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História Dependence (Em revisão) - Problems of heterosexuality?


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Oieeee
Sim, eu sei que disse que viria no prazo, e eu VINHA, mas meu pai é aquele tipo de adulto que acha que computador é a pior criação da humanidade e começou com uma frescura de "uma hora e meia por dia". SIM, eu só posso ficar uma hora e meia no PC \o/ (merda). Enfim, ontem, eu fiquei o dia fora (fui arrastada pro carnaval --obrigada Mari, Camis), e quando voltei e fui terminar essa merda pra poder postar e dormir, meu pai vem com as putaria de "você usou o computador o dia todo, sai daí"...eu não sei que ilusão de ótica ele teve, mas eu nem tava em casa o "dia todo".
Eeeeefim, só queria me justificar. Eu não pude postar, então estou postando hoje.
Já é a segunda vez que tento postar. Essa internet naõ tá colaborando.

Espero que curtam ^^
Até lá embaixo.

Capítulo 17 - Problems of heterosexuality?


- Essa casa é muito da hora, hyung! – Tae tinha um sorriso que não cabia na cara quando subiu no cercado baixinho que havia em volta da piscina que ficava ao lado da casa. Depois do cercado, a colina tombava, fazendo com que se visse facilmente todo o mato se estendendo até a praia, e o mar em seguida.

- Sim, sim, eu já entendi. – Resmunguei ao sentir o sol em meus olhos ao sair da sombra da varanda da casa. – Agora quer fazer o favor de descer daí? Essa cerca não foi feita pra se brincar de macaco. Você vai cair.

O garoto olhou para mim com um bico no rosto, e antes que dissesse qualquer coisa, a voz de Yuri soou no quintal:

- Você diz isso agora, mas quem era o pirralho que não descia dessa maldita cerca sempre que vinha pra cá? – Perguntou, me olhando enquanto segurava um copo com bebida gelada, sentada na espreguiçadeira ao lado da piscina.

Olhei-a numa careta.

- Claro, eu precisava da cerca para subir na árvore. – Tae imediatamente olhou para o carvalho grande no canto do terreno. Afe, eu que não ia ficar resgatando a criança que sobe não consegue descer das árvores depois. Já tinha feito isso vezes o suficiente na vida. – E eu era uma criança.

- Eu sou uma criança! – Tae berrou, já se equilibrando na cerca em direção à árvore.

- Ah é? E eu sou um cara que não vai resgatar a criança quando ela começar a chorar pra descer da árvore!

Eu ia adicionar, ainda, que não ia me responsabilizar se ele caísse dali quando um berro vindo da casa me fez virar a cabeça para olhar a varanda, onde J-Hope observava divertido o pequeno espetáculo que KyungSoo fazia.

- NÃO. VOCÊ NÃO VAI ME OBRIGAR. – O garoto alvo agarrava-se ao pilar de madeira da varanda como se sua vida dependesse disso enquanto meu irmão puxava-o pela cintura fina, tentando tirá-lo dali. – EU NÃO ENTRO NESSA PISCINA, E VOCÊ NÃO VAI ME OBRIGAR.

- Ora vamos, KyungSoo. – JongIn parecia não conseguir se decidir entre se irritar e se divertir com a birra do namorado. – Você tem que socializar, pegar um sol.

- EU NÃO GOSTO DE SOL, E NÃO GOSTO DE SOCIALIZAR. ME DEIXA VOLTAR PRA CAMA, JONGIIIIIN. – Eu tentava segurar a risada, mas a cena de JongIn tirando o namorado do chão enquanto o outro se segurava com todas as suas forças ao pilar era bem cômica.

Me surpreendi de certa forma. Tanto no dia anterior quanto no café da manhã, KyungSoo me pareceu uma pessoa serena, dono de uma calma inabalável, e mesmo que ele fosse mais frio que Jin, me lembrava bastante ao mesmo.

Agora eu via, porém, que até mesmo ele tinha um lado mais manhoso, e estava achando infinitamente divertido ver meu irmão lidar com isso.

- Kyung, pare de fazer cena. – Kai ralhou, sem parecer irritado, porém. – Estão todos olhando.

- QUE BOM. ESTÃO TODOS VENDO SUA TIRANIA. – O garoto pareceu importar-se pouquíssimo sobre como estávamos admirando a ceninha. – ME DEIXA, JONGIN, EU NÃO QUERO FICAR PRETO IGUAL VOCÊ E SEUS IRMÃOS.

Assim que KyungSoo disse isso, tanto eu quanto Yuri gargalhamos alto, mas JongIn franziu o cenho, sorrindo de canto em seguida, descendo a cintura de KyungSoo até que ele voltasse a ficar de pé no chão.

- Se o problema é esse, todas as marias moles branquelas estão passando protetor lá dentro. – Abafei o riso pelo apelido que JungKook, Jin, Suga e JiMin haviam recebido. – Por que não se une a eles e vem para a piscina depois?

- Sim, deve estar uma festa de frangas passivas aquilo lá. – Soltei, rindo, sendo acompanhado por Yuri e Kai.

- Me chamou de passiva, boiola? – Suga surgiu na porta, entrando na varanda, sendo seguido por todos os outros que estavam dentro da casa. – Vem cá lá dentro que eu te mostro quem é a passiva.

- Ei, o moço dele tá aqui, Yoon. – Hope deu um tapinha no ombro de YoonGi. – Não mexe na propriedade alheia.

Suga forçou um bico, parecendo chateado.

- Mas todo mundo aqui é propriedade de alguém, e o Kai hyung e o Mon já me ameaçaram só quando eu disse que a nonna era bonita. – Yuri se encolheu levemente, e eu franzi o cenho para Suga. Minha irmã não, vaza.

- Falando em donos e propriedades... – JiMin começou, apontando para o canto do quintal, onde eu sabia estar o carvalho. O maldito carvalho. – Aquele ali não é o seu dono, Hope?

Todos olharam para onde o Park apontava, onde Tae havia acabado de subir num dos galhos mais baixos da árvore e acenava alegremente para todos abaixo. Soltei um suspiro longo ao mesmo tempo que Suga, que olhou para mim pensando a exata mesma coisa que eu: “De novo não.”

A verdade era que resgatar Tae das árvores em que ele insistia em subir mas nunca conseguia descer já era uma espécie de rotina para nosso grupo, desde crianças. E eu, por ter sido sempre o mais alto e o menos cagão, além de saber subir em árvores muito bem (não melhor que JiMin, mas ainda bem), sempre fui o responsável de descer o garoto aos berros da árvore.

Era só uma questão de tempo.

Contei mentalmente:

Um.

Dois.

Três:

- Hyuuuung. Eu quero descer! – Tae choramingou, a animação de um segundo atrás sumira sem dar notícias de sua volta, e o garoto parecia finalmente ter entendido que estava no alto de uma árvore velha e gigante na beira de um penhasco.

Ok, não era bem um penhasco, mas uma queda dali não seria legal, nem bonita.

Suspirei, olhando para o garoto, que se agarrava ao galho, parecendo temeroso.

- Eu te avisei. – Falei, andando, porém, até o carvalho, saltando na cerca e em seguida na árvore, chegando rapidamente onde Tae estava, feliz por ainda lembrar das manhas para subir naquela árvore em especial. – Vem, vamos descer. – Me segurei num galho acima de minha cabeça, estendendo a mão livre para que Tae segurasse, soltando do tronco ao qual se agarrava.

Ele fungou, se deixando puxar por mim. Descer não foi uma tarefa difícil, afinal, Tae sabia subir e descer de árvores, e eu sabia que aquele drama era apenas mais um de seus inacabáveis maus costumes para chamar a atenção, mas nunca hesitava em subir na maldita árvore e ajudá-lo. Eu fora um de seus mimadores mais presentes, afinal de contas. Aquela criança era minha responsabilidade.

Levei Tae pela mão até a beira da piscina, onde Hope, JiMin e JungKook já brincavam na água.

Deixei baby Tae com Hope, que daria conta de dar-lhe os mimos que merecia, e dirigi o olhar para a varanda, onde Jin parecera ter se oferecido para passar protetor solar em KyungSoo, que mirava um tanto chateado o chão, ainda não parecendo feliz em ter que socializar com o sol ou seja o que fosse.

- Ele é muito bonito, maninho. – Olhei de lado para JongIn, que estivera falando com Yuri e agora se postara ao meu lado, observando os dois na varanda.

- Está falando de KyungSoo hyung ou de Jin? – Perguntei, levantando a sobrancelha. Meu irmão deu uma risadinha, me olhando.

- Não. KyungSoo é lindo, claro que é. – Deu um sorriso meio bobo. – Mas eu estava falando de SeokJin. – Apertou os olhos pequenos num sorriso e eu mordi a língua para não responder “É, eu sei”. – Você tem que parar de bobear, Mon, senão vão pegá-lo e levá-lo pra longe.

- Por que todo mundo diz isso? – Perguntei, e meu irmão me olhou num sorriso compreensivo. Não sei o que ele estava compreendendo, porque a coisa que eu menos estava fazendo no momento era compreendendo alguma coisa.

- Porque ele é lindo. – Franzi o cenho, fazendo Kai rir curto. – Calma. Eu só estou expondo um fato. – Virou-se para olhar o garoto que agora passava protetor nas costas descobertas de KyungSoo, cujo corpo levemente definido lembrava fortemente a leite. – Mas eu acho que o que as pessoas querem dizer quando te dizem isso, é que você parece feliz com ele, e não querem te ver perdendo isso, então tentam te fazer deixar de ser trouxa.

- Nossa, isso foi muito agradável, obrigado. – Falei ironicamente, sem tirar os olhos de SeokJin, que ria de algo que KyungSoo dissera.

- Não era pra ser, mas fico feliz que tenha se sentido bem. – JongIn soltou uma risada quando o  olhei como se dissesse “really, nigga?”. – Qual é, Mon. Você está negando uma coisa que Deus e o mundo já comprovaram ser verdade, se joga cara.

- Eu não acredito em Deus, e não vou “me jogar”, obrigado. – Resmunguei, torcendo o nariz.

- Foda-se Deus, o mundo tá aí pra provar o quanto você está louco por esse garoto. – Meu irmão sorriu sacana e divertido.

- Eu sou hétero, JongIn. – Falei, seriamente, mesmo que tivesse dificuldade de me sentir sério falando aquilo.

- Ser hétero é superestimado. – Kai disse, estalando a língua. Se virou para mim. – Quem se importa se você nunca havia gostado de garotos? Eu só fiquei com garotas em toda minha vida, mas nunca me atraí de forma tão forte por alguém além de KyungSoo, por que gênero devia ser algo importante? – Suspirou. – Eu acho que você está sendo idiota, e qualquer dia vai olhar para trás e notar que deixou alguém muito importante escapar. – Colocou a mão em meu ombro. – Mas faça o que você quiser, eu vou tentar enfiar meu namorado na piscina. Boa sorte. – E correu até KyungSoo, que puxado por Seok fazia careta para entrar em contato com o sol.

Me mantive parado por alguns minutos, minha mente remexendo as palavras de JongIn, que queimavam possibilidades em minha cabeça.

Observei parado enquanto JongIn pegava KyungSoo no colo no estilo donzela, e o garoto estapeava seus braços por isso, amaldiçoando todas as gerações seguintes de meu irmão por isso e mandando-o colocá-lo no chão.

No fim, Kai conseguiu pular com KyungSoo em seus braços na piscina, e mesmo que o mais velho tenha cuspido bastante água e xingado bastante quando voltou à superfície, não largou do pescoço de JongIn, e mesmo que formasse uma carranca gigante quando lhe lembravam que ele devia estar irritado, ele claramente se divertiu.

A moda de “se jogar nos braços do namorado e pular na piscina” ficou particularmente popular entre TaeHyung e JungKook, que exauriram JiMin e Hope ao extremo de tantas vezes pedindo “de novo!”.

Eu observava a todos brincando com o olhar vago de alguém cujo pensamento estava longe, e não me surpreendi – não verdadeiramente – quando senti, num calafrio, a mão de Jin em meu braço.

Virei o rosto para olhá-lo, e me deparei com seus olhos me mirando de forma que eu apostaria como preocupada.

Ele abriu a boca, como se preparando para falar algo, fechando a boca em seguida, e logo abrindo-a de novo, suspirando quase inaudivelmente.

- Você está bem? – Acabou por perguntar. – Você parecia chateado com algo. JongIn hyung te disse algo ruim?

Mirei-o por um momento, analisando cada traço de seu rosto e expressão. Com qualquer outra pessoa, eu levantaria a sobrancelha e perguntaria se ela não tinha nada melhor para fazer além de se meter em meus problemas, mas aquele garoto...

Como ele conseguia parecer tão preocupado apenas por eu ter me mantido sério por um momento? Como uma pessoa conseguia ser tão perceptivamente gentil a ponto de se postar a ouvir os problemas de todos sem que tivesse nada a ver com os mesmos? Peguei-me me perguntando se ele se permitiria ser ajudado de forma tão fácil também.

Apostava que não.

Depois de observar-lhe todos os detalhes da face – que me parecia cada vez mais bonita. Até mesmo o canto da boca e o olho esquerdos levemente tortos me pareciam um charme – voltei a mirar seus olhos, que me encaravam ávidos e um tanto ansiosos.

Sorri.

- Sim, eu estou bem. – Passei minha mão por seus cabelos, ocasionando sua normal reação: olhos fechados, nariz torcido numa careta, pescoço encolhido, como que tentando fugir do toque. – Hyung apenas me disse algo que me deixou pensativo.

- Ele não o deixou irritado? – Levantou a cabeça, curioso, e eu neguei com a cabeça. – Você pareceu ofendido.

- Pareci? – Arregalei um pouco os olhos com sua afirmação. Sabia que devia parecer sério, mas em momento algum me irritei com as palavras de JongIn, além de como elas soavam irritantemente corretas. – Não era a intenção. – Disse num bico, e Jin me olhou mais uma vez, como se quisesse confirmar se o que eu dizia era verdade. – Ei, eu estou falando sério. Vai ficar duvidando de mim?

Ele me encarou mais uma vez, analisando a fundo minha expressão, que estava um tanto divertida por sua desconfiança. Por fim, suspirou, baixando os olhos e em seguida levantando-os, sorridentes outra vez.

- Está bem. Mas qualquer coisa, eu estarei aqui se precisar conversar. – Afirmou, passando por mim em direção à piscina.

- Espere. – Ele havia dado menos que um passo para trás de mim, quando parou ao meu chamado, virando graciosamente a cabeça para me ouvir. – Por que faz essas coisas? – O garoto franziu o cenho. Ok, talvez minha pergunta não tivesse sido muito clara. Tentei novamente: – Por que se dispõe a ajudar as pessoas desse jeito?

Os olhos de Jin brilharam, me compreendendo, e ele sorriu de forma fraca.

- Todos precisamos de ajuda em algum momento. É bom que tenhamos alguém disposto a dar essa ajuda. – Seus olhos ficaram ainda mais ávidos, mirando profundamente meus olhos. – E você me ajudou vezes demais. É o mínimo que posso fazer.

Se virou de novo, andando calmamente para a piscina, onde os garotos brincavam agora de briga de galo, e eu o observei sem reação por um instante antes de andar rapidamente até ele.

- É uma questão de retribuição de favores? Não pense que serão só esses que vai ter que retribuir. – Disse, o sorriso fraco estampado em meu rosto. Jin olhou para mim, me analisando, e sorrindo em seguida.

- É uma afirmação interessante. – Olhei-o com o canto dos olhos, estávamos a quatro passos da piscina. – Mas não duvido de você, Kim NamJoon. – Disse, e eu sorri. Aquilo era uma espécie de promessa escondida, e eu sabia que ele estava ciente disso. Uma promessa de que ainda passaríamos por muita coisa juntos.

Ele sorriu também, se virando rapidamente, ficando de costas para a piscina e deixando-se cair nela com uma expressão iluminada por diversão.

A água saltou em frente aos meus olhos quando o corpo do garoto foi ao seu encontro, e eu sorri, vendo-o emergir com um sorriso de olhos fechados, me estendendo a mão para que entrasse na água também.

Aceitei a mão, e me deixei puxar.

Se eu soubesse que aquela não seria nem de longe a primeira vez – e muito menos a ultima – em que eu me agarraria àquela mão, sem me importar com nada além de seu toque quente, eu talvez não tivesse me deixado cair nos encantos de SeokJin.

Mas eu já havia caído.

E seus encantos eram como o oceano: profundo, belo, com intermináveis riquezas e perdições.

Que me agarrariam para sempre.

 

 

 

 

- Yah! É a ultima vez que eu chamo vocês para comer, seus inúteis! – Minha irmã era a pessoa mais gentil do mundo enquanto ficava na porta da varanda aos gritos para tentar fazer com que eu, Hope, JiMin, Tae  e JongIn, que ainda estávamos na piscina depois dos outros voltarem para a casa; KyungSoo, Jin, JungKook e Yuri para fazer o almoço, Suga para dormir. Tae havia ido também, mas voltara pouco depois, alegando que estava chato e que ele preferia a piscina.

Eu suspeitava que Jin ou JungKook o tivessem tirado da cozinha, mas não disse nada.

- Olha quem fala! Ficou só olhando enquanto os garotos cozinhavam, aposto! – Devolvi, gritando também, a diversão estampada em meu rosto e minha voz.

- Eu espero que seja isso mesmo. – JongIn disse, ao meu lado, num tom normal. – Se Yu tiver cozinhado, eu vou encomendar pizza.

- Eu ouvi isso, Kim JongIn! – Yuri berrou da varanda. Ela não era de se irritar, mas deixá-la sem comida e ainda lembrar-lhe de seus dotes culinários que deixavam bastante a desejar (assim como os meus e os de JongIn. Uma marca de família, talvez?) não era uma boa idéia.

- Meninos, parem de implicar com a nonna. – Jin apareceu ao lado de Yuri, o cenho levemente franzido e os cabelos úmidos brilhantes. Parecia anormalmente autoritário. – E venham comer, senão vão ficar sem comida.

Tae, JiMin e Hope imediatamente apagaram os sorrisos de seus rostos e saíram da piscina em fila, abaixando as cabeças quando Jin mandou que se secassem antes de entrar na casa. Não pude deixar de pensar naquela cena como crianças obedecendo à sua mãe.

Soltei uma risadinha no exato momento que Jin virou o rosto em minha direção e apertou os olhos. Não apaguei o sorriso em meu rosto, mas saí da piscina imediatamente. Eu já entendera que não era bom retrucar Jin quando ele entrava no “modo mãe”, e achava, de certa forma, bonitinho como os garotos o respeitavam.

- Se você não sair daí, Kim  JongIn, eu chamo o Soo pra te arrastar! – Yuri decretou assim que eu cheguei à varanda, pegando a toalha que Jin me oferecia, sorrindo para ele enquanto secava meus cabelos descoloridos, sorrindo divertido para ele, que me retribuía como se tivéssemos uma piada particular, que os outros nunca teriam o privilégio de saber.

Kai imediatamente saiu da água, não parecendo nem um pouco interessado em esperar o namorado buscá-lo ali.

- Kim JongIn, posso saber o que infernos você está fazendo todo molhado dentro de casa? Não sabe o que é toalha não? – KyungSoo hyung de repente pareceu infinitamente mais alto que meu irmão enquanto mirava-o com os braços cruzados, a expressão dura um tanto assustadora.

- Todo mundo só briga comigo. – JongIn murmurou num bico, mirando o canto da sala.

- O quê? – KyungSoo perguntou, sua voz grave soando autoritária...parecia minha mãe quando eu quebrei o cartão de crédito.

- Nada. – JongIn pareceu se encolher, respondendo sem olhar para o namorado. – Yuri nonna não quis me dar a toalha.

- Por quê? – KyungSoo olhou levemente para minha irmã, que estava jogada num sofá ali perto.

- Ele disse que eu era gorda. – Ela disse, os olhos desinteressados.

- Eu não disse! – JongIn parecia a ponto de entrar em pânico. Olhou para KyungSoo, ansioso. – Eu juro, hyung! Eu não disse isso!

- O que você disse então?

- Eu disse que ela devia colocar uma camiseta, porque eu não queria ficar olhando pra barriga dela. – JongIn declarou, e KyungSoo o mirou longamente, com a sobrancelha levantada em incredulidade, antes de suspirar, fechando os olhos em um sinal de irritação.

- Eu sinceramente não sei o que faço com você, JongIn. – Olhou para o namorado, mas se dirigiu à mim: – NamJoon, pode dar a toalha a ele? JongIn, você não vai comer até secar todo esse chão. – Finalizou, se virando e inda para a cozinha.

Dei a toalha a meu irmão, dividido entre rir de sua cara e dar-lhe um tapinha de consolo no ombro.

Acabei fazendo os dois, e JongIn fez uma careta, ainda mirando o ponto em que o baixinho assustador sumira.

- Calma, hyung, tenho certeza de que logo vocês se acertam. – Disse, segurando o riso.

- Ele vai ver. – Levantei as sobrancelhas quando ele o disse, esperando que continuasse. – Ele vai ver. Vou ficar sem tocar nele por dias. Quero vem se não vem correndo rogando por perdão e por sexo. – Resmungou, secando os cabelos irritado enquanto se dirigia até a lavanderia, onde ficavam os materiais de limpeza.

Observei-o se afastar ainda resmungando coisas do tipo, e  olhei para Yuri, que me encarou por um momento igualmente chocada com a promessa de Kai, logo rindo junto comigo de forma um tanto descontrolada e alta.

- Aposto que em menos de dois dias, quem vai se arrastar no chão por perdão vai ser ele. – Disse, divertido.

- Aposto que hoje mesmo ele já vai estar feito um cachorrinho nas canelas do Soo. – Minha irmã retrucou.

- 10 won.

- 20.

- Fechado.

- Acho que não vai acontecer nem um nem outro. – Fui surpreendido pela voz de Jin, que mirava serenamente o ponto em que JongIn sumira. Tanto eu quanto Yu o olhamos, questionadores, e ele sorriu, olhando para mim. – KyungSoo hyung parece frio, mas ele gosta muito de JongIn, claramente. – Pisquei algumas vezes para prestar atenção ao que ele dizia, e não à forma que seus lábios se moviam. – Acho que em alguns minutos eles já terão esquecido essa briguinha.

Levantei a sobrancelha, olhando para Yuri, que tinha uma expressão interessada. Sorri. Olhando para Jin de novo.

- 20 wons? – Estendi a mão para ele, que olhou para a mesma, logo sorrindo e apertando-a.

- 20 wons.

 

 

 

 

- Alguém me passa o arroz? – Tae pediu, num dos extremos da mesa cheia de comidas, pratos, bebidas e pessoas barulhentas que não sabiam comer sem falar e se provocar a todo momento.

A mesa era grande. Grande demais até para nós dez. Era uma casa preparada para receber meu tio babaca e sua família, as duas irmãs da mãe de Yuri e JongIn, seus filhos e maridos, e até minha avó rabugenta, que morava na Espanha, de vez em quando. Desde o verão de três anos atrás, porém, quando a mãe de meus irmãos e meu pai se divorciaram, a casa passou a ser apenas usada por meu pai, porque seu irmão parou de freqüentá-la também. Eles brigaram ou algo parecido. Nunca soube ao certo.

No fim, mesmo com tão poucas pessoas freqüentando a casa, nunca trocaram a mesa, que parecia desnecessariamente grande muitas vezes.

- JiMin, o que no mundo você está fazendo? – JungKook ralhou com o namorado, que atolava o prato (que já estava atolado de muitas outras coisas) de frango assado. – Depois não venha choramingar sobre ter ganhado peso.

- É que é sua comida, Kookie. – JiMin choramingou. – É tão bom que eu perco o controle. – Essa não seria a minha descrição para a comida de JungKook. O frango estava com pouco sal, mas eu não seria o louco que diria isso.

- Pode comer o quanto quiser. Mas não quero reclamações sobre seu peso depois. – O garoto cruzou os braços, aparentando estar zangado, mas o elogio o amansara, claramente.

- Gente, o arroz... – Tae tinha a mão estendida sobre a mesa, como se pudesse magicamente alcançar a panela que estava literalmente do outro lado da mesa.

- Você não pode estar falando sério. – Hope disse para Suga, que alegava estar trocando mensagens com Min, a DJ do Lux. – Ela não era lésbica?

- E eu lá tenho cara de quem só troca mensagens com quem vou pegar? – Suga perguntou.

- Tem. – Hope, eu, JiMin (no outro canto da mesa) e Tae falamos em uníssono, fazendo com que Yuri risse e Suga revirasse os olhos.

- E a Min não é trouxa, ela entende a idéia de “por que comer apenas um bombom se podemos provar a caixa inteira?”, coisa que vocês nunca entenderiam. – YoonGi completou. Estranhei a falta de uma resposta afiada, que deixaria todos no sapato, como era digno de Suga, mas apenas ignorei.

- Alguém pode me passar o arroz? - Tae pareceu mais irritado dessa vez, mas eu sequer o olhei.

- Ela não estava pegando a Jia? – Hope perguntou, e fui eu que respondi:

- Não, parece que nem a grande Jia conseguiu agüentar o brilho do Key. – Disse, uma ponta de diversão na voz.

- Como assim? O Key hyung é legal. – Foi JongIn quem disse. E se virou para KyungSoo, que estava ao seu lado, justificando uma provável indagação do menor: – O KiBum hyung. – KyungSoo emitiu um “ah” de compreensão, e deixou a cabeça cair sobre o ombro de JongIn levemente, olhando vagamente para a parede oposta, apenas aproveitando o momento.

Imediatamente olhei para Jin, que estava ao meu lado e de Yuri. Ele olhou travessamente para mim.

- Parece que vocês me devem 20 wons. – Foi apenas o que disse, voltando a comer, e eu pisquei algumas vezes, olhando para Yu, que parecia igualmente incrédula.

- Arroz... – Tae choramingou, sendo ignorado de novo, até mesmo pelo namorado, que debatia com Suga sobre Key e o quanto era possível suportá-lo. JongIn tinha razão: Key era legal, mas as pessoas normalmente não agüentavam ficar muito tempo com ele...purpurina demais, talvez.

- JiMin! Não suba na mesa! – Olhei um tanto surpreso para JungKook, que gritara com o namorado que, de fato, estava quase subindo na mesa, apoiado sobre o braço esquerdo e estendendo o direito para o outro lado da mesa.

- Eu estava tentando pegar o prato de batatas. – JiMin choramingou, voltando a se sentar enquanto Hope lhe alcançava o prato.

- Então peça! Tenho certeza de que alguém pegaria pra você. Viu? – JungKook ralhou.

- Eu não teria tanta certeza. – Tae resmungou amargamente, logo choramingando de novo: – Alguém pode me passar o arroz...?

Todos o ignoraram de novo, e eu vi o olhar doído de uma criança sem seus mimos brilhar em futuras lágrimas. Ok, aquilo já estava ficando ridículo. Senti vontade de socar Hope por continuar ignorando o estado de Tae daquele jeito. Digo, todos estávamos fazendo-o, mas eles eram namorados, certo? Não deviam ter um cuidado extra um com o outro?

Eu sabia que Hobi apenas era distraído e não fazia por mal, mas havia me irritado mesmo assim.

Bati as mãos na mesa ruidosamente e levantei da cadeira no exato instante que Jin fez o mesmo. Olhei meio desnorteado para ele, que me encarou da mesma forma. Assim que fixei o olhar no seu, acenei com a cabeça, esticando o braço e pegando a panela de arroz, entregando-a para Jin, que saiu de seu lugar, rodeando a mesa até a ponta em que Tae se encontrava à beira das lágrimas.

Toda a mesa se manteve observando-o silenciosamente, até ele voltar a seu lugar, se sentando, sendo imitado por mim.

Jin voltou a comer como se nada tivesse acontecido, e Tae encarava-nos pasmo no extremo da mesa. Ele provavelmente já tinha desistido do arroz, mas continuara repetindo o pedido, apenas para ver se seria atendido.

Todos voltaram a comer, sem falar dessa vez, provavelmente ainda meio assustados.

Surpreendentemente foi KyungSoo que quebrou o silêncio:

- Eu achei que fosse só impressão nas outras vezes, mas vocês tem alguma ligação sobrenatural ou algo do tipo? – O garoto parecia verdadeiramente curioso, e nos mirava meio sério. – Digo, vocês falam do mesmo jeito, e se mexem igualzinho!

Fez-se um silêncio na mesa por um momento, todos assimilando as palavras de KyungSoo, e em seguida vieram as risadas, em especial de JiMin.

- Eu disse que vocês são almas gêmeas, hyung! – O Park disse entre risos, e eu apenas franzi mais o cenho, assim como Jin, que parecia igualmente sem reação à cena.

- Eles estão fazendo a mesma cara, gente! – Hope riu alto, e eu comecei a sentir a irritação subir em meu sangue.

- Chega, parem de rir. Estão deixando eles incomodados. – Para minha surpresa, foi Tae quem disse, se levantando e olhando todos com uma seriedade não muito comum em suas feições infantis.

Hope e JiMin imediatamente ficaram sérios, e os outros também os acompanharam. Suga continuou com um sorrisinho nos lábios, mas não continuou a rir.

O resto do almoço se seguiu sem verdadeiras conversas, apenas comentários vez ou outra. Por fim, quando todos já haviam terminado, KyungSoo hyung e Yu começaram a ordenar o que cada um devia fazer.

Me mandaram recolher os pratos, e Jin, os copos, suspeito que propositalmente. Equilibrei os dez pratos de cerâmica branca sem muita dificuldade pelo peso, mas temeroso por saber que o universo não seria muito gentil comigo carregando quatro quilos de cerâmica por uma casa a qual eu não estava completamente habituado. Ele nunca era.

Tentei centrar a atenção, andando com todo o cuidado, sentindo o trajeto até a cozinha parecer cinqüenta vezes mais lento do que o normal, e me permiti suspirar aliviado por não ter terminado no chão em meio a bilhões de cacos de cerâmica.

Me xinguei por ter agradecido tão cedo, porém, quando notei que ia, depois de desviar de tantas portas e móveis, tropeçar no nada e cair na porta da cozinha.

Tão rápido quanto veio a certeza de que perderia o equilíbrio com os pratos e eles se espatifariam no chão, ela foi embora, e olhei atônito para o perfil do garoto que segurara os pratos, seus dedos sobre os meus me ajudando a recuperar o equilíbrio da pilha.

Claro que era SeokJin. O malditamente lindo SeokJin que estava em todo maldito lugar, em todo maldito pensamento.

Olhei-o sem reação por um momento, até que ele se virasse para me olhar também, arrumando a postura e segurando novamente os copos com as duas mãos, sorrindo ao dizer:

- Nonna tinha razão, você parece encontrar motivos sobrenaturais para cair com coisas quebráveis no chão. – Apertou os olhos no sorriso quando apenas o mirei, o ar de cinismo começando a me preencher. – Tome mais cuidado. – E se virou, indo em direção à pia, até onde o segui e depositei a pilha de pratos na mesma.

Voltamos à mesa diversas vezes, trazendo panelas e tigelas de volta para a cozinha, guardando os restos na geladeira e a louça suja na pia, onde YoonGi lavaria depois (havia jogado com Hobi para ver quem lavaria, e perdera).

Não fiz nada além de ajudar Jin durante todo esse tempo, apenas fazendo o que ele pedia e tomando cuidado para não fazer nada errado e ter minha atenção chamada. Ele emitia uma espécie de autoridade assustadora quando fazia algo que me lembrava absurdamente todas as mães que conhecia, e me pegava rindo por compará-lo com elas. Mas então ele me mandava parar de brincar com as panelas que estávamos esvaziando e eu apenas dizia “sim, desculpe” e não achava mais tão engraçado.

Meus amigos, por outro lado, parecia se divertir imensamente com aquela situação, e sempre que possível faziam piadinhas.

Apesar de tudo, Jin não estava sendo desagradável ou algo do tipo, apenas me chamava a atenção quando eu ficava muito avoado.

Não conversamos muito, mas isso era algo normal em nossa convivência, e com ele eu meio que sentia como se finalmente compreendesse a expressão “às vezes o silêncio diz mais que palavras”. Era estranho, mas eu simplesmente conseguia entendê-lo apenas pela forma que me olhava ou torcia a boca, e eu sabia que com ele ocorria o mesmo; no fim, não precisávamos de palavras, não para nos entender, não de fato.

Enquanto pensava, lembrei também das palavras de JongIn hyung, que haviam soado alto em minha cabeça por um longo tempo depois de serem proferidas.

Eu me pegava imaginando se não devia simplesmente jogar tudo para o alto e me deixar levar por aquela vontade assoladora que me preenchia sempre que olhava para o rosto de Jin e o barulho do recinto não atrapalhava minha concentração. Afinal, eu realmente tinha tanto a perder? Sempre tivera a certeza de minha heterossexualidade, tanto que nunca a questionara antes, mas aquela situação era completamente nova para mim, e me assustava com ela da mesma forma que me encantava com a mesma. Era algo novo, algo que eu nunca sentira, e mesmo que não compreendesse direito o que estava sentindo, sabia que era forte.

A grande pergunta que rondava minha mente era simplesmente “Eu estou mesmo interessado desse jeito em SeokJin?”. Parte de mim dizia algo como “Claro idiota! Está mais que óbvio”, e a outra rebatia “Não seja precipitado, talvez seja apenas uma curiosidade desenvolvida por andar tanto com aqueles viados”.

No fim, ambas diziam que eu tinha que fazer algo, e essa constatação óbvia me assustava de uma forma que eu nunca me assustaria por assuntos desse tipo.

- NamJoon, está me ouvindo? – Pisquei ao ter dedos estalados em frente ao meu rosto.

- Hã? Sim. Claro. – Respondi, piscando ainda algumas vezes, tentando focar a imagem dos olhos do garoto, e não de sua boca.

- Ah é? – Levantou a sobrancelha. Obviamente notara a mentira. – Então você concorda com eles?

Imediatamente olhei para JiMin e Hope, que me olhavam parecendo ansiosos, mas divertidos, provavelmente por minha causa. Pisquei alguma vezes, voltando a olhar para eles.

- O quê? – Acabei por perguntar, parecendo mais perdido do que gostaria de parecer. JiMin soprou uma risada, e Jin me mirou, a expressão séria.

- Tae deu um surtinho de raiva, e correu para sabe Deus onde. JungKook deu um tapa muito merecido em HoSeok e correu atrás dele, e agora os dois estão em algum lugar dessa cidade completamente desconhecida, ambos sem telefone porque os deixaram aqui. – Explicou, a preocupação estampada em sua face, mas ele também parecia irritado. – E esses dois – Indicou JiMin e Hope. – acham que eu tenho que relaxar e deixar eles se virarem e voltarem sozinhos. – Cerrou os olhos, me mirando. – Concorda com eles?

Pisquei mais algumas vezes, olhando de Jin para os garotos e em seguida para Jin de novo.

E tudo o que eu disse, porém, foi:

 - Eles saíram da casa? – Assim que perguntei, Jin soltou a respiração pesadamente, como se estivesse se perguntando por que estava perdendo comigo e não perseguindo suas crianças cidade afora.

- Bom, façam o que quiserem, namorados. – Jin se virou, andando solenemente para fora da cozinha. – Mas eu não vou deixar esses dois sozinhos numa cidade que não conhecem. – E saiu pela cozinha, em direção à porta da frente.

Olhei-o ainda um pouco atordoado, e em seguida pousei pesadamente o olhar nos dois ao meu lado, em seguida seguindo o caminho de Jin com passos rápidos, gritando para JiMin e Hope:

- Fiquem aqui. Me avisem se eles voltarem. – Disse antes de correr para fora da casa. Ok. Jin iria ajudar os garotos a não se perder, mas quem ajudaria a ele? Não achava que aquele garoto já tivesse saído de Seul antes na vida.

Corri para fora dos portões da casa, seguindo para a rua sombreada pelas árvores grandes em ambos lados.

Vi-o mais abaixo na rua, descendo a colina, correndo. Outra hora eu o provocaria por parecer tão desesperado, mas agora apenas pensava em alcançá-lo.

Minhas pernas eram mais compridas que as dele, mais fortes que as dele, e sem duvida mais acostumadas a correr em pisos íngremes que as deles. E eu não freqüentava lugares íngremes, muito menos para correr.

Entendam que estou tentando dizer que Kim SeokJin não era o primeiro na lista dos chamados para representar o país nas olimpíadas de atletismo.

Alcancei-o alguns segundos depois de disparar atrás dele, e segurei seu braço para fazê-lo parar de correr colina abaixo como um suicida, dando algumas corridas ainda para finalmente conseguir parar um pouco antes de nos espatifar contra o muro da casa no pé da colina, onde a rua se dividia em duas.

- Você...está...tentando...se matar??? – Perguntei, a voz entrecortada pela respiração pesada. Meu coração batia forte pela breve adrenalina, e eu o mirava verdadeiramente irritado por ter se posto a correr daquele jeito. Era perigoso, caramba!

Ele piscou algumas vezes, parecendo ter dificuldade de assimilar os acontecimentos. Seu peito subia e descia rapidamente, e a respiração estava sonora e pesada como a minha.

- Eu-

- Tome mais cuidado da próxima vez! Já imaginou se eu não estivesse aqui? O que teria feito? Se quebrado no muro e ficado aqui? – Eu tinha noção de que estava fazendo um pouco de estardalhaço. Ok, talvez muito. – O que eu ia fazer se você tivesse se machucado seu idiota? Pense em si mesmo pelo menos uma vez na vida! – Minha mão ainda apertava seu braço, e eu tinha noção de que apertava muito. Mas não diminuí a força.

- NamJoon...

- O quê? – Respondi, um tanto seco.

- Está me machucando... – Mexeu o braço desconfortavelmente, e eu senti tanto minha postura quanto minha expressão aliviarem junto do aperto de minha mão. Soltei seu braço, e observei-o massagear o lugar em que minha mão apertara, logo olhando minha expressão aflita e sorrindo, tranqüilizador.

- Não se preocupe, não é nada sério. – Torci a boca, ainda olhando para a marca vermelha em seu braço branco. – Obrigado, NamJoon. – Ok. Eu travei. Kim SeokJin realmente acabou de beijar minha bochecha? Foi leve, quase imperceptível, e quando eu voltei a funcionar (ou quase isso), ele estava a uns cinco passos de mim, perguntando se eu não viria com ele.

Pisquei algumas vezes, olhando para ele e imaginando se estava tão louco por contato com ele que já estava imaginando coisas.

Não. Eu ainda sentia a pele formigar no lugar que seus lábios tinham tocado minimamente. Uma queimação agradável, como se meu corpo fosse tão trouxa quanto eu e quisesse sentir aquele toque para sempre.

Balancei a cabeça, seguindo-o. Andamos em silêncio por alguns minutos, olhando cada esquina, cada beco, cada árvore para tentar encontrar os dois moleques problemáticos que podiam muito bem ter se trancado num quarto da casa, mas nããão, tem que fazer showzinho. Dai-me paciência.

Foi depois do que pelos meus cálculos mentais torrados pelo sol, foram dois séculos e três anos, Jin deu um grito que me assustou um pouco e correu para um dos cantos da área arborizada em que passávamos.

Ali só havia um monte de mato, mas quando cheguei perto, vi que Jin provavelmente vira a cabeleira de JungKook de longe, pois mais novo foi arrastado do “meio do mato” (palavras de um Jin bastante alterado) pela orelha pelo objeto de minhas horas a fio de pensamentos e de uma admiração crescente.

- Ai, ai, ai. Hyung! – JungKook apertava os olhos pelo aperto na orelha. – Está doendo!

- Claro que está doendo! Por que outro motivo eu faria isso? – Jin respondeu, ácido, o rosto vermelho por ter andado tanto tempo embaixo do sol. Arregalei levemente os olhos por sua resposta, e assoviei baixinho. A cada segundo esse garoto parecia mais interessante. – Fique quieto, por favor, NamJoon. – Completou, sem me mirar, mas com a voz dura.

Arregalei novamente os olhos, e deixei um sorriso pequeno se estampar em meus lábios ao notar que ele se parecia exatamente como JungKook dando broncas em JiMin.

Claro, os dois conviviam há tempos, era algo normal terem expressões e atitudes parecidas. Mas ver que a “autoridade megera” de JungKook era na realidade um espelho do jeito de Jin, me fez simpatizar mais com o moleque narigudo. Além de passar a achar aquelas atitudes menos sérias e mais engraçadas.

Droga.

O fato óbvio de que tudo o que tivesse Kim SeokJin envolvido pareceria melhor para mim me fazia ter que admitir o quanto o estava considerando. E eu simplesmente não gostava de fazer isso. Meu orgulho me impedia de admitir algo que apenas eu tinha consciência, e isso me revoltava, comigo, mas me fazia querer sentir raiva de Jin, e ao notar que não conseguia fazê-lo, ficava com mais raiva ainda.

- Onde está TaeHyung? – Jin perguntou, parecendo ter se aclamado um pouco, já que soltou a orelha de JungKook, que acariciava a mesma enquanto olhava para Jin de forma cautelosa.

- Eu não sei. – JungKook disse, seco, talvez por estar ofendido com seu hyung, que apenas lançou-lhe um olhar estupefato e meio assassino, “como assim você não sabe?” estava escrito em sua testa. – Ele fugiu de mim! Eu estava procurando ele quando você me arrastou.

- Procurando ele no meio do mato? Sério, JungKook? – Jin levantou a sobrancelha.

- Eu não me surpreenderia de encontrar Tae no meio do mato, na realidade. – Me manifestei, e JungKook me olhou com quase idolatria por ter livrado o olhar de Jin de cima de si.

- Viu?! – O mais novo pareceu outra pessoa aos meus olhos naquele momento. Sua fragilidade na frente de Jin era algo que o fazia parecer ter quinze anos, e não cinqüenta. Ele parecia adorável. Talvez JiMin não fosse tão idiota assim.

- Mas podemos encontrar ele com a mesma facilidade numa loja de roupas ou em um lugar alto. – Completei, e os dois me miraram.

- Lugar alto? – Jin perguntou. – Tipo uma árvore? – Arregalou os olhos, provavelmente se lembrando do episódio de mais cedo.

Neguei com a cabeça calmamente.

- Não. Tae faz aquilo para chamar a atenção, é perfeitamente capaz de descer de uma árvore sozinho. – Sorri fracamente, mostrando com o olhar que conhecia Tae eles poderiam confiar em minhas palavras. – E ele não tem ninguém para quem fazer cena, então provavelmente se enfurnou em um lugar ou cheio de espelhos ou com muito vento. Porque são coisas que ele mais ama nesse mundo.

Os dois me miraram por um momento, e acabamos por decidir que era melhor nos separarmos.

JungKook estava sem telefone, mas garantiu que conseguiria voltar até ali caso precisasse. Jin não retrucou, então provavelmente confiava no senso de direção do mais novo.

Andei por um bom tempo, fazendo o que eu e Jin fizéramos antes de achar Kook, e até mesmo olhando por cima das moitas para ter certeza de que não encontraria Tae ali.

Não encontrei.

Eu fora para o lado residencial da região, Jin e Kook haviam ido ao centro comercial, pois apostamos que Tae estaria por ali.

Acabei me enfurnando numa área que não conhecia muito bem, as casas eram mais simples ali do que na área da casa de meu pai, mas ainda ostentavam seu luxo orgulhoso na luz forte do início de tarde.

Mal notei quando a rua quente em que caminhava começou a se inclinar, e quando dei por mim, estava no topo do que poderia ser considerado uma colina baixa: o chão não era gramado como a maioria daquela área, era disforme e cheio de pedras, mas aquilo apenas deixava o lugar com um ar mais especial. No canto direito do clive, árvores em grande quantidade representavam quase todo o verde do lugar, que se completava por uma planta rasteira que se espalhara por tudo ali, passando por cima das pedras e se acumulando no pé de dois pilares de concreto que existiam ao final da área plana.

Não sei por que os pilares estavam ali. Talvez foram parte de uma construção antiga, ou algo assim, mas isso não me importava no momento. O que me importou foi o cachorro ao pé de um deles, latindo enlouquecido para a pessoa que subira ali.

Sim. Era TaeHyung.

No mesmo momento que vi a cena, qualquer mísera preocupação que eu estivesse sentindo em relação àquela criança foi embora. Na realidade, eu estava querendo socá-lo.

- Cachorro idiota! Sai daqui! Ah, está indo embora? Vai arregar? Volta aqui seu covarde! Ahhh, não! Sai, sai! – Expirei pesadamente ao ouvir o monólogo de Tae. Já estava acostumado com esse cenário: nunca gostei muito de cachorros, mas nunca entendi bem qual a opinião de Tae em relação a eles.

O garoto primeiro os agradava, brincava com eles. Em seguida começava a surtar com o cachorro e a provocá-lo; os bichos podem não entender o que falamos, mas eles entendem as emoções, e essa rápida troca delas em TaeHyung sempre os deixa confusos e eles normalmente atacavam. Em seguida tudo o que temos que agüentar por horas é Tae desafiando o pobre cachorro.

- Ok. Chega. Xô. – Andei a passos leves até os dois ali, sem deixar que minhas emoções se expusessem em minha linguagem corporal, como sempre fiz em toda minha vida. Me aproximei do cachorro, e enxotei-o. O bicho, para meu prazer, não começou a latir pra mim também e se manteve ali, como eu temi que faria (já acontecera), e apenas foi embora, se dirigindo a um monte de pedras no canto da colina. – Não se atreva a provocar essa merda de cachorro de novo. – Completei pausadamente, ao ver que Tae abrira a boca para o cachorro que se afastava.

O garoto se virou para mim, pronto para me dar uma resposta malcriada, mas se calou ao capturar meu olhar. Cara, eu queria muito imitar Jin e arrastar aquele pivete pelas orelhas até Seul.

- Vem. Sua mãe tá movendo o inferno atrás de você. – Disse e me virei, fazendo o caminho para voltar por onde viera.

- Minha mãe?

Resmunguei em concordância, e continuei caminhando. O garoto não perguntou mais. Ele me conhecia bem o suficiente para não ficar me enchendo o saco.

Não chequei se Tae estava atrás de mim. Sabia que estava. E se não estivesse, azar dele. Eu estava cansado, irritado e tomara sol demais para o que seria considerado saudável. Não estava com humor para nada.

Quando chegamos ao lugar que encontráramos JungKook, ele estava ali, conversando com Jin, que estava de costas para mim.

Assim que o vi – parecendo bem menos irritadiço que da última vez que o vira – não pude conter o pequeno sorriso que escapou pelo canto de meus lábios. O desfiz assim que Tae soltou uma risadinha sugestiva.

JungKook, ao nos ver, cortou absurdamente o que Jin estava falando e correu até Tae, me assustando ao abraçá-lo e começar a mandar Tae não fazer isso novamente. Ergui a sobrancelha. Desde quando esses dois se davam tão bem? E eu acho que nunca tinha visto JungKook abraçar alguém além de JiMin...espera, eu já o vira abraçar JiMin?

Ignorei tudo aquilo. Se tentasse começar a entender Jeon JungKook, provavelmente ficaria louco. Aquele garoto era muito estranho.

Desviei o olhar dos dois, mirando Jin, que parecia imensamente aliviado, e, agora, hesitante.

Sorri, brincalhão.

- Pode abraçar ele também. – Disse, meu tom demonstrando que me divertia com sua repentina hesitação. Ele me olhou, e torceu o nariz, deixando claro que entendera a brincadeira, e não lhe agradara muito.

Ele fez uma careta para mim e olhou para Tae, que se desvencilhara de Kook e olhava para nós.

O garoto correu até Jin e o abraçou, JungKook provavelmente lhe disse o quanto Jin estava preocupado. Jin se assustou a principio, mas acabou por retribuir timidamente o abraço.

- Quando o hyung disse que minha mãe estava atrás de mim, eu achei que minha mãe tivesse vindo de Seul até aqui, mas de certa forma você é ainda melhor, hyung. – Tae sorriu. Aquele sorriso largo tão característico dele, e Jin piscou algumas vezes.

- Mãe? – Perguntou, se virando para mim com Tae ainda pendurado em seu pescoço. Encolhi os ombros sob seu olhar sério, e ele acabou por rir. – Vai se ferrar, NamJoon.

- Você vem junto? – Mordia língua assim que deixei essa escapar, mas JungKook e Tae apenas riram enquanto Jin se encolhia pela “cantada” repentina. Francamente, o que eu estava fazendo?

- Podemos voltar para casa, então? – JungKook pediu preguiçosamente, e eu lembrei que meu cérebro estava sendo levado à uma morte lenta e torturante enquanto derretia.

Todos concordaram imediatamente, e tomamos o caminho de volta.

Antes de chegar ao pé da colina que levaria à casa, Tae começou a fazer cena para comprar sorvetes na loja de conveniência que tinha ali. Eu não tinha dinheiro, Jin tampouco, mas surpreendentemente JungKook tinha, então acabamos por comprar picolés para todos, inclusive para os folgados que estavam lá encima.

- Isso vai virar uma sopa até chegarmos lá. – Tae olhou com pesar para a sacola que estava pendurada em meu antebraço enquanto comia seu sorvete de limão. – A gente poderia comer eles para não desperdiçar, né hyuuung?... – A última parte foi arrastada porque eu estava com a mão na cara dele, afastando-o da sacola.

- Deixa de ser cara de pau, Tae. – Falei, sem olhá-lo, continuando a andar assim como JungKook e Jin, que soltavam risinhos. – Você nem terminou o seu ainda.

- Mas eles vão derreteeer. – Fez manha. – Qual o significado, se no fim eles vão ser jogados fora, hyung? Me deixa comer. – Me olhou pidão, ainda andando, e fez beicinho.

- Ah, que fofo. Me comoveu completamente. – Falei, irônico, ignorando-o e andando até o topo da colina com Tae em meu pé.

 

 

 

 

- Voltamos. – Falei, abrindo a porta, desviando a sacola de Tae, que ainda não desistira de roubar os sorvetes. – JiMin! J-Hope! Venham se quiserem sorvete! TaeHyung vai comer tudo!

- Opa! Sorvete? Tem pra mim, filhão? – Travei assim que a figura alta apareceu, saindo da sala de estar. Yuri o seguia de perto, provavelmente temendo minha reação. – Olha isso! Mais um monte de garotos chegaram! Vocês todos são amigos do Nam gue? Ele é um bom garoto? – Fiz uma careta assim que ele se aproximou, falando rápido e alto, fazendo com que todos os que estavam comigo recuassem um tanto surpreendidos.

- Já disse pra não me chamar assim, velho. – Resmunguei, desviando dele e seguindo até Yuri, que me pedia calma com gestos envergonhados.

Peguei o sorvete dela e lhe entreguei, passando por ela e indo até a geladeira, colocando os restantes ali. Eles que fossem buscar se quisessem.

Não quis voltar para a sala, onde provavelmente meu pai estaria bombardeando todos de perguntas e agindo como se fosse a pessoa mais legal do mundo, então segui para os fundos, e me sentei na cerca próxima da piscina. Sim, aquela que Tae estava fazendo equilibrismo mais cedo.

O sol já estava baixando, mesmo que estivesse longe de escurecer ainda. Me mantive ali, olhando para nenhum lugar específico da paisagem abaixo, até sentir uma pessoa se postando ao meu lado. Mesmo antes de olhar pelo canto do olho, eu soube de quem se tratava. Ele era o único ser no mundo que conseguia se mover daquela forma: como se não tivesse nenhum problema e o chão fizesse um esforço para mantê-lo silencioso, apenas porque aquilo refletia sua calma usual.

Claro que hoje eu sabia que grande daquela calma era apenas uma cobertura do seu eu verdadeiro, mas sua forma de andar ainda me parecia peculiar como nenhuma outra.

- Por que não gosta dele? – Perguntou simplesmente, e eu olhei para ele, que mirava o horizonte. – Não que você precise me contar, eu só não gosto de te ver assim. – Completou, retomando seu tom meio afobado.

O olhei por um momento, achando graça de seu jeito. Ele sempre parecia tão... Agradável. Era como se eu pudesse conviver com ele vinte e quatro horas por dia e não fosse me cansar dele. Isso seria uma verdadeira novidade comigo, que nunca agüentei o mesmo papo ou a mesma pessoa por muito tempo.

Acabei dando de ombros, respondendo sua pergunta:

- Não sei.

- Não sabe ou não quer dizer? – Perguntou e eu o mirei. Ele logo se corrigiu, agitando as mãos: – Não que isso importe, se não quiser falar.

Soltei uma risada nasal curta, levando minha mão aos seus cabelos e bagunçando-os levemente.

- Não sei, tipo não sei. – Encolhi os ombros. – Eu nunca tentei pôr em palavras, mas nunca gostei dele. É estranho, não? – Me virei para ele, que negou com a cabeça.

- Acho que não. – Disse, gentil, e voltou a olhar para a paisagem abaixo, com os braços apoiados na cerca em que eu estava sentado.

Esperei que ele fosse dizer algo a mais, mas ele não disse, então apenas aproveitei o silêncio, que com ele parecia nunca se tornar desagradável. Ele não era como JiMin, Tae ou Hope, que precisavam estar falando a todo momento, mesmo que isso significasse falar qualquer merda; ou como Suga, que te cortava ou humilhava com qualquer assunto, e dificilmente tinha humor para se manter num diálogo saudável.

- Você realmente acredita? – Perguntou, e eu me virei para ele, pedindo que especificasse. – Acredita que tem algo a mais que não podemos ver? Algo que o dinheiro e as pessoas não podem controlar? – Seu rosto estava um tanto abaixado, então eu não conseguia ler sua expressão. Por um momento me perguntei sobre o que ele estava falando. Então entendi.

- Quando você viu aquilo? – Perguntei-o. Não estava zangado, apenas queria saber. Ele me mirou um tanto temeroso.

- Aquela vez que eu estava olhando as fotos do seu quarto... Encontrei atrás do porta retratos da sua foto com JongIn hyung. – Falou, hesitante, parecendo um tanto envergonhado. – Não era minha intenção ler, mas eu fiquei curioso e... Me desculpe. – Disse por fim, abaixando a cabeça. Eu ri, e baguncei seus cabelos novamente.

- Tudo bem. Aquilo é uma letra antiga, mas que por algum motivo eu ainda guardo. Apesar de eu ficar meio envergonhado de você ter visto um rascunho ruim daqueles, não tem problema nenhum você ter lido. – Respondi. Era verdade afinal, na realidade nem eu sabia por que ainda guardava aquele pedaço de folha de caderno antigo que havia sido preenchido de versos numa aula de matemática qualquer no fundamental. Ele apenas sobrevivera, e eu não o jogara fora.

- Eu... Eu achei muito boa! – Pisquei algumas vezes por ele ter levantado a voz, algo que dificilmente fazia, muito menos demonstrando nervosismo dessa forma. Ele abaixou a cabeça de novo. – Digo, você quer ser um rapper, certo? Eu acho que você realmente conseguiria se tentasse... Conseguiria tocar as pessoas com sua música. – Ele parecia querer enterrar a cabeça no pescoço enquanto falava parecendo procurar as palavras certas com nervosismo. Ok, isso era novo. Nunca o vira com dificuldades de se expressar daquela forma, e até mesmo aquilo me pareceu adorável. – Droga, o que estou falando?...

Sorri, e me virei para a frente de novo.

- Obrigado. – Disse simplesmente, e vi-o levantar o rosto com o canto do olho.

Ele me mirava como se tentasse saber se eu estava zombando dele ou não, mas a verdade era que aquilo realmente me animara. Revelar meus pensamentos interiores era algo que eu não conseguia fazer conversando, por isso as inúmeras e inúmeras páginas brancas acabaram sendo minhas fiéis ouvintes por toda a vida.

Recentemente minha mãe conseguira me fazer ceder algumas vezes e ler alguns rascunhos, mas na sua grande maioria, ninguém lia o que eu escrevia, apenas porque seria um incômodo.

O fato de Jin ter lido e ter gostado, mesmo que eu não visse grande coisa naquele em especial, me fez pensar que talvez eu conseguisse sim, que talvez algum dia eu pudesse rir da cara daqueles velhos que me disseram que era impossível e que eu acabaria embaixo da ponte.

 

 

 

 

Eu evitei meu pai sempre que possível até a hora do jantar. Mesmo que ele teimosamente continuasse indo aos lugares em que estávamos, eu ignorava-o ao máximo.

JiMin e Tae não pareciam ter muito problema com ele, e Suga parecia nem saber que ele existia. Os outros, porém (Jin, JungKook e Hope), não pareciam confortáveis perto dele. Como se seu jeito exageradamente animado e forçadamente jovial os assustasse.

Eu meio que os entendia nesse quesito.

Yu, como sempre, estava sempre por perto; a filha correta. Não é como se ela mudasse de personalidade quando com ele ou algo assim, mas o respeitava muito e com certeza, entre os três filhos, era a única que verdadeiramente o considerava um pai.

Digo dos três porque, em especial naquele dia, JongIn parecia querer estar morto a estar no mesmo cômodo que o pai. Estranhei um pouco isso: mesmo que nós dois fôssemos do clube “Não Curto o Papai”, ele sempre teve um certo grau de afeto pelo velho, até porque havia sido criado por ele.

Mas hoje isso não parecia ser verdade.

Ele estava com  a cara fechada, e claramente se esforçava para parecer relaxado, mas eu via a tensão em seu rosto, além de uma certa raiva determinada.

Foi um choque ver aquela expressão no rosto de meu irmão.

Eu notara, lamentavelmente, que ele e KyungSoo estavam um pouco distantes também, mais por parte do mais velho que de meu irmão, que não esboçou um sequer sorriso naquela tarde, depois de nosso pai chegar.

Eu queria falar com JongIn, mas sempre acabava adiando a ação de arrastá-lo para longe e perguntar qual era o problema.

Não que eu não conseguisse deduzir algo, com KyungSoo agindo daquela forma – como se não quisesse tocar meu irmão – e a presença de meu pai ali, mas eu tinha certeza de que tinha algo a mais envolvido. E temia que isso me envolvesse também.

Mesmo que nós não tivéssemos avisado aos garotos, eles pareceram deduzir que seria melhor ser discretos quanto à viadagem perto de meu pai. Então todos pareciam meio desconfortáveis, mesmo que conversassem normalmente e respondessem às perguntas do mais velho ali, que iam desde como íamos na escola à com quantas garotas costumávamos sair, o que resultava nele se gabando sobre como nos tempos de adolescente sempre era o centro das atenções das meninas.

- Eu sempre tive uma boa aparência, sabe. – Contou como se aquilo fosse uma verdade universal com a qual já estivesse acostumado a conviver. E se sentisse muito bem com isso. – Meus filhos herdaram isso de mim também. – Olhou de canto para JongIn, e eu pressenti merda. – Têm os rostos que atraem milhões de garotas. Podem ficar com quem eles quiserem.

E foi aí que eu entendi. O mau humor de JongIn, KyungSoo se afastando, Yuri parecendo nervosa, como se quisesse evitar uma bomba de explodir. Entendi que meu pai sabia. Sabia do relacionamento de KyungSoo com meu irmão, e entendi que eles provavelmente não haviam discutido aquilo da forma certa. Por isso a tensão. Yu tinha razão pra estar nervosa: havia realmente uma bomba prestes a explodir.

- Só porque as abelhas vão atrás da flor, não quer dizer que a flor queira lhes dar seu pólen. – JongIn respondeu, seco, e se levantou, saindo da sala, provavelmente fora para a última sala antes dos fundos da casa.

Meu pai expirou pesadamente, vendo aquilo como uma oportunidade – que eu não me surpreenderia de ter sido planejada por ele – e se levantando, pedindo licença e seguindo meu irmão com passos um tanto duros.

Observei-o até que sumisse e olhei para Yu, que mirava a saída do cômodo parecendo incomodada, mas que virou o rosto ao me sentir encarando-a. Encarei-a, e ela negou com a cabeça, pedindo que eu desistisse de fazer o que estava prestes a fazer.

Ignorei-a e levantei do sofá, deixando o cômodo desagradavelmente silencioso para trás e seguindo para a sala de estar como os outros dois haviam feito antes de mim.

Minha cabeça estava a mil: tinha um mau pressentimento sobre aquilo, mas JongIn parecia muito irritado, e eu queria saber o que exatamente estava acontecendo. E de que forma isso poderia interferir em minha vida.

Assim que saí da escada, ouvi as vozes de JongIn e meu pai, não muito adiante no corredor. Eu não entendia o que falavam, mas sabia que estavam discutindo, mesmo que sem estar totalmente exaltados, havia violência em seus tons.

Me aproximei mais de onde era suposto que estivessem, me mantendo próximo da parede. JongIn poderia ter me visto, mas, se o fez, não demonstrou naquele momento.

- ...e de jeito nenhum meu primogênito vai ficar saindo com garotos! – Distingui a voz de meu pai, irritada, quando ele terminava uma fala que devia ter sido comprida.

JongIn estalou a língua, parecendo estar com zero paciência para aquilo.

- Não são “garotos”. É KyungSoo e apenas ele. – Respondeu, irritado como meu velho, mas não no mesmo tom alto.

Meu pai cerrou a mandíbula, e logo soltou uma risada sarcástica.

- Faça-me o favor, JongIn. – Seu tom era venenoso, e quem o visse agora, duvidaria de ele ser o mesmo homem que ria e fazia piadas idiotas de alguns minutos atrás na sala. – Mal saiu do berço, e já quer me falar de amor verdadeiro? – Carregou a última parte de um deboche revoltante, e meu irmão cerrou os punhos com força, seu rosto normalmente calmo pesadamente marcado pela raiva. – Faça-me o favor, moleque.

- Faça-me o favor você! Já saiu do berço há décadas, mas ainda não sabe o que é isso! – Meu irmão devolveu, levantando a voz, parecendo muito socar o homem à sua frente. Eu também queria.

Meu pai ficou momentaneamente pasmo, calado, mas acabou por suspirar. Eu não via seu rosto, mas sabia que ele provavelmente estava tentando se acalmar.

- Entenda, JongIn. – Disse, com o tom de voz calmo se destacando à tensão das palavras, como se manter-se calmo em frente à meu irmão naquele momento fosse uma tarefa beirando ao impossível. – Essa sua...relação com aquele garoto...

- KyungSoo. – JongIn falou o nome do namorado, que meu pai aparentemente havia esquecido. Eu duvidava disso, com a memória que tinha, aquele velho provavelmente estava apenas irritando meu irmão propositalmente.

- Sim, isso. – Dispensou a informação como se ela não importasse realmente com um gesto de desdém, e eu vi os punhos de meu irmão se apertarem de forma que poderia fazer sua palma sangrar.  – Sua relação com aquele garoto – Disse, carregando o desdém ao dizer “garoto” – Deixaria uma imagem muito ruim para a empresa. Meu herdeiro saindo com um homem! Imagine a vergonha que seria.

Ok. Eu precisava mesmo socar aquele cara. Estava a ponto de me dirigir até lá e ajudar JongIn a dar uns socos no meio daquela fuça bonita da qual ele tanto se gabava.

Parei meus movimentos, porém, quando meu irmão respondeu, a voz tão ácida que se tornava um pouco irreconhecível:

- Eu nunca quis essa empresa de merda mesmo. – Sorriu de canto, o deboche exalava de sua expressão, e eu temi por JongIn ter ficado tão irritado a ponto de sua personalidade devagar quase parando e gentil sumir sem deixar pistas. Seus olhos normalmente sonolentos estavam transbordando raiva, e ele parecia maior que o normal com a postura inflada daquela forma, em desafio. – Vou trabalhar com arte, junto de KyungSoo, e se possível, nunca ver sua cara de novo, seu velho nojento.

- Kim JongIn! – O velho estava parecendo prestes a explodir, e seu grito foi como uma explosão. Tenho certeza de que chegou até o andar de baixo. – Olha como fala de mim, seu moleque! Ótimo, não quer a empresa? Vou dá-la ao NamJoon, que sempre foi mais digno que você! – Disse em plenos pulmões, e eu vi meu irmão se encolher levemente, mesmo que por apenas um instante antes de voltar a se postar desafiadoramente em frente ao homem um pouco mais alto que nós dois. JongIn sempre sofrera por isso, por gostar de dançar, e isso ser “coisa de maricas”, segundo meu pai. Sempre tivera que ouvir, desde criança, sobre como Yuri ia bem na escola e ele não, ou sobre o tipo de gente que andava “aquele monte de frutinhas” ou sobre não conseguir interagir muito bem em “sociedade”, por ser tímido e na dele.

- Vai dar ao Mon? – JongIn soltou um riso debochado. Ele estava puto. – Acha mesmo que ele vai querer essa empresa de merda? Sabe tanto quanto eu que ele quer ir pra indústria musical, e sinto que não vai ser você e essa maldita empresa que vão convencê-lo do contrário. – Sorriu cinicamente para o homem à sua frente e desviou o olhar para mim, sorrindo mais gentilmente. – Não é, irmãozinho?

Travei por um segundo. A teoria de que Kai não me vira tinha ido pra cucuia, mas ignorando isso, saí de perto das paredes, vendo meu pai se virar para mim expressando surpresa por minha presença ali.

Mirei-o por um momento, apertando os olhos. JongIn sabia que isso aconteceria, estava pronto para isso, e acertara quando disse que eu não ia gostar do que meu pai estava tramando.

- Eu não quero a empresa. – Disse. Não precisava fazer drama ou um discurso, eu simplesmente não a queria, sempre fora assim, mesmo quando eu nem sequer sonhava que ela seria oferecida a mim.

Meu pai me mirou como se não me reconhecesse. Ele esperava que eu fizesse o quê? Chorasse de alegria e aceitasse aquilo? Não. Nem pensar.

- Mas você é meu filho... A empresa tem que ficar na mão da família. – Disse, e parecia meio atordoado, como se não acreditasse que seus dois filhos o estivessem “traindo” assim.

Torci a boca, começando a me irritar de novo.

- Agora eu sou seu filho, né? – Não pretendia levantar o tom de voz, mas ele se elevou um pouco quando cuspi as palavras. – Fui tratado como um erro por toda a minha vida. Sempre o filho da amante de meu pai. Agora me quer por perto? Faça-me o favor.

 Na medida que falava, notei que estava respondendo à pergunta que Jin fizera mais cedo e eu não conseguira responder. “Por que não gosta dele?”. Ah, se eu começar a citar, só paro ano que vem.

- Filho... – Meu pai não tinha a expressão doída que se esperaria de qualquer pai normal depois de ouvir essas palavras transbordando um mágoa antiga. Ele podia se esforçar para parecer um ser humano com sentimentos na frente das pessoas, mas era um dos homens mais frios que eu conhecia.

- Não. Eu não sou seu filho. Sou apenas o maldito resultado do seu esperma de merda, apenas isso. Meu pai não estava lá quando minha mãe quase entrou em coma por fumar de mais, meu pai não estava lá quando eu quebrei a perna andando de bicicleta e tive que me arrastar até em casa porque minha mãe estava trabalhando para manter o filho de vocês com uma vida confortável. – Minhas palavras estavam saindo cada vez mais rápidas e raivosas e eu sentia meu corpo ser preenchido pela tão familiar raiva descontrolada.

O que eu não disse a ele foi que eu tinha ataques de raiva causados por trauma. Trauma infantil, que Hyuk hyung confirmara vir dessa ausência paterna. A raiva que sentia por meu pai, transformada em raiva para quem me pegasse num momento ruim.

- NamJoon. Você sabe que eu não podia fazer nada sobre isso. A mãe de JongIn nunca gostou de você. Mas eu sempre o considerei um filho. – Ele não estava sentimental, no entanto. Falava como se discutisse negócios, mesmo que tentasse fingir um pouco de emoção.

Soltei um riso debochado.

- Claro. Agora que precisa de um herdeiro porque meu irmão não é digno para você, vem atrás de mim. – Carreguei as palavras com toda a revolta que estava sentindo. – JongIn hyung é a pessoa mais incrível que conheço, e eu realmente o respeito por ter te agüentado por tanto tempo. Se alguém aqui não é digno, esse alguém é você. – Cerrei os olhos ao falar isso, e meu pai pareceu se irritar de novo.

- Olha como fala...

- Não. Eu ainda não terminei. – Interrompi-o. – Só porque ele se apaixonou por um homem, você o humilha, o ofende e o descarta. Será mesmo que ainda existem dúvidas de quem não é digno aqui? – Sorri ironicamente, e meu pai cerrou a mandíbula. Ok, eu o irritara.

- O quê? Vai me dizer que vocês também é frutinha? Com os amigos vergonhosos que tem, não me surpreende... – Ele estava devolvendo na mesma moeda, suas palavras tinham veneno em cada sílaba. Fez um muxoxo, balançando a cabeça como se estivesse decepcionado. – Achei que sua mãe iria conseguir fazer um melhor trabalho com você, mas ela sempre foi meio estranha também. – Ele falou, debochado, e eu senti a raiva me inflar por ele falar daquele jeito da mulher que me criara. – Sabia que ela também ficava pulando o muro e ficando com garotas na época em que a conheci? Pobrezinha, ela era encantadora, mas sempre foi uma vergonha. Como JongIn, como o namoradinho dele, como os seus amiguinhos, e você? Também entrou pro clubinho das bixinhas? Vai sair por aí dançando como um afeminado igual seu irmão? Huh? – Ele tinha um sorriso vitorioso no rosto, como se esperasse que eu colocasse o rabo entre as pernas e saísse calado dessa.

Pobre ser inocente.

Assim que ele fechou a boca, eu a acertei num soco forte. Meu corpo exalava raiva, e eu já sentia meus sentidos se recolhendo para deixar apenas aquela emoção fervente me controlar.

Ele cambaleou, pôs a mão na área que sangrava pelo golpe, e me mirou como se não me reconhecesse.

- Fale o que quiser de mim, mas você não vai ofender meus amigos e minha família. – Disse, baixo, minha voz saindo mais rouca que o normal. Me aproximei mais dele, levantando o punho para socá-lo de novo.

Dedos se envolveram ao redor de meu pulso, e seu toque imediatamente me fez travar. Eu conhecia aquele toque, minha visão estava embaçada, e eu não estava completamente são em meus sentidos quando lutei para me livrar do abraço que envolvera minha cintura e me arrastava para fora daquela sala. Ouvi ao longe os protestos de meu pai, que provavelmente teria sido segurado por JongIn. Não processei para onde estava sendo levado até sentir o ar da noite em meu rosto. Lá no fundo de minha cabeça, eu me perguntei porque ele havia me arrastado para fora da casa, e acho que não poderia ter me assustado mais do que quando senti-nos caindo, e em seguida afundando.

Demorei um segundo para entender que estava embaixo d’água, e forcei meu cérebro a me obedecer e emergir. Assim que o fiz, fiz menção de sair da água, mas os braços compridos ainda estavam em volta de meu tronco, e me seguraram.

- Se acalme. – A voz era gentil, e eu sabia quem era seu dono, mas não conseguia processar exatamente o que estava acontecendo. Me mantive parado até que minha mente desnublasse, e quando meu corpo relaxou, senti o aperto ao meu redor fazer o mesmo.

Me virei para mirá-lo, e pisquei algumas vezes com a visão de Jin todo molhado, as luzes amareladas de dentro da casa refletindo em seu rosto que brilhava pela água. Seus olhos estavam um tanto nervosos, como se ainda temesse que eu saísse correndo e voltasse a bater em meu pai. Sua expressão toda era de preocupação.

Quando entendi o que ele fizera, não pude deixar de me sentir agradecido, e sorri fracamente para ele.

- Obrigado. Eu não sei o que teria feito se tivesse ficado lá. – Disse, e Jin arregalou um pouco os olhos, logo negando com a cabeça, para indicar que não fora nada. – Você... Você viu tudo? – Não sei, mas estava um pouco temeroso do que poderia acontecer com minha relação com ele se ele tivesse visto tudo. Ele tivera medo de meus ataques antes, por que não teria agora?

- Eu não te culpo. – Disse, rapidamente, ao entender o que eu temia. – Na realidade, eu teria socado ele se fosse você também. – Estalou a língua, parecendo um pouco irritado, e eu sorri de canto.

- Obrigado mesmo assim. – Comecei, e ele me olhou, prestando atenção. – Eu tenho esse ataques há muito tempo, e nunca... Nunca conseguia sair deles desse jeito. – Sorri pequeno, olhando para o céu limpo e estrelado de uma noite que estava começando. – Talvez você seja mesmo especial.

A última parte foi mais para mim que para ele, mas quando o garoto emitiu um “hm?” confuso, eu olhei novamente para ele e vi, vi em seus olhos que ele entendera, e suas orbes escuras refletindo a luz amarelada que vinha da construção atrás de nós pareciam queimar.

Queimavam e me chamavam, como um presente inegável, e eu me vi inclinado a aceitar esse presente. Pensei na forma que meu pai falara sobre o amor entre dois homens, o desprezo que expressara. Eu não era assim, sempre acreditei que as pessoas tinham direito de se apaixonar por quem quisessem, mesmo que eu não entendesse muito sobre aquilo. Eu nunca havia me apaixonado, e tinha quase certeza – mesmo que não tivesse admitido por um bom tempo – de que aquele sentimento que queimava todas as vezes que olhava para seu rosto era paixão.

Me aproximei de seu rosto, atraído por seu olhar calmo e ardente, como uma chama solitária em meio à noite escura, e de repente tudo me pareceu besteira: meus esforços para fugir do que sentia por ele, as horas e horas gastas pensando em um assunto que era tão simples, o medo que sentia quando meu coração batia mais rápido com seus sorrisos.

Tudo me pareceu insignificante, e eu me perdi em seus olhos, que agora estavam próximos de forma tentadora. Eu sentia sua respiração quente em meu rosto, e apenas constei mentalmente que, como seus olhos, sua boca estava próxima demais da minha, próxima demais para me deixar ali sem tocá-lo.

Nossos corpos não se tocavam, mas eu sentia algo nos unindo, como uma força que dizia ara que apenas cortássemos aquela distância agonizante de uma vez.

E foi o que fiz.

Primeiro toquei sua boca com a minha, e imediatamente seus olhos se fecharam, deixando a ardência pairar ali mesmo assim. Fechei os olhos também.

Senti suas mãos irem ao peito de minha camisa timidamente, segurando o pano molhado de forma leve e um tanto indecisa, como se temesse fazer qualquer movimento. Levei minha mãos à sua cintura, embaixo d’água, e rocei levemente os dedos na pele dali, que se expunha em ondulações, pela camiseta que movia-se levemente na água.

Eu sentia toda a hesitação que ambos sentíamos com aquele gesto quase inocente, mas ele de repente me pareceu tão frágil que quebraria a qualquer ação errada, seu corpo pareceu menor em meus braços, e eu senti que queria mantê-lo ali para sempre, por perto, onde eu pudesse protegê-lo de tudo.

Abri levemente seus lábios com os meus, temendo assustá-lo se pisasse fora da linha, mas ele apenas deixou que eu o fizesse, e abriu os carnudos de forma graciosa, me acompanhando quando passei a mover a língua sobre a sua.

Era um beijo calmo, beirando a inocência, e eu me sentia como um BV, não pela experiência, mas pelo sentimento quente que subia por meu corpo, me deixando nas nuvens.

Sua boca era macia, e sua língua acompanhava a minha de forma gentil. Sua mãos apertavam minha camisa com um pouco mais de força, assim como as minhas dedilhavam a pele de seu quadril, logo acima da barra do jeans.

Eu me sentia leve, como se nada mais importasse, desde que tivesse aquele corpo contra o meu. Ele se encaixava perfeitamente em meus braços, e a água batia em nossos troncos, nos deixando numa ilha isolada, somente nossa.

Ali, eu podia ser quem eu quisesse, e de repente, tudo o que me importava era manter aquele garoto ao meu lado.

 

 


Notas Finais


... :3 eaí? Curtiram? Eu realmente espero que sim, porque essa cena naõ ficava boa de JEITO NENHUM.
Tomara que tenha dado para o gasto <3
Como sempre: comentários animam e naõ tiram pedaço ^^
Espero vir no prazo semana que vem, mas a frescura do meu pai tende a piorar ;-; mas naõ vou desistir dessa fic, então naõ se preocupem.

Então, vou me despedindo. Beijinhos <3 <3 obrigada por sempre estarem me apoiando <3

meu tt, se quiserem: @KLu1202


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