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História Dependence (Em revisão) - Just the beginning


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Nihao~
Eae negada?
Tudo bem com vocês?
Então, eu estou iniciando esse projeto hoje e estou bem ansiosa, porque já faz um tempinho que eu quero escrever ela, mas estava meio bloqueada >.<
Mas enfim, com o apoio de algumas pessoinhas do meu coração, cá estou, essa é a minha primeira long, e eu quero muito o apoio e a opinião de quem ler isso aqui, porque estou bem animada pra continuar.

Antes de deixar vocês lerem, um avisinho: na capa da fic, o Monster tá com o cabelo preto e o Jin tá ruivo, mas nesse capitulo eles estão com o cabelo branco e castanho escuro, respectivamente, então, antes que alguém pergunte, sim, eles começam a fic com os cabelos como estão aqui, mas a capa diz respeito a um ponto mais avançado da fic, então, eu não buguei, okay?

As capas foram feitas (e provavelmente continuarão sendo) pela @Eleph

Sem mais delongas, boa leitura >.< ~chu

[Capítulo revisado]

Capítulo 1 - Just the beginning


Fanfic / Fanfiction Dependence (Em revisão) - Just the beginning

Na boa, eu nunca fui um menino mau.

Quer dizer, eu era aquele tipo de criança que ficava brincando na rua o dia todo e depois chegava gritando pela casa, pedindo comida enquanto sujava toda a porra do chão que a mãe havia acabado de encerar.

Nunca vi problema nisso.

Engraçado como o mundo às vezes chega e, num tapa de realidade, te diz: "cara, você foi um babaca a sua vida inteira, acorda!"

Eu nunca teria percebido isso sozinho.

Provavelmente faria merda até morrer. 

E eu morreria cedo, porque podemos dizer que sempre tive um certo imã de problemas.

Ou talvez eu só o os buscasse mesmo.

Sempre fui um encrenqueiro e, talvez, essa seja a característica que mais me orgulha ter tido em toda a minha vida.

Sem esse meu inesgotável fogo de briga, eu nunca teria me envolvido com Kim Seokjin.

 

[...]

 

Minha paciência estava acabando.

A cabeça doía, os olhos pesavam e o corpo estava duro pela noite mal dormida, ou madrugada, já que me deitei lá pelas quatro da manhã.

Na boa, eu ainda não sabia por que acompanhava Taehyung naquelas merdas, porque, puta que pariu, pensa numa pessoa com fogo no cu. Eu sempre voltava podre de bêbado e era obrigado a ir pra escola quase caindo com aquela dor de cabeça do inferno.

Falando em fogo no cu, por que essa porra de celular não para de tocar? Eu só quero morrer em paz, na minha cama.

Eu não estava no melhor dos meus humores.

— Alô? — Atendi o telefone resmungando, depois de aturá-lo por dez minutos tocando no meu ouvido.

Nossa, Joon, o que foi? Levou um fora de alguma garota? — A voz de Hoseok-hyung soou risonha do outro lado da linha. 

— Fala logo o que você quer, Hope. — Respondi, sem paciência.

Nooossa, grosso!

— Desembucha.

Afe, você tá muito estressadinho. — Ele suspirou – A gente tá aqui embaixo, vem logo, se nos atrasarmos de novo, minha mãe arranca meu couro. 

— Como assim vocês estão “aqui embaixo”? O que vocês estão fazendo a essa hora na minha casa? — Eu perguntei, realmente surpreso. Pra mim ainda eram 5 da madrugada.

— Como assim “a essa hora”? Você sabe que horas são, Joon? — Ouvi suspiros irritados do outro lado da linha e Tae gritando “viu? Eu disse que ele estava dormindo!” 

Olhei o relógio do celular, ignorando o que quer que Hoseok tenha dito. 

8:47 da manhã.

— Puta que pariu! — Gritei, mais pra mim que pra meus amigos, levantando num pulo da cama e recebendo uma bela pancada de dor de cabeça por isso. — Merda. — Resmunguei, apertando minha testa com a mão desocupada. — Espere dois minutos, hyung, já estou descendo.

Não esperei que ele me respondesse e peguei o uniforme pra vestir. Tudo o que eu mais queria naquele momento era um banho, mas não daria tempo, então, mandei a dor de cabeça pro inferno e me vesti apressado, sem sequer arrumar o cabelo, que devia estar um verdadeiro ninho de ratos. 

Desci correndo a escada, indo em direção à cozinha, pegando um pão e um suco de caixinha antes de sair correndo até a porta, trancando-a, mas não antes de voltar quase caindo para pegar minha mochila que estava na sala.

Claro que toda essa correria me deu vontade de vomitar, minha cabeça estava explodindo.

— A Bela Adormecida chegou! — Hoseok disse, debochado, desencostando-se do muro onde estivera apoiado.

— Bela? Onde? — Yoongi fingiu que procurava alguém, virando a cabeça diversas vezes de um lado para o outro. — Só estou vendo um moleque descabelado.

Ele riu, acompanhado por Tae e Hope, que estavam abraçados, como sempre.

Esses dois nunca se largam.

— Dá um tempo. — Grunhi baixinho, sem realmente ter vontade de retrucar qualquer coisa. Eu só queria dormir.

— Ele deve estar de ressaca. —  Yoongi se virou para o casal chiclete, como se eu não estivesse incluído na conversa. — Tem que tomar cuidado com o quanto ele bebe na próxima, Tae. Você sabe como ele é fraco com álcool. — O sorriso nos lábios de meu amigo era de puro deboche.

— Desculpe, Joon-hyung. — Taehyung disse com um biquinho fofo que eu sabia que era intencional, mas que funcionava. Eu não conseguia ficar zangado com Tae por muito tempo. — Eu não achei que fosse beber tanto. Na próxima vez, vamos tomar mais cuidado, sim?

Yoongi e Hoseok explodiram em gargalhadas ao ver o maknae do grupo, ou gangue, como nos chamavam, tratando-me como uma criança doente e incapaz.

Francamente.

Limitei-me a bufar, antes de começar a andar a caminho da escola.

— Apenas fiquem quietos, estou com uma dor de cabeça do cacete. — Disse, tentando fazer com que Yoongi e Hoseok parassem de gritar como duas galinhas atacadas.

Como se eles fossem me ouvir.

E, ainda por cima, quando eu estava andando um pouco mais à frente deles, Yoongi veio até mim e roubou meu pão.

Por que eu ando com esses idiotas mesmo?

 

[...]

 

Chegamos depois de 10 minutos caminhando. A minha casa era a mais próxima da escola, por isso era o último ponto de “parada” do nosso grupo.

Fui caminhando lentamente, tentando não cambalear, para o interior da escola, sem ligar para as pessoas que me cumprimentavam ou que olhavam descaradamente pra mim, seus olhares queimando minhas costas.

Só quando estava quase em meu armário que notei Hoseok me chamando e, cá entre nós, só porque ele me deu um tapa na cabeça.

Porra, ninguém entende que eu estou com uma mini bomba nuclear na cabeça?

— Que porras você tá fazendo?! — Perguntei.

— Estou te chamando faz minutos. — Ele se afastou, mas sem perder o sorriso no rosto. — Não é minha culpa se não escuta. E me respeite, eu sou seu hyung.

— Aish, o que foi? 

— Eu estava tentando te falar que eu e Tae não vamos pras primeiras aulas hoje. — Ele mostrou a língua, travesso. — Terá que ir sem nós, Joon.

— Não precisa me avisar quando se pegam ou deixam de se pegar na escola, Hoseok.

— Eu sei que no fundo se importa. — Ele mandou um beijo no ar, antes de puxar Tae pela mão e sair correndo, deixando-me pra trás.

Dei de ombros. Aquilo era rotina, muitas vezes eu ia sozinho pra sala.

Falando nisso, onde porras o Suga havia se metido? Ele era da minha sala, então, ele normalmente ia comigo pra aula. 

Ah é, esqueci, estamos falando de Min Yoongi. Então, pensa num moleque pegador. Só trouxas acreditam naquela cara de anjo.

Baguncei os cabelos, amaldiçoando minha visão que começava a ficar turva, como se me forçasse a fechar os olhos e dormir ali mesmo. Eu teria feito isso.

— Devia tomar cuidado. — Disse o garoto que aparou minha queda. — Se pegarem você bêbado assim, vai ter problemas.

— Eu não estou bêbado. — Eu respondi baixinho, sem fazer esforço pra sair do apoio do garoto, que devia ser bem alto pra aguentar me segurar sem ser esmagado. — Estou de ressaca.

Ele emitiu uma risada nasal, forçando-me a ficar de pé corretamente.

— Está bem, você não está bêbado. — Ele me largou completamente, eu não conseguia focar em seu rosto, ele não deveria ter três narizes, deveria? — Se consegue andar, ótimo, vá logo para a sala, Kim.

Eu sabia que conhecia aquela voz! Puta que pariu, por que eu deixei esse cara me pegar bêbado? Logo ele?

— Onde vou ou deixo de ir não é de seu interesse, é? — Na boa, meu humor já não era dos melhores, eu tinha que encontrar logo ele?

— Não era. — Ele confirmou, sem expressão no rosto. — Até o momento em que você se jogou em cima de mim no corredor. 

— Eu não pedi pra me segurar.

— Novamente, você se jogou em cima de mim, então, ou eu te segurava, ou caía com você. Além do mais, eu poderia te denunciar agora mesmo, só estaria fazendo o meu dever.

— Você é sempre tão irritante, Jeon? — Perguntei, de saco cheio da conversa do garoto.

— Não. — Ele deu um sorrisinho que seria completamente lindo se não estivesse naquele rosto. — Mas você tem tendência a se irritar comigo, então, não importa o que eu faça, você vai ficar zangado.

— Seu… 

— Kookie! — Uma voz mais fina se fez presente, voz que eu conhecia muito bem. 

Veja bem, eu não tinha medo de Park Jimin. Eu tinha medo de um Park Jimin zangado. E tocar em Jeon Jungkook é uma boa forma de deixar Jimin com raiva. 

Uma ótima forma. 

Nem queiram saber.

— Jimin! Onde você estava? — O garoto perguntou enquanto tinha seu pescoço abraçado por meu amigo. 

Se é que ainda posso chamá-lo assim.

— Joon-hyung, o que estava fazendo com Kookie? — A dúvida de Jimin tinha fundamentos. Digamos que eu não tenho a melhor das relações com o namorado de meu amigo de infância.

— Nada demais. — Dei de ombros, sem olhar para o garoto mais baixo.

— Eu apenas o ajudei a não cair no meio do corredor, não estávamos brigando hyung, não se preocupe. — Jungkook falou olhando para Jimin como se tentasse fazê-lo acreditar nisso.

E o sorriso que veio de Jimin a seguir provou que funcionou.

Por que apaixonados são tão idiotas?

— Mas por que você ia cair…? — Ele se aproximou de mim e torceu o nariz. — Você cheira a bebida, hyung. Deveria parar de beber, você sequer gosta.

— Desculpe — disse, num sorriso torto, repleto de sarcasmo. — Não é todo mundo que muda de vida do nada, abandonando tudo o que já fez desde que nasceu. Não é tão fácil.

Jimin abriu a boca pra falar algo mas eu o interrompi.

— Além do mais, as coisas que eu faço não te dizem mais respeito, não é? Nem o que nenhum de nós faz ou deixa de fazer. — Cuspi as palavras, ácidas como seu significado. — Você perdeu esse direito — apontei para Jungkook. — Quando escolheu ele.

Vi que minhas palavras tinham atingido seu objetivo. Jimin encolheu os ombros e abaixou a cabeça, seus lábios se moviam, tentando formar palavras, mas nenhum som saía.

— A gente se vê por aí. — Dei meia volta, levantando uma mão e dando um meio aceno.

Jimin ainda tentou me chamar, mas eu apenas o ignorei. Eu não ia escutar aquelas desculpas ridículas de novo.

Se pedir desculpas resolvesse, o mundo não teria prisões.

Cheguei à sala com o pior dos humores. Como se já não bastasse estar com dor de cabeça, Suga tinha vazado e eu ainda tinha encontrado aqueles dois.

Por que eu não havia ficado em casa mesmo?

— Está atrasado, senhor Kim. — A professora disse, sem sequer levantar a cabeça para olhar quem entrava na sala.

Professores têm olhos dos lados da cabeça, por acaso?

Curvei a cabeça levemente, antes de me dirigir ao fundo da sala, jogando-me em meu lugar.

— Deveria tomar mais cuidado com suas vestimentas, senhor Kim. — Ela continuou falando depois que me sentei. — Sua postura também, ela é muito desleixada. Assim você prejudica a imagem de nossa escola.

Durante os primeiros vinte minutos de aula, a professora continuou chamando minha atenção. Chamou-me quando viu que meu material não havia sequer deixado a mochila, depois quando meu lápis caiu no chão e quase teve um treco quando viu que eu havia abaixado a cabeça para tentar aliviar aquela dor insuportável.

Então, não posso dizer que prestei muita atenção na aula. Eu não conseguiria nem se quisesse.

E eu não queria. Isso complicava um pouco.

Voltei a mim quando vi que a professora me chamava, de novo, com uma expressão de irritação.

— Senhor Kim, se não pretende prestar atenção na aula, queira se retirar, por favor. — Ainda estou tentando entender por que essa mulher me odeia tanto. — Eu não estou aqui pra me fazer de trouxa, explicando para as paredes.

Pois é, a vida não está fácil pra ninguém, professora. 

— Desculpe, tratarei de não ofendê-la por respirar novamente, professora. — Respondi, apenas porque quis e porque estava de saco cheio daquela perseguição.

Claro que, assim que disse isso, a classe explodiu em gargalhadas, deixando a professora roxa de raiva.

Levantei-me antes que ela me mandasse para a diretoria e saí quase correndo da sala. Quando estava fora da classe, trombei com alguém, batendo nossas cabeças e jogando nós dois no chão.

Eu demorei para processar o que estava acontecendo, afinal, minha cabeça já não estava aquelas maravilhas, digamos que a cabeçada não ajudou na minha vida.

Espera aí, cabeçada? Não é possível, só tem uma pessoa tão alta quanto eu nesta turma. E eu achando que meu dia não poderia ficar pior.

Mereço.

— Você está bem, Namjoon-ah? — Vi a mão que me era oferecida e a ignorei, levantando-me sozinho com um pouco de esforço.

— Não me chame assim. — Eu disse, seco, tentando continuar andando, mas sendo impedido por uma pontada em minha cabeça que me fez cambalear com uma mão na mesma, antes de conseguir não cair. — E eu estou bem.

— Não é o que parece. — Ele estava com as mãos perto de meus braços, como se prevenisse uma queda — Você deveria ir à enfermaria.

— Ir pra quê? — Eu disse num meio sorriso, sarcástico, óbvio. — Pra me mandarem pra casa com uma suspensão por consumo de álcool?

— Você bebeu? — Ele disse, arregalando os olhos levemente. — Não deveria beber antes da aula, Namjoon-ah.

— Eu não bebi antes da aula, espertinho. — Eu já estava ficando irritado, de novo. — Só estou de ressaca.

— Hm... — Ele virou a cabeça de forma infantil, pensativo. — Por que não ficou em casa?

— Não te interessa. — Olhe, eu não sei porque não gosto de Kim Seokjin, ele apenas me irrita de forma irracional, não preciso de motivos pra achar alguém irritante, preciso?

— Na realidade, interessa sim. — Ele tinha o cenho um tanto franzido, como se pensasse no resultado de um problema matemático difícil. — Afinal, você está mal. E eu quero te ajudar.

Lembrei porque não gosto dessa criatura.

Como alguém consegue ser tão gentil a ponto de não ligar para as provocações dos outros? Ou pro tom que você lhe dirige?

Além de tudo, ele é um ótimo aluno e amado por todos os professores e estudantes (os que gostam de gente assim). E, bom, todos dizem que ele é bonito, mas eu não tenho (e nem pretendo ter) uma opinião formada sobre isso.

Como pode existir um ser tão perfeitinho?

Irritante.

— Apenas me deixe em paz, sim? E volte pra sala, aquela mulher provavelmente vai amar ter você na aula invés de mim. — Eu ia continuar a andar, quando me ocorreu uma coisa. — A propósito, o que você está fazendo fora da sala? — Ele nunca se atrasava e eu não me lembrava de ter o visto quando entrei.

— Estava com alguns problemas em casa e, como me atrasei, tive que ir até a diretoria para pedir autorização para entrar. — Ele sorriu minimamente, mas eu percebi a sombra que passou por seu semblante. Tristeza, talvez?

Foi quando notei que havia um pequeno corte nos lábios dele e sua bochecha estava levemente inchada, quase imperceptivelmente. Eu apenas notei porque, bem, podemos dizer que sou meio especialista em brigas, e aqueles ferimentos eram fruto de uma briga. Essa era uma certeza.

Dei de ombros; eu não pretendia me meter na vida dele, mas fiquei meio impressionado, não imaginei que ele se metesse em brigas.

Quando voltei à realidade, o garoto me encarava curioso, como se tentasse adivinhar o que eu estava pensando.

Limpei a garganta. Eu provavelmente o encarei enquanto pensava e, quando me dei conta disso, senti-me um pouco constrangido. Quer dizer, ele com certeza sabia que eu não gostava dele, então era no mínimo estranho eu estar encarando-o assim.

— Eu já vou indo. Vá para a sala, está perdendo sua preciosa aula. — Eu tentei passar por ele, mas meu braço foi segurado.

— Eu não gosto tanto de estudar quanto pensa. — Ele deu um sorriso pequeno, mas com os olhos fechados, como aqueles que os personagens de anime dão. Bizarro, eu sei. — Mas devia parar de beber, Namjoon-ah.

— Já disse pra não me chamar assim. — Ele era o único que me chamava pelo meu verdadeiro nome, do qual eu não gostava, muito menos saído daqueles lábios.

Ele não respondeu, apenas acenou sorrindo enquanto abria a porta e eu o encarava incrédulo. Como aquela pessoa me enchia a paciência facilmente? Bastava um sorriso pra me irritar.

— Ah! — A cabeça dele apareceu na porta de novo, olhando-me de lado e com os olhos sorridentes. — Eu tenho um remédio para dor de cabeça, você quer?

— Não preciso de ajuda. — Grunhi baixinho. Qual é? Orgulho ainda significa algo pra mim.

— Ah... — Ele abaixou os olhos. — Tudo bem então. — O sorriso retornou ao seu rosto enquanto ele voltava a entrar na sala.

Às vezes, eu tenho medo de mim mesmo. Por que eu detesto um ser tão fofo? Se bem que Jungkook também é fofo. Mas aí é uma história completamente diferente. Jungkook é um babaca.

Mas Kim Seokjin? Ele nunca me fez algo que mostrasse que ele fosse nada menos que uma pessoa gentil e responsável. 

Dei de ombros e fui caminhando lentamente até o pátio traseiro da escola, que estava vazio a esse horário.

Olhei em volta, apenas para ter certeza de que ninguém estava me vendo e dobrei à esquerda numa esquina do prédio, passando por um pequeno beco estreito e chegando a um pátio escondido, esquecido pelo tempo, que eu e os garotos havíamos achado e transformado em nossa "base" na escola. Era lá que aconteciam todas as batalhas de dança e de rap dos alunos que estavam "nessas áreas".

Porém, eu não parei ali. Fui até a parede oposta e afastei alguns dos caixotes que haviam por perto, usados como bancos quando as coisas estavam rolando, revelando assim a placa de metal enferrujado que cobria um buraco na parede. Era grande o suficiente para eu passar, coisa que fiz, encontrando um estreito de duas paredes quase coladas, porém, que tinham diversas falhas e peitoris de janelas inacabadas, formando uma espécie de escada.

Fui pisando nas mesmas dobras e falhas em que sempre pisava, sabendo exatamente quais me aguentavam e em que ponto haviam falhas mais escondidas. Naturalmente, afinal, eu havia ido ali tantas vezes que não podia contar.

Cheguei ao topo e fiquei de pé, olhando a vista que já me era tão familiar: atrás de mim, o pátio e o prédio principal da escola. À minha frente, uma planície sem casas e um pequeno rio, mesmo que fosse um tanto poluído e tivesse a vista dos prédios de Seul atrás. Aquela visão me trazia uma paz que eu não conseguia descrever, por um momento até mesmo esqueci de minha dor de cabeça.

Só por um momento mesmo.

Aquela dor estava me dando vertigem. Eu nem sabia mais onde era em cima e onde era embaixo. Deitei com dificuldade no chão, com a barriga pra cima, olhando pro céu, e adormeci poucos segundos depois.

Acordei com meu telefone vibrando no bolso. Claro que tive que dar um showzinho e me assustar com o aparelho se mexendo na minha perna, por quê? Porque eu tenho um trato com o universo de me pagar de trouxa. Sempre.

Ainda bem que ninguém viu.

Atendi sem cumprimentar, apenas esperei que, quem quer que tivesse me acordado, manifestasse.

Hyung? — A voz de Tae soou ao meu ouvido, baixa e controlada como sempre (o "sempre" em que ele não estivesse gritando como uma galinha prestes a parir um jacaré). — Onde você está?

— Por aí. — Respondi dando de ombros enquanto me levantava, mesmo sabendo que ele não tinha visto meu movimento.

Defina o “por aí”. — A voz de Tae não soava impaciente, apesar de eu saber que ele estava. — Você está na escola ainda?

— Sim. — Fiquei de pé, aproveitando a sensação de uma dor de cabeça quase não presente.

Você está pretendendo passar a noite na escola, por acaso? 

— Que horas são? — Eu perguntei, olhando para o horizonte e notando que o sol já estava bastante baixo.

São seis e quinze da tarde, hyung. — Ele suspirou. — Os garotos e eu já estamos no portão, vamos no Lux, quer ir?

— Claro, espera aí, chego em cinco minutinhos.

Saí em disparada, não me incomodando com a dor de cabeça, a qual era quase imperceptível agora. Fui em direção à frente da escola, que já estava esvaziando. Eu parecia um louco correndo, mas não me entenda mal, eu gosto muito do Lux, é um lugar que eu considero mais que a minha própria casa, é onde o meu sonho não parece tão impossível assim.

É perfeito.

 

[...]

 

Depois de me encontrar com os garotos no portão, fomos em direção à estação de trem, pegando o que ia na direção sul da cidade. Fiquei quieto a viagem toda, apenas vendo os outros pularem e gritarem no trem como macacos hiperativos.

Eu, apesar de brincar e gostar de barulho, sempre fui o mais sossegado do grupo, em questões de fogo no rabo, pelo menos.

Porque eu sabia ser agitado quando queria. Ah, se sabia.

Quando chegamos ao nosso destino, cerca de 20 minutos depois, com Tae saindo correndo até a frente da estação enquanto gritava que queria sorvete, pusemos-nos a seguir (não tão) calmamente pelo caminho já bastante familiar para todos, incluindo um Yoongi sonolento, um Hoseok animado (claro, campeão de fogo no cu da parada gay, por que não estaria animado?) e um Tae saltitante por ter ganhado seu sorvete, chegamos em frente ao antigo muro alto e detonado que escondia o Lux.

Era algo simples. Por fora, apenas um muro grafitado e bem alto, com uma porta de ferro que estava sempre guardada pelo pessoal do lugar.

— Qual é a senha?— Um sujeito grandalhão nos barrou na porta. Quando digo "grandalhão", é grandalhão mesmo. O cara era uma cabeça mais alta que eu.

E exatamente por isso eu soube exatamente quem era, mesmo que ele estivesse com um boné na cara.

— Qual é, Manny, você sabe quem somos. — Eu disse, com o riso na voz. O Lux tinha esse efeito em mim: mesmo que eu estivesse com o pior dos problemas e o pior dos humores na vida, quando chegava ali, tudo ia embora. — E desde quando tem senha?

— Desde alguns segundos atrás, quando eu vi que vocês, pirralhos, estavam chegando. — O grandalhão de pele olivada deu uma piscada e um sorriso sacana, logo abrindo a porta para que passássemos. — Estava sentindo sua falta, dupla destruidora. — Ele apontou para mim e para Yoongi. — Faz tempo que não vejo uma batalha de verdade.

Havíamos ficado cerca de duas semanas sem ir ali, pelo simples fato de Yoongi estar de castigo (sim, castigo, com 17 anos) e eu não me animar a ir ao Lux sem ele. Hoje íamos tirar todo o atraso.

Passando pela porta, dávamos de cara, à nossa esquerda, com uma desgastada e espaçosa pista de skate, onde, como sempre, haviam algumas vinte pessoas competindo por lugar para andar. E, à direita, estava o galpão onde aconteciam as festas e raves, o RaveLux, mas este só abria muito mais tarde. Por hora, era aqui fora.

Tae deu um gritinho e saiu correndo até a aglomeração de skatistas, onde foi cumprimentado por quase todos os presentes, recebendo abraços e algumas, nada discretas, apertadas na bunda.

— Hope, tente não sair no braço com ninguém hoje, ok? — Yoongi sorria cínico ao ver a expressão de Hoseok, que observava o namorado ao nosso lado. — É realmente irritante ser mandado embora porque você deu um surto de ciúmes.

— Você diz isso agora, quero ver se arranjar um namorado e ele for assim... — Ele foi interrompido por mim.

— Você diz, um namorado desapegado? — Eu tentava segurar o riso, mas estava difícil.

— Isso seria problemático. — Yoongi completou meu pensamento e nós dois começamos a rir da cena já tão repetida de um J-Hope contorcido de raiva.

— Além do mais — Yoongi começou — Eu não quero um namorado, namorar é muito chato e enjoativo. — Ele limpou uma lágrima, ainda rindo. — Muito entediante. — Ele completou, apontando para onde nosso querido maknae estava, já dando piruetas na pista. — E eu não ia querer ficar apenas com um garoto, ou uma garota. Existem vários gêneros, por que só podemos aproveitar um?

Suga-pega-todos ataca novamente.

— Vocês não tem um compromisso? — Hope perguntou, bufando, claramente cansado da zoeira eterna. — Achei que queriam tirar o atraso. — Ele apontou para a área atrás da pista, depois do terreno dos dançarinos/lombrigas/quebrados/malucos que, por sinal, era o ponto de parada de Hoseok. A área da verdadeira diversão, o núcleo no Lux; a Rap Battle.

Olhei para Yoongi com um sorriso satisfeito e ansioso, e ele me retribuiu um meio-sorriso, o clássico de deboche ao mundo que apenas meu melhor amigo conseguia dar. 

Suga estava incorporado.

Eu quase tremia de antecipação. Fazia quase duas semanas que eu tinha que me contentar em colocar o fone e murmurar baixinho trechos desconexos pela casa. Mas o Lux… era o lugar onde eu podia fazer o que queria, o que gostava, o que precisava.

Chegando ao fundo do terreno, depois de passar pelos barulhentos dançarinos, cujas batalhas já haviam começado, chegamos a uma área rodeada por antigos degraus de concreto, como um mini anfiteatro, que ainda não tinha muitas pessoas, e todos conversavam em tom moderado.

— Olha só quem ressurgiu dos mortos! — Virei em direção à voz grave que estava falando e dei de cara com Park Chanyeol, um dos líderes da Rap Battle que, apesar da cara de bebê, tinha uma voz de matar. — Vieram passear? Não pensem que vão conseguir seu lugar de novo tão facilmente. Bobeou, perdeu. A fila anda. — O deboche estava presente em seu sorriso e sua voz, claramente nos desafiando.

Aquilo me fez queimar de empolgação, nada melhor do que abrir a noite com uma boa batalha de líder para líder. Eu ia ensinar aquele garoto a se colocar em seu lugar.

— Poupe suas provocações, Coqueiro. — Yoongi disse ao meu lado, o rosto travesso repleto de deboche e ironia. — Você quer uma batalha, nós queremos uma batalha, então, uma batalha teremos.

O garoto ergueu a sobrancelha e inflou a bochecha, fazendo um muxoxo logo em seguida. Apesar de não ter falado nada, ele estava claramente se alterando. Algo compreensível, visto que é impossível não se afetar com as provocações de Yoongi.

Pense numa pessoa que sabe ser irritante. Agora funda-a com uma pessoa que quase nunca realmente ri de algo e está sempre com cara desinteressada.

Multiplique por dez.

O resultado é meu melhor amigo.

— Okay! — Chanyeol gritou ao microfone; não sei pra que gritar no microfone, esse garoto tem problemas. — Vamos agitar essa bagaça!!

As atenções foram todas miradas no centro do espaço, os rostos ansiosos e um tanto tensos, visto que qualquer um que fosse da "família" saberia sentir que aquela batalha não seria apenas uma festa de boas-vindas. Chanyeol já não era a pessoa menos competitiva do universo e, com sua inacabável implicância com a minha pessoa, a personalidade cotidiana do Happy Vírus sumia completamente.

No mínimo, desconfortável.

— Apressadinho você, não? — Perguntei calmo após pegar um microfone na mesa de som e ter cumprimentado a DJ, Min, uma garota baixinha, bem gata, que possuía olhos de gato e um cabelo rebelde. — Está com tanta vontade de perder assim?

— Vá sonhando, RM. — Ele deu um sorriso torto, tentando passar que estava confiante, mas seu semblante estava contraído demais. Ele estava claramente nervoso.

Ready? — a voz de Min, que já estava a postos, soou no espaço. — Go! Make some noise, boys!

Não me pergunte pra que falar em inglês. Acho que é porque dá um estilo diferente. Pelo menos é por isso que eu uso.

Fizemos a batalha no "modo improviso" e foi por isso que eu tomei conta do ar e dos ouvidos dali, roubando a cena tanto de Chanyeol quanto do próprio Suga, que era minha "dupla".

Não tenho culpa se sou o melhor.

Não me entenda mal, mas eu realmente sou bom no improviso e Chanyeol se dá muito melhor com versos prontos. É só por esse motivo que ele não consegue me vencer. Se não fosse por isso, eu não teria tanta superioridade, aquele garoto não era brincadeira.

E quanto a Suga, ele é bom no improviso, mas quando eu estou animado assim, ele desencana e me deixa ficar no holofote.

Não que isso seja um problema, ele consegue o holofote muitas vezes numa noite. 

Afinal, eu nunca consegui vencer Suga e ele nunca conseguiu me vencer. Por isso somos tão bons batalhando juntos, a sincronia com que pensamos assusta até mesmo a mim.

Mas, largando mão do sentimentalismo, depois de 20 minutos trocando farpas em forma de música, consegui fazer com que Chanyeol ficasse sem resposta e a batalha foi entregue a mim. Saí dali sorridente e ofegante, buscando uma garrafa d'água. Minha garganta estava seca e eu suava. Eu queria, no mínimo, enfiar minha cabeça em uma banheira de água gelada.

Consegui uma garrafa com uma pessoa aleatória entre os skatistas, ouvindo ao fundo Suga detonar alguém lá atrás no terreno. Dei um sorriso satisfeito e voltei pra lá, ansioso para outro round.

Quando eram cerca de onze da noite, a RaveLux começou a dar sinal de vida e os que se encontravam no "pátio" começaram a entrar no galpão. Eu não fiquei de fora; encontrei Tae e Hoseok na pista de skate e, junto a eles e a Yoongi, que estava resmungando sobre como algum dos vários garotos que ele pegava havia lhe ignorado, nós entramos no espaço cheio de luzes coloridas e o clássico cheiro de álcool e fumaça.

Olhei ao redor, o lugar estava cheio, mas não tanto quanto poderia num final de semana. As pessoas já ocupavam a pista, dançando umas contra as outras ou bebendo e flertando no bar. Típico.

Andei junto aos meus amigos tanto quanto possível, mas, com aquela muvuca que aumentava a cada minuto, perdi-me de Yoongi nos primeiros cinco minutos e deixei de ver o casal chiclete uns dez minutos depois.

Foram transar, claro, tudo o que pensam é em transar.

Andei lentamente até o bar, logo na entrada do galpão. Mesmo que não quisesse mesmo beber, era a única coisa que eu via para fazer no momento, além de que uma batida de frutas não faria tão mal.

Quando sentei num dos bancos do lugar, uma garota bonita, com cabelos loiros e um vestido preto se sentou ao meu lado, puxando conversa e me perguntando o que eu estava fazendo sozinho.

— Meus amigos me largaram. — Disse simples, dando um gole em minha bebida.

— Não quer companhia? — Ela estava cada vez mais perto de mim e eu focava em seu rosto. 

Estava quase aceitando ir para um lugar “mais íntimo” com a garota, quando vi um grupo de cerca de quatro caras puxando um garoto de forma nada delicada para fora do galpão.

Não sei porque fiz aquilo, talvez pelos olhos desesperados do menino, ou por suas tentativas de escapar dos braços dos homens, não sei, mas saí correndo, deixando minha acompanhante com uma expressão confusa e seguindo-os até fora do espaço sufocante.

Uma vez lá fora, olhei em volta, buscando os cinco. Não estavam em lugar nenhum.

Fiquei parado por um momento e, então, optei por ir para o lado esquerdo do galpão. Vi vultos saindo do Lux pelo portão principal que, por algum motivo, estava vazio, assim como todo o pátio. Corri até lá, mas tive meu braço segurado por alguém, fazendo-me parar.

— Me largue! — Gritei, tentando me livrar do aperto. Eu nem queria saber quem era, só pensava nos olhos desesperados do garoto, como se suplicasse por ajuda, como se me chamasse.

— Ei, cara, menos. — Ouvi uma voz conhecida e me virei, dando de cara com Manny. — Se acalme, o que foi?

O grandalhão me olhava confuso, como se quisesse saber o que diabos eu estava fazendo ali fora a essa altura da festa.

— Eles... o garoto... eu tenho que... — Não consegui formar uma frase decente e esqueci completamente do que estava acontecendo quando ouvi um grito abafado vindo do lado de fora do muro. Soltei-me do aperto de Manny e saí correndo até o portão.

Eu não sabia por que estava tão desesperado, mas eu corri como se minha vida dependesse disso.

Saindo do Lux, olhei para os lados e notei nas sombras uma cena terrível: dois dos covardes seguravam os braços do garoto que tinha os olhos assustados e tentava se soltar, enquanto outro puxava seus cabelos para cima e cobria sua boca, não deixando que seus gritos abafados escapassem. O último covarde fazia uma tentativa de tirar suas roupas.

No que se passou a seguir, eu não tive controle algum; corri até o homem que estava abaixado, mexendo na camisa do menino e chupando seu pescoço e o puxei, jogando-o no chão com toda força que eu tinha. Olhei para trás e vi o garoto com os olhos arregalados, lágrimas escapavam de suas orbes, molhando a mão que lhe impedia a fala.

Aquilo despertou alguma coisa em mim, um sentimento de proteção.

O abusador, recuperado do susto, já estava se levantando quando eu consegui lhe desferir um chute na cara a tempo, fazendo-o cair de novo. Os outros criminosos, que deviam ser bem lerdos, porque não é possível eles só terem me visto naquele momento, finalmente pareceram notar que tinha alguém ameaçando-os.

Dois deles vieram em minha direção, deixando apenas o maior de todos segurando a vítima, que tentava se libertar do aperto. Com uma mão ainda em sua boca e a outra contornando seu busto, o imbecil apertava o menino e o forçava a ficar no lugar, impedindo-o de conseguir escapar.

Um dos que tinham vindo até mim desferiu (ou tentou) um soco em meu rosto, mas eu consegui segurar seu pulso com força e o lançar em direção ao seu amigo que estava à minha esquerda, derrubando os dois no chão. Fui até eles na intenção de continuar o que havia começado, mas fui impedido pelo primeiro dos caras, que havia levantado e me prendia numa chave de pescoço. Uma muito mal aplicada.

Olhe, eu não tenho muita técnica, aprendi a brigar na rua, então, agarrei os braços que me seguravam e consegui jogar o homem por cima de mim, vendo seu corpo atingir o solo com um barulho seco.

Os dois já tinham vazado quando me virei para continuar com eles, então apenas segui até o maior de todos, que havia acabado de ter a mão mordida fortemente pelo garoto, afastando-a imediatamente de seu rosto enquanto grunhia de dor. Eu, focado em o tirar perto dele, logo lhe desferi um soco na barriga, fazendo-o cambalear e soltar o menino de vez, mas não cair. Ele me olhou raivoso e me deu um soco no rosto, derrubando-me no chão e fazendo com que eu batesse a cabeça no solo com força.

Vi ele se aproximar, provavelmente acreditando que eu estava desacordado e já pronto pra acabar comigo.

Ah, mas não mesmo.

Antes que ele se abaixasse para me segurar, apoiei-me em meus braços e, com as pernas livres, desferi uma rasteira em suas pernas, fazendo com que ele caísse desengonçadamente.

Levantei-me e sentei em seu tronco, socando-o diversas vezes, para então agarrá-lo pela gola da camisa e levantá-lo, olhando em seu rosto, que já estava bastante ensanguentado.

— Pegue seu amigo e suma daqui. — Rosnei. — Vocês mexeram com o cara errado.

Soltei-o e ele rapidamente correu até o outro, que ainda estava no chão, levantando-o e saindo às pressas com o amigo apoiado em si.

Virei-me e voltei calmamente até o menino, que estava encolhido com a cabeça entre os joelhos e as mãos em volta dos mesmos. Sua camisa estava rasgada e haviam pequenos hematomas em seus braços, mas eu sabia que o estrago devia ser um pouco maior nas áreas que eu não podia ver por conta da sombra.

Ajoelhei-me à sua frente, colocando a mão sobre sua cabeça e acariciando de leve seus cabelos castanhos.

— Ei — chamei, fazendo-o se sobressaltar. — Está tudo bem agora. 

O garoto se encolheu mais, balançando a cabeça negativamente, como se pedisse silenciosamente para que eu me afastasse. 

Era compreensível. Afinal, algo muito grave quase havia acontecido.. Porém, não evitou que eu me sentisse um pouco mal. Não queria assustá-lo.

— Eu sinto muito pelo que você passou… — Curvei a cabeça, tentando olhar em seu rosto. — Você consegue andar? — Perguntei, não recebendo uma resposta. — Está machucado em algum outro lugar? Quer dizer, além dos braços?

Novamente ele apenas balançou a cabeça.

— Eu só quero te ajudar. — Disse com calma.

Ele não fez nada mais que se encolher novamente, sendo assim eu segurei seus ombros e o ajudei a levantar, colocando-o com calma contra a parede, tentando fazer com que ele olhasse pra mim.

Okay, a tarefa de não assustá-lo não estava dando muito certo.

Se eu queria ver seu rosto, falhei, pois ele parecia decidido a impedir que eu o fizesse e abaixava a cabeça o máximo possível contra o próprio peito, fazendo com que sua franja, ligeiramente comprida, cobrisse sua face.

Movi a cabeça na intenção de olhá-lo por baixo e foi aí que senti o cheiro forte de álcool. Aquele ser vivo provavelmente tinha bebido pelo menos o suficiente para ficar alegrinho se estivesse acostumado com o álcool, coisa que algo me dizia que ele não era. Claro que estava bêbado.

— Ei, você não quer ir pra casa? — Perguntei. — Eu posso te ajudar a chegar lá, que tal?

— ...Não — foi apenas um sussurro fraco, mas o suficiente para um raio de eletricidade percorrer meu corpo. — Eu não posso ir pra casa. — Eu não ouviria nada se não fosse pela proximidade de nossos rostos, mas algo me dizia que eu conhecia aquela voz.

— Por que não? 

— Não posso chegar assim em casa. — Eu senti que ele chorava, pois sua voz estava embargada. — Ele vai me bater se eu for assim.

— Ei, quem vai te bater? — Eu tentava acalmá-lo, mas não sabia como.

Ele não respondeu, então, eu apenas continuei:

— Você não costuma beber, não é?

Ele balançou a cabeça rapidamente de forma infantil, fazendo-me sorrir sutilmente.

— Eu… eu não posso ir pra casa. — Sua voz estava falha. — O que posso fazer? 

— Olhe, eu posso te ajudar, mas antes, me deixe ver seu rosto, você está machucado em algum lugar?

Ao ouvir isso, ele se encolheu todo novamente, escondendo ainda mais o rosto.

— Vamos lá, eu não mordo — disse, numa tentativa de aliviar o clima. — Por que não posso ver seu rosto?

— Porque se você ver meu rosto... vai me largar aqui... — Ele falou baixinho, antes de completar — Namjoon-ah.

Fiquei parado por um segundo, olhando para ele com a boca ligeiramente aberta, até voltar a mim e perguntar, mesmo já sabendo a resposta:

— Kim... Seokjin?


Notas Finais


Então? Gostaram?
Eu adoraria saber o que acharam da minha criança, ajudaria muito saber as opiniões de vocês sobre o capítulo ^^
Sobre o próximo capítulo, eu pretendo atualizar daqui a uma semana, mas como minhas provas estão começando, não posso garantir uma data exata.
Ah, outra coisa; acho que os próximos capítulos não serão tão grandes quanto esse (que só ficou desse tamanho porque eu não queria deixar o primeiro muito monótono). :3

Agradecendo aos amores da minha vida que ajudaram a dar vida a essa fic; @ @Eleph e minha unnie do coração @Beahealer :3


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