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História Dépaysement - Lágrimas estúpidas


Escrita por: dreamingnabi

Notas do Autor


OLÁAAAA MARMOTINHAS <3
Como vocês estão? Espero que bem :')
Boa leitura~~

Capítulo 27 - Lágrimas estúpidas


 

_

 

 


L.

 

Não devia ter sido nada natural o modo como Yifan avançou pelos corredores quando tocou o sinal do intervalo naquele dia; Lu Han podia dizer só pelo modo como ele chegou na sala.

 

O platinado quase atropelou duas alunas que tiveram que se espremer para passar junto dele na porta, já que ele não parecia se importar muito com deixar os outros passarem primeiro, e olhou com olhos arregalados ao redor da sala até cravá-los no casal sentado no fundo, no canto próximo à parede. Por sorte eles estavam apenas comendo suas barrinhas de doce de feijão vermelho enquanto conversavam e não em algum outro momento que seria de constrangimento para eles e para quem quer que os flagrasse.

 

O desespero parecia escrito na testa do Wu e em seus passos quase robóticos que ele parecia dar na direção do amigo. Ele se aproximou o suficiente para agachar próximo à mesa.

 

“Vocês precisam me ajudar.” Declarou e Lu Han já sabia sobre o que aquilo seria.

 

“O que foi?” Perguntou mesmo assim, apenas para ter certeza.

 

“Eu passei todos esses dias pensando em como…” olhou ao redor para ter certeza de que estavam sozinhos, logo se voltando para os dois e aproximando mais a cabeça, também diminuindo a voz. “… convidar o Tao para sair, mas eu não tenho coragem de fazer isso agora. E semana que vem já são as provas! Eu queria fazer isso logo.”

 

“E o que você quer que a gente faça?” Deu de ombros. “É só pedir para falar com ele a sós e então você chama.”

 

“E se ele reagir mal? Quer dizer, qual vocês acham que seria a reação dele? Eu tenho medo de ele rejeitar ou nem sair da mesa por achar estranho demais. E eu nem sei o que vamos fazer! Cinema não é algo normal demais? Não será óbvio?”

 

Lu Han apoiou a mão no ombro do amigo.

 

“Respira, Yifan. Quanto à reação dele…” olhou brevemente na direção de Sehun que pareceu dizer com o olhar: ele vai ter um ataque cardíaco. “Ele não vai te rejeitar assim.” Voltou-se para o outro. “E cinema está bom, mas veja se tem algum filme decente antes. Se vocês gostarem do filme podem sair para comer alguma coisa depois disso e comentarem sobre ele, então pode ajudar para que fique menos nervoso.”

 

O maior respirou fundo.

 

“Entendi, entendi. E sobre o que devemos conversar?”

 

“Ahn, eu não sei…”

 

“O Zitao fala bastante, não se preocupe com isso. Só tente manter a conversa” Sehun aconselhou.

 

Lu Han assentiu, reforçando.

 

“Comigo ele não é falador” pareceu reclamar, indignado.

 

O menor dali sorriu, empurrando o amigo pelo ombro, o que quase lhe fez cair.

 

“Ele vai ficar, vocês só precisam se conhecer. Agora vai lá falar com ele antes que o intervalo termine. Ele tem ido embora muito rápido então não vai dar tempo depois.”

 

Wu Yifan assentiu, respirou fundo e se levantou. O peito estava estufado enquanto seguia para fora da sala, cheio de uma falsa confiança. Assim que ele saiu dali Lu Han encarou o Oh e ambos riram.

 

“Você acha que o Tao vai surtar?”

 

“Eu só espero que ele não desmaie.”

 

 

 

_

 

 


S.

 

“Eu não vou te bater, Tao. Sossega.” Sehun protestou pelo que ele poderia contar como a milionésima vez enquanto tentava se concentrar no exercício passado.

 

“É só uma vez! Impossível que esta seja a realidade.”

 

Lu Han, que estava logo de frente para os dois, riu.

 

“Por quê? Você vai?”

 

“O que você acha?” O chinês deu de ombros. “Eu acho que vou estragar tudo. Isso se for verdade mesmo e ele não estiver fazendo nenhuma brincadeira comigo de piada com os amigos dele. Eu vou odiá-lo para sempre se ele fizer isso.” Cruzou os braços.

 

Lu Han pareceu que ia dizer algo, mas logo o professor passou ao lado da mesa deles, verificando se eles estavam fazendo a atividade, e eles agarraram a lapiseira e fitaram a página em branco do caderno como se o homem não fosse perceber. Sehun os achava idiotas, mas como o professor não falou nada e apenas continuou a andar, guardou o pensamento para si.

 

Ele havia passado uma atividade em grupo e Lu Han se juntara a eles, mas até o momento o único que produzia era o Oh. Zitao havia voltado do intervalo berrando que Yifan havia lhe chamado para sair com uns amigos no fim de semana e tagarelara com Sehun durante todo o começo da aula, ao que ele apenas assentia. Assim que a atividade foi passada e Lu Han arrastou sua mesa até eles, o Huang finalmente teve alguém que de fato conversasse com ele.

 

“Você acha que ele é esse tipo de pessoa? Nós somos amigos e eu sei que ele não é assim. Não fique nervoso, o pessoal estará lá também então será tranquilo.”

 

Sehun trocou um olhar rápido com o colorido. Eles sabiam que Yifan tinha chamado Zitao para sair com “ele e os amigos” apenas para não espantar o Huang e quando chegasse na hora só ele apareceria.

 

“Espero que sim… ai, Sehun, você não pode ir junto? Eu não quero ficar sozinho com eles.” Agarrou o braço do melhor amigo e o sacudiu enquanto fazia um biquinho.

 

“Eu já disse que não. Vou jantar fora com meus pais.” Mentiu.

 

“Que saco!” Largou o braço, emburrado. Em seguida seu rosto se iluminou de novo e ele se virou para Lu Han que continha um sorriso. “E você, Lulu?”

 

“Ah… minha mãe vai voltar para arrumarmos as coisas para a viagem então não vai dar.” Zitao respirou fundo. Não acreditava que estava sendo abandonado daquela forma. “Não se preocupe, vai dar tudo certo.”

 

“Daria mais certo se vocês fossem comigo…” resmungou. Sehun sabia que ele e Lu Han apenas seriam usados para que Zitao fugisse de conversar com Yifan, então daria tudo menos certo. Mas Zitao não tinha noção daquilo. “Imagina se por algum motivo eu não estrago tudo, daí ele se apaixona perdidamente por mim e se ajoelha e pede minha mão em casamento daí fugimos na mesma hora pros Estados Unidos e seríamos felizes para sempre…” Olha ao longe, parecendo imaginar a cena.

 

Lu Han riu, segurando a risada em seguida. Zitao caiu da sua nuvem imaginativa.

 

“Uau.”

 

“Aish, não ri de mim. Você nunca sonhou em viver para sempre com o boy?”

 

“Ahn, quando eu tentei imaginar só ficar no mesmo país que ele, ele me chutou. Então… não.” Zitao fez uma careta. “Mas eu acho que não me casaria, de qualquer forma.” Deu de ombros.

 

Zitao ergueu uma sobrancelha.

 

“Por quê?”

 

“Sei lá. Não me imagino ficando tanto tempo com alguém. Deve ficar chato com o tempo.”

 

Sehun sentiu as mãos suarem e engoliu em seco.

 

“Mas se você gostar da pessoa…” Zitao começou.

 

“Você é romântico demais, Tao.” Riu. “Isso é bonitinho.”

 

“Você para, não posso ter dois crushes.” O chinês riu. “Mas enfim. O que tu vai fazer na China além de conhecer a família?”

 

Lu Han se inclinou apoiando os cotovelos na mesa. Sehun soube pelo seu timbre que ele estava animado para a viagem e, se pudesse olhar em seus olhos, veria que estavam brilhando. Mas ele não conseguia se mover naquele momento; apenas estava ali fitando o caderno e fingindo escrever alguma coisa enquanto prestava atenção na conversa.

 

“Mamãe disse que tem familiar espalhado por tudo que é canto, então podemos usar a visita como desculpa para usar a casa deles e não ter que pagar hotel, daí podemos sair para conhecer os lugares.”

 

Zitao riu.

 

“Uau. Que adoráveis.”

 

“Meus pais não são apegados à família.” Deu de ombros. Ele era menos ainda. “Mas acho que vamos ficar mais em Beijing mesmo por causa da vizinha que era amiga da minha avó e que vai nos abrigar. Acho que ela gosta muito da minha mãe.”

 

“E o Lay vai ficar onde?”

 

Lu Han demorou alguns segundos para responder e Sehun ergueu os olhos sem mover a cabeça, tentando ver se ele o olhava. Não conseguiu, e foi apenas por um momento.

 

“Ele tem uns parentes em Changsha, mas vai dar um jeito de visitar Beijing para… para nos encontrarmos.”

 

Zitao empurrou o braço do amigo, um sorriso travesso brilhando no rosto.

 

“Vai ter remember, é?”

 

Sehun se lembrou das mensagens. Da lista.

 

“O… que é isso?”

 

“É tipo ficar com o ex para matar a saudade.”

 

“Nós somos só amigos agora.”

 

“Sei, claro…” Olhou para as próprias unhas. “Será que ele acha isso também?”

 

Sehun preferiu não ficar ali para ouvir a resposta. Levantou-se, arrastando a cadeira consigo, e marchou até a porta com passos firmes. Até ouviu o professor gritar o seu nome, provavelmente querendo saber onde ele ia sem lhe consultar, mas simplesmente não ligou e saiu da sala, batendo a porta atrás de si.

 

Seu coração estava apertado e algo que ele não queria pensar muito nos últimos tempos lhe subiu a garganta e quis lhe sufocar. Lu Han poderia ainda manter um relacionamento com Lay à distância e usá-lo para suprir a falta dos toques do outro. Ele sempre seria só mais um, e o fato de passar por aquilo novamente era culpa dele.

 

Lembrou-se do que sua mãe dissera da outra vez. Se você não tivesse feito isso não estaria assim. Outro homem, Sehun! Isso é ridículo. Devia ter me obedecido quando pedi para conhecer a filha da Minghee, não estaria desesperado dessa forma para fazer besteira. Ela é tão doce, inteligente…

 

Sentiu seus olhos lacrimejarem e pensou em sair dali. Seria horrível se alguém aparecesse para rir dele ou espalhar qualquer história pela escola depois.

 

Começou a andar pelo corredor, mesmo sem saber para onde iria. Estava distante o suficiente da sala quando ouviu os passos apressados em sua direção e então seu braço foi segurado. Ele parou.

 

“Sehun, o…”

 

“Me solta.” Pediu assim que ouviu a voz do chinês.

 

Ele sentiu o aperto se desfazer, mas assim que ia começar a andar, o garoto se pôs a sua frente, os olhos procurando os seus desesperadamente. Sehun não queria que ele lhe visse assim, tão fraco, e abaixou o rosto – o que provavelmente foi inútil, porque Lu Han era mais baixo que ele.

 

“Você está chorando?”

 

“Me deixa em paz.” Tentou sair dali, mas Lu Han abriu bem os braços e lhe impediu de passar.

 

“O que foi, Hunnie?”

 

“Não é nada. Me deixa passar.”

 

“Eu não quero. Fale comigo. Será que você tem sempre que esconder as coisas de mim assim?”

 

“Eu não quero falar com você!” Elevou a voz, encarando-lhe fundo nos olhos e deixando que uma lágrima escorresse por seu rosto. “Não enche o meu saco, eu não tenho que falar nada para você!” Sua voz ecoou alta no corredor e Lu Han olhou para os lados como se esperasse que as pessoas saíssem das salas para ver o que acontecia.

 

Sehun teve o braço segurado e o menor lhe arrastou dali, mesmo que tentasse protestar e pedir que ele lhe soltasse em voz alta.

 

“Para de gritar! A escola inteira vai te ouvir, caramba.” Lu Han pediu e acelerou o passo.

 

Sehun viu que eles entravam na mesma porta da última vez, então ela foi fechada e o garoto lhe largou, cruzando os braços e olhando-lhe nos olhos. Sehun virou de costas, caminhando na saleta para ficar o mais distante possível do chinês. Havia um esfregão quase na altura de seu queixo e ele podia sentir o cheiro de pano molhado.

 

“É por isso que o que você não quer que se espalhe acaba se espalhando, Sehun. Você devia tentar controlar o tom de voz se não quer que te ouçam.”

 

“Não me diga o que fazer.”

 

Lu Han suspirou, aproximando-se com cautela do outro.

 

“Por que saiu daquele jeito da sala? Você está brabo comigo? O que eu fiz?”

 

Sehun tinha certeza de que qualquer pessoa com problemas mentais tinha mais capacidade que Lu Han. Ou ele apenas se fingia de lerdo, talvez para manter o Oh naquela mentira.

 

Ele secou as lágrimas que escorriam pelas bochechas e se virou. Os olhos estavam arregalados por trás dos óculos, a lente um pouco molhada e embaçada. Lu Han se assustou não só com o tom e a aparência do outro, mas também com as palavras.

 

“Eu não sou tão idiota assim, eu só pareço. Eu sei que você está me usando e foi minha culpa ter acreditado pelo menos um pouco em você, eu sei. Mas eu não quero isso. Eu não quero ser descartado depois como se não fosse nada, não de novo…” Ele realmente tentava controlar o tom de voz e por isso estava falando praticamente entredentes.

 

“Do que você está falando?” Franziu o cenho. “Sehun, eu nunca faria isso com você! De onde tirou essas coisas?”

 

Sehun riu e passou a mão no rosto molhado mais uma vez. Lágrimas estúpidas. Não entendia a utilidade dos óculos se sua visão não parava de ficar turva.

 

“Você é um idiota. Você… você me fez gostar de você. Me fez ter medo de te perder. Me fez acreditar em suas mentiras. Eu… eu…” fungou.

 

Lu Han estendeu uma mão para tocá-lo, mas ele balançou o braço e se livrou do toque.

 

“Sehun, se acalma. Eu não sei o que você quer dizer com isso, eu nunca menti pra você.” Um sinal soou pela instituição e Sehun tentou avançar, mas novamente foi impedido. “Conversa comigo direito, por favor.”

 

“Me deixa passar, p-por favor. Eu quero ir embora.”

 

Lu Han lhe encarou por um tempo, mesmo que ele não o olhasse diretamente. Em seguida suspirou.

 

“Você não pode sair assim. Se quiser ir mesmo, eu pego sua mochila enquanto você se acalma aqui.” Ele aguardou alguma resposta, mas não recebeu nem uma confirmação nem uma negação. “Eu já volto.”

 

Saiu da salinha e o Oh retirou os óculos, tentando se obrigar a parar de chorar enquanto secava o rosto. Sua cabeça já começava a doer. Ele era tão idiota.

 

Sentou-se no chão, as pernas encolhidas contra o peito. Não devia ter ignorado a sua mãe. Não devia ter pensado que ela poderia estar errada.

 

Minutos depois ele ouviu algo bater contra a porta e teve medo de que fosse algum dos faxineiros que lhe flagrariam ali e denunciariam para alguém por estar fora da sala, mas a voz conhecida soou logo depois, abafada.

 

“A mochila está aqui. Me desculpe por ser idiota, por algum motivo que não sei, mas em nenhum momento eu menti para você. Passe no banheiro e lave o rosto antes de ir… eu vou esperar você querer falar comigo, tá?”

 

Sehun não emitiu nenhum sinal de que havia compreendido. Em vez disso, esperou um tempo antes de se levantar, olhar para ambos os lados do corredor vazio e pegar a mochila, querendo dar o fora dali o mais rápido possível.

 

 

 

_

 


Notas Finais


Às vezes as pessoas querem empurrar as coisas com a barriga e deixar o que incomoda pra lá, mas não somos potinhos sem fundo e um dia transbordamos, não é mesm?
Pelo menos Taoris finalmente terá o esperado encontro, né? Vamos ver o que vai acontecer :')
Espero que tenham gostado do capítulo! Podem me contar o que estão pensando aqui embaixo, hum?
Até o próximo sábado! Beijinhos no heart de vocês~


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