fosse um filho; ele também não sabia para onde levaria, só sabia que não devia deixar na sala trancada. Afastou-a, pegando com certa dificuldade, por conta do peso, com dois dedos como se estivesse com nojo dela.

 

“Eu ia jogar num bueiro.”

 

Lu Han fez um biquinho e abraçou a própria mochila, tendo-a salva em seus braços.

 

“Cadê o Tao?” Questionou, porque na maioria das vezes o garoto estava junto de Sehun ao irem embora.

 

“Já foi. Ele estava triste porque o Yi…” só então percebeu alguém que estava logo atrás do chinês e conseguiu se calar a tempo. Yifan o olhava atentamente, como se aquela informação fosse preciosa, e Lu Han soltou um riso nervoso.

 

Como é que não poderia ter reparado em alguém tão alto, aliás? Devia ter focado demais no chinês correndo até ele para olhar ao redor.

 

“Ah, é mesmo… o Yiruma, aquele pianista famoso fará um concerto e ele não vai poder ir, né?”

 

Sehun assentiu avidamente, agradecendo por alguém ali pensar rápido. Ele estava estático não só porque já ia falar de Yifan como porque lentamente a imagem que o maior presenciara surgia em sua mente e ele sentia que poderia bater sua cabeça contra o chão de cimento até acomodá-la lá dentro.

 

Suas bochechas aqueceram.

 

“Não sabia que o Zitao gostava dessas coisas. Por que ele não pode ir?”

 

“Porque…” Sehun começou, mas logo olhou para o menor em busca de ajuda.

 

“Os ingressos acabaram. Ele é famoso, então as coisas são assim.”

 

Yifan parecia bolar um plano em sua mente pelo modo como olhava para o chão e parecia concentrado nele. Ninguém olhava tão concentrado para o chão para contar os desníveis do cimento.

 

“Lu Han, você acha que… se eu conseguisse os ingressos…” diminuía a voz, como se não quisesse que Sehun ouvisse.

 

“Como você fará isso?” O Oh notou que Lu Han parecia agitado, quase sem saída.

 

“Sempre tem alguém que compra e não pode ir, ou compra para revender mais caro.”

 

“Ah…” Lu Han olhou novamente para Sehun, desta vez pedindo ajuda dele. Mas Sehun não sabia o que estava acontecendo, então não entendia o que devia responder. Sabia que haviam dito que teria o show do pianista que Zitao gostava, mas ele não gostava, e agora Yifan queria os ingressos… Sehun negou. “Eu acho melhor você tentar outra coisa, porque depois de lá vocês teriam que bolar outro programa para conversarem mais e poderia ser mais difícil de você conseguir dizer isso na hora.”

 

Yifan assentiu e, por suas expressões, parecia ter aceitado aquilo.

 

“Ok, eu vou pensar em algo.” Sorriu. “Obrigado, Hannie. Quer uma carona?”

 

“Não, eu estou de bicicleta. Obrigado.”

 

“Ok. Até mais, então.” Bagunçou os cabelos do menor, então se virou para Sehun e estendeu a mão para bater na dele, o que ele fez timidamente. O Wu saiu radiante e os outros dois se entreolharam.

 

“O que foi isso?” Sehun perguntou.

 

“Eu preciso te explicar isso em detalhes. Você não vai acreditar!” Lu Han sorria e balançou o corpo do outro que estava assustado.

 

“Isso tem algo a ver com você querendo arrancar os meus braços?” Sehun olhou das mãos que o seguravam para os olhos acastanhados e Lu Han o largou.

 

“Vamos, eu te conto no caminho.”

 

Sehun acompanhou Lu Han até onde sua bicicleta estava amarrada, que não era muito longe dali, enquanto contava que Yifan sempre tivera uma quedinha por Zitao – e a origem desse sempre, com eles se conhecendo desde criança – e que ele desconfiava, mas não disse nada pois esperava que Yifan fosse assumir isso um dia. Já estavam a caminho do ponto de ônibus quando ele começou a falar que havia dito para o maior chamar o Huang para sair, comentando da boa comunicação deles pelo olhar porque apesar de Sehun não saber da história, conseguiu entender mais ou menos a situação e aconselhar para mudar o local de encontro deles. Teria sido terrível se Yifan fosse procurar o show do pianista e não encontrasse, ou se por acaso o levasse para qualquer outro e Zitao acabasse entediado.

 

Eles ficaram em silêncio pelo resto do caminho mas, quando Lu Han parou a bicicleta logo ao lado do maior no ponto de ônibus, ele falou em chinês apenas para que as pessoas ao redor não entendessem:

 

“Nós temos uma boa conexão.”

 

Sehun lhe olhou de esguelha, prendendo o sorriso ao que mantinha os braços cruzados na altura do peito e os olhos na estrada, procurando seu ônibus.

 

“Você pode ir para casa, boa conexão. O ônibus já deve estar vindo.”

 

Lu Han suspirou. O sol batia em seu rosto e o vento bagunçava seus cabelos, mas ele não parecia se importar nem um pouco.

 

“Eu não vou para casa, tenho que almoçar no shopping. Não tem ninguém em casa e eu estou com preguiça de cozinhar hoje.”

 

Sehun lhe encarou por um tempo, lembrando-se do que sua mãe dissera. Você devia convidá-lo da próxima vez… o que os pais dele vão achar se você só ficar indo lá e nunca chamá-lo para vir aqui?

 

“Você… quer almoçar lá em casa?”

 

Lu Han lhe encarou, espantado, quase lhe fazendo desistir.

 

“Me belisca” pediu, simplesmente, e Sehun revirou os olhos.

 

“Eu acho que é melhor meus pais te conhecerem porque senão vão desconfiar de qualquer jeito…” comentou, voltando a falar em chinês. “Mas é como amigo, Lu Han. Você é a pessoa mais hétero deste planeta, ok?”

 

“Me belisca.” Repetiu, desta vez erguendo o braço.

 

“Eu não vou te beliscar!” Reclamou, abaixando o braço do outro.

 

“Aish, tá bom.” O sorriso no rosto do outro parecia crescer cada vez mais. “Eu prometo que nunca gostei de outros pintos além do meu.”

 

Sehun prendeu o riso e, como se já soubesse que logo aquela ordem seria dada, subiu na garupa da bicicleta e segurou a cintura do chinês, que respirou fundo antes de começar a pedalar.

 

 

 

 

 

Eles pararam algumas casas antes do destino final, mais como um costume do que por necessidade, e foram andando até lá.

 

“Você acha que eu tenho cara de pegador com este cabelo?” Sehun olhou para ele, querendo rir, e teve que lidar com ele fazendo um rawr em sua direção, uma das mãos se estendendo como se fosse lhe arranhar. Gargalhou.

 

“Não mesmo. Mas eu tinha o cabelo colorido até o ano passado e minha mãe estava crente que eu traria uma namorada para casa até o final do ano, então isso não importa muito. Apesar de o meu pai ser uma pessoa mais difícil com essas coisas.”

 

“Não se preocupe; eu sei fazer as pessoas gostarem de mim. Não é?”

 

Sehun apenas lhe ignorou, fingindo que não era uma indireta para si, e engoliu um riso nervoso ao que viravam no terreno de sua casa. Abriu o portão e o menor deixou a bicicleta encostada em um canto antes dele abrir a porta da casa.

 

Estava tudo silencioso, o que era realmente estranho. Normalmente o pai estaria assistindo televisão e a mãe perdida em algum cômodo da casa até que ele chegasse para que todos pudessem comer juntos, como sempre foi.

 

Lu Han entrou logo atrás de si, observando tudo com cuidado e esperando versões mais velhas de Sehun surgirem do chão com olhos que lhe revistariam dos pés à cabeça, julgando-o.

 

Sehun seguiu até a mesa de jantar, então logo encontrou um bilhete que deveria explicar todo aquele silêncio em casa. Lu Han espiou por cima de seu ombro assim que se concentrou em onde ele estava.

 

Sehun-ah, seu pai teve um acidente com a moto e eu fui para o hospital atrás dele. Eu não sei como ele está, mas não se preocupe que eu cuido de tudo; tem comida na geladeira, você sabe esquentar.

 

Mas quando Sehun olhou para Lu Han o menor viu que ele estava desesperado.

 

 

 

_

 


Notas Finais


Paz no coração, gente, é isso *corre*
Mentira. Voltei para dizer que os filhos de Taoris terão que ser um pouco mais pacientes pojfgoçrjmg mas é isso aí
Espero que tenham gostado~ vocês podem sempre vir falar comigo aqui embaixo, hum?
Obrigada por lerem <3 beijinhos no coração e até o próximo sábado *3*


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