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História Dependence (Em revisão) - The bixas band on the road


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Oin~
Postando no prazoooooo \o/ (ou quase isso)
Não vou me demorar porque meu pai tá um saco aqui, buzinando no meu ouvido faz um tempão.
Boa leitura~

Capítulo 16 - The bixas band on the road


- Já disse milhões de vezes: - O moreno de pé à nossa frente franziu o cenho e fazendo um leve bico, fingindo estar chateado. – Kai. Não JongIn.

Dei uma risadinha. Esse era um drama antigo, e sempre – como uma cerimônia tradicional – eu fazia questão de chamar meu irmão pelo nome verdadeiro quando o encontrava.

- Kai hyung! – JiMin praticamente voou até o pescoço de Kai, não me dando tempo de responder a meu irmão, que quase caiu no chão pelo peso de JiMin em seu pescoço.

- Chim? É você?! – Kai sorriu quando se livrou do aperto, colocando JiMin no chão e afagando os cabelos do menor. – Nossa garoto! Na ultima vez que te vi, você era uma bolinha! – Soltou uma risada gostosa. – Você está gostoso. – Deu uma piscadela ao Park, que se encolheu, mesmo que eu soubesse que estava com o ego lá encima pelo elogio. – Quem é a sortuda que conseguiu esse corpinho? – Perguntou, sacana.

Eu teria rido, mas antes que pudesse fazê-lo, ouvi alguém às minhas costas limpar a garganta, atraindo a atenção de todos. Virei o corpo, e me dei com um JungKook parecendo meio perdido e  bastante contrariado com as mãos na cintura. JongIn curvou os lábios grossos num sorriso.

 - Ou será que é sortudo? – Meu irmão completou, parecendo bastante divertido. JungKook corou, surpreso, e eu soltei uma risadinha, olhando para o senhor Jeon, que parecia querer matar alguém.

JungKook curvou a cabeça, cumprimentando JongIn timidamente, em nada se parecendo com o namorado possessivo que se revelara à poucos segundos.

- Kookie, esse é Kim JongIn, irmão do Mon. – JiMin era só sorrisos quando se aproximou do namorado, levando-o pela cintura para perto do moreno mais novo apenas que o senhor Jeon ali. – Kai hyung, esse é JungKook, meu namorado.

O sorriso de meu irmão pareceu crescer em dez vezes quando este cumprimentou JungKook com uma reverência exagerada, que se seguiu de um beijo na mão de JungKook por parte de meu irmão, que completou o momento (constrangedor para JungKook, cômico para mim) com uma piscadela ao mais novo ali.

- É um prazer te conhecer, JungKook. – Meu irmão disse, e JungKook parecia perdido demais para fazer qualquer coisa além de olhá-lo com as bochechas completamente coradas. Eu não o culpava: Kai conseguia deixar qualquer um aos seus pés quando queria. Tinha charme para dar e vender.

- Adoramos a forma como você provou sua homossexualidade agora, senhor Kim. – Minha alegria divertida foi cortada pela voz do senhor Jeon, que olhava para todos nós com uma careta. – Mas será que pode fazer o que veio tratar aqui e sumir de minha escola?

Ignorando a forma como o senhor Jeon havia dito aquilo, meu irmão o olhou como se encarasse algo bastante nojento na sola de seu sapato.

- Eu sou homossexual. Qual o problema de provar isso? – O moreno parecia tão natural falando aquilo que até mesmo o senhor Jeon travou por um momento. Kai sorriu, se virando para mim. – Mon, eu convenci o velho a levar você e os garotos, vamos lá? O carro tá lá fora.

Soltei uma risadinha pela cara que o senhor Jeon fez ao ser chamado de velho, e acenei com a cabeça, me virando para Jin, que não dissera nada até o momento, e assistia a cena com uma serenidade que pertencia apenas a ele, e estendi minha mão, ajudando-o a se levantar.

Jin me seguiu – sendo seguido por JiMin e JungKook – quando fui até o senhor Jeon, e deixei o pano que usara para limpar as paredes em suas mãos, sorrindo e seguindo meu irmão para fora do terreno da escola, ignorando as maldições que muito provavelmente estavam sendo rogadas à mim pelo homem esguio de expressão dura que deixávamos para trás.

- Você é gay, então? – Perguntei quando saímos da escola e nos encaminhamos para o outro lado da rua. – Onde está o cara que fazia sucesso entre todas as garotas de Seul? – Perguntei. Na realidade meu irmão sempre fora muito charmoso e chamava bastante a atenção, mas sempre fora muito mais tímido do que deixava transparecer, então não era nenhum Don Ruan da vida. Mas mesmo assim, sobre ele ser homo, essa era nova para mim.

- Bem, eu não diria gay. – JongIn encolheu os ombros, abrindo a caminhonete que nos levaria até minha casa e em seguida até a casa de meu pai. – Eu sou um KyungSoossexual. – Concluiu, mostrando a língua de forma travessa enquanto abria a porta do motorista, e eu me sentava ao seu lado enquanto os garotos se acomodavam nos baços traseiros.

- Kyung- Ah, aquele garoto que você urubuzava desde a quinta série? – Perguntei, me divertindo. Kai mostrou o dedo médio para mim antes de manobrar o carro, seguindo a rua em direção à minha casa.

- Eu não urubuzava ele...

- Ah não, só passava as tardes na biblioteca, secando o garoto. – Disse, com ironia. – Fala sério, hyung. Você falava desse garoto quando nos encontrávamos nas férias. – Soltei uma risadinha. – Finalmente pediu ele em casamento?

- Você é um saco, garoto Kim. Só faz bullying com seu hyung. – Meu irmão reclamou, e eu dei uma risadinha por estar deixando-o constrangido. – E estamos namorando há oito meses já, se quer saber. – Completou, o sorriso nascendo mais brilhante que nunca em seus lábios.

Apaixonados. Pensei, com diversão e ironia.

- Parabéns hyung, estou orgulhoso de você. – Disse, numa risadinha. – Você conseguiu, aos vinte e um anos, conquistar seu amor de infância. Apenas me convide para o casamento, sim?

- Viram isso, garotos? – Kai olhou para trás pelo espelho retrovisor. – Isso é um exemplo de um dongsaeng que não respeita seu hyung. Nunca sejam como NamJoon, que faz bullying com seu irmão mais velho por causa do namorado dele.

- Ah, não se preocupe, hyung. – A voz de JiMin começou a falar, sorridente, e eu me preparei para a merda. – Você também pode fazer bullying com ele. – Kai olhou curiosamente para JiMin, que apontou animadamente para Seok, que olhava distraidamente para a janela, e olhou surpreso e perdido para todos ali ao notar-se observado. – Esse é Kim SeokJin, o amor da vida do Mon. – Jin arregalou os olhos pela fala de JiMin, e eu fiz careta para o gordo que sorria com todos os dentes. – Eles vão negar incansavelmente, mas não se deixe enganar. Eu tenho provas. – Disse, alegremente, já tirando o celular do bolso.

- AH! Ok, chega. Guarda esse telefone, JiMin. – Empurrei as mãos de JiMin para baixo de forma desajeitada por estar no banco da frente. – Ou vai se arrepender. – Completei, olhando para JiMin da forma mais mortal que consegui.

JiMin sorriu sacana, como se fosse dizer “foda-se você, vou mostrar mesmo assim”, mas sua mão foi novamente afastada de seu telefone, desta vez por JungKook, que o olhava repressor.

- JiMin. Deixe o hyung em paz. Você pode não temer pela sua pele, mas eu temo. – Eu quase ri ao ver JiMin engolir em seco, logo cruzando os braços em birra e se afundando no banco da caminhonete.

 - A cada dia gosto mais de você, patroa. – Disse, me virando no banco de novo, sentando corretamente.

- Retire esse apelido ridículo de seu vocabulário ou eu vou reconsiderar sobre minha posição de não expô-lo ao ridículo, Mon hyung. – A voz de JungKook era severa, e eu fiz uma anotação interna de evitar provocar JungKook a partir daquele momento. – Eu também tenho a foto, afinal. – Completou, sorrindo inocentemente enquanto balançava o próprio celular bloqueado.

Bufei, revoltado sobre como aquele mundo adorava esfregar na minha cara que eu estava de mãos atadas.

- Retiro o que disse sobre gostar de você.

- Por quê? – O garoto encolheu os ombros e se recostou no banco, ao lado do namorado, que sorria divertido, assim como meu irmão. – Eu sou uma pessoa adorável. É normal as pessoas gostarem de mim. – Completou fazendo um biquinho que o deixava com uma cara de bebê inocente que eu sabia não ter nada a ver com o ser maquiavélico que existia por trás daquele sorriso.

JiMin era só sorrisos quando abraçou o namorado, selando sua bochecha num beijo estalado, em seguida murmurando um “eu gosto de você, Kookie ah” ou algo meloso do gênero que eu não dei a menor atenção.

Olhei para meu irmão, que parecia querer rir até cair morto, mas se mantinha firme no volante. Fiz uma careta para ele e voltei o olhar para Jin, que observara todo o teatro com um sorriso fino nos lábios, não como o que JiMin ou Kai ostentaram durante a cena, mas do tipo que, quando oferecido a você, faz sua mente bugar e esquecer que em algum momento você quis estrangular o pirralho narigudo que estava te ameaçando à poucos segundos.

Era o que estava acontecendo comigo no momento.

Ao notar meu olhar sobre o seu, o sorriso de Jin aumentou em questão de centímetros, e seus olhos sumiram mais um pouquinho em seu rosto. Fiz uma careta para ele, como que pedindo ajuda com aquelas crianças impossíveis, mas ele balançou delicadamente a cabeça, negando, ainda sorrindo. “Relaxe. Não os deixe te irritar”. Franzi o cenho, e ele apertou mais o sorriso, fazendo com que eu acabasse por suspirar, um sorriso já surgindo em minha face, sendo oferecido a ele.

- Meu, isso é muito bizarro. Por que me sinto como se eles estivessem tendo altas conversas profundas? – Fui puxado daquele mundinho que parecia a cada minuto mais compartilhar com Jin quando a voz de JiMin soou no carro. Olhei para o garoto bem a tempo de ver JungKook lhe oferecer um olhar de completa decepção, misturada de repreensão. – O quê? Vai dizer que não parece?

JungKook apenas suspirou teatralmente quando saiu do carro – havíamos chegado à minha casa. Eu notei no momento – sendo seguido por um JiMin indignado que tentava fazer com que o namorado lhe dirigisse a palavra – ou ao menos o olhasse.

- Vamos? – Jin me perguntou num sorriso divertido, e eu me virei para abrir a porta do carro, saindo do veículo em seguida.

Olhei apenas brevemente para JongIn, que nos esperara fora do carro e sorria divertido para mim. Ignorei-o e me virei a tempo de ver Jin saindo do carro e se postando ao meu lado quando passamos pelo portão e seguimos para dentro de casa.

Fui recebido em casa com um travesseiro na cara.

Olhei mortalmente para o fim do corredor de entrada assim que o travesseiro escorregou de minha cara, e vi Tae gemer um “fodeu” divertido antes de sair correndo de mim, que o persegui com o travesseiro.

- FOI SEM QUERER, HYUNG! EU JURO! – Tae gargalhava enquanto eu o perseguia, o travesseiro a postos nas mãos. – EU QUERIA ACERTAR O JIMIN! DESCULPA!

- EI! Eu ouvi isso! – A voz de JiMin, que em nada parecia indignada apesar da reclamação, soou na sala enquanto eu perseguia TaeHyug em uma corrida em círculos ao redor do sofá.

- Eu sinto muito hyung! – Tae parecia meio tonto, assim como eu, por ter ficado tanto tempo correndo em círculos. – AHHH! Ele vai me matar! Alguém me ajude! SeokJin hyung! – Assim que ele terminou de dizer isso, o garoto se escondeu atrás de Jin, que chegara naquele segundo à sala, ao lado de JongIn, que aparentava estar conversando com ele.

Lancei o travesseiro no mesmo segundo que Tae se escondeu atrás de Seok, o que me fez paralisar e observar enquanto Jin tirava o travesseiro da cara e olhava com a expressão vazia primeiro para Tae, que parecia à beira das lágrimas – mesmo que eu soubesse que era apenas um de seus teatrinhos – agarrado à sua – minha – camiseta como um filhote se esconde atrás de sua mãe. Jin, soltou um sorrisinho fraco para Tae, e em seguida olhou para mim, sua expressão não fria, mas severa.

- Pare com isso, NamJoon. – Arrumei ainda mais a postura quando ele o disse, em parte assustado com seu tom, em parte por estar assustado por estar assustado com ele.

Segurei de forma meio atrapalhada o travesseiro que voou em minha direção, e observei ainda meio abobalhado enquanto Jin sorria para Tae, falando gentilmente, como se se dirigisse a uma criança:

- Está tudo bem. Vocês acabaram de acordar? Já comeram?

- Já acordamos faz um tempo. – Tae respondeu, num bico sorridente. – Mas não tinha comida, já que a omma não acordou ainda. – Não me pergunte, Tae chama minha mãe de omma desde que me conheço por gente.

- Estão com fome então? – Jin tinha um sorriso singelo na face. – Quer que eu faça algo?

- Sim! Eu te amo, hyung! – Tae abraçou Jin antes que os dois se dirigissem à cozinha, parecendo, sinceramente, mãe e filho.

Eu? Me mantive com o travesseiro nas mãos, ainda um pouco pasmo.

Esse garoto...parecia cada vez melhor.

- Monster, já não disse várias vezes que você parece um retardado com essa cara? – Pisquei uma vez antes de jogar o travesseiro em minhas mãos no garoto que estava deitado desleixadamente no sofá atrás de mim. – Errou, vacilão. – Provocou depois de desviar.

- Foda-se, Suga. – Resmunguei.

- Tá de TPM só porque finalmente encontrou uma patroa pra te controlar? – YoonGi não parecia se divertir por sua cara e tom, mas eu sabia que ele o fazia. – Que pena, não Mon? Zoou que zoou o JiMin por isso e agora está na mesma situação.

- Que merda, Suga, já disse que não é nada disso!

- Quanto mais você negar, mais eu vou ter certeza de que você está afim desse garoto, caro Rap Monster. – Suga dispensou minha irritação com um aceno de mãos, desinteressado. – Não que eu precise de mas alguma comprovação. Não é, Kai hyung? – Olhei imediatamente para JongIn, que observara tudo com um sorriso fino nos lábios carnudos.

- Não me inclua nessa. Eu não disse nada. – Kai rejeitou meu olhar irritado ao falar.

Suga soltou uma risadinha debochada, antes de se levantar do sofá – sim, ele anda. Mesmo que só o faça quando considera bastante necessário.

- Como vocês são sem graça. – Encolheu os ombros num sorriso de “fazer o quê”, antes de subir ao segundo andar.

- Onde está indo? – Suga não me ouviu (ou me ignorou. Mais provável), e eu me virei para JongIn, que sorria, parecendo se divertir bastante. – O que foi?

- Nossa, calma. – Kai levantou as mãos sobre o peito, como se defendendo. – Se ficar tão na defensiva assim, não dá nem pra te defender, Mon.

- Defender do quê? – Perguntei, com cara de poucos amigos. Kai soltou uma risada soprada.

- Nada não, esquece. – Mirou a parede da sala, divertido. – Ele é fofo, aquele garoto. – Acabou por dizer, chamando minha atenção para seu rosto, que era uma mistura de afeto e diversão no momento.

- Hã?

- Se parece com o Soo, em parte. – Franzi o cenho quando ele disse isso.

- Está querendo dizer o quê? Que ele é seu tipo? – Perguntei, a sobrancelha levantada.

- Claro que não, idiota. – JongIn pareceu meio constrangido, mas eu sabia que fazia parte de sua personalidade inclusa. – E eu nunca roubaria o garoto de meu irmãozinho. – Franziu o nariz, fechando os olhos num sorriso travesso.

- Ele não é meu-

- Claro que é. – Me virei para a escada, de onde descia minha mãe, com cara de sono e vestida numa calça cortada num short e uma camiseta que provavelmente em algum momento de minha vida me pertenceu, ficando, portanto, gigante nela. – E eu acho que Suga está fazendo uma pequena bagunça no seu guarda roupa, Joon. De novo. – Completou, a expressão entediada um tanto monga pelo sono.

Suspirei. Era algo normal, quando Suga – não só ele, como todos os garotos – ia em casa, sair pegando minhas coisas, inclusive minhas roupas, sem nenhuma cerimônia, sempre deixando tudo virado de pernas para o ar.

- Mas veja só se não é o Nini, que cumpriu sua missão direitinho. – Minha mãe abriu um sorriso gigante, terminando de descer a escada e abraçando o jovem alto que sorria.

- Missão? – Perguntei.

- Nonna me pediu para te trazer para casa. – Kai respondeu, soltando o abraço de minha mãe. – Eu não tinha entendido o que estava acontecendo, mas você me explicou quando eu perguntei, diferente de umas e outras pessoas. – Comentou, olhando de soslaio para minha mãe.

- Eu dormi depois de te mandar aquela mensagem, claro que não ia te responder. – Minha mãe deu de ombros, com seu clássico mau humor pós-sono. – Eu nem teria deixado eles irem, mas eles estavam tão fofinhos dormindo, e depois acordados que eu deixei que fizessem o que quisessem.

- Espera... você viu aquilo também? – Perguntei, temendo a resposta que eu sabia que seria afirmativa.

Minha mãe pareceu esquecer o que era mau humor e sono quando se virou para mim, sorrindo.

- Sim! Eu tirei foto também! – Suspirei, passando a mão sobre o rosto, cansado, enquanto ela tirava o celular do bolso. – Você já viu, Nini?

- O que foi? – Perguntei ao receber o olhar de JongIn sobre mim após o mesmo olhar a foto que minha mãe lhe mostrava no aparelho. Eu nem tentara impedi-la. Pelo que JungKook dissera, todos já tinham aquela merda, então meu irmão veria hora ou outra.

- Lembra o que eu disse sobre te defender? Esqueça, não tem como.

Levantei a sobrancelha para ele, tentando entender o que ele estava tentando dizer, enquanto minha mãe apenas sorria, parecendo muito satisfeita com sua vida.

- O q-

- NamJoon! – Olhei para a porta da cozinha, de onde viera a voz de Jin. – Você pode vir aqui rapidinho? – Franzi o cenho rapidamente, antes de seguir sem pestanejar para a cozinha, ignorando os olhares sorridentes de minha mãe e meu irmão às minhas costas.

- O que foi? – Perguntei, analisando a cena na cozinha: JiMin e JungKook não estavam à vista. JiMin provavelmente fora tomar banho, por um instante me perguntei se JungKook fora junto, mas expulsei esse pensamento da mente. Encontrei Jin inclinado sobre Tae, segurando a mão do garoto, que claramente sangrava. – O que aconteceu?

- Ele cortou o dedo. – Jin respondeu o óbvio. – Tem uma caixa de primeiros socorros?

Acenei com a cabeça, correndo até o segundo andar, e seguindo para o banheiro de minha mãe, pegando a caixa pequena e indo rapidamente até a cozinha novamente, ignorando as perguntas de minha mãe e colocando o objeto na bancada, ao lado de Jin, que terminava de limpar a ferida de Tae, que choramingava.

Eu sabia como TaeHyung era em relação à sangue, então não o condenei por tanto drama por causa de um cortezinho no dedo. Normalmente ele faria um escândalo, então estava consideravelmente calmo daquela vez.

- Obrigado, NamJoon. – Olhei para Jin, que se mantinha com a expressa serena enquanto cortava gaze e tratava do ferimento de Tae. Mais uma vez me impressionei com sua habilidade com aquilo. Me perguntei se ele apenas era habilidoso com tudo ou se gostava particularmente de coisas naquela área. – Tem como você desligar o fogo? Senão vai queimar.

Acenei com a cabeça, me levantando e indo até o fogão, apagando as duas bocas que estavam acesas.

- Obrigado hyung. – Ouvi Tae falar, e me virei par ver o garoto admirar seu curativo por um momento, antes de pegar a faca para cortar a frutas que cortava anteriormente de forma animada.

- Deixe isso comigo, Tae. – Jin abaixou gentilmente a mão de Tae, retirando o instrumento de sua mão e colocando-o sobre a bancada. – Você já ajudou o bastante.

- Mas eu quero ajudar... – Tae choramingou. – Eu sempre ajudo a omma...

Porque se ela não te deixar ajudar, você vai chorar sem amanhã. Pensei. Tae nunca fora muito centrado, então se atrapalhava com facilidade. Mas estava longe de ser tão desastrado quanto eu, ou ruim na cozinha como JiMin.

- E vai ajudar. – Jin olhou para mim, que me postara a frente deles novamente, do outro lado da bancada. – Ajude NamJoon a levar isso lá pra cima de novo e chamem os garotos que quiserem comer. – Jin apontou para a caixa de primeiros socorros, logo me mirando novamente, pedindo silenciosamente que eu levasse Tae para cima.

Achei engraçadinha sua preocupação com Tae, além de que eu havia notado o fato de ele chamar o garoto pelo apelido e não por seu nome completo. Estaria o garoto sendo contagiado ou algo acontecera na relação daqueles dois para fazer com que Jin o chamasse pelo apelido?

Acenei com a cabeça, tentando descartar aquele sentimento idiota que se apossara de mim. Ciúmes? Eu? Claro que não.

Consegui levar Tae para cima sem problemas, parando apenas quando ele se deteve ao ver minha mãe na sala – conversando com JongIn, cujos dois pareciam amigos de escola mais que qualquer coisa. Kai era apenas 14 anos mais novo que minha mãe, afinal de contas. – e a abraçou com força, logo fazendo o mesmo com meu irmão.

Fomos juntos até o banheiro de minha mãe, deixando a caixinha ali, e seguimos para meu quarto, onde todos os outros deviam estar, Tae em meu encalço como a criança que ele, eu, e o mundo inteiro sabia que era.

Assim que entrei em meu quarto, notei – desagradavelmente – que aquele meu pensamento inusitado sobre o banho de JungKook e JiMin provavelmente era verdade, já que nenhum dos dois se encontrava no quarto, e a porta do banheiro estava fechada.

Notei também, com certo desgosto, o que fizera Tae travar no exato momento em que entramos no quarto: Hope, que provavelmente estava ali desde antes de chegarmos à casa, estava todo espalhado em minha cama, olhando para o nada, enquanto Suga, também deitado ali e usando minhas roupas, mexia no celular.

Seria uma cena normal, principalmente para um grupo tão unido – e tão viado – quanto o nosso – me retire do “viado”, ok? –. Mas eu sabia que ver Suga e Hope sozinhos, numa cama, mesmo que claramente não tivessem feito nada, provavelmente era demais para o cerebrozinho ciumento de TaeHyung.

Eu não o culpava, em parte, afinal de contas, ele mesmo conhecera Hobi quando o garoto era um dos garotos de programa de YoonGi, então eu, de certa forma apoiava Tae quando situações como essa aconteciam.

- Suga. Levanta daí, criatura. – Chamei pelo platinado, que levantou os olhos para me mirar entediado, mas cujos olhos se iluminaram em compreensão quando eu apontei levemente com a cabeça para o garoto ao meu lado, que olhava para Hope (que recentemente o notara ali) com um olhar um tanto quanto assassino, apesar de choroso.

YoonGi se levantou da cama, suspirando e indo até o meu lado, ambos saindo do quarto e deixando para Hope segurar a barra do muito provável futuro chilique e/ou crise de choro do namorado.

Descemos, e Suga nem pensou quando se jogou no sofá ao lado de meu irmão e minha mãe, voltando ao celular – eita vício – enquanto eu voltava à cozinha.

Me aproximei do balcão sem fazer barulho, colocando os cotovelos sobre ele e apoiando meu rosto em minhas mãos, observando Jin, que fazia algo de costas para mim.

Soltei uma risada silenciosa quando o garoto sobressaltou ao me ver ali quando se virou para a bancada para fazer alguma coisa.

- Meu Deus do céu, NamJoon. Assim eu morro do coração. – Sua expressão era calma, assim como seu sorriso, porém, quando ele reclamou, me fazendo rir mais uma vez.

- Desculpe. – Ri de novo, sem fazer barulho. – Voltei.

- Bem vindo de volta. – Ele sorriu minimamente para mim antes de voltar sua atenção ao que fazia.

- O que está fazendo? – Olhei curiosamente sobre seu ombro, para o fogão, de onde exalava um cheiro absurdamente bom.

- Tae pediu salada de frutas. – Jin balançou a faca que segurava, e eu olhei para o que ele preparava na bancada, me surpreendendo com a capacidade daquele garoto fazer até um amontoado de frutas parecer a melhor refeição do mundo. – Mas como está tarde, fiz algo para os que quiserem comida de verdade. – Apontou com a mesma faca para o fogão, cujas panelas ainda eram um mistério para mim, mas o cheiro me atraía de forma absurda.

- Desde quando chama Tae pelo apelido? – Perguntei, lembrando da questão que surgira em minha mente antes. Jin encolheu os ombros.

- Ele me pediu.

- Quando eu te pedi, você não parou de me chamar de “NamJoon ah”. – Fiz o que seria quase um bico chateado, tombando a cabeça levemente para o lado.

- Claro, Tae é fofo, você não. – Jin sorriu abertamente ao dizer isso, e eu franzi o cenho.

- Vou encarar como um elogio.

- Não era para ser, mas tudo bem. – O sorriso de Seok era divertido quando ele encolheu os ombros, e eu franzi o cenho. – Estou brincando. – Riu quando fiz careta. – Você é muuuito fofo. – Falou, fazendo uma vozinha de criança enquanto apertava minha bochechas.

Olhei indignado para Jin, que ria de forma gostosa, parecendo achar imensa graça meu desgosto ao ser chamado de fofo.

Observei-o sorrir abertamente por mais um tempo, até que se sentiu incomodado comigo o encarando e perguntou um “o que foi? Tem algo na minha cara?”, me fazendo sorrir, logo levando uma mão ao seu rosto, apertando e puxando sua bochecha, fazendo-o choramingar.

- Não aperte mais minhas bochechas assim. Nunca mais. – Olhei-o sério, mas a risada (que ele tentou segurar a princípio, mas acabou por liberar, rindo daquele jeito estranho que lembrava a uma foca) me pegou desprevenido, me fazendo chamá-lo de “estranho” antes de rir junto a ele.

- Onde estão os outros? – Perguntou, parando de rir.

- Suga está na sala, minha mãe e Kai também. – Contei-lhe. – Tae e Hope provavelmente estão tendo uma DR meio violenta, e não me pergunte o que JiMin e JungKook estão fazendo trancados no meu banheiro, eu não quero imaginar.

Jin deu uma risadinha, logo me olhando divertido.

- Sobre JiMin ah e JeongGuk ah, você tem razão sobre ser melhor não pensar. – Soltou uma risada nasal. – Mas sobre noona e JongIn hyung estarem na sala, acho que você errou. – Apontou para trás de mim quando franzi o cenho.

Me virei, vendo minha mãe e Kai amontoados na porta da cozinha, a mais velha com uma careta para Jin.

- Poxa, Jinnie! Há quanto tempo sabe que estamos aqui? – Ela saiu de cima de Kai, que estava abaixado, sustentando um pouco de seu peso nas costas, observando-nos provavelmente por idéia dela.

- Desde que chegaram. – Jin sorriu.

- Aish. – Minha mãe se aproximou da mesa da cozinha, mas logo abriu um sorriso. – Agradeço tanto por você não ser cu doce como meu filho e me deixar observar seus momentos bonitinhos juntos. – Disse, sorrindo um tanto sonhadora para Jin, que apenas esticou os lábios num sorriso gentil. Eu sinceramente ficaria com medo, ela parecia uma maníaca assim.

- Ué, não vai negar, Mon? – JongIn parecia se divertir quando se sentou à mesa. – Pelo que eu soube, você não perde oportunidades de retrucar essas coisas. – Olhei para ele por um momento, imaginando quanta merda minha mãe tinha dito para ele, e acabei por suspirar, dando de ombros.

- Não adianta. Minha mãe provavelmente acharia até assassinato bonitinho se fosse feito por mim e Jin juntos. – Suspirei de novo. Aquilo viera aleatoriamente à minha mente, mas era bastante provável de ser verdade.

- Que blasfêmia. – Minha mãe não parecia nada ofendida, porém, quando levou a xícara de café à boca. – É isso o que eu recebo por apoiar os relacionamentos de meu filho?

- Nós não estamos num relacionamento, mãe. – Disse, cerrando os dentes, torcendo para não perder a paciência. Ela, porém, apenas dispensou minha fala com um aceno da mão, como se pouco importasse o que eu falava.

- Você vai ofender Jinnie se continuar assim, Joonnie. – A mulher me olhou, me repreendendo.

Olhei imediatamente para Jin, que tomava algo que parecia leite em sua xícara, apoiado no balcão ao meu lado. O garoto me olhou alarmado, negando afobadamente, um leve bigode de leite em seu lábio superior deixando-o com um ar infantil adorável.

Sorri, tanto de sua afobação quanto de seu bigode branco, que foi limpado assim que alertado por mim.

Apesar de ter achado a cena divertida, não pude deixar de me incomodar com a fala de minha mãe. Eu estava sempre tão preocupado em negar todas as especulações sobre nós e sobre minha própria confusão de sentimentos, que nunca havia parado para pensar sobre o que Jin pensava daquilo tudo. Ele não reclamara sequer uma vez, apesar de se mostrar envergonhado algumas vezes, e ele retribuíra aquele beijo, certo? Podia ter sido apenas o momento, mas o que eu faria se ele estivesse desenvolvendo algum sentimento por mim?

De repente negar e terminar todo aquele rolo me pareceu muito mais impossível do que já parecia.

Preso naqueles pensamentos, me peguei imaginando se Jin se sentia tão estranho quanto eu com aquilo. Digo, as sensações que tivera com ele foram, em grande parte, novidade para mim. Nunca me sentira daquela forma – feliz e confuso, frustrado e satisfeito – com mais ninguém que conhecera, mulher, homem ou o que fosse.

- Ah! Que cheiro maravilhoso. – Meus pensamentos se quebraram como vidro fino pela voz de JiMin no recinto, e olhei para ele e JungKook, que vestidos em roupas minhas entravam na cozinha com os cabelos úmidos brilhando ao refletir a luz do cômodo ensolarado.

- Vocês limparam o meu banheiro, né? – Perguntei, sem rodeios, observando-os me olhar confusos ao chegarem ao balcão em que eu e Jin estávamos apoiados. – Ah, façam-me o favor, vai me dizer que tomaram banho juntos, demoraram um século trancados lá dentro e não fizeram nada? Eu não nasci ontem.

JiMin me encarou com a boca aberta, enquanto JungKook corava mais que um tomate e o resto dos presentes ali pareciam fazer um esforço enorme para não rir. Até mesmo Jin parecia segurar o riso com dificuldade.

  - Nós não- – JiMin tentou.

- Nem vem, Baleia. Eu estava do lado, sou testemunha. – Deixei que um pouco de minha risada escapasse quando a voz de Suga soou no recinto, ele fazendo uma expressão de vítima escandalizada. E aquilo foi o suficiente para que minha mãe começasse a gargalhar, mais alto que qualquer um ali, da situação do casalzinho em questão.

Até mesmo JongIn, que custava para cair na gargalhada – mas quando caía, ninguém parava – não parecia conseguir respirar pelas risadas.

Eu me divertia, mas estava muito menos barulhento que minha mãe ou meu irmão, ou até Suga, que se sentara à mesa ao lado de minha mãe.

Ri, divertido, olhando para Jin, que não entrara no “modo foca”, mas que parecia bastante entretido, e provavelmente só não estava aos risos em respeito à JungKook, que parecia desejar nunca ter nascido.

- Como vocês conseguiram passar pela linha de fogo do Tae? – Suga perguntou, se dirigindo ao casal ali presente, quando as risadas cessaram aos poucos.

JiMin olhou curiosamente para Suga.

- Nós esperamos os gritos dele pararem para sairmos do banheiro. – Informou. – E quando saímos o Hope já tinha dado um jeito. – Sorriu. – Tae é arisco, mas se você der o carinho certo, ele acalma.

Soltei um riso nasal pela definição. Era a exata retratação de Tae.

- Desde que eles não usem minha cama nem meu banheiro, eu estou bem. – Alfinetei JiMin, que me olhou, com um bico chateado.

- Não nos compare com o casal fogoso aí. – Virei-me já com a expressão divertida no rosto ao detectar a voz de HoSeok, que acabara de chegar ao lado de Tae. – Nós somos bem mais discretos.

- Não sei por que, mas tenho a leve impressão de que você trocou suas falas com as do JiMin, Hope. – Suga alfinetou, me fazendo rir alto. Realmente, ouvir Hope chamar outras pessoas de “fogosas” e se dizer discreto fora a cena mais cômica daquele dia.

- Kai hyung! – Hope gritou após mandar Suga e eu irmos nos foder. Largou a mão de Tae (corajoso) e pulou encima de meu irmão, abraçando-o. – Tae tinha me dito que estava aqui. Que saudades! – O Cavalo não parecia caber em si de tanta alegria.

- Todos parecem gostar muito dele. – Olhei para Jin ao ouvi-lo falar. Sorri, acenando com a cabeça.

- Eles o respeitam. – Mantive um sorriso na boca ao observar Suga tirar Hope de cima de JongIn, alegando que ele também queria entrar no modo “garotinha apaixonada pelo Kai oppa”, fazendo tanto Kai quanto minha mãe e JungKook rirem alto. – Principalmente JiMin e Hope.

- Respeitam? – O garoto se mostrou confuso.

- Aquele cara. – Apontei para Kai com o copo de suco que segurava. – É um dos melhores dançarinos que vai encontrar em toda Seul. – Jin se mostrou impressionado, e eu sorri. – Mesmo que ele tenha largado a dança profissional, ele ainda consegue arrebentar algumas batalhas se quiser.

- Entendi. – Jin sorriu, me retribuindo. – Os garotos o olham como se ele fosse uma celebridade.

- Algo como isso. – Dei de ombros, achando divertida a expressão de Jin, que parecia se esforçar para entender algo e agora se aliviara por ter conseguido. – Ele foi um dos criadores do Lux, sabia?

- O Lux? – O garoto arregalou os olhos.

- Sim. Ele, Jack, Manny e alguns outros, pegaram o terreno abandonado da antiga sede da empresa dos pais de outro dos garotos que criaram, Oh SeHun, e fizeram o Lux.

- Nossa. Por isso gosta tanto de lá? – Sorriu para mim, que emiti um “hã?”, sem entender. – É uma ligação com seu irmão. – Justificou, sorrindo compadecida e gentilmente.

Soprei um riso, olhando para JongIn, que ria de algo que Suga dissera.

- É, talvez seja isso.

- Me ajuda a servir eles? – Jin se virou para mim, e eu aceitei sem pestanejar, ajudando-o a servir as porções e levá-las para a mesa, onde todos se encontravam.

- Que fofo, parecem um casal de recém-casados. – Ignorei essa e muitas das outras alfinetadas não só de Suga, como de todos ali presentes, me mantendo fazendo tudo o que Jin me indicava.

- Jinnie, apenas peça para que ele tome cuidado com a minha louça. – Ignorei a maioria dos comentários de minha mãe também.

- Vamos, Tae. Você não vai comer salada de frutas se não comer comida antes. – E claro que ignorei o drama de Tae, que se recusava a almoçar, e cruzara os braços e fechara a boca num bico enquanto Hope já apelava em dar-lhe comida na boca para fazê-lo comer, sem sucesso.

- Tae. Se você não comer, além de eu ficar muito triste, nunca mais vou fazer doces pra você. – Tudo bem, não ignorei tanto quando Jin olhou Tae seriamente, conseguindo que o garoto o obedecesse de imediato.

É, parece que não era apenas em mim que funcionava o “cala boca, faz o que eu digo” de Jin.

 

 

 

 

 

- Qualquer coisa, eu vou estar em Miami, aproveitando minha vida de solteira sem filhos. – Revirei os olhos num sorriso pela fala de minha mãe, que estava no portão, terminando de dar “tchau” para todos.

- Todos já entendemos que você está super animada pela proposta que recebeu nos EUA para esse verão, mas não precisa sair gritando por aí o quanto quer se livrar de mim, mãe. – A seriedade de minha acusação, porém, se apagava em contraste ao meu sorriso divertido. Eu podia não estar muito feliz por estar indo para onde estava indo, mas aquele verão, com os garotos e JongIn hyung presentes, seria no mínimo melhor que os outros.

- Que isso, Joonnie. – Minha mãe fez um biquinho. – Mas é claro que preciso. – Seus lábios finos se curvaram num sorriso, e Suga riu alto ao meu lado enquanto se esforçava para subir na caçamba da caminhonete.

Fiz uma careta antes de pular para a caçamba também, sentando ao lado de Jin, que sorriu para mim.

Os outros iriam dentro do carro.

Se você está se perguntando “Ah, mas os bebês chorões e irritantes Tae, JiMin, JungKook e Hope não quiseram ir na caçamba?”, minha resposta será: Sim! Eles queriam! Mas estavam brigando tanto para decidir quem seriam os três lá atrás (JongIn disse que seria melhor o menor numero possível de pessoas lá atrás, ou seja, apenas os que não cabiam na cabine), que minha mãe se enfezou e mandou os únicos três que não estavam nem um pouco interessados no lugar na caçamba irem na mesma.

Sim. Eu, um Suga muito revoltado por ter que abrir mão do banco do passageiro e um Jin que parecia apenas achar infinitamente divertido observar aquelas rixinhas de longe, iríamos por todo o caminho até Tongyeong no vento frio da maldita caçamba.

Não antes sem passar na casa de cada um dos indivíduos que estavam naquele carro. Com exceção de Jin (que os garotos que tinham seu “tamanho”, como Hope e Tae, ofereceram roupas emprestadas) e JungKook (que estava aparentemente acampando na casa de JiMin, e portanto tinha suas coisas lá).

- Ok, esperem só um minuto. – Tae alertou ao sair do carro que estacionara em frente à sua casa (umas três ou quatro casas depois da minha). – SeokJin hyung, desça comigo, vamos pegar suas coisas.

Jin acenou com a cabeça, observando que não eram “suas coisas”, mas agradecendo da mesma forma.

Os dois demoraram bem mais que um minuto.

E Tae saiu de casa com bem mais que o que seria aparentemente necessário para os dias que passaríamos fora.

Em seguida fomos para a casa de JiMin (e JungKook, temporariamente), que ficava quase em frente à de J-Hope, o que fez, portanto, que os três saíssem do carro.

HoSeok tinha enfiado na cabeça que queria emprestar roupas à Jin também, mesmo que este alegasse já ter pego o necessário com Tae.

No fim, JiMin e JungKook voltaram com suas coisas e Hope não havia nem saído. Tive (tive mesmo) que acompanhar Jin, que acompanhou Hope para dentro da casa do mesmo. Cumprimentei rapidamente a irmã de Hobi, que estava na sala, e acompanhei os dois até o quarto de HoSeok, que estava limpo e organizado (apesar de meio atolado de coisas) como de costume.

Não fiz questão de cumprimentar a mãe de Hope, que eu sabia estar no escritório.

Evitara aquela velha por toda a infância, e não ia ser agora que ia mudar esse hábito.

Depois de uns bons quinze minutos de muita – muuuita – paciência com HoSeok, que não se decidia entre levar a calça jeans preta ou a azul (ele acabou levando as duas, por gentil sugestão de Jin – eu havia sugerido diversas vezes, mas ele não parecia interessado em me dar ouvidos), conseguimos voltar ao carro, e me contentei em ouvir superficialmente a bronca que Tae dava no namorado de dentro da cabine.

 Por fim, chegamos à casa mais distante da minha na rua: a de Suga, que pulou da caminhonete sem falar nada, entrou em casa sem falar nada e voltou ao carro depois de cinco minutos sem falar nada.

Já falei o quanto adoro Min YoonGi e seu jeito completamente ‘foda-se o mundo’?

Enfim, eu – e creio que JungKook, JongIn e Suga adorariam se juntar à minha causa – dei aleluia ao Deus em quem não acredito por finalmente estarmos finalmente saindo de Seul.

Na estrada eu me contentei com o fato de ser verão e o sol estar ainda alto no céu (esse fora um dos motivos da demora de TaeHyung e Jin: o mais novo insistira em passar protetor em Jin, já que ele iria se expor ao sol por muito tempo e tinha a pele “clarinha e linda”), porque senão eu provavelmente estaria morrendo de frio naquele vento absurdo.

Suga reclamara pelo que pareceram horas, até aceitar – ou nem tanto – sua condição e colocar os fones de ouvido, ignorando a tudo e a todos.

Depois de muito tempo sentado, minhas pernas começaram a reclamar, e foi com certa dificuldade que consegui me levantar e me apoiar no ferro que ficava atrás da cabine, sentindo com satisfação o vento retirar os cabelos de meu rosto ao invés de colocá-los sobre ele, como viera fazendo toda viagem por eu estar de costas para nosso curso.

Fechei os olhos, aproveitando aquela sensação.

Era como se tudo fosse embora com o vento – menos o formigamento de minhas pernas, ele continuava ali, firme e forte. Filho da puta. – : todos os problemas e preocupações pareciam algo distante, que ficara para trás em algum lugar da estrada.

 Abri os olhos ao sentir a movimentação ao meu lado, e notei, com um certo fascínio pelos olhos recém abertos, Jin de pé ali, imitando o que eu fazia a poucos segundos atrás.

A luz do sol, que me incomodava por minhas pupilas estarem desacostumadas pelo tempo de escuridão, batia em seus cabelos escuros quase como uma cascata dourada, seus fios se rebelando atrás de sua cabeça de forma frenética e louca.

Os olhos estavam fechados, os lábios recurvados num fino sorriso sem dentes, e a expressão em seu rosto transpassava não apenas calma, como também uma felicidade impagável.

Vê-lo daquela forma, parecendo mais vivo que em qualquer outro momento que eu já havia presenciado, sem duvidas me pegou de surpresa, e me rendeu alguns minutos em estado de completa admiração vegetativa.

Sim, eu provavelmente estava parecendo meio idiota enquanto o olhava, mas como eu me parecia não era nem de longe minha maior preocupação no momento.

Saí de meu estado de transe quando o vi abrir os olhos, se virando para mim com expressão divertida.

- Eu me levantei pra te chamar de louco e te mandar sentar, mas isso é completamente incrível. – Seus olhos tinham um brilho de animação maníaca que me assustou a princípio, mas que em seguida conquistou meu afeto.

Decidi que gostaria de vê-lo daquela forma – entusiasmado e encantado – mais vezes.

Sorri para ele, que me encarava profundamente com os olhos brilhantes, os cabelos se adiantando sobre seu rosto de tempos em tempos.

- Feche os olhos. – Disse, decidido a manter aquela expressão de encanto em seu semblante, nem que fossem por mais alguns segundos.

O garoto pareceu confuso, mas fez o que mandei sem pestanejar, virando o rosto para frente de novo, suspirando ao sentir novamente toda aquela sensação percorrer-lhe as veias.

Me posicionei atrás dele, sem apoio de nada além de minhas pernas – já não tão forminguentas – na caçamba da caminhonete.

- Solte as mãos, estique os braços. – Pedi, próximo de seu ouvido, sentindo-o arrepiar, mesmo que não o tocasse.

Ele hesitou por um momento, logo soltando o aperto que seus dedos faziam no metal e esticando timidamente os braços.

Uma lufada de vento, que atingiu ele de forma forte pelos braços abertos, o levando para trás, fez com que seu corpo fosse levemente de encontro ao meu. Senti-o ficar estático, e coloquei as mãos no metal, cercando seu corpo, apoiando seu tronco com o meu.

Proferi um “calma” quase sussurrado, e devo admitir que talvez precisasse me acalmar muito mais do que ele precisava.

O garoto pareceu relaxar aos poucos, abrindo novamente os braços e respirando fundo, seus olhos nunca sendo abertos seu rosto com o brilho calmo que o deixava parecendo dez anos mais novo.

Nossos corpos quase não se tocavam, mas tinham uma distância inquietante, que com um simples empurrãozinho centímetrico se partiria em milhões de pedaços. Meus braços, dos lados de seu tronco, sentiam o pano da camiseta que ele usava bruxulear na pele; seus cabelos tocavam meu rosto por vezes, pinicando de forma agradável.

Fechei os olhos também, aproveitando a sensação de seu corpo entre meus braços, tão próximo que poderia queimar, mas ao mesmo tempo dolorosamente longe, por minha consciência que não me permitia abraçá-lo.

Seu corpo se encontrou com o meu de forma leve diversas vezes, me fazendo sentir diversas vezes como se um vulcão entrasse em erupção em meu cérebro, os efeitos da explosão correndo por meu corpo, até a ponta de meus dedos agarrados ao metal morno.

- SeokJin, assim, só um conselho amigo: Se você não quiser ser estuprado, acho melhor sair daí. – Todas as sensações ou pensamentos que passaram por minha cabeça quebraram numa chuva de estilhaços ao ouvir a voz morta atrás de nós na caminhonete.

Olhei para Suga, desejando com todas as forças que olhares fossem capazes de matar alguém. Meu amigo sorriu, cínico e divertido, dando de ombros como quem não quer nada.

Tirei uma das mãos do metal, para me virar para YoonGi. Jin se encolheu um pouco, sem sair de onde estava, mas olhando para o branquelo também.

- Olha, se eu fosse vocês, me segurava melhor. – Suga nos ofereceu seu sorriso gengival, ignorando a situação desconfortável. – Parece que o estômago de JiMin decidiu dar as caras. – Ele justificou-se sob meu olhar confuso, apontando com o queixo para a parada de estrada para a qual estávamos claramente nos dirigindo.

Me segurei com certa afobação quando o carro deu um solavanco de leve ao sair da estrada, notando apenas depois que talvez ter colocado a mão de volta a onde estava antes não tivesse sido a melhor das idéias: Jin, que se virara para falar com Suga, ainda estava entre meus braços, mesmo que eu tivesse esquecido desse fato por um segundo de desespero instintivo de sobrevivência, e agora eu tinha a leve impressão de que nosso rostos estavam próximos demais para o que seria considerado saudável para minha sanidade.

Arregalei os olhos, e ele fez o mesmo. Nos mantivemos estáticos por um segundo, antes que eu retirasse os braços do redor de seu corpo, murmurando um “desculpe” e me sentando novamente.

Ele hesitou por um momento, logo se sentando também enquanto sentíamos o veículo sacolejar e parar.

Ouvi as portas sendo abertas, e Tae gritando algo sobre suas pernas já não saberem como se andava. Só levantei o rosto, porém, quando vi com o canto do olho uma figura saltar sobre a caçamba, ficando de pé na roda e se apoiando acima de mim, ao meu lado.

- Como foi a viagem aqui atrás? – Hope perguntou, animado.

- Ah, foi ótima. – Olhei para Suga, que respondera num tom que eu sabia que viria merda. – Não dá pra ver o candelabro que eu me tornei? – Abriu os braços, como que expondo o fato de ter virado uma vela humana.

Hobi riu alto, chamando Tae, que felizmente já estava na porta da estação de lojas, ao lado de Kai, JiMin e JungKook, e gritava para que deixássemos de ser lerdos e fôssemos logo comer.

Soltei o ar de forma aliviada por ter me livrado da zoeira (ao menos por enquanto), vendo Suga se levantar da caçamba e seguir Hope – que corria até o namorado – andando. Me levantei, olhando para Jin e estendendo a mão depois de um momento de hesitação.

Ele agarrou minha mão, e o levantei sem problemas, e sem olhar para seu rosto. Dei dois passos e coloquei a mão sobre a parede da caçamba, saltando por cima da mesma e me virando para olhar Jin assim que aterrissei no chão.

Sorri, oferecendo a mão para que ele descesse também, e apenas sorri mais quando ele me ofereceu um sorriso travesso e, ignorando minha mão estendida, saltou do veículo, parando um tanto encurvado ao meu lado, logo arrumando a postura e me olhando com o mesmo sorriso travesso e alegre.

Soltei um riso nasal, indicando com a cabeça que entrássemos atrás das bixas escandalosas que chamávamos de amigos.

Posso dizer que eu era só sorrisos quando andei até o estabelecimento ao lado de Jin.

Deuses, eu estava fodidamente na dele. Só faltava notar isso.

 

 

 

 

- Não conseguem ficar por um segundo sem se encarar desse jeito? – Tae fez uma careta na mesa em que estávamos, todos os oito, comendo. – Sério, isso além de ser estranho me faz sentir um intruso nas conversas mentais íntimas de vocês. – Torceu o nariz, fazendo todos soltarem risadinhas baixinhas. – Parem, por favor.

- Viu? Eu não sou o único. – JiMin olhou para o namorado como se dissesse “viu? Eu te disse”.

JungKook bufou, a expressão divertida tirando qualquer possível irritação de seu semblante.

- Vocês não cansam de cortar os climas deles? Decidam-se de uma vez. – O mais novo ali levantou a sobrancelha, entre o incrédulo e o divertido. – Vocês querem eles juntos ou não?

- Ah, eu acho lindo eles se amando desse jeito e tudo o mais. – Tae falou alto, parecendo indignado pela observação de JungKook. – Mas eu sinto como se eles tivessem o próprio mundinho deles onde todos nós não importamos nem um pouquinho-

- E isso é demais para sua personalidade egocêntrica, não é Tae? – JiMin alfinetou. O garoto olhou para ele com o olhar de uma diva olhando para um inseto.

- Claro. – Suas sobrancelhas se curvaram numa expressão de “really nigga?”, eu estava quase esperando que ele jogasse os cabelos para trás e tirasse o salto quinze da bolsa. – Enfim, eu só me sinto desconfortável... É como se eles estivessem transando ou algo assim. – Torceu o nariz, mostrando a língua, fazendo todos rirem (alguns engasgando com a bebida) imediatamente.

Olhei para Jin, que, como eu, apenas observara as galinhas galinhando após termos nossa – mais uma – troca de olhares quebrada. O garoto tinha as bochechas levemente coradas, mas fora isso parecia bastante confortável, a expressão inabalável de alguém a quem não interessavam os assuntos mundanos.

Torci o nariz, incomodado. Eu já aprendera a lidar – e ignorar – com os surtos de bixa de meus amigos, mas não conseguia me sentir bem com aquele olhar de Jin; que o tornava mais frio, não menos atraente e menos...alcançável.

- A propósito, hyung. – Pisquei algumas vezes ao notar que Tae estava falando comigo. – Como se livraram do cimento? – Não me perguntem por que as pessoas na escola chamavam o senhor Jeon assim, nunca descobri.

- Boa pergunta. – Dei um gole no cappuccino de Jin, que protestou num balbuceio incompreensível, logo dando de ombros e deixando para lá. Olhei para JongIn, que sorria divertido com a cena. – Como nos livramos do Jeon?

Meu irmão sorriu sacana, colocando o copo de refrigerante que segurava na mesa e encolhendo os ombros.

- Digamos que o pai tenha alguns acordos com a empresa dos Jeon. – Ele parecia exalar inocência ao relatar, mas eu sabia que estava bastante satisfeito com suas ações sombrias. – Eu apenas usei de nossos benefícios.

- Em outras palavras: você ameaçou ele. – Hobi disse, parecendo querer permanecer sério, mas falhando miseravelmente. Kai olhou-o numa cara de cachorrinho sem dono, forçando-se para parecer ofendido.

- Ameaçar é muito forte. Foi uma negociação amigável onde ele não perderia nada suspendendo a detenção, mas perderia caso não fizesse isso. – O sorriso sacana voltou à sua expressão. – Eu lhe dei uma escolha.

- Isso pode ser considerado sim uma ameaça, sabia? Você pode ser preso por exploração. – Suga observou, divertido.

- What the fuck, cara? – JiMin olhou para Suga com um deboche divertido na expressão, fazendo Kai mostrar a língua, travesso, e todos rirmos.

Observei JongIn desviar as atenções da conversa para pegar o celular no bolso, atendendo a chamada que recebera. “Oi gatinho” Riu. “Desculpe”. O sorriso não sumiu enquanto ouvia a voz do outro lado da linha, até dar espaço a uma expressão mais séria. Acenou com a cabeça. “Ok, entendi”. Desligou a chamada.

- Temos que ir, pessoal. – Informou, guardando o aparelho no bolso.

- Por quê? A esposa mandou? – Perguntei, divertido.

Kai soltou um “muito engraçadinho”, cerrando os olhos ao me olhar.

- Sim. Soo pediu que não demorássemos para pegar a estrada, já que é melhor chegar de dia lá. – Falou, dando de ombros.

- Bem, não queremos deixar Soo esperando. – Suga se levantou primeiro (assustador, eu sei), sem perder a chance de alfinetar um pouco JongIn. – Vamos.

Conseguimos – depois de alguns problemas para fazer com que Tae parasse de reclamar por não querer voltar ao carro – pagar a conta – que ficou caríssima. Não era para menos, do jeito que esse povo comia – e voltar até onde a caminhonete estava estacionada.

- Eles já foram fora, agora é nossa vez. – Bufei ao ver Tae armar um bico e bater o pé por querer ir na caçamba. Ninguém merece universo, eu não sou obrigado a ouvir os surtinhos de birra do TaeHyung.

- Tae, Kai hyung já explicou que não é pra ir quatro atrás... – Hope começou, parecendo cansado.

- Na realidade, fora da cidade é mais tranqüilo. – JongIn sorriu para Tae, logo olhando para o grupo. – Só não fico muito seguro com o quarteto fogoso sozinho ali atrás. Sabe, eu não duvido de olhar para trás e ver o JiMin pulando do carro. – Completou num sorriso meio sem graça. Eu havia entendido, era uma preocupação válida.

- Ah, faça-me o favor. – Suga resmungou. – Eu cuido das crianças. Não faço questão de ficar perto do casalzinho ali de novo não. – Apontou para mim e para Jin, apertando os olhos, parecendo começar a se irritar. – E já temos claro que TaeHyung e JiMin não vão abrir mão da caçamba. – Olhou de lado para os dois citados, que negaram energeticamente com as cabeças, parecendo duas crianças animadas (o que de fato eram). – Viu? Eu vou atrás com eles. Pode deixar que não vou deixar ninguém pular do carro. JungKook pode me ajudar, né? – O garoto acenou com a cabeça, sério.

- Ok! Decidido então. – Olhei para cima ao ouvir JiMin gritar. Quando ele subiu ali? Ele estava segurando no metal atrás da cabine, o sorriso não cabendo no rosto. – Vamos logo, KyungSoo hyung está nos esperando.

Olhei para JongIn, que riu baixinho, dando de ombros e dando a volta no veículo enquanto os outros subiam na caçamba animados.

Olhei para Jin, que deu de ombros com um sorriso divertido nos lábios. Abri a porta traseira do carro, deixando o garoto entrar e logo o seguindo, ignorando os gritos de “ooolha como ele é cavalheiro! Não se deixe enganar, hyung, ele não é tão bonzinho!” de Tae e JiMin.

JongIn colocou seu celular no som do carro, e as caixas de som internas imediatamente começaram a tocar inúmeros e inúmeros álbuns de Michael Jackson durante toda a viagem.

- Hyung. – Chamei, notando subitamente algo. – Por que KyungSoo está lá? Digo, o velho... – Deixei a idéia no ar, ambos sabíamos o que aquele cara pensava sobre dois homens juntos.

JongIn suspirou pesadamente.

- Digamos que eu quero esclarecer algumas coisas, agora que vou ter essa chance. – Olhou para mim pelo espelho retrovisor. Seu olhar era duro. – É por isso que ele te quer ali também, Mon. Para esclarecer algumas coisas.

- Esclarecer? O que-

- Você vai entender. – JongIn dificilmente cortava as pessoas, e menos ainda sendo frio daquela forma, o que indicava que aquela conversa estava encerrada.

Depois disso, com apenas nós três ali dentro, sendo que dos mesmo eu era o mais inclinado às conversas – já viu o nível então –, e não estava afim de falar, o veículo ficou silencioso se ignorássemos a voz do Rei soando nas caixas de som.

Kai tinha os olhos na via, Jin olhava vagamente para a frente, parecendo estar longe dali, e eu, depois de encarar o perfil do garoto por um momento, virei meu rosto para a janela, me perdendo em pensamentos enquanto a paisagem passava aceleradamente no lado de fora.

Olhava algumas vezes para trás, em parte pela preocupação de JongIn ter me parecido muito sensata, e em parte porque era engraçado ver Suga olhando irritado para os garotos gritando (provavelmente cantando) juntos bêbados de animação, subindo na protuberância das rodas do veículo e pulando atrás da caminhonete.

Até mesmo JungKook parecia ter cedido às drogas de arco íris de Tae e Hope, e era segurado pelo namorado enquanto abria os braços com um sorriso gigante no rosto onde sorrisos eram raros.

  A cena de JiMin e JungKook me fez lembrar de mim e Jin ali, quase da mesma forma, o que me fez quase saltar de susto quando senti o peso de sua cabeça sobre meu ombro. Olhei para ele, que notei estar dormindo, ressonando baixinho.

Meus olhos arregalados deram lugar à uma expressão muito mais gentil, que já era normal se instalar em meu rosto quando aquele garoto estava por perto.

Desviei o olhar de seus fios negros sobre meu ombro ao ouvir uma risadinha de JongIn, cujo olhar divertido capturei no espelho retrovisor. Levantei a sobrancelha, inquisidor, e desviei o olhar para a janela novamente, ignorando meu irmão, que soltara outra risadinha.

Acabamos por chegar à casa enorme – grande demais, para meu gosto – de veraneio de meu pai no fim de tarde, e suspirei aliviado por poder mexer as pernas quando o carro parou.

Jin havia acordado alguns minutos antes de chegarmos, a tempo de ver a rua ladeada de árvores que subia a pequena colina onde a casa ficava encima, dando visão para o mar ao longe, após a cidade.

Ele saiu do carro depois de mim, que fechai a porta depois, me dirigindo para a caçamba, onde os garotos gritavam animados pelo tamanho da casa, onde nunca haviam estado antes.

Peguei minha bagagem, sendo imitado por todos e depois de um tempo todos estávamos na porta da quase mansão – se não isso – que se abriu no exato momento que JongIn levou a mão para a maçaneta.

Ao ser aberta, a porta expôs um garoto branquinho, mais ou menos da altura de JiMin, com os cabelos negros brilhantes, que levantou o olhar – perdido no momento – para nós, me surpreendendo pelo tamanho de seus olhos, completamente negros, que lembravam aos de uma coruja: inteligentes e atentos.

 Os lábios carnudos do garoto se curvaram num sorriso tímido, seus olhos se fixaram em JongIn, e eu soube imediatamente quem era o garoto cor de leite. Suas orbes brilhavam de uma forma que eu sabia o que significava; era o mesmo brilho dos olhos de JiMin para JungKook, ou de Lay hyung para Kris.

- Já estava ficando preocupado com essa demora. – Tombou levemente a cabeça, ainda olhando para JongIn, que riu baixinho.

- Você se preocupa demais. – Inclinou o rosto, selando rapidamente os lábios de KyungSoo, que deu-lhe um tapa no braço, nos olhando com os olhos arregalados, aumentando o tamanho de seus olhos de forma um tanto assustadora, emitindo um “yah” repreensor para JongIn, que soltou uma risadinha.

- Não se preocupe hyung. – JiMin ofereceu um sorriso gentil para KyungSoo, que parecia bem envergonhado. – Nós jogamos para o mesmo time.

O namorado de meu irmão arregalou ainda mais os olhos, olhando para cada um dos presentes ali, como se perguntasse “todos esses?”, eu abri a boca para constar que era hétero, mas Suga me interrompeu:

- Não, Mon, você não é hétero. – Me olhou duramente, me fazendo olhá-lo escandalizado por ter prevenido qualquer protesto meu. – SeokJin não é uma garota. Então você não é hétero.

Assim que Suga terminou de falara, como se expusesse à uma criança que a terra era redonda – uma verdade que sempre estivera ali, mas que o cérebro da criança nunca havia pensado, afinal, ela andava ali, naquela superfície, não podia ser redonda – todos ali, com exceção de KyungSoo, que não entendera, explodiram em risadas.

Até mesmo Jin, com a mão sobre a boca, ria baixinho de minha expressão indignada.

- Tudo bem, tudo bem. Vamos entrar. – JongIn disse após cessar suas risadas.

KyungSoo deu passagem para todos ali, que entraram na casa, quase todos babando pelo tamanho do interior do imóvel.

- Eu sempre soube. – Suga começou. Ele não parecia impressionado como os outros, apenas olhava para as paredes com poucas decorações com sua cara entediada habitual. – O Mon é um playboy disfarçado que finge não ter dinheiro para não emprestar pra gente.

Bufei, ouvindo JiMin rir baixinho.

- Não é tão simples assim. – Disse.

- De fato não é. – Olhei para JongIn quando ele se manifestou, encarando-o por alguns segundos, dividindo o “segredo” que apenas nós naquele recinto tínhamos conhecimento.

- Ah, chegaram, finalmente. – Olhei para a porta à direita (que levava à sala de estar, e em seguida à sala de lazer – não me perguntem a diferença) e sorri para a figura magra ali. – KyungSoo estava quase tendo um treco. Eu estava a ponto de trancá-lo no banheiro para que pareasse de me incomodar. – Finalizou sua fala olhando para mim e sorrindo. – Olá, Nam.

- Yuri nonna. – Praticamente corri até a garota alta de pele morena como a minha, que correspondeu o abraço instantaneamente.

- Lembrou que a família existe? – Perguntou travessa, e eu sorri, quebrando o abraço, me lembrando da época em que Yuri não falava comigo em minhas idas à casa de verão por não “me aceitar” por ser filho de outra mulher, e não sua mãe. Havia alguns anos nos acertáramos, e eu apreciava quase tanto a presença de minha irmã mais velha quanto a de JongIn.

- É, de vez em quando vocês fazem falta. – Sorri, e fui retribuído.

- Innie. – Minha rima se dirigiu à meu irmão, que nos observava. – O pai pediu para ligar para ele depois. Parece que ele só volta amanhã.

- O velho não está aqui? – Perguntei, olhando de JongIn para Yuri, entre o aliviado e o confuso.   

- Ele teve uma emergência na filial da Tailândia. – Yuri justificou. – Iria voltar hoje, mas parece que só vem amanhã. – Disse tudo isso encarando JongIn, que tinha o semblante sombrio.

Ah, que ótimo, posso dizer que as expressões de meus irmãos não estavam de forma alguma me acalmando. Parece que a esperança de férias divertidas aproveitando – finalmente – todas as coisas que tinha naquela mansão fora pelo ralo.

Eu não sabia o que meu pai pretendia, mas não parecia agradar de forma alguma à meus irmãos.

Eu mereço.

 


Notas Finais


Algum Sone por aqui? Sim, Yuri linda é a irmãzinha deles \o/ eeeeh
Novamente, não vou demorar.
Só peço coments, porque eu amo coment. E agradeço o povo que comentou no passado (já já termino de responder todo mundo).
Enfim. Chu~


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