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História Dependence (Em revisão) - Anger, pressure and Seokjin


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Então, primeiramente, me desculpem pelo atraso. Eu sei que atrasei no capítulo passado também e disse que isso não se repetiria, mas eu tenho motivos, então não me taquem pedras (e eu nem atrasei tanto assim, me dêem um desconto >.<)
O negócio é o seguinte, pessoinhas: eu estou com febre alta desde quinta feira, ou seja, virei um mashmallow ambulante e retardado, bastante inútil. Domingo eu sentei (estava sob efeito de antitérmicos) para escrever, mas eu ainda estava MUITO monga, então escrevia com metade da eficiência e velocidade normais. Sinto muito, mas isso pode ter afetado na estória: eu estava tão boba e distraída que ria e falava besteiras sozinha de qualquer coisa que acontecia.
Então, me dêem um desconto, eu lhes peço *se curva*
Sem mais delongas, BOA LEITURA ‘3’



ATENÇÃO, LEIA ISSO AQUI [ô, produção, não tem como deixar isso aqui vermelho, jogar uma purpurina, sasporra toda? ....pobreza]: Enfim, é isso aí:

NAS MENSAGENS DO PV, PRESTEM ATENÇÃO NAS “ASPAS”, SENÃO PODE FICAR CONFUSO.



Psé, não era tão importante, mas eu sou exagerada. Quem leu, leu, quem não leu se fodeu (hehe, rimou)

*Me ignorem, fui*

Capítulo 11 - Anger, pressure and Seokjin


 

Assim que me separei de SeokJin, peguei o trem para voltar pra casa, olhando para a tela do aparelho que eu notara estar vibrando bastante em meu bolso e bufando ao ver que minha caixa de mensagens parecia ter virado a casa da mãe Joana.

Abri a que estava no topo da caixa, vendo que era TaeHyung perturbando a paz, como sempre:

“Mon hyung, vamos sair amanhã?

 Suga hyung não quer ir, mas eu convenci JiMin e Kookie a irem

 Você pode ir, hyung?

 Hyung, me responda

 Hyuuuuung

 Hyung, por favor, não me ignore T^T

 Hyung, você está fazendo algo com SeokJin hyung para não me responder por tanto tempo?

 Diga olá a SeokJin hyung por mim ;)

 Hyung...

 Cansei, você não está me dando atenção ;-;”

Bufei, vendo que ele continuara mandando mensagens depois daquelas, todas fazendo hipóteses sobre o que eu estava fazendo para não respondê-lo ou sobre como eu era um péssimo amigo por ignorá-lo e deixá-lo falando sozinho daquele jeito. Eu não estava ligando muito para as criancices de Tae, até porque esse era seu normal, então me limitei em responder:

“O que foi? Ninguém mais estava te dando atenção então decidiu vir encher meu saco?”

Não tive tempo nem de sair do chat dele, pois a resposta veio dois segundos depois:

 “Que cruel, hyung ;-;

 Eu só não quero ficar em casa em pleno domingo ;^; Vamos sair hyuuung”

Soltei uma risada baixinha, respondendo-o em seguida.

“Onde vamos?”

 “Você vai? *-*”

 “Não era isso o que você queria?”

 “Hyung, eu te amo!”

“Tá, não exagera, aonde vamos?”

 “Não sei ainda XP

 Você quer chamar SeokJin hyung?”

“Pra quê?”

 “Eu gosto dele :3

E você também ;)”

 “Cale a boca, orelhudo”

“Eu não estou falando nada ;P”

 “Aish. Tá, que seja. Quem mais vai?”

“JiMin e Kookie disseram que não tinha problema

Suga hyung disse que está ‘ocupado’ -_-”

 “E HoSeok?”

Ele demorou mais que o normal para responder.

 “Não sei

 Não falei com ele”

“Não seria perfeito? Quer que eu chame ele pra sair? Aí vocês se acertam”

 “Tem certeza hyung?”

“Se você quiser, eu chamo ele. Vocês tem que se resolver logo, não fiquem sem se falar por besteira”

“Obrigado hyung <3

 Eu te amo <3 <3 <3”

“Tá, eu já disse pra não exagerar”

“Desculpa kkk :3”

Sorri, saindo do chat de Tae entrando no de Suga, que respondera recentemente minha mensagem anterior:

“Desde quando é da sua conta?”

“Desde sempre”

Saí do chat, afinal, Suga sempre demorava para responder.

Respondi, de forma curta, mais algumas besteiras de Jia e de Min, que ficava me enchendo para voltar à Rap Battle logo. Era verdade, eu voltara naquele dia, mas aconteceu tanta coisa que eu sequer pensei em ir de novo depois. Precisava mudar isso logo, mas por hora, me limitei em mandar Min parar de me encher.

“Ui, snhr gentileza, ñ prcisa me batr”

Revirei os olhos com a resposta da garota, me limitando a responder um “Que seja”.

Entrei, finalmente, no que estava pesando em minha caixa de entrada: o grupo, que, se não me engano, se chamava algo como “Farofa para farofeiros” na época. Não me pergunte, coisa de Kim TaeHyung.

Sabe quando tem seiscentas e não sei quantas mensagens num grupo cheio de retardados que não fazem nada da vida, e você lê todas elas?

Pois é, eu também não.

Fui até o fim da conversa, vendo que, por algum motivo desconhecido pelo universo, aqueles problemáticos estavam falando sobre limão e laranja, e qual era melhor.

Monstro da escuridão - “Que ta rolando?”

Vrodada - “Olha quem chegou”

A fusão da baleia e do anão de jardim - “Eai hyung”

Número desconhecido - “Quem é?”

Monstro da escuridão - “Eu ia perguntar a mesma coisa”

A fusão da baleia e do anão de jardim - “É o Monster, Kookie”

Monstro da escuridão – “Ah, é o JungKook”

Monstro da escuridão – “Cadê o Suga?”

Vrodada – “Slá”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Deve ta fodendo algum cu por aí.”

Biscoito do mal – “Ele não era hétero?”

Vrodada – “KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “KKKKKKKKKKKKKKKKKKK”

Monstro da escuridão – “Claro, super hétero”

Vrodada – “Coisas como gênero não são o bastante para parar a necessidade de sexo de Suga”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Isso é uma verdade”

Vrodada – “Ele come qualquer coisa que respire”

Açúcar PacMan – “Ei suas falsiane, parem de falar dos outros pelas costas”

Vrodada – “Não é pelas costas”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “É. Vc ta no grupo, então tava lendo tudo”

Açúcar PacMan – “E eu lá vou perder tempo lendo essas bostas que cês falam aqui?”

Monstro da escuridão – “To contigo”

Biscoito do mal – “Quem chegou?”

Monstro da escuridão – “Açúcar pega todos”

Vrodada – “Toma cuidado JungKook, vai que ele te curte kkkk”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “ ‘-‘ “

Açúcar PacMan – “Eu não quero apanhar do JiMin, vlw”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Acho bom”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Não ta faltando gente aqui?”

Monstro da escuridão – “Falta o Cavalo”

Vrodada – “Falta o SeokJin hyung também XP”

Monstro da escuridão – “Aff, que neura TaeHyung”

Vrodada – “Coloca ele no grupo, hyung?”

Monstro da escuridão – “Ele não tem telefone”

Vrodada – “Quer dizer que você pediu o telefone dele?”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “kkkkkk”

Vrodada – “kkkkk”

Biscoito do mal – “De quem vocês estão falando agora? ‘-‘ “

Vrodada – “Ele não era seu amigo?”

Monstro da escuridão – “JungKook, vai dormir, vai”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Olha lá como fala”

Monstro da escuridão – “Eu não falei nada”

Açúcar PacMan – “Tomou, trouxa”

Vrodada – “kkkkk”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Vão se fuder”

Açúcar PacMan – “Boa idéia, melhor que perder tempo com vocês. Flw”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “...”

Vrodada – “...”

Monstro da escuridão – “kkkkk eu vou sair também”

Monstro da escuridão – “Ah, e vou silenciar essa bosta”

Saí do chat, fazendo o que tinha dito que faria, rindo fraco. Eles eram retardados, mas me rendiam boas risadas de vez em quando. Ou quase sempre.

Quando cheguei em casa, encontrei minha mãe no sofá, assistindo algo que eu não identifiquei na TV. Quando me percebeu ali, algo que fez tirando os olhos da tela por uma fração de segundo logo mirando o eletrônico de novo, esticou o braço, chamando-me até ela com os dedos, de forma descontraída.

Fui até lá com passos lentos, me sentando ao seu lado. Ela me empurrou para o canto do sofá com os pés, logo se virando e se deitando, apoiando a cabeça em minha perna.

- Estava mesmo precisando de um travesseiro. – Disse, me olhando travessa.

- Você é impossível. – Disse, batendo fraco atrás de sua cabeça. – Sai.

- Meu pescoço dóóói tanto. – Ela choramingou, e eu revirei os olhos. – Não seja um mau menino, Joon. – Completou, me olhando com um bico forçado no rosto. TaeHyung contaminara até minha mãe, eu vou acabar com a raça desse moleque.

- Onde dói? – Perguntei, após alguns segundos, meio tempo em que ela já voltara a assistir ao seu filme alegremente. Ela me olhou meio perdida, como se não entendesse o propósito da pergunta. – Quer que eu massageie? – Eu não sabia fazer coisas desse tipo, mas não podia ser tão difícil.

- Você é maluco moleque? – Ela deu um tapa fraco em meu braço. – E se eu quebrar? – Terminou, me olhando seriamente. Mirei-a meio confuso por alguns instantes, logo entendendo a brincadeira e rindo fraco. Ela abriu um sorriso. – Obrigada Joon, você é um amor, mas realmente não tem o menor controle da sua força. Não vou me arriscar. – Nisso, ela mostrou a língua, voltando a prestar atenção na tela.

Fiquei ali, olhando de vez em quando para a televisão, mas sem realmente assistir o filme, que tinha algo a ver com um seqüestro num orfanato ou coisa do gênero. Minha mãe era assim, ela sempre detestou romances ou coisas assim, pois, segundo ela, já havia se desiludido quanto ao príncipe perfeito, então não se importava mais, mas adorava filmes de suspense e terror, por mais palha que fossem. Também era muito interessante vê-la assistindo doramas (quando raramente assistia os que passavam na TV), porque ela debochava tanto de tudo e de todos que a coisa toda virava uma sátira bastante agressiva e engraçada.

Não notei quando os créditos começaram a rolar na tela, porque, bem, acho que não preciso falar no que estava pensando. Maldito seja Kim SeokJin.

- Joon. – Olhei para minha mãe ao ser chamado, ficando um pouco perdido por ter sido tirado de meus pensamentos.

Pisquei algumas vezes.

- O que foi?

Ela deu um sorrisinho.

- Só queria saber se você estava funcionando. – Seus lábios se apertaram mais ainda no sorriso. Soltou uma risada contida quando franzi o cenho, sem entender o que ela dissera. – Ficar sorrindo que nem um bobo para a janela não é algo do feitio de meu filho, então eu fiquei preocupada. – Completou, travessa, e eu franzi ainda mais o cenho.

- Eu não estava sorrindo.

- Estava sim. – Seu sorriso só aumentava, e ela parecia se forçar para não mostrar os dentes. – E parecia bem bobo. – Ela soltou uma risadinha. – Temos alguém apaixonado aqui?

- Que apaixonado o quê? – Virei, olhando debochado para ela.

- É o que parece. – Ela disse, sorrindo inocentemente (não convenceu), e dando de ombros.

- E por quem eu estaria apaixonado? – Falei, ainda em tom de deboche. Essa era sempre minha forma de fazer as pessoas pararem de me encher o saco, afinal, nunca havia pessoas por quem eu poderia “estar apaixonado”. Me arrependi de perguntar isso no segundo seguinte, porque agora tinha, bem, alguém que ela achava ser uma possível paixão para mim.

- Jinnie? – Completou, com a sobrancelha levantada e um sorriso muito bem desenhado nos lábios finos.

Bufei, revirando os olhos.

- Não sei por que vocês continuam insistindo nisso. – Olhei para ela, que não mudara a expressão, e parecia estar adorando minha reação. – O que eu fiz para parecer que quero algo a mais com ele?

- Quer em ordem alfabética ou cronológica? – Ela alfinetou, me fazendo revirar os olhos de novo. – Falando sério, Joon, você está muito a fim desse garoto, pare de negar a si mesmo.

- Eu não estou negando! – Olhei para ela com a boca torcida numa careta. – Eu não me sinto atraído por homens, nunca me senti, e não sei por que seria diferente com Seok!

- Agora é “Seok”? – Ela segurou uma risada.

- E daí? – Perguntei, meio que gritando.

- Não precisa ficar tão na defensiva.

- Eu não estou! – Ela levantou as sobrancelhas, como se não acreditasse em nenhuma palavra minha, e estivesse se divertindo muito com tudo aquilo.

- Então você não gosta dele.

- Bem, não desse jeito.

- Como sabe que só sente amizade por ele? – Ela cruzara as pernas, e me olhava mais séria agora.

- Eu...apenas sei. – Como posso dizer, aquela situação estava me incomodando seriamente. Eu sentia que minha mãe estava cavando o buraco atrás da resposta que eu decidira não encontrar por medo.

- Amizade igual à que você tem com Ginnie ou Minnie ou os outros garotos? – Franzi o cenho, e acenei com a cabeça com hesitação.

- Não é exatamente isso mas...

- Tem mais alguém que você considere verdadeiramente um amigo além deles? – Balancei negativamente com a cabeça. Eu tinha muitos “amigos”, mas aqueles garotos eram quase meus irmãos. – E nem com eles você é tão cuidadoso ou gentil quanto é com Jin, NamJoon. – Olhei para ela quando falou meu nome, ela nunca me chamava de “NamJoon”, devia estar realmente se irritando. - Quer mesmo me convencer que se aproximou tanto dele apenas por amizade? Ou está tentando convencer a si mesmo?

- Chega. – Disse, me levantando do sofá. Minha mãe iria me pressionar até o último pedaço de carne para conseguir a resposta que queria, e eu não estava afim de entrar naquele joguinho.

Ela resmungou mais alguma coisa, incompreensível pra mim, enquanto eu subia as escadas. Cheguei ao meu quarto e fechei a porta, me jogando na cama de qualquer jeito, suspirando alto. Eu dormi surpreendentemente rápido aquela noite, mas desejei não ter pregado o olho: os pesadelos estavam como sempre, mas eu acho que passei tantos dias sem ser perturbado por eles que eles pareceram dez vezes piores.

Acabei acordando por volta das oito da manhã no dia seguinte. Primeiro porque fora dormir muito cedo, e, bem, minha cabeça estava doendo emocionalmente por causa daqueles sonhos filhos da puta.

Demorei pouco na cama: o tempo estava abafado e não ventava nem um pouco, o que deixava a cama meio insuportável de se estar. Olhei para a janela, notando que a não ser que os planos de Tae incluíssem guarda-chuvas e muita lama, ele estava arruinado. As nuvens sobre a cidade eram tão escuras e densas que era difícil acreditar que ainda era manhã.

 Fui até a cozinha andando preguiçosamente, amaldiçoando o universo por estar tudo tão abafado. Não me surpreendi em não encontrar minha mãe lá embaixo, ela costumava passar as noites de sábado acordada até a madrugada assistindo filmes ou lendo, então dormia até bem tarde nos domingos.

Peguei uma jarra com um pouco de resto de suco de laranja e me servi, indo até a sala e abrindo a grande janela dali, torcendo o nariz numa careta ao notar que não adiantara de nada, pois a casa continuava parecendo um forno.

Eu já estava quase indo fazer uma visita longa à geladeira (deixando-a, de preferência, aberta), quando notei as pequenas gotas que caíam lá fora.

- Agora resta saber se vai resfriar ou se vai abafar ainda mais. – Resmunguei para as paredes.

Passei o resto da manhã sentado na mesa da cozinha (sim, na mesa), reclamando do calor enquanto tentava escrever alguma coisa. Claro que depois de uns quinze minutos a chuva resfriou tudo, mas eu continuei reclamando sozinho, porque não conseguia me concentrar de jeito nenhum, e ninguém ia me impedir de culpar o “calor” por isso.

Quando devia ser uma da tarde, e ainda chovia, minha mãe desceu até a cozinha, chamando minha atenção para jogar meu telefone em minha direção. Quase deixei o aparelho cair, mas por milagre segurei-o antes que caísse.

- Depois sou eu que quebro as coisas. – Reclamei, olhando para ela, que tinha a cara amassada de sono.

- Essa coisa estava vibrando como louca no seu quarto. – Ela resmungou, me ignorando e indo até a pia da cozinha, ligando-a e jogando água sobre o rosto. – Faz um barulho do inferno, sabia?

- Virou morcego agora? – Tudo bem que o vibratório do celular incomodava um pouco, mas, cara, ela estava no quarto do lado.

- Virei. – Disse, se virando e sorrindo travessa. – Um morcego sedento por meninos gigantes e mal educados que sentam encima da mesa da cozinha. – Completou, indo até a mesa e me dando um tapa fraco para eu que saísse de cima do móvel. Pulei de cima da mesa rindo, vendo que minha mãe pegara um dos vários papéis espalhados sobre a superfície de madeira. – Uou, estava inspirado, não? – Perguntou, me olhando com o papel na mão.

Peguei o papel dela sem responder, vendo e notando que era uma das poucas letras que eu salvara comigo do dia anterior.

- Ah, essa foi Suzy que escreveu. – Disse, devolvendo a ela com descaso.

- Quem é Suzy?

- Hm? Ah, uma garota que conheci ontem. – Respondi, sem olhar para ela.

- Ela é bonita? – Sua pergunta me fez olhar para ela, franzindo o cenho.

- Por que quer saber?

Ela deu de ombros.

- Sei lá, talvez porque essazinha seja um possível incomodo para tudo.

Franzi ainda mais o cenho.

- Do que está falando? – Ela deu um sorrisinho inocente, ignorando minha pergunta e encolhendo os ombros, saltitando até a geladeira.

- Desde que ela não se interesse por você, tudo bem. – Cantarolou, abrindo a geladeira e pegando um pote de iogurte.

- Qual é a pira? Não entendi até agora.

Ela me olhou como se olhasse para uma criança perdida ou para uma lebre prestes a ser devorada, você escolhe.

- Nada não. – Disse, por fim, indo até a sala e ligando a televisão. Fui até ela, me jogando no sofá ao seu lado e tentando pegar a colher de sua mão. – Yah. – Ela afastou minha mão com a sua que segurava o objeto. – Tem mais na geladeira, vai pegar se quer. – Ela apontou com o queixo para a cozinha, saltando os canais da televisão com a mão que não segurava a colher, com o pote de iogurte entre as pernas dobradas sobre o sofá.

- Eu só queria um pouco. – Bufei, jogando a cabeça sobre o encosto do sofá.

- Você e os garotos não iam sair hoje? – Ela perguntou, raspando as paredes do pote com a colher, sem olhar para mim.

- Com essa chuva? – Não fiz questão de me mexer. – Tae pode fazer o que quiser, eu não vou sair nessa chuva. É um pé no saco.

- Olhe a boca na minha frente, moleque. – Ela me chutou de forma desajeitada, visto que eu estava ao seu lado.

Me limitei a sorrir sem respondê-la, eu sabia que ela não estava realmente incomodada de qualquer forma. Minha mãe não era bem o que se pode chamar de “boca limpa”.

Por fim, lembrei do porque de minha mãe ter descido até ali para começo de conversa, e peguei meu telefone, vendo que Tae estava mesmo pretendendo sair, fizesse chuva ou fizesse sol.

Entrei no grupo, apenas para que mais ninguém viesse me encher no privado.

Açúcar PacMan – “Não brisa, V”

Vrodada – “É só um parque!”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Um parque aquático -_- ”

Biscoito do mal – “E está chovendo”

Monstro da escuridão – “Verdade, está chovendo”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Que comentário inteligente hyung”

Monstro da escuridão – “Não quero ouvir sobre inteligência de você, JiMin”

Açúcar PacMan – “Pow, não deixava”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “_l_”

Vrodada – “Hyuuuuung”

Vrodada – “Por que não responde no PV? ;-;”

Monstro da escuridão – “Porque eu larguei meu celular no quarto e desci pra cozinha”

Monstro da escuridão – “E porque você ia ficar me enchendo o saco pra sair nessa chuva”

Vrodada – “Até você, hyung? ;-;”

Açúcar PacMan – “Eu te disse que ele não ia topar”

A fusão da baleia e do anão de jardim – “Desencana, Tae”

Vrodada – “Mas vocês disseram que iam sair comigo!”

Tae deve ter ficado reclamando bastante lá, mas eu sabia que argumentar com aquele ser não funcionava, então voltei à caixa central e entrei no chat que resolveria meus problemas. Ou isso eu esperava.

“Hobi”

Ele demorou alguns segundos para responder:

“Fala Mon”

“Vem cá, por que você não leva o Tae pra sair hoje?”

“Por quê?”

“Ah, sei lá, talvez porque você namora uma das pessoas mais carentes que eu conheço e não está falando com ele?”

Ele não respondeu, então eu forcei mais um pouco a barra.

“Ele quer porque quer sair hoje, mas está chovendo e ninguém quer ir com ele.

Por que você não aproveita e faz as pazes com ele?”

“Não sei Mon”

“Não sabe o que?”

“Ele não fala comigo desde aquele dia.

Eu tentei fazer ele falar, mas ele simplesmente me ignora”

Franzi o cenho. Tae tinha me dito que falaria com HoSeok. Ah, eu definitivamente ia matar aquela criatura. Só serve pra me dar dor de cabeça.

“Tenta agora”

“Pra quê”

“Só tenta. Acho que ele vai querer, é só insistir”

Ele não me respondeu, então deduzi que tivesse ido fazer o que eu sugerira.

Bloqueei o celular, notando que minha mãe me mirava. Ao seu lado e em seu colo havia várias embalagens de comida, de salgadinhos a iogurtes, de barras de chocolate a caixinhas de suco. Levantei a sobrancelha.

- Tá querendo virar uma bola?

- Cale a boca, pivete. – Ela disse, colocando um salgadinho na boca, com os olhos fixos na TV.

                Apesar de ter rido, eu me preocupei: minha mãe só começava a comer assim quando estava ansiosa. Eu destruía coisas quando estava ansioso, ela comia até explodir.

                - Mãe. – Chamei, e ela se virou para mim, sem expressão esboçada no rosto fino. Nós realmente não nos parecíamos, ela com seu corpo pequeno, lábios e nariz finos, assim como seu rosto pequeno. É, eu parecia muito mais com o lado paterno de minha família do que gostaria de admitir. A cor de pele um pouco mais escura também era algo desse lado da família, e às vezes eu pensava que as únicas semelhanças minhas com minha mãe estavam na personalidade. – Por que está ansiosa?

                - Não estou. – Ela disse, malcriadamente, após arregalar um pouco os olhos.

                - Vai mesmo mentir pra mim? – Perguntei, virando a cabeça levemente para a esquerda.

                - Você fica mentindo para si mesmo. – Ela deu de ombros, olhando para a televisão. – Por que se importaria com alguém externo mentindo para você?

                Suspirei alto quando entendi sobre o que ela estava falando.

                - Mãe, isso de novo não.

                - Por quê? – Ela me olhou, com os braços cruzados. – Por que fica fugindo disso? Do que tem tanto medo?

                - Porque vocês ficam achando coisas onde não há nada! Porque vocês estão acelerando e inventando caminhos estranhos para uma relação que nem começou direito! – Soltei, sem remediar as palavras. Já falei o quanto odeio falar com minha mãe por causa disso?

                Ela arregalou os olhos com minha explosão, logo esboçando um sorriso nos lábios finos.

                - Está bem. – Ela cantarolou, abrindo uma embalagem de mashmallows (uma das poucas que se salvara de JiMin). – Vou deixar vocês fazerem isso sozinhos, crianças teimosas. – Colocou um doce na boca, logo virando para mim e quase enfiando o dedo em meu olho. – Mas se eu ver que estão enrolando demais ou fazendo besteira, vou interferir. – Terminou de cantarolar, levantando do sofá num impulso e saltitando até a cozinha. Não era possível que ela ia pegar mais comida.

                Fiquei um pouco ali, sentado, sem reação e processando as palavras de minha mãe. Depois me levantei e segui o caminho que ela havia feito, entrando na cozinha e vendo-a buscar algo na geladeira.

                - Sério que você não vai parar de comer? – Cheguei por trás dela, assustando-a.

- Deu pra ficar me enchendo as paciências o dia todo, moleque? – Ela fez uma careta, não estava verdadeiramente zangada, mas eu sabia que ficaria se eu continuasse tocando naquele assunto. – Vai sair com o TaeTae, vai. – Não me pergunte, mas o único dos garotos que ela não fez o apelido com o último nome+nnie, fora Tae. Tudo bem que ela sempre cuidara dele, muito mais que de qualquer um de nós, provavelmente por ele ser o mais novo, e, por incrível que pareça, eu nunca me importei muito com isso. Mas nunca fez sentido pra mim. Quer dizer, ele era o que mais merecia um apelido fofo daqueles, né?

- Hobi vai sair com ele. – Comentei, ouvindo um “ah” da parte dela, matando o assunto. – Mãe. – Chamei, seguindo-a para a sala. Ela não se virou, mas pediu que eu continuasse. – Não quer continuar aquela conversa de ontem?

Ela me olhou com uma minhoca de goma colorida pendurada na boca, parecendo meio perdida por um momento, logo suspirando, cansada.

- Não achei que você fosse querer falar disso.

- Bom, não é dos meus assuntos favoritos, mas eu quero saber o que ele quer.

Ela me mirou por alguns instantes antes de responder, logo suspirando de novo.

- Você vai passar uma semana na casa da família Kim, como de costume. – Acenei com a cabeça com desgosto, havia anos que eu conseguia me safar, mas de vez em quando ele fazia questão da minha presença nas “férias em família”, que não incluíam minha mãe nem ninguém que eu realmente reconhecesse como “família” além de meu meio-irmão, que tampouco gostava dessas reuniões e dificilmente comparecia por mais de uma noite.

- E..? – Incentivei-a a continuar. Não era possível que estivesse tão ansiosa por isso, afinal, não era algo incomum.

- E o resto eu não estou autorizada a te contar. – Ela respondeu, fazendo uma careta descontente. – Mas tem mais uma coisa: - Sua expressão de aliviou um pouco, mesmo que seu cenho se mantivesse franzido. – Os garotos foram convidados a ir esse ano.

Arregalei os olhos com o que ela disse. Nunca, em todas as férias de verão desde que me lembro, os garotos puderam me acompanhar até o inferno que era o lado paterno de minha família, nem quando eu quase me amarrei ao portão de casa porque queria que eles fossem junto. Mas depois que a surpresa passou um pouco, eu me preocupei: aquele cara estava tramando alguma coisa, que eu não sabia o que era, mas sabia que não me agradaria.

- O que ele está querendo? – Perguntei, com o cenho franzido.

- Você é muito desconfiado com seu pai, menino. – Ela disse, em tom de brincadeira, mas seus olhos tiravam toda a autenticidade de suas palavras. Ela balançou a cabeça negativamente, estalando a língua. – Ele pediu para que eu não contasse pra você, porque ele quer falar com “meu filho frente a frente, numa conversa de homem pra homem”. - Disse, fazendo aspas com os dedos e um tom debochado na voz.

Franzi mais ainda o cenho, eu não estava gostando daquilo, realmente não me cheirava bem, mas minha mãe deu o assunto por encerrado e eu não tive alternativa além de calar a boca.

O resto do domingo se resumiu a vários nadas, tirando que TaeHyung ficou me mandando umas mensagens bem besteirentas a tarde toda. Acabei dormindo tarde, apenas porque não tinha vontade de dormir. E, claro, sonhei mais que nunca aquela noite.

 

 

 

 

 

 

Minha segunda feira começou como todas as segundas feiras em que a chuva do domingo pareceu ter se apaixonado pela cidade e chegou para nunca mais nos deixar.

Ou seja: eu estava com o pior dos humores possíveis.

Acordei relativamente atrasado, como sempre, e desci correndo até a cozinha ainda abotoando minha camisa. Peguei uma maçã na geladeira e fui até a sala, tentando não fazer barulho para não atrapalhar minha mãe. Ela é publicitária, então, quando não está viajando, trabalha em casa. Rodei a casa por uns cinco minutos atrás de um maldito guarda-chuva, terminando por não achar nenhum e ir para a rua sem guarda-chuva e com um grande “foda-se sociedade” estampado na testa.

Encontrei JiMin na porta de minha casa, e entendi porque não tinham ligado me xingando até agora. Cumprimentei-o com um toque de mãos, logo andando embaixo da chuva, sem me importar em me molhar.

- Não quer dividir o guarda-chuva, hyung? – Park perguntou, se aproximando de mim e andando no mesmo ritmo que eu pela rua vazia.

Dei de ombros, eu já estava com o foda-se ligado desde antes de sair de casa. Provavelmente iam me encher o saco na escola por estar molhado, mas eles que fossem tomar no cu, eu não controlava a chuva.

- No fim, vamos apenas nos molhar os dois. – Disse, sem parar de andar. – Melhor você ficar seco, senão, capaz do JungKook me culpar porque o namorado chegou molhado na escola. – Completei, olhando num meio sorriso para ele.

Ele me olhou, devolvendo o sorriso, me chamando de retardado, mas não insistindo mais.

A chuva, apesar de estar caindo desde o dia anterior, não estava tão forte, então eu me molhei muito menos do que esperava. Claro que isso não evitou que eu ficasse completamente encharcado, mas pelo menos não fez a merda esperada.

Chegando na escola, a única coisa que eu tinha em mente era me amaldiçoar por quase só ter All Stars no guarda roupas, porque podem ser tênis da hora e tal, mas são o inferno na chuva: fica tudo frio e grudento, bastante desconfortável; e agradecer por ser cabeça oca e ter deixado minha bolsa na escola na sexta feira, senão eu estaria ferrado.

Chegamos surpreendentemente cedo ao prédio que já era tão familiar para mim. Claro, não havia alunos no pátio, mas estava chovendo. Fomos até a porta e entramos, JiMin me entregando meu telefone, que eu deixara com ele para que não molhasse.

Sequei meu cabelo descolorido o quanto era possível com a mão, retirando o blazer encharcado e suspirando aliviado em notar que minha camisa não estava tão molhada assim. Fui até a divisão educacional, buscando o setor de achados e perdidos e pedindo por minha bolsa. A mulher até procurou o objeto naquela bagunça que só as tias dali compreendiam, mas terminou por me dizer que não havia bolsa nenhuma. Franzi o cenho, não era possível que ainda estivesse na sala, depois de três dias, não é?

Acabei por ser mandado embora dali, porque senão me atrasaria para a primeira aula. Acabei por deixar o lugar com as mãos nos bolsos e um pouco irritado com os funcionários daquela bosta.

Cheguei à minha sala, bufando ao ver que era Hae hyung ali. Eu gostava das aulas de história a ponto de querer prestar atenção a todas elas, mas podemos dizer que realmente não estava afim de prestar atenção em aula nenhuma no momento.

Cumprimentei com acenos breves as pessoas que chamavam meu apelido, com meus olhos indo de primeira para certo ponto da sala. Sorri pequeno quando vi que ele já estava ali, abrindo ainda mais este quando ele fixou os olhos amendoados em mim e me chamou infantilmente com a mão. Andei até sua mesa, sem saber ao certo como reagir por ele ter me chamado.

- O que foi? – Perguntei, ficando ao lado de sua carteira. Eu não soei seco, na realidade, até mesmo eu estranharia a doçura com que aquilo saiu de meus lábios se eu estivesse ligando para isso no momento, e a última coisa que eu estava fazendo naquela hora era ligando para alguma coisa além dos olhos engraçados e estranhamente bonitos daquela criatura.

- Bom dia senhor Educação. – Ele sorriu sem mostrar os dentes, me provocando. Revirei os olhos, com o sorrisinho ainda em meus lábios. Ele riu baixinho, olhando para mim após abaixar a cabeça por um momento. – Você está todo molhado! Ninguém nunca te disse o que é um guarda-chuva? – Falou, um pouco mais alto que o necessário, atraindo algumas atenções.

- Você é bem escandaloso hein? – Alfinetei, não me importando muito com os olhares que eu sabia estarem sobre nós. Ele me olhou feio, mas não respondeu.

Eu ia completar que claro que sabia o que era um guarda-chuva, mas fui interrompido antes de sequer abrir a boca:

- Os dois aí tem algo a adicionar à aula ou o senhor Kim pode voltar ao seu lugar? – Hae gritou, chamando a atenção da sala toda para nós dois. Eu estava de joelhos, com os cotovelos sobre a mesa de Seok, exatamente para não chamar a atenção, mas acho que essas coisas não funcionam com DongHae.

Eu me limitei em saltar para a carteira ao lado de Jin, que estava vazia, vendo Hae levantar a sobrancelha, o estranhamento e a ironia se misturando em seu olhar, um sorrisinho com apenas a segunda característica esboçado em seus lábios surgindo quando ele deu de ombros, me deixando permanecer ali.

Jin me olhou curiosamente por um tempo, piscando de vez em quando, antes de por fim perguntar:

- Não vai para o fundo da sala?

- Quer que eu vá? – Perguntei, parando de brincar com a madeira da mesa.

- N-não foi isso o que eu quis dizer. – Ele abanou as mãos, me fazendo rir de sua afobação.

Me inclinei para alcançar sua cabeça com minha mão, e baguncei seus cabelos, sorrindo.

- Yah! Os pombinhos aí! – Hae hyung gritou, chamando nossa atenção e a de toda a turma. – Prestem atenção!

- Nós estamos prestando. – Gritei, ainda sorrindo.

- Ah é? Quando Joana D’Arc morreu então? – Apontou para mim, sorrindo sacana.

- 30 de maio de 1431! – Respondemos eu e Jin, em uníssono, olhando um para o outro em seguida. Eu sorri, divertido, e ele seguiu meu exemplo depois de alguns segundos.

Não liguei muito para o “ah, então vão se foder” que Hae soltou depois disso. Eu estava de boas, afinal, ele não incomodaria mais com isso, pelo menos hoje.

Seok me olhou com verdadeira surpresa estampada no rosto.

- Você realmente presta atenção às aulas?

Dei de ombros.

- Nas interessantes, sim.

- Você não estuda em casa?

- Pra quê? – Dei de ombros de novo, olhando para ele, que tinha os braços cruzados sobre a mesa e a cabeça sobre eles, me olhando. – Eu entendo o necessário na escola. Se precisasse estudar em casa pra entender as coisas, não vinha pra escola. – Completei, sorrindo de lado para ele.

- Eu estudo em casa. – Ele disse, com uma expressão serena no rosto.

- Você é um aluno modelo. – Soltei um riso nasal. – Eu estou longe de ser isso. – Ele riu baixinho, fechando os olhos por conta do sorriso que estava estampado em seus lábios. Acenou com a cabeça, sem me responder com palavras, ficando ali, naquela posição, me mirando enquanto eu o mirava.

- Ah! – Ele exclamou, não alto o bastante para chamar a atenção da sala toda nem nada assim, mas me assustando mesmo assim. Se abaixou para o lado esquerdo da cadeira, ficando de costas para mim. – Aqui, foi por isso que te chamei. Quase esqueci. – Ele disse, oferecendo, vejam só, minha bolsa a mim com os braços esticados. Eu olhei para o objeto por um momento, logo olhando para ele, perguntando com o olhar por que ele estava com aquilo. – Eu fui pegar a minha no achados e perdidos. – Ele encolheu os ombros. – E a sua estava lá, então eu não pensei muito e peguei. – Ele tinha uma cara de “fiz besteira?” no rosto, mas eu apenas soltei um sorriso nasal e peguei a bolsa.

- Por isso ela não estava lá quando eu fui buscar.

- Desculpa, eu realmente não pensei que você também iria atrás dela. – Disse, curvando a cabeça de forma um tanto exagerada.

- Ei, tudo bem. – Baguncei seus cabelos de novo. É, estava virando mesmo um vício. – Só que da próxima vez eu vou te xingar, ao invés de xingar os tiozinhos da escola. – Completei, sorrindo irônico, vendo-o levantar a cabeça para me mirar ao ouvir minha fala.

Ele fez um pequeno bico com os lábios, mas terminou por dar de ombros, olhando para Hae hyung, que ainda explicava sobre a Guerra dos 100 Anos. Não que ele tenha conseguido prestar muita atenção a tudo aquilo, e o coitado tentou, mas eu sentia uma necessidade de falar com ele, e estranhamente sentia uma necessidade de sua atenção também.

Assim, o resto das aulas se seguiu daquela forma, comigo chamando Jin a cada dois segundos, e ele me respondendo educadamente até perder a paciência (não demorou muito) e me olhar feio quando eu o desconcentrava, mas sempre entrando no meu papo.

Nem preciso dizer o quanto eu estava me divertindo com tudo aquilo, eu realmente adorava o fato de ser tão fácil falar com ele, mesmo que estivesse emburrado. Nós nem sequer saímos da sala, primeiramente porque estava chovendo, e eu não estava afim de me meter naquela multidão de adolescentes suados no que chamamos de cantina; e porque eu e Seok nem notamos quando o sinal tocou, pois estávamos numa batalha importante de shiritori* escrito. Aquela criatura conhecia tantas palavras que os dicionários deviam sentir inveja, então a partida estava interessante, e se seguiu por mais duas aulas após o recreio, com direito a pausas e brincadeiras incessantes, mas seguiu.

Por volta da penúltima aula, a chuva foi finalmente ficando mais fraca, e eu quase agradeci de joelhos quando vi que já não havia gotas filhas da puta caindo do céu, que começava se mostrar azul.

Eu e Seok fomos os últimos a sair dali, porque eu não me cansava de provocá-lo, então estava brincando de não deixá-lo pegar seu caderno, para que pudesse ir embora. Acabei por deixar que pegasse, apenas por pena, afinal, ele tinha quase minha altura, mas mesmo assim não conseguia arrancar o objeto de minhas mãos. Saímos da sala e seguimos pelos corredores vazios conversando, e eu não sabia como ainda tínhamos assunto, visto que conversáramos o dia todo, e eu não agüentava nem o YoonGi por tanto tempo, mas continuamos conversando até sair do prédio.

Havia poucas pessoas no pátio, e quase todas se dirigiam aos portões baixos para sair dali, mas eu estava com uma sensação muito estranha, sensação que me fez ficar mais perto de Seok instintivamente.

- Hyung! – Me virei ao ouvir a voz fina me chamar, acenando sem grande interesse quando vi JiMin correr em minha direção com JungKook preso à sua mão, correndo desajeitadamente atrás. Me virei para falar com Park, notando que Seok pretendia continuar andando e segurei seu pulso, impedindo-o de seguir.

- Espere aí, você não vai sozinho.

- Eu vou me atrasar para o trabalho, NamJoon. – Ele fez uma careta descontente que, sinceramente, apenas me deu vontade de apertar suas bochechas. – Já não basta ter me segurado aquele tempão na sala, agora não vai me deixar sair da escola também?

- O que vocês estavam fazendo na sala? – Ouvi a voz de JiMin e bufei ao notar seu olhar divertido em mim e Seok, tentando entender por que caralhos do inferno as pessoas são tão pervertidas.

- Só espera um segundo, e eu te levo na estação. – Falei para Jin, ignorando JiMin.

- Eu sei ir pra estação sozinho. – Ele cruzou os braços, e eu apenas sorri pequeno.

- Vai mesmo fazer birra na frente deles? – O canto de meus lábios subiu mais um pouco. – Achei que ainda tivesse “aparências a manter”.

Ao me ouvir, Seok pareceu desconcentrado por um instante, descruzando os braços e balbuciando.

- Não, eu, digo, aish. – Cruzou os braços de novo. – Vai se ferrar NamJoon. – Acabou por dizer, arrancando uma risada minha. Ele era tão fácil de se provocar...adorável.

Eu tinha noção de que o casal nos observava atentamente, JiMin com a boca aberta e JungKook com expressão divertida ao ver o amigo daquele jeito.

- Apenas espere um pouquinho, sim? – Disse, por fim, bagunçando seus cabelos e recebendo uma careta por isso.

- Por que eu tenho que esperar?

- Porque é perigoso. – Disse, dando de ombros, e notei que JiMin voltara a ter a expressão divertida na face, assim como o garoto ao seu lado, mas não liguei muito para isso. – Podem ter ladrões, estupradores ou babacas... – Disse, olhando para ele como se explicasse algo para uma criança pequena, perdendo totalmente o ar de brincadeira quando vi quatro figuras conhecidas no portão, olhando para nós. – Ou eles, que são tudo isso. – Completei, apontando com o queixo para as pessoas, olhando seriamente para elas.

Seok virou para ver o que eu via, e eu quase pude sentir seu corpo ficar tenso à minha frente. Ele os reconhecera, e eu também.

Passei por Seok colocando a mão em seu ombro, num pedido silencioso de que ficasse ali. Claro que ele me seguiu, mas eu apenas resmunguei internamente, deixando ele me acompanhar de perto. JiMin também nos seguiu, com JungKook colado a si, apesar de o mais velho tê-lo pedido que ficasse ali.

- O que querem aqui? – Perguntei, perfurando o cara do centro com os olhos quando chegamos aonde eles estavam.

O cara deu um sorriso debochado.

- Queremos o troco. – Ele apontou para a testa, que tinha um corte quase cicatrizado. Eu não lembrava de ter feito aquilo, mas não importava muito. Coloquei Seok mais atrás de mim do que já estava, num aviso claro de que não teriam sua festinha tão fácil.

- Vocês não passaram por mim, sozinho, uma vez. – Disse, olhando sem um pingo de simpatia na expressão para o grupo. – Por que acham que vai ser diferente dessa vez? – Quando terminei de falar, vi com o canto do olho, JiMin se posicionar ao meu lado, com JungKook provavelmente mais atrás de nós.

- Você nos pegou de surpresa daquela vez. – O cara, riu, e os outros idiotas o seguiram. – E essa belezinha acabou me devendo uma foda. – Disse, sorrindo de forma nojenta para Seok, que tremia discretamente, segurando minha camisa. Droga, por que ele tinha que estar com tanto medo? Aquilo me transformava quase num bicho irracional, eu não queria vê-lo daquele jeito. – Passe o garoto, e não teremos problemas, que tal?

Ri seco, sem ver a menor graça naquilo tudo.

- Muito atrativa sua proposta, mas não, obrigado.

- Ora vamos, não se cansou dessa putinha ainda? – Ele riu debochadamente, fazendo os outros idiotas rirem, e eu juro que tudo o que eu senti foi minha visão embaçar e meu sangue ferver quando soquei a cara daquele maldito.

Minha cabeça estava a mil, mas eu não assemelhava nada; vozes continuavam soando em minha mente, as palavras saídas da boca daquele nojento, as várias de Seok, nas várias vezes que conversamos, não apenas naquele dia; meu interior gritava e silenciava, dependendo de como se via, e eu sabia que estava tendo um ataque, sabia, mas não queria contê-lo.

Não sei direito o que aconteceu a seguir: não notei direito quando JiMin entrou na briga para me ajudar a socar os caras, ou quando os poucos alunos restantes na escola começaram a se aglomerar ao nosso redor, ou mesmo quando JungKook correu até o interior da escola, voltando acompanhado de dois caras que deviam ser funcionários saindo do serviço para separar a briga.

Eles mandaram os panacas embora, e pediram que eu, Seok e JiMin os acompanhassem. Apenas nesse momento que eu comecei a realmente processar o que acontecia ao meu redor, apenas nesse momento notei Seok ao meu lado, com os cabelos sobre o rosto e a cabeça baixa. Pensei em chamá-lo, mas não o fiz, pois chegamos à sala da diretora.

Suspirei alto ao ver que não era a senhora Choi que se sentava na cadeira de couro, e sim o senhor Jeon, diretor auxiliar, pessoa que mais me odeia no universo e, ah, pai de JungKook. O cara não era apenas isso: ele era dono de uma empresa de sei-lá-o-que bambambam das paradas, e na realidade, só ia para a escola quando a diretora precisava sair ou quando estava afim de infernizar a vida de alunos como eu. Destaque o “eu”, obrigado.

- Ora ora, por que não estou surpreso? – Disse, sorrindo cinicamente enquanto entrelaçava os dedos sobre os cotovelos que estavam apoiados sobre a mesa. – Kim NamJoon e Park JiMin. – Seu sorriso não poderia ficar mais forçado. – Da próxima vez que forem brigar, tentem não incluir meu filho e SeokJin nisso, sim?

Não olhei para ele, apenas virei o pescoço com a cabeça baixa para mirar Seok, que estava parado ao meu lado. Arregalei um pouco os olhos ao notar sua bochecha um pouco inchada e sangue saindo por seu lábio e por um pequeno corte em sua sobrancelha. Cerrei os punhos, trincando os dentes, mas qualquer raiva sumiu para dar lugar à surpresa quando senti seus dedos segurarem discretamente meu antebraço, apertando ali num pedido de calma. Eu devia ter me perguntado por que diabos aquele garoto conseguia me ler tão bem, mas tudo o que fiz foi obedecê-lo e virar novamente para a frente, encarando o homem que estava ali.

- Kim e Park vão pagar com detenção nas férias de verão. – Ao ouvir isso, JiMin levantou a cabeça de supetão, arregalando os olhos, como eu. – Sob minha supervisão, claro. – Completou, sorrindo cinicamente. Ah, fala sério, esse cara não tem mais o que fazer? – SeokJin, eu terei que chamar seu pai e aconselhar que mude suas companhias. - Ao ouvir aquilo, senti o garoto ao meu lado ficar tenso, se possível, mais tenso do que ficara com os babacas lá fora. – Agora, saiam da minha sala. SeokJin, você pode esperar por seu pai lá fora. – Disse, nos dispensando com um aceno de descaso.

Seguimos para fora da sala “dele” em silêncio, encontrando JungKook ali fora, que logo começou a reclamar por causa do castigo do pai.

- Não é justo. – O garoto disse, com expressão emburrada. – Ele só fez isso porque não gosta de vocês dois.

- Ei, Kook, calma. – JiMin sorria para o namorado, tentando acalmar a ferinha birrenta. – Ele me deixa namorar você, não quero nada a mais dele.

JungKook olhou com olhos brilhantes para o namorado ao ouvir isso, mas logo amarrou o bico de novo.

- Ele só deixou porque minha mãe praticamente o ameaçou! E, bom, porque ele acha que isso é “algo passageiro” e que logo eu vou me casar com uma bela garota e ter cinqüenta filhos para seguirem com a empresa. – Terminou a fala fazendo uma careta de novo, e eu me surpreendi com a velocidade que aquele garoto falava.

JiMin soltou sua risada característica, sendo acompanhado por mim, logo abraçando o namorado e deixando um beijo estalado em sua bochecha. Não prestei muito mais atenção neles, pois notara alguém muito deprimido ao meu lado e logo tratei de abaixar o rosto, para capturar seu olhar ao meu.

- Tem alguém em casa? – Perguntei, vendo seus olhos entrarem em foco e um pequeno sorriso se esboçar em sua face, me fazendo sorrir. Eu ia continuar falando, mas um urro do senhor Jeon interrompeu todos os meus pensamentos e ações, me fazendo olhar para a porta da diretoria.

- YAH! PARK JIMIN! SE FICAR SE PEGANDO COM MEU FILHO PERTO DE MIM, ARRANCO SEU COURO! – O casal se limitou a se olharem e rirem, logo saindo correndo dali, ignorando completamente o velho que ainda gritava coisas sobre vergonha e “moleque atrevido”.

Acompanhei os dois com os olhos, o sorriso estampado na boca. Por um momento, bem pequenininho, quase senti pena do senhor Jeon. Só quase mesmo.

- Jin. – Chamei, ao ver que ele também levantara a cabeça para ver o que acontecia, e mirava o vidro do hall da diretoria com um olhar perdido e um tanto infantil. Ele olhou para mim, seus olhos me incentivando a continuar. Ao contrário do que ele provavelmente esperava, eu não falei nada, apenas levei a mão até sua testa, afastando a franja dali e estalando a língua ao ver não apenas o corte que já havia visto, mas uma marca roxa sobre a sobrancelha direita. Perdi (de novo) todo o fio da meada de minha raiva quando senti sua mão sobre a minha, e olhei o sorriso sereno e gentil que se esboçava em seus lábios e seu olhos, dizendo silenciosamente que estava tudo bem. – Foi por isso que eu queria que ficasse longe. – Disse, retirando minha mão de sua testa, fazendo com que a sua caísse novamente sobre seu colo.

- Eles estavam ali atrás de nós dois. – Sorriu de novo, me olhando. – Eu não ia apenas me esconder e deixar você cuidar de tudo de novo.

- E o que você ia fazer para ajudar? – Perguntei, sem debochar dele, apenas preocupado. – Jin, você mesmo disse: não sabe brigar ou coisas assim. – Disse, aproximando sabe-se lá por que minha mão de sua bochecha que estava machucada, me assustando quando ele recuou, assustado. – Jin, você... – Comecei. Ah não, eu sabia que isso aconteceria. – Está com medo de mim? – Perguntei, temendo a resposta, e suspirando alto quando ele apenas arregalou levemente os olhos por um momento, sem me responder. – Ei, está tudo bem. Eu só fico daquele jeito quando estou muito zangado, ok? E eu não vou me zangar com você, então está tudo bem, ok? Não fique com medo. – Completei, um pouco sofrido, ignorando o aperto que senti quando ele se afastara, e a queimação de alívio que senti quando ele me olhara meio receoso, mas logo voltando a sentar normalmente ao meu lado.

Em certo ponto da noite (pois já escurecera), depois de vários pedidos de Seok para que eu fosse embora, um homem de estrutura mediana entrou no hall. Não prestei atenção nele, porque ele mesmo nos ignorou, mas SeokJin ficou tenso, muito tenso mesmo, assim que viu a figura. E continuou assim durante alguns segundos, comigo tentando entender porque ele parecia tão amedrontado. Claro que eu já deduzira que ele era seu pai, mas ainda sim, aquilo me incomodava profundamente.

- NamJoon, você pode ir embora agora. – A voz de Seok soou baixa e fria, como a do Kim SeokJin que eu conhecera antes. – Meu pai está aqui, e é melhor que você não se atrase mais para voltar pra casa. – Completou, no mesmo tom, antes que eu falasse qualquer outra coisa.

- Eu não-

- NamJoon. – Interrompeu, com aquela voz de gelo-seco que me dava nos nervos. – Por favor. – Completou, num tom mais baixo, mais natural e mais gentil, me fazendo me assustar e olhá-lo com o cenho ligeiramente franzido.

Acabei por acenar com a cabeça e me levantar. Eu realmente não queria deixá-lo sozinho, e muito menos com aquele cara, cujo quem eu não fora com a cara nem minimamente.

- Até amanhã, princesa. – Disse, bagunçando seus cabelos e colocando as mãos nos bolsos, saindo dali sem esperar uma resposta dele, que provavelmente viria malcriada.

Segui para fora do prédio escuro até o pátio, parando ali ao lembrar que deixara minha bolsa na sala da diretoria. Dei meia volta e voltei para dentro do prédio, decidido a não deixá-la passar mais uma noite ali.

Quando estava me aproximando do corredor que levava à divisão educacional, parei de andar ao ouvir vozes. Não sei ao certo por que me encostei à parede, me misturando às sombras [N.A: LOL mds eu sou muito trouxa] para que não me vissem ali. Talvez fora a agressividade que eu sentia em uma das vozes, mas não tinha certeza.

Me mantive em silêncio até as vozes ficarem nítidas.

- ...já disse moleque? Não me faça perder tempo com essas merdas de escola! – Posso jurar que ouvi um “desculpe” ser murmurado ali, mas não tenho certeza. – E ainda perdeu o horário pro trabalho! – Nesse ponto da “conversa”, eles estavam à minha frente, e eu confirmei que eram sim Seok e o pai dele. O homem desferiu um tapa na parte de trás da cabeça de Jin quando disse aquilo, me fazendo juntar toda a força de vontade para me manter escondido e não socar aquele idiota. – Não se meta em coisas inúteis como brigas! Já não apanhou o bastante, seu merdinha?! Você tem que estudar e ganhar dinheiro para ajudar sua mãe inútil, seu imprestável! – Eles haviam parado de andar, e agora o homem gritava em plenos pulmões para o garoto que estava de costas para mim. Ok, agora eu definitivamente ia socar aquele cara, mas assim que dei o primeiro passo em silêncio para sair de meu “esconderijo”, parei, arregalando os olhos, vendo a mão direita de Seok, que estava escondida do pai atrás de si, acenar discretamente, me mandando voltar para a parede. Não era possível, ele havia me visto? Quando? Como? Saí de meu transe ao notar que o homem continuava soltando suas merdas pelo cu que ele chama de boca, arregalando os olhos quando ele gritou, mais alto que as outras vezes: - Você está me ouvindo, moleque?! Você só faz merda! Por que nasceu? NÃO DEVIA TER NASCIDO! – Urrou a última parte de forma tão horrível que eu senti doer.

Eu realmente não sei que força suprema conseguiu me deixar ali parado quando Seok começou a chorar silenciosamente, seguindo o homem que parecia ter se cansado de gritar e seguia caminho para fora da escola.

Eu apenas me mantive ali, encostado na parede, tentando com todas as minhas forças evitar um segundo ataque de raiva, até que, depois do que pareceram décadas, cerrei os punhos, socando com tudo janela que estava ao meu lado, pouco me importando quando o vidro de estilhaçou sob meus dedos, fazendo parte da janela desabara e minha mão começar a sangrar. Urrei alto, apenas ouvindo ao longe as vozes virem da diretoria checar o que acontecera, antes de tudo ficar preto.

 

 


Notas Finais


Chegaram até aqui?
Eu achei esse capítulo bem bosta e bem maçante, mas, não tenho nada melhor a oferecer, então me perdoem pelo capítulo bosta.

*shiritori é um jogo de juntar palavras japonês (que existe na Coréia, mas eu falo japonês, não coreano, então não sei o nome). Sabe aquele de pegar a última sílaba e começar outra palavra até algum ficar sem idéias? Não? Joguem qualquer dia, é bem divertido.

A trouxa aqui decidiu ouvri todos os albuns de EXO para escrever isso aqui, então estou jogada em minhas lábrimas/morrendo no sofrimento que é ter EXO como seu grupo ultimate, bjos.

Pera, deixa eu me despedir direito: obrigada por perderem tanto tempo da vida de vocês lendo essa merdaa *se curva*, e obrigada por todos os favs e reviews <3 me ajudam de montão :3
Bjo, e espero não atrasar de novo (mas o universo me odeia, então não vou prometer nada)


..eu to falando pra caralho hoje..credo

AH, COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS, MAS MANEIREM NAS PEDRAS, EU SEI QUE O CAPÍTULO FICOU LIXO. '3'


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