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História Dependence (Em revisão) - I'm, officially, making me a fool.


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


E
A
Í
????
Sim, eu demorei, eu sei. Demorei PRA CARALHO, mas espera um pouquinho, eu tenho motivos:
Primeiro, tem aquele rolo com o meu pai, sobre a "uma hora e meia de PC", que ainda está de pé, firme e forte.

Segundo, tem o fato de que semana passada eu estava terminando de arrumar as coisas da minha casa, porque eu e minha família vamos passar esse ano viajando pela América do Sul, e eu não conseguia me sentar pra escrever.

Terceiro, eu tive um pequeno bloqueio nessa semana que se passou e na anterior, não conseguia escrever mais que 500 palavras por dia, estava uma merda.

Quarto, eu reescrevi esse capitulo TRÊS vezes, porque estava bem insegura com ele (tava achando ele chato, sei lá), então isso me fez atrasar também.

e quinto, por fim, foi a quantidade de comentários. Naõ estou reclamando, 50 comentários pra quem estava acostumada com os 25 é uma alegria MARAVILHOSA, mas vocês tem que entender que eu sou só uma, e escrever o capítulo, responder coment, arrumar uma mudança E ficar com bloqueio criativo e sem PC disponível foi demais para mim.

Desculpa pelo textão, desculpa pela demora, eu vou deixar vocês lerem samerda logo <3

Até lá embaixo, e espero VERDADEIRAMENTE que curtam. '3'

PS.: LÊ AS NOTAS FINAIS, PQ EU TENHO UMA NOTICIA MEIO TRISTE.

Capítulo 18 - I'm, officially, making me a fool.


- Jin...

- Hm? – Estávamos ambos de olhos fechados. Eu não os abrira desde que descolara nossas bocas, e sentia um certo temor de fazê-lo. De que se o fizesse, o encanto se quebrasse, e tudo desmoronasse.

- Por que diabos você tem gosto e morango? – Ouvi-o soltar um riso surpreso e soprado, e me encorajei a abrir os olhos, encontrando-o sorrindo de forma tímida, tapando a boca com a mão como se não achasse digno rir no momento. Seus olhos brilhavam numa alegria infantil. Isso me desarmou imediatamente. Sorri e continuei, surpreendentemente descontraído: – É sério, como você faz isso? Eu quero também.

Soltei um riso soprado também, e ele riu de novo.

- Você não tinha dito que não gostava de morango? – Quando perguntou, eu senti sua respiração bater em meu rosto, e eu senti um calafrio ao lembrar na pouca distância que nos separava.

Dei de ombros.

- Não quero morango, quero chocolate. – Disse, simples, e ele riu baixinho, balançando a cabeça.

- É bem simples: coma chocolate antes de me beijar. – Sorri de lado, eu não pretendia e nem ia demonstrar o quanto ele ter dito “me beijar” e não “beijar alguém” mexeu comigo, mas senti um calor subir, como dezenas de borboletas raivosas.

- Ok. Na próxima eu como. – Falei, e ele sorriu, como eu.

Senti o impulso de beijá-lo de novo, mas o sentimento ardente que me dominara antes parecia ter ido dormir. De repente fiquei muito consciente de sua presença, e da situação em que nos encontrávamos, tão próximos.

Ele pareceu estar na mesma situação que eu, mas mesmo que sua face estivesse ficando corada, seus olhos ainda tinham aquela ardência, que parecia que iria ficar ali por um bom tempo ainda.

Limpei a garganta, olhando para o lado, sentindo um certo desconforto.

- Bom...

- Vamos lá pra dentro antes de pegar um resfriado? – Eu o vi respirar fundo discretamente antes de levantar a cabeça e sorrir para mim ao falar, e eu fiquei um tanto agradecido por ele ter sugerido. Não sabia como desfazer aquela atmosfera um tanto desconfortável, então agradeci por ele ter tido a iniciativa e fiquei um tanto aliviado por ele não ter surtado nem nada assim.

Começamos a fazer os esforços de sair da piscina, comigo andando lentamente pela pressão da água e Jin levemente abaixado movendo as mãos enquanto andava, num ‘nado falso’ em que sua cabeça era a única fora da água. Olhei seus cabelos dançando onde encostavam na água e notei um brilho metálico ondulando em volta do pescoço. Lembrei vagamente do colar que vira na primeira vez em que ele dormira em minha casa, e lembrei de não ter conseguido ver a inscrição do metal no episódio.

Senti vontade de pegar a pequena placa de prata e ler o que estava escrito, mas segurei o impulso. Não me importava se o garoto aparentemente não retirava o colar nunca, não é? É.

Cheguei à borda da piscina e num impulso com as mãos na mesma, consegui me erguer, saindo da água. Fiquei de pé, me virando para olhá-lo, rindo baixinho ao notar que o mesmo parecia ter um pouco de dificuldade de se locomover daquele jeito, e ainda sequer alcançara a borda.

- Não ria. – Me olhou com falsa chateação, e eu apenas soltei mais um risinho, me agachando e estendendo as mãos para ajudá-lo a chegar à borda.

Ele segurou minhas mãos, eu apertei as suas e sem muito esforço puxei seu corpo pela água até a borda da piscina. Assim que ele ficou exatamente abaixo de mim, fiz outro esforço com os braços para puxar seu corpo para cima. O que eu não esperava, era a força contra minha ação. Jin tinha fixado seus pés na parede da piscina, usando minha força contra mim e me puxando para baixo.

Ou seja: quando dei por mim, já estava dentro d’água de novo, e me esforcei para voltar à superfície, puxando Jin, que ficara abaixo de mim, para podermos respirar.

- Você tem problema? – Perguntei, um tanto irritado pelo susto. – Eu poderia ter te matado.

- Ah, você não é tão gordo assim, NamJoon. Não seja tão duro consigo mesmo. – O sorriso em seu rosto consistia em uma boca muito bem desenhada apertada de forma divertida e os olhos grandes e tortos fechados como duas meia luas. – Isso foi por ter rido. – Completou, me olhando travessamente, e eu revirei os olhos.

- Ah é? – Sorri como ele, e avancei, assustando-o um pouco por isso e fazendo cócegas nos cantos de seu tronco, fazendo-o rir desesperadamente, até um pouco mais que o necessário, eu diria. – Isso foi pela sua tentativa de suicídio. – Informei, parando com as cócegas, mas me mantendo perto, não de forma constrangedora, mas meus braços rondavam seu corpo, e poderiam abraçá-lo a qualquer momento.

- Poxa NamJoon, já disse que você não é tão gordo. – Mostrou a língua, brincalhão, e eu ri soprado. Ele levantou a mão, e afagou minha cabeça. – Está tudo bem, ok? Não deixe sua auto-estima diminuir! – Falou, como uma professora fala com as crianças que sofrem bullying no primário.

Se bem que uma criança do primário perguntaria “que merdas é ‘auto estima’?” – talvez não com essas palavras – então me peguei pensando em como adultos eram ridículos. É óbvio que crianças não entendem o que é auto estima. Elas sabem que existem crianças magras e outras que são gordas, e vêem isso como o perfeito motivo para se agredir entre si.

Vai entender. Seres humanos são loucos.

- Você está pedindo. – Alertei, saindo de meu devaneio sobre professoras e crianças assassinas e tentando parecer ameaçador, mas não conseguindo conter o sorriso de lábios juntos que minha boca expunha.

- Pedindo o quê? – Perguntou, o semblante provocador e travesso sumindo por um momento para dar lugar a um mais inocentemente confuso.

Soprei o riso. Droga, ele parecia tão adorável.

- Nada. – Senti o riso curto vir novamente quando ele franziu o cenho, e usei a proximidade de meus braços ao seu tronco para agarrar o mesmo e levantá-lo, colocando-o em meu ombro.

Isso, tipo um saco de batatas.

- Yah! O que está fazendo? – Ele deu um tapa fraco em minha omoplata, mexendo um pouco as pernas próximo de meu rosto, os pés batendo levemente na água pela ação.

- Te tirando da piscina. – Justifiquei, carregando-o em direção à borda novamente. – Assim você não se suicida.

- Jura que não? – Eu não via seu rosto, mas sua voz soou como a de uma criança teimosa. Mais ou menos como a de Tae soava normalmente.

Assim que o disse, começou a empurrar minhas costas, tentando sair de cima de meu ombro. Notando o que ele fazia, levei a mão esquerda a seu quadril, segurando seu corpo fortemente agora com as duas mãos.

O garoto, ao notar que seus esforços haviam sido parados, imediatamente bufou frustrado, colocando todas as forças num esforço de usar minhas costas como alavanca para se livrar, mas eu era mais forte que ele, e logo senti seu corpo relaxar todo, fazendo-o parecer um boneco de pano encima de meu ombro. Seus braços estavam esticados, encostando os dedos na água, e eu sentia seu tronco descendo por minhas costas. Sentia também seu rosto próximo de meu quadril, a respiração calma me causando calafrios ao chegar à pele.

Ri fracamente, voltando a andar, chegando à borda e colocando-o sentado na mesma. Ele se deixou sentar, e apenas ficou balançando as pernas na água calmamente. Agradeci ao universo por ele ser calminho como era. Podia ter suas birras, mas era infinitamente mais quieto e suportável que as crianças com as quais eu estava acostumado.

Saí da piscina como fizera antes, e assim que fiquei de pé, olhei para Jin, que mantinha a cabeça baixa, observando a água que ondulava em volta de seus pés.

- Vem. – Chamei, oferecendo minha mão direita. Ele levantou o rosto, a expressão vazia, como se estivesse meio longe dali. Olhou para a mão e piscou, logo arregalando levemente os olhos e segurando-a, se deixando erguer.

Ri baixinho de seu jeito lerdo, e recebi um tapa fraco no braço por isso.

Andamos lado a lado pela grama úmida pelo frescor da noite até a casa iluminada à nossa frente. Assim que pisei na varanda, vi, desgostosamente, que uma pequena multidão se reunira na porta de vidro da entrada da casa.

Merda. Foi meu único pensamento ao ver os sorrisos sonhadores e maliciosos de Hobi e JiMin. JungKook e Tae também estavam ali, assim como KyungSoo. Os mais novos sorriam gentilmente – Tae com o sorriso mais largo possível – e KyungSoo hyung tinha os olhos grandes brilhando numa animação que chegava a ser assustadora.

Limpei a garganta, notando Jin abaixar a cabeça ao meu lado, e peguei as toalhas que Hope parecia ter segurado por um bom tempo enquanto nos observava.

Ofereci uma à Seok, que aceitou sem falar nada, ainda mirando os pés. Eu também mantinha a cabeça um tanto abaixada, mas não o suficiente para parecer ameaçado ou submisso.

Dei um passo à frente, querendo sair do peso daqueles olhares ansiosos, parecendo se segurar para começar a zoeira. Fui parado no segundo passo.

- Espera, Mon! – Era melhor HoSeok aproveitar a cabeça enquanto a tinha, porque eu estava seriamente querendo cortá-la fora. – Não fuja! Você finalmente desencanou daquele papo nada a ver seu e aceitou a vida colorida! Não se esconda nas sombras! – Tive que me virar para mirar aquela criatura sem noção. De que merdas ele estava falando?

- Que vida colorida? – Ouvi KyungSoo, que franzia o cenho. É, ele não era bem a encarnação do ‘colorido’.

- Ignore ele, hyung. – JiMin disse, ainda sorridente.

- Por quê? – Hope perguntou, choroso. – Eu estava falando sério! O hyung saiu do mundo cinzento dos heterossexuais e eu estou feliz por isso! – Justificou, como se fizesse todo o sentido.

KyungSoo franziu mais o cenho, e o restante das pessoas na sala revirou os olhos, com exceção de Tae que concordava com a cabeça e de Jin, que parecia infinitamente interessado em seus pés úmidos.

- Por que vocês fazem isso? Eu só estou feliz! – Hobi exclamou, olhando para todos. – Agora eles podem ir lá pra cima e terminar o serviço e ficamos todos felizes! – Sorriu largo, e meu queixo caiu. Vi Jin encolher ainda mais os ombros, e JiMin segurou uma risada. KyungSoo corou e Tae entortou o sorriso, deixando-o mais malicioso.

JungKook socou o ombro de Hope.

Ok, mais uma semelhança entre a Princesa e a Megera.

Hobi protestou, passando a mão no local atingido e abrindo a boca para protestar. JungKook fechou os olhos, parecendo procurar paciência.

- Pare com isso. Está deixando eles constrangidos. – O mais novo ali disse, sério. Cara, cada vez gosto mais dessa criança.

- Por quê? Eu não disse nada de mais. – HoSeok parecia seriamente confuso, e eu o olhei, desacreditado naquela criatura.

- Ah não. – JungKook revirou os olhos, com sarcasmo na voz. – Dizer “agora vocês podem ir lá em cima transar” é super normal.

- Ué. Qual o problema? – Novamente, a solenidade de seu tom me fez olhá-lo incrédulo. – Eu e Tae transamos quando ficamos a primeira vez. Não foi, baby? – Olhou para o garoto, que acenou com a cabeça, sem se importar com aquilo sendo exposto. Não era bem uma surpresa, de qualquer forma, considerando como aqueles dois eram. – As pessoas normalmente não fazem isso? – Perguntou ao grupo.

JungKook bateu em Hobi de novo, enquanto um coro de “NÃO!” soava no cômodo.

- Para de me bater, criatura! – Hope gritou, colocando as mãos sobre a cabeça, como se fosse protegê-lo. Virou-se para o namorado, choroso. – Tae, você não vai fazer nada?

TaeHyung encolheu os ombros, cúmplice.

- Você meio que mereceu. – Disse, simples, fazendo JiMin rir enquanto apontava para Hope, como uma criança debochada.

- Isso quer dizer que podemos te bater todas as vezes que você merecer? – JungKook alfinetou. Ele tinha razão, se fôssemos bater em Tae todas as vezes que sentíssemos vontade de fazê-lo, seria um pouco perigoso para sua saúde. Jeon não estava há muito com o grupo, mas já entendera o espírito para se lidar com Tae como ninguém.

Tae, entendendo que havia sido pego, apagou o sorriso do rosto e caminhou até Hope, abraçando o namorado de lado e olhando para JungKook.

- Se você bater no meu namorado de novo, eu bato no seu. – Declarou, como uma criança diria que iria ficar com o maior pedaço de bolo. Simples, inocentemente autoritária e fofa enquanto fazia birra. Isso fez com que todos ali rissem, e eu aproveitei que todas as atenções estavam em Tae e JiMin, que decidira brincar na brincadeira. Estiquei discretamente o braço para tocar o de Jin, que segurava a toalha ao redor dos ombros.

Ele se sobressaltou levemente, sem se mover muito, o que me fez agradecer aos céus. Puxei-o levemente para fora do cômodo, agradecendo por estarmos próximos da porta lateral da sala, e termos conseguido sair dali sem sermos vistos. Ou pelo menos eu esperava não termos sido vistos.

A porta lateral levava à lavanderia grande da casa, que tinha uma janela grande o bastante para se deitar nela. Subi o vidro, e silenciosamente ajudei Jin a sentar na janela baixa. Me sentei também e saltamos pela curta distância que nossos pés estavam do chão.

Rodeei a casa, indo à porta da frente e abrindo-a, agradecendo por não a trancarmos por conta do bairro ser tranqüilo e seguro.

Entramos silenciosamente, e Jin me seguiu enquanto subíamos as escadas para o segundo andar escuro.

Temi encontrar meu pai, mas a essa hora, Yu já devia ter acalmado seus ânimos. Ele provavelmente estava trancado ou no escritório ou no quarto, e ambos eram os últimos do corredor, então não havia problema.

Segui pelas primeiras três portas fechadas, que correspondiam aos quartos que JongIn e KyungSoo, Jin e JungKook, e o casal das atacadas estavam. Parei em frente ao meu, que era em frente ao que JiMin e YoonGi dividiam, e tinha a porta fechada.

Não perguntei por que JiMin não estava com JungKook, e por que o mais novo dormira com Jin sendo que haviam mais dois quartos desocupados naquela casa. Eu sei, quarto pra caralho.

 Abri a porta de meu quarto, deixando Jin entrar, hesitante e tremendo levemente, com as mãos cruzadas sobre o peito enquanto segurava a toalha nos ombros.

- Tome um banho. – Indiquei com a mão a porta no canto esquerdo do quarto, e ele levantou a cabeça para me olhar. – Eu vou pegar roupas no seu quarto. Mas vá tomando banho enquanto isso. Não gosto de te ver tremendo desse jeito. – Era verdade. O garoto parecia à beira do congelamento, e se arrepiou quando pus minha mão em seu ombros, conduzindo-o à porta com um empurrão leve.

Ele acenou com a cabeça, indo em direção ao banheiro, e quando ouvi o som da tranca, andei até minha mala e troquei a roupa molhada. Coloquei uma bermuda e uma camiseta preta lisa e saí do quarto, deixando a porta aberta e me dirigindo a um dos quartos mais próximos da escada.

Entrei no cômodo vazio, olhando vagamente para as três camas que havia ali. Aquele era o quarto que ficavam as três filhas mais novas de uma das tias bruxentas, o que explicava as paredes cor de rosa que fizeram os olhos de Jin brilharem ao escolher o quarto – mesmo que ele tivesse tentado esconder seu agrado, ele estava bastante visível.

Me dirigi à segunda cama que estava arrumada, diferente da primeira, mas que tinha os lençóis postos, então havia sido usada, ao contrario da última, abandonada no canto do quarto.

Me abaixei ao lado da cama, puxando a mala que Tae havia arrumado para Jin, que apostei estar ali embaixo – acertei – e a abri, encontrando uma infinidade de roupas, algumas familiares para mim, por serem de Tae – não que isso dissesse algo, o garoto estava sempre comprando roupas novas – e vários potes com produtos que eu apostei serem todos de beleza – e todos de Tae.

Peguei uma calça que parecia confortável, e uma camiseta verde musgo que tinha “Force Me” em letras garrafais verde escuras. Sorri, eu me lembrava daquela camiseta. Comprara para Tae há mais ou menos um ano, numa feira de roupas no centro de Seul, que tinha campanhas anti preconceitos como “Encontre seu Eu interior” ou “Não seja quem não quer ser” e “Você é um gato! Seu crush que ainda não notou” e outras coisas engraçadas que me faziam rir de cada inscrição das camisetas que estavam a preço de banana.

Ri mais uma vez lembrando de ter terminado aquele dia quase sem fôlego e voz de tanto ter rido. Lembrei de Tae encrencando com uma garota também encrenqueira e os dois terem terminado amiguinhos do tipo que paga o sorvete um pro outro e depois rouba o doce e sai correndo. Lindo, eu sei.

Lembrei também do garoto que veio flertar com Suga cuja namorada, que tinha uma cabeça a mais que YoonGi veio tirar satisfação. Suga chamou-a de sapata-corna-que-namora-passivas e saiu correndo. Eu juro nunca ri tanto em minha vida.

Peguei uma cueca e outra camiseta, apenas para caso da provável reprovação de Jin pela minha escolha.

Voltei ao meu quarto sem encontrar ninguém – agradeci por isso – e joguei uma das camisetas que havia pegado em minha cama. Ouvi o som do chuveiro através da porta fechada do banheiro. Andei lentamente até ali, e bati na madeira com os nós dos dedos.

- NamJoon? – Ele interrompeu a pequena cantoria de chuveiro que fazia, e eu segurei um risinho ao descobrir que ele também tinha a mania de cantar embaixo do chuveiro. Acho que todos somos estrelas de chuveiro em algum momento.

- Vou entrar, ok? – Ele não respondeu, e acrescentei: – Deixar as roupas aí.

- Ah, claro. – Ele respondeu um pouco alto demais, e eu fiquei dividido entre o apreensivo e o divertido por ele claramente ter lido minha primeira frase de outra forma. – Deixa encima do vaso, por favor?

Acenei com a cabeça, mesmo sabendo que ele não veria aquilo. Abri a porta e, quase sem entrar no cômodo, estiquei meu braço e coloquei as peças onde ele havia pedido.

Assim que fechei a porta, suspirei levemente, sentindo o quarto frio em comparação ao vapor que havia dentro do banheiro. Eu usara toda a minha força de vontade para não deixar que minha cabeça virasse e olhasse para o box. Mesmo que olhasse, não faria diferença, por ele ter paredes de vidro escuro que não permitiam a vista externa, mas apenas a idéia de que meu cérebro queria tanto olhar para lá me fez querer me socar.

Caminhei levemente até minha cama, finalmente parando depois de tudo aquilo.

Eu beijei ele.

O pensamento veio como um tapa, e eu deixei a cabeça tombar pra frente, suspirando. Mirei o chão por um momento, tentando pensar em algo, qualquer coisa que fosse. Tudo o que vinha era a sensação de seus lábios que realmente tinham gosto de morango e a constatação do óbvio: aquilo não era uma atraçãozinha casual. Eu sabia que era mais forte, sentia isso em todas as veias que levavam meu maldito sangue de meu coração que malditamente acelerava só de pensar naquela boca de veludo.

Mantive-me mirando o chão de carpete macio que cobria o segundo andar quase por inteiro – com exceção dos banheiros – como uma estátua, tentando me livrar da lembrança absurdamente presente de seus dedos em minha camisa e de seus cílios borboleteando em minha bochecha quando cortamos o beijo.

Levantei a cabeça ao ouvir a porta do banheiro ser aberta. Jin saiu dali de forma calma, os cabelos escuros brilhando úmidos. Ele se aproximou da cama com uma careta de descontentamento infantil nos lábios e no cenho, e eu tombei a cabeça de lado, não evitando sorrir fracamente para ele.

- “Me Obrigue”? – Cruzou os braços, indicando a camiseta um tanto larga que vestia. Ri curto, dando de ombros, eu esperava essa reação, mas mesmo assim vê-la ao vivo era outra história.

- Bem a cara de Tae, não? – Perguntei, ainda com o riso iminente na voz.

- É. – Concordou, tombando a cabeça levemente para o lado e deixando o lábio inferior escorregar levemente para a direita, de forma que parecia estar fazendo um bico. – Combina com ele, não comigo.

- Você acha? Eu te acho alguém de bastante atitude. – Disse, simples, e ele levantou a sobrancelha, como se achasse que eu estava zombando dele. Não estava. Mesmo que soubesse que Jin podia ser bem submisso (em especial em relação ao homem que se diz seu pai), eu via nele uma energia que nunca vira em ninguém. Uma vontade de ajudar e agir tão entusiasta que fazia com que todos o respeitassem ou que pelo menos não o incomodassem. – Mas, tem razão. Eu tenho uma que é mais sua cara.

Peguei a camiseta que havia jogado na cama antes, e a mostrei a ele. O garoto observou a peça rosa clara por alguns segundos sem demonstrar expressão. Depois vi seus olhos mudarem: brilharam de forma que eu só vira brilharem quando havia morangos envolvidos.

No caso, tinha.

Ele pegou a peça com cuidado enquanto me olhava como se pedisse permissão. Eu queria urgentemente rir sem amanhã de seu jeito. Num geral, quando dizem a um garoto que uma camiseta rosa com dois morangos abraçados e sorridentes combina com ele, ele vai te bater ou te xingar, e Jin parecia estar quase se ajoelhando de admiração pela peça.

Adorável.

 Estalei a língua, e olhei para Jin, que me mirava como se perguntasse qual era o problema. Balancei a cabeça levemente, sorrindo fraco e indiquei que trocasse de camisa de uma vez.

Ele mordeu a bochecha e segurou a camiseta no peito, me olhando acusatoriamente, e eu revirei os olhos, rindo. Coloquei as mãos encima dos olhos, para mostrar que não ia olhar. Ele disse que não era suficiente e me mandou virar de costas. Bufei, ainda rindo, e deixei meu rosto cair no colchão, ainda com as mãos sobre os olhos.

- Jin, eu não consigo respirar. – Falei, com a voz abafada pelo colchão.

- Espera um pouco. – Disse, calmamente, ignorando totalmente meu apelo. – Não se atreva a levantar. – Completou, mais rude, quando me mexi, desconfortável pela posição.

- Sim senhora. – Recebi um tapa na perna ao falar. – Se tem tempo pra me agredir quer dizer que posso olhar?

- Não. – Respondeu, e eu soltei um risinho. Virei levemente a cabeça para o lado oposto ao que ele estava, apenas para conseguir respirar, e recebi outro tapa. – NamJoon! Você disse que não ia olhar!

- E eu lá tenho olho na nuca? – Respondi, um tanto mal humorado por ter sido estapeado de novo. – Eu não estou olhando. E que demora é essa para colocar uma camiseta?

- Nã-não fuja do assunto. – Estranhei ele ter gaguejado, mas reelevei. – Já vesti.

Me virei enquanto sentava novamente no colchão como estava antes, e olhei-o, que tinha agora a camiseta dos morangos vestida. A mesma tinha um formato que delineava um pouco mais seu corpo que a anterior, e os morangos em seu peito eram fofos e lhe davam um ar infantil e adorável.

Sorri, e a expressão dele aliviou um pouco.

- Ficou bem em você. – Coloquei os cotovelos sobre os joelhos, apoiando a cabeça na mão esquerda e deixando a direita cair sobre o espaço entre minhas pernas. – Mas por que essa demora afinal?

- Eu... – Ele parecia estar cogitando me contar ou não, e apertei os olhos, observando-o como se ele fosse suspeito, e eu estivesse a ponto de pegá-lo. Ele pegou meu olhar e exclamou, mais descontraído, mesmo que nervoso: – Não me olhe assim, idiota! – Ri baixinho, me mantendo olhando-o, que finalmente respondeu: – Eu não estava conseguindo tirar a camiseta.

Ele encolheu os ombros, e eu ri soprado, curvando o corpo. Levantei o olhar para encará-lo e ele estava de braços cruzados, ainda de pé.

- Você poderia ter pedido ajuda. – Ainda tinha um sorriso nos lábios, mas Jin desviou o olhar.

- E-eu não queria incomodar. – Disse. Eu entendi a mensagem, ele não me deixaria vê-lo sem camisa, e com certeza não queria me dar motivos para provocá-lo. Essa conclusão me deixou frustrado. E confuso, por estar frustrado.

- Ok então. – Falei, dando de ombros. – Não quer sentar? Você de pé aí me deixa nervoso.

O garoto hesitou, antes de balbuciar:

- Eu estou bem aqui.

- Deixe disso. – Olhei-o com descaso. – Qual o problema em sentar?

- Eu estou be- – Interrompeu a fala quando o olhei mais sério, com a sobrancelha elevada, como se perguntasse se ele ia realmente deixar difícil daquele jeito. – Aish. – Resmungou, se sentando violentamente no colchão, ocasionando um sorriso vitorioso de minha parte.

Ele manteve os braços cruzados, tentando claramente mostrar que estava chateado por ter sido “obrigado” a sentar, mas sua expressão demorou apenas alguns segundos para se aliviar numa de curiosidade infantil enquanto dava pequenos impulsos no colchão, fazendo seu corpo pular um pouquinho. Os pulinhos ficaram mais energéticos, e o garoto parecia ter esquecido o mundo em sua felicidade pelas molas do colchão.

Depois de alguns segundos de pulinhos (que me renderam algumas risadas baixinhas e silenciosas, por não querer tirá-lo de seu mundinho), ele abraçou os joelhos e deixou o corpo cair para trás no colchão, voltando a sentar em seguida, como aqueles brinquedos que vemos em filmes, o cavalinho de madeira que balança sozinho em filme de terror, sabe? Então, Jin se parecia exatamente como um se jogando e voltando a sentar no colchão.

Ele repetiu aquilo umas dez vezes, até se estirar no colchão, rindo encantado de sua descoberta. Olhei-o com um sorriso sem dentes, claramente tentando não rir de seu jeito que nada parecia o moço responsável e sem graça que ele deixava transparecer para os outros antes.

Ele viu que eu o encarava, e capturou meu olhar, apertando os olhos num sorriso gentil e alegre, como se ainda estivesse em parte em seu próprio mundo, mas tivesse se permitido compartilhar um pouco de sua alegria infantil comigo.

Assim que recebi aquele sorriso, travei. Virei para a frente de novo, ficando de costas para ele e coloquei o rosto entre as mãos que estavam apoiadas pelos cotovelos nas coxas. Soltei o ar fortemente, os olhos fechados por baixo dos dedos.

Senti Jin se levantar, e logo senti também sua mão em meu ombro.

- O que está fazendo? – Perguntou, sua costumeira voz calma com um pingo de preocupação. Não havia a infantilidade inocente em seu tom.

- Me controlando. – Respondi e suspirei de novo, tirando o rosto das mãos e sorrindo fraco para ele. Travei de novo. Ele estava de joelhos ao meu lado, o rosto próximo o bastante para que com apenas um movimento eu pudesse ter aquela boca na minha de novo.

Meus olhos correram por ele; os cabelos quase secos estavam bagunçado pela brincadeira, e suas bochechas estavam rosadas ainda pela euforia recente. Seus olhos me olhavam com o vazio confuso que dizia mais que muito olhar “expressivo” por aí, e que o deixava com um ar de estar sempre meio perdido. Parei em sua boca: estava rosada como de costume, nem pálida nem vermelha demais (como ficaria se fosse estimulada), mas no momento, para mim, se assemelhava à maçã do Paraíso.

Deuses, eu não podia com esse garoto.

- Por que está se controlando? – Ele tombou levemente a cabeça, fazendo um biquinho confuso, inclinando-se levemente para a frente para enfatizar sua curiosidade. Não. Ele tinha que estar fazendo de propósito. Não é possível.

Mas ele não estava, eu sabia. Podia dizer isso só de olhar sua expressão inocente um tanto avoada, como se o único problema ali fosse descobrir por que eu estava me controlando. Droga, às vezes eu só queria que ele fosse menos lerdo.

- Porque você é lindo. E isso não parece certo. – Soltei, eu tinha os olhos vidrados em seu rosto, e sentia a proximidade de nossos corpos me fazer recuar levemente, mesmo que eu não quisesse me afastar, não realmente. – Porque se isso continuar eu vou te beijar de novo. Por isso estou me controlando.

Merda.

Jin arregalou levemente os olhos, piscando-os várias vezes em seguida, como se tivesse recebido um tapa. Abriu levemente a boca, e suas bochechas tomaram um tom rosado. Por fim, ele tombou a cabeça para a frente, fazendo com que a franja cobrisse seus olhos. Vi, porém, quando ele mordeu os lábios levemente.

- Você pode... – Sussurrou, e eu o olhei, estático. Ele estava mesmo dando verde daquele jeito? Como se supõe que eu vá me controlar assim, senhor Universo?

- Hã? – Perguntei, apenas por estar incrédulo. O garoto levantou a cabeça levemente, me olhando com um certo medo apreensivo nos olhos, logo abaixando a cabeça de novo, e balbuciando:

- Se quiser...pode me beijar se quiser. – Soprou. Eu provavelmente não teria entendido se não já soubesse o que ele diria.

Olhei-o por mais um segundo, e suspirei alto de novo, chamando sua atenção tímida.

- Você não está ajudando, Jin. – Disse, e passei a mão direita pelo rosto, tentando espantar aquela situação completamente incoerente e desconfortável.

- Hm. Sim. Claro. Desculpe. – Ele murmurou silabicamente, e quando olhei-o e o vi, com as mãos sobre o colo e a franja sobre o rosto, mirando o colchão com o rosto virado para o lado, senti meu coração apertar e uma súbita vontade de socar meu próprio rosto. Aquilo havia sido um fora. De todos os ângulos e perspectivas, aquilo havia sido um fora, e, droga, isso era a última coisa que eu precisava ter feito no momento.

- Ei. Não. Desculpe. – Chamei, e ele levantou levemente o rosto, me olhando de lado, esperando que eu continuasse. – Eu não...eu só estou um pouco confuso, ok? Não pense que não quero te beijar, porque eu quero, caralho, como eu quero. Merda, isso ficou muito ruim. Espera, deixa eu pensar antes de falar, por favor. Me dá um segundo. – Levantei a mão direita, e coloquei a esquerda no rosto abaixado, me amaldiçoando por ter dito tudo de uma vez e daquele jeito. Eu não era de perder a calma, merda, aquilo ia me deixar louco.

Perdi todo o fio da meada – e tudo o que pudesse ser mais remoto a um pensamento racional – quando ele riu. Olhei-o, piscando algumas vezes, confuso. Ele colou os lábios, claramente tentando não rir de novo. Seus olhos tinham aquele brilho que adquiriam quando ele se divertia.

Piscou os olhos algumas vezes, me olhando divertido, e riu de novo.

- Desculpa. – Disse, por fim, parando de rir, mas ainda sorrindo largamente. – Vou esperar você fazer seu cérebro se acertar com seu coração. – O tom era brincalhão, mas ele pegara exatamente o drama da coisa. – Vem. Eu estou com fome. – Levantou da cama, esticando a mão para que eu o acompanhasse.

Olhei-o sem expressão por um momento, logo soltando um sorriso nasalado, pegando sua mão e me deixando puxar.

- A gente jantou não faz nem uma hora. – Falei. Parecia mais, mas a discussão com meu pai foi logo depois do jantar.

- Discussões e piscinas me deixam com fome. – Disse, sério, não soltando minha mão quando me levantei, como esperei que faria, e me puxando para fora do quarto.

Soltei uma risadinha, balançando a cabeça e me deixando puxar.

Seguimos pelo corredor escuro, eu dava passos preguiçosos atrás dos um tanto apressados dele, sempre sendo puxando por ele. Descemos a escada e ouvi vozes na sala abaixo. Antes que eu sequer pensasse em algo, Jin soltou nossas mãos um segundo antes de chegarmos ao cômodo.

- Nossa, já terminaram? – A voz alta de Hope soou no momento que nos viu entrar na sala, e eu torci a boca numa careta. Não estava com um pingo de paciência para implicância de criança no momento. – Foi rápido, não foi, Tae? – Perguntou ao namorado, que estava sentado na posição do lótus no chão enquanto jogava vídeo game contra JiMin na TV gigante que havia ali.

- Uhum. – O garoto respondeu apenas. Provavelmente nem ouvira, e fazia as caretas costumeiras de quando estava indo mal na partida. Isso era raro, JiMin não era de ganhar.

- Não amola, Hope. – Falei, esperando conseguir calar a boca dele antes que começassem as verdadeiras merdas. – Vem, vamos comer. – Chamei Jin, andando em direção à porta que levava à cozinha.

- Vão comer por quê? – Hobi gritou, provocando. – Fizeram algum esforço pra estar com fome agora? – Completou, risonho, e eu mandei o dedo médio a ele, ainda andando.

- Fizeram esforço sim. – Me surpreendi pela voz divertida de JongIn. Achei que ele e KyungSoo estivessem dormindo no sofá do canto da sala. – Pularam a janela para fugir da sua encheção de saco. Deixa eles, Hope.

Não me virei para agradecer meu irmão pelo ‘cala boca’ que dera em HoSeok, mas estava jurando-lhe amor eterno em minha cabeça.

- Onde o JongIn estava? – Perguntei, subitamente, quando entramos na cozinha, longe dos olhos e ouvidos dos outros. Jin me olhou meio confuso. – Ele viu a gente pular a janela, mas não estava lá com eles.

- Ele se camuflou nas sombras, por isso não vimos ele. – Respondeu, mirando o vazio, sem rir ao falar.

- Ei, vai começar com o racismo também? – Perguntei, meio que rindo do jeito que ele falara aquilo, e não verdadeiramente ofendido. Ele virou o rosto para me olhar, os olhos profundos escuros como piche me miraram por um segundo antes de seus lábios se afinarem num sorriso.

- Desculpe. É que KyungSoo hyung vive dizendo isso. Que JongIn hyung se camufla nas sombras e some. – Informou, me observando abrir a geladeira.

- Bom, acho que ele levou o estoque da geladeira junto com ele, porque isso aqui está vazio. – Falei, observando a geladeira, que tinha verduras, carne crua e uma caixa de leite, além de um pote de manteiga e garrafas d’água. Para uma pessoa cuja geladeira estava sempre cheia de coisas prontas, aquilo me parecia torturantemente vazio.

Jin riu baixinho.

- Não está não. – Falou, por cima de meu ombro, onde se apoiara para mirar a geladeira. Tentei ignorar a consciência extrema de seu corpo fazendo peso sobre o meu. – Tem o suficiente para fazer um banquete aí.

- Mas eu não quero um banquete, quero um lanche. – Resmunguei. – Nem queijo tem? Não tinha queijo? – Perguntei, meio retoricamente, olhando ao redor para a cozinha, procurando o queijo.

- Tem aqui, gênio. – Ele indicou o pote branco no canto da primeira estante da geladeira. – O que vai fazer com isso?

- Sanduíche, claro. – Respondi, pegando o pote e deixando Jin ali. Ainda me assustava com seus súbitos comentários sarcásticos, e queria me xingar por isso apenas me fazer achá-lo mais interessante. Tudo naquele garoto iria me agradar? Não era possível.

- Você sabe fazer sanduíche? – Virei-me quando ele alfinetou, fuzilando-o com o olhar. Ele sorriu travesso e encolheu os ombros. – Nonna disse que você queima até ovo frito. Não achei que soubesse fazer sanduíche. – Ele não estava zoando com a minha cara. Digo, estava, mas não nessa última parte. Ele pareceu bem convicto do que dizia, e parecia compadecido pela minha precária situação.

- Se eu não esquentar, não tem como queimar ele. – Justifiquei. Era um pouco humilhante admitir aquilo, mas era verdade: depois de quase tacar fogo na cozinha e estragar a torradeira lá de casa, eu passei a comer meus sanduíches frios mesmo.

Jin soltou uma risada súbita, como se tivesse levado um susto, e eu o olhei feio.

- Me dá isso aqui. Eu faço pra você. – Disse, pegando os ingredientes que eu pegara e levando até o balcão.

Observei-o, sem ação por um tempo. Ele fez dois sanduíches e os levou à torradeira, e eu, bom, eu que não ia reclamar. Minha mãe me proibira estritamente de usar a torradeira – nova – de casa, e eu meio que tinha posto isso como regra à todas as torradeiras que encontrasse. Portanto, um sanduíche quente seria um lucro.

Agradeci pelo sanduíche quando este me foi entregue por Jin, que sorriu pequeno, dizendo que não fora nada. Mordi, e aquele negócio era bom demais pra ser só um misto. Olhei para Jin com um respeito crescente. Eu precisava ter aquele garoto na minha cozinha todos os dias.

Ok, isso ficou feio, mas alguém que consegue deixar um misto quente tão bom quanto um hambúrguer, com certeza merece palmas.

Antes que pudesse sequer dirigir-lhe a palavra, notei, com o canto do olho, movimento na porta da cozinha.

Olhei para lá, e revirei os olhos ao ver as cabeleiras morena, negra e ruiva se esconderem atrás da parede ao lado da porta.

- Achei que estivesse jogando vídeo game, TaeHyung. – Comentei, casualmente, e aos poucos as três crianças saíram de seu esconderijo, rindo animados enquanto entravam na cozinha.

- A gente veio porque queria comer também. – Tae falou, sorrindo angelicalmente. Os três invadiram completamente a cozinha, e eu estalei a língua discretamente.

- A gente queria? – JiMin virou a cabeça para olhar Tae. – Mas o Hobi não tinha dito que a gente ia espiar os hyun- mpfff. – HoSeok levou a mão à boca do Park retardado. Bom, não era como se eu não soubesse o que eles estavam fazendo ali.

Jin soltou uma risadinha quando revirei os olhos e Tae sorriu amarelo pela gafe de JiMin.

- Eu faço os sanduíches, Tae. – Seok disse, se virando para fazer os mesmos. – Pode perguntar para o pessoal se eles querem também?

- Ok hyung! – Tae acenou com a cabeça fortemente, puxando Hope pelo braço enquanto corria para fora da cozinha e gritava: – Eu te amo! Ensine o Mon hyung a ser legal como você!

- Eu te criei sua vida toda, sua criança mal agradecida! – Rebati, e Jin soltou outra risadinha, sendo acompanhado por JiMin, que a julgar pelo jeito retardado e avoado (muito mais que o normal), estava com sono.

- Eu te amo também hyung, não se preocupe! – A cabeça laranja de TaeHyung surgiu de novo na porta, e ele entrou rapidamente na cozinha, agarrando o braço de JiMin, que já se apoiava na mesa e soltava risinhos sem nexo. – Vem, hyung. Não fica atrapalhando eles. – Ralhou, tirando o Park do cômodo. Eu nunca ia admitir em voz alta, mas agradeci à Tae por ter tirado JiMin dali. Simplesmente preferia ficar só com Jin, mesmo que isso sempre resultasse em coisas que eu tentaria evitar normalmente.

Me apoiei no balcão, olhando Jin cortar o queijo e o presunto e montar os sanduíches com uma habilidade assustadora.

- NamJoon, tem algumas laranjas na geladeira, você pode pegá-las pra mim? Vou fazer um suco pra esse monte de gente. – Ele me perguntou, sem me olhar.

Acenei com a cabeça, fazendo o que ele pediu. Levei as laranjas à pia, lavando-as e pegando uma faca para cortá-las. Não custava ajudar ele, que ainda tinha que fazer os sanduíches. Antes que eu pudesse manejar a faca sequer uma vez, porém, senti meu pulso ser segurado, e a faca ser tirada da minha mão.

- O que está fazendo? – Jin tinha uma expressão um pouco severa no rosto, e eu o olhei sem entender.

- Cortando as laranjas.

- Eu não pedi pra fazer isso! – Ele parecia um pouco desesperado e bastante preocupado. – Por favor, não pegue em facas. Elas são perigosas. – Assim que ele disse aquilo, fechei a cara.

- É, eu sei. Elas cortam. – Falei, revirando os olhos. – Ora vamos, não é como se eu fosse TaeHyung, que se corta com faca de manteiga.

- Ei, eu não faço isso! – Mal desviei a atenção para Tae, que chegara à cozinha ao lado de JungKook, que olhava a cena meio surpreso. Não era ele que não queria incomodar?

- Me devolve, Jin. – Falei, ficando um pouco irritado pelo garoto que não me deixava alcançar a faca.

- Você vai se machucar. – Justificou, esticando o braço para cima e para trás, para que eu não alcançasse o objeto. Ação esta que fez com que eu me inclinasse sobre ele para alcançar a faca, nos deixando (o que seria em qualquer outra ocasião) perigosamente colados.

- Não vou. Eu sei usar facas. Me deixa te ajudar, criatura. – Vi, com o canto dos olhos, JungKook tirar Tae da cozinha, empurrando-o.

- Hyung! Todos vão querer sanduíches. – JungKook anunciou, já saindo completamente do cômodo. – Não queríamos incomodar a discussão doméstica de vocês. Tentem não cair com essa faca na mão, e aproveitem para se beijar, já que estão assim.

Jin, que estava quase deitando no balcão para deixar a faca longe de minhas mãos, virou bruscamente para o lugar onde JungKook estivera antes, arregalando os olhos e em seguida franzindo o cenho.

- Nós não-

- Peguei! – Anunciei. Aproveitei seu momento de distração e peguei o objeto de sua mão, saindo de cima de si.

- Aish. – Jin reclamou, me olhando com os braços cruzados. – JungKook me distraiu, não valeu.

Ri nasalado, e falei:

- Claro que vale. Não adianta me olhar assim. – Sorri de canto para ele, que franzia as sobrancelhas e tinha um projeto de bico chateado no rosto. – Agradeça a seu amiguinho estranho Jeon. Quem no mundo fala “discussão doméstica”? – Completei, erguendo uma das sobrancelhas enquanto voltava a cortar as laranjas. Jin riu contido, e eu abri mais meu sorriso por ter conseguido fazê-lo rir daquilo. – Mas de qualquer forma, que incrível, não? Até JungKook está conspirando com eles agora.

- Isso não é de hoje não, senhor. – Jin me olhou com um meio sorriso nos lábios e os olhos divertidos. – Não se deixe enganar pelo rostinho bonito e pela pose de confiável de JeongGuk, ele é uma pestinha.

- Ele é, é? – Levantei a sobrancelha, olhando para ele. – Que engraçado, conheço outra pessoa que tem rostinho bonito e pose de confiável. Isso quer dizer que o senhor também é uma pestinha? – Seok fez uma careta, e eu soltei um risinho.

- Não fale assim. Eu não sou isso.

- Não é o quê? Confiável ou bonito? – Alfinetei, sem conter o sorriso esticando minhas bochechas. Jin me deu um tapa fraco na mão. Sim, a que estava usando a faca ultraperigosíssima.

- Idiota. – Disse, e ri mais ainda.

Para mim, ele era – e muito, em especial o segundo – os dois, mas não fui trouxa – pelo menos uma vez – e me mantive calado sobre essa opinião.

- Não fui eu que esqueci dos sanduíches na torradeira pra roubar a faca dos outros. – Digo, rindo quando ele se sobressaltou e correu para salvar os sanduíches que não haviam se queimado tanto assim. – Quem é o idiota agora?

- Você. – Falou, emburrado, colocando outros sanduíches na torradeira. Soltei um risinho. Por dentro, eu estava gritando algo como “Sim, seu trouxa, para de rir só de olhar pra essa criatura” mas esse era um lado da minha mente que eu já ignorava há tempo demais para dar bola no momento.

Inclinei levemente meu rosto na direção dele, e me peguei olhando para sua boca. Jin tinha a mania de passar a língua nos dentes superiores quando estava distraído, e o movimento se via levemente no lado externo da boca carnuda. Subi a visão de seus lábios para suas bochechas fofas, e analisei todo o perfil de seu rosto delicado. O desenho das sobrancelhas dava aos olhos um ar ainda mais avoado, e o nariz fino apenas completava sua aparência de porcelana.

Suspirei, fechando os olhos por um momento. Apenas olhar ara ele parecia o suficiente para me deixar extasiado, e eu sentia cada parte de meu corpo inclinada a enterrar o rosto em seus cabelos negros e permanecer ali.

Droga, idiota. Pensei, quando ele se virou, me olhando com seu olhar perdido habitual. Aquilo estava saindo do controle, e, droga, tudo o que eu menos queria agora era afastá-lo de mim por uma ação impensada.

Desviei o olhar do seu, e me dispus ao esforço de espremer as laranjas para o suco.

Depois de tudo pronto, ajudei Jin a levar as coisas para a cozinha. Ele revidou fortemente sobre isso, alegando conseguir levar tudo sozinho. Trinquei a mandíbula teimosamente e levei o prato com sanduíches, ignorando seus pedidos de deixar aquilo com ele.

Consegui – graças aos céus – levar os lanches sãos e salvos e olhei convencidamente para Jin, que vinha logo atrás com a jarra de suco e os copos.

Ele revirou os olhos, se sentando no sofá ao lado de JungKook. Tentei calar a boca de meu cérebro antes que ele lamentasse por isso.

Eu me sentara ao lado de JongIn e KyungSoo, cujo primeiro parecia estar quase dormindo, pois sequer se moveu ao ver a comida, e isso era um acontecimento épico.

Suga e Hope, que eram os ocupantes do console no momento, por outro lado, não pensaram duas vezes antes de pausar o jogo para dar a devida atenção à comida que chegara. Tae e JiMin, esses eu nem vi chegarem perto da mesa, sei que quando olhei, eles já estavam com os sanduíches na boca.

Notei, no entanto, que uma pessoa não parecia querer comer. Não parecia sequer ter notado a comida.

Levantei do sofá em que me encontrava, deixando que KyungSoo se ocupasse em dar comida ao namorado sonolento em paz, e me deixei cair ao lado de Yu no sofá mais afastado do centro da sala, onde estavam todos.

- Não quer comer? – Perguntei, e ela sobressaltou como se acabasse de notar minha presença ali.

- O quê? – Me olhou meio perdida, e eu apontei para a mesinha no centro do círculo de sofás, que tinha uma manada de abutres no corpo de garotos matando as dúzias de sanduíches de Jin (sério, tinha um montão).

- Comida. Tem. Você quer? – Falei, de modo pausado, como um robô expondo informações, e ela curvou levemente o canto da boca, denunciando um pequeno sorriso, que logo morreu.

- Não estou com fome. – Disse, e apertou os braços cruzados, se afundando mais um pouco no sofá macio, como se tentasse me evitar e mirando a parede oposta com o olhar fixo e o semblante pensativo.

Olhei-a por um momento, suspirando em seguida.

- Você sabe que o que ele faz ou deixa de fazer não é culpa sua, não é? – Ela acenou vagamente com a cabeça, e eu sabia que ela não concordava com isso. Eu tentara convencê-la a deixar de se preocupar elas burradas daquele velho inúmeras vezes, mas aquela ali, quando colocava algo na cabeça, era pior que mula empacada. – Sério Yu, não deixe ele fazer o que quiser com você, você não merece e nem precisa aturar ele.

Ela suspirou. Aquela conversa era algo até rotineiro para nós dois, e eu sabia, tanto quanto ela, que tomaria o mesmo rumo de sempre.

- Eu sei, mas Nam, se eu não fizer isso, quem vai fazer? Eu tenho que mantê-lo na linha. – Disse, de acordo com o script, e eu torci a boca, descontente com aquele mesmo papo que eu não engolia de jeito nenhum.

- Você não “têm” nada. Você é filha dele, não babá. As merdas que ele faz dizem respeito apenas a ele. – Resmunguei, ácido, irritado por saber, no fundo, que não conseguiria convencê-la de nada.

- Se eu não estivesse aqui, JongIn já teria feito sabe-se lá o quê. Só eu sei como ele surta quando o assunto é KyungSoo, NamJoon. – Ela deu um sorrisinho sem humor, ainda mirando a parede. – Acredite, não é bonito.

- Acredito em você. – Disse, simples. Nem queria imaginar como teria sido se tivesse sido JongIn a perder o controle, não eu. – Mas eu não quero ficar na mesma casa que esse velho, Yu, não mesmo. – Disse. Eu decidira aquilo assim que olhara para o quarto trancado no fim do corredor quando fui lá para cima com Jin: não queria mais respirar o mesmo ar que aquele cara, e, principalmente, queria afastá-lo o mais rápido possível dos garotos que eu considerava família. E de Jin.

- Sobre isso, não se preocupe. – Ela me olhou, tentando sorrir como se estivesse animada com o que revelaria. Seu desânimo com tudo era aparente, porém. – Vamos sair daqui amanhã cedo, para evitar qualquer encontro desagradável. Eu falei com Nakazono, ele nos receberá no aeroporto de Tokio. – Nakazono era, lembrei, o gerente da filial da empresa na capital do Japão, ou algo assim.

- Você não pode apenas enfiar ele num avião? Por que sempre nos larga pra ir com ele, Yu? – Eu tinha noção de que parecera uma reclamação infantil, mas era verdade: Yuri sempre tentava evitar confusões com nosso pai, e isso queria dizer tirá-lo de perto o mais rápido possível. Deixá-lo se iludir com seus “verões em família”, mas tirá-lo do mapa a qualquer ameaça de bomba.

Eu sabia que ela o admirava (não me pergunte por que), e estava seguindo a carreira de administração por causa dele, mas me parecia tão injusto ela ter que ficar aturando-o tanto tempo apenas para nos livrar dele...

Minha irmã soltou um risinho, e afagou minha bochecha, como fazia desde pequena em JongIn, e mais tarde em mim. Era um afago fraternal, que quase não me era percebido, por estar tão acostumado a ele.

- Alguém tem que controlar aquele idiota, e você e JongIn iriam enfiá-lo numa cova nas primeiros cinco horas. – Ri nasalado, concordando com ela, que continuou: – Não se preocupe tanto, Nam. Eu estou bem em fazer isso, é minha especialidade. – Cerrou o punho como que para mostrar confiança, e eu, mesmo sorrindo, me senti triste por ela. Por ter tanta certeza do próprio destino desgraçento.

Suspirei pesadamente, olhando para o centro da sala, onde todos comiam e falavam, e peguei Jin olhando para onde estávamos, a expressão preocupada e curiosa com a qual eu já estava me acostumando.

Sorri pequeno, e ouvi Yu soltar um risinho pequeno. Não brincalhão como os dos garotos normalmente soavam, mas gentil. Olhei para ela.

- É um garoto de ouro, esse aí. – Ela disse, sem me olhar. Mirei Seok de novo, e não me contive em concordar mentalmente. – Não deixe ele escapar por causo do que o pai disse, ok? – Me olhou com os olhos maiores pela preocupação, e eu ri soprado, meio debochado.

- Se eu já não planejava fazer isso antes, imagina agora que sei que ele vai odiar isso? – Eu não sabia bem de onde viera isso. Não tinha decidido nada sobre aquele assunto, e muito menos decidido avançar com Jin, mas no momento me pareceu exatamente o que eu faria: o ódio de meu pai por aquele tipo de coisa me fez ficar mais inclinado ainda a arriscar. E não era como se eu não quisesse tentar algo de novo com Jin.

Yu sorriu, balançando a cabeça em negativa.

- Bem sua cara fazer isso. – Ela me olhou. – Mas se você vai desconsiderar os sentimentos do garoto desse jeito, eu mesma te dou um tapa, aqui e agora, Kim NamJoon. – Eu sabia que ela estava brincando, mas tive que me segurar muito para não levantar e gritar que tudo o que mais me preocupava era como Jin estava se sentindo sobre tudo isso.

Era verdade: eu passara muito tempo preocupado apenas com minha confusão interior, e assim que notei que tinha que entender o lado de Jin também – mesmo que fosse absurdamente difícil pra mim entender isso. Eu sentia que conseguia lê-lo de todas as formas, porque era o que ele fazia comigo, mas a realidade era que aquele garoto, ao mesmo tempo em que era um livro aberto para mim, parecia ter mais entrelinhas que qualquer outro – entrei num pânico interno que me consumia o tempo todo.

Eu realmente não o entendia direito.

E seu comportamento no quarto um pouco antes era uma prova disso: Jin não era – ou não parecia – o tipo de garoto que abriria a guarda desse jeito, então ou eu tinha uma idéia completamente equivocada sobre ele ou eu era muito mais atrativo do que me lembrava, porque eu só me lembro de ter sido ou grosso ou trouxa com ele.

- Não pretendo fazer isso. – Disse, por fim, ao lembrar que minha irmã ainda esperava uma resposta. Às vezes eu me assustava com a forma que minha mente já parecia ter decidido tudo sem me consultar, mas a idéia de me afastar de Jin agora ou de continuar sem tocá-lo estando ao seu lado me parecia impensável.

Não. Eu precisava daquele garoto. E notar isso me deixava apenas com mais medo daquele sentimento crescente que me assolava a todo tempo.

- Sei que não. – Dessa vez, a voz de minha irmã veio divertida, mas eu sequer me virei para olhá-la quando ela levantou do sofá. – Sabe que está secando muito ele, né? Tenta ser mais discreto. – Bateu em meu ombro e se dirigiu à mesa, gritando com os garotos por terem acabado com os sanduíches. Ri baixinho de seu jeito, afinal, quem que estava sem fome mesmo?

Minha atenção, porém, não ficou em Yuri por mais que alguns segundos, e logo voltou a mirar seu alvo preferido. Traíra. Eu aqui tentando não avançar no garoto e ela aí, toda marota secando o moleque.

Jin parara de olhar para mim diretamente logo depois que ele virara o foco de minha conversa com Yu, mas eu sabia que ele ainda me mirava de vez em quando. Parecia meio tenso, apenas de estar prestando atenção na conversa de JungKook e rindo quando devia.

Observei divertido quando JongIn se levantou repentinamente (cena incomum, sendo que quando dormia, meu irmão não acordava nunca mais) e gritou algo sobre também querer jogar, porque ele era fera naquele jogo. KyungSoo riu e disse que ele não era fera em nada, e Kai apenas mostrou-lhe a língua.

- Ah não. Eu acabei de sentar pra jogar. Me deixa. – Tae reclamou, quando JongIn pediu para jogar.

- Não olha pra mim. Eu acabei de pegar o controle. – Suga, que estava com o player 1, se encolheu, dizendo. Isso era uma mentira, mas ninguém se atreveu a tentar tirar Suga do console.

- Por que vocês estão jogando só com dois players? – JongIn disse, assim que os dois negaram-lhe o jogo. – Dá pra jogar com quatro nesse, não dá? – Perguntou, e os outros acenaram com a cabeça. Meu irmão deu um risinho convencido quando JiMin resmungou algo sobre “dá, mas só tem dois”, e tirou os outros dois joysticks do armário debaixo da televisão.

Com isso, a sala virou uma euforia só, porque todos queriam jogar.

- Parece que “tem mais dois controles” significa “tem controle pra manada inteira”. – Comentei, sozinho, e sobressaltei de forma que eu chamaria de exagerada depois, quando alguém me respondeu, no entanto:

- Uhum. – Jin. Jin, sentado do meu lado. Jin, sentado do meu lado comendo um pedaço de torta.

Deuses, quando ele fora pra lá? E onde no mundo ele conseguiu uma torta? De morango ainda por cima?

 -Não te vi vindo pra cá. – Disse, ainda olhando-o meio assustado. Nunca ia me acostumar com aquela habilidade de sumir e surgir do nada. Na realidade aquilo era apenas porque ele não fazia nem muito estardalhaço nem muito barulho, mas assustava a qualquer distraído.

Ele virou o rosto para mim, o garfo entre seus lábios de forma distraída.

- Claro que não. Você estava rindo do hyung. – Disse, sorrindo em seguida. Eu gostava daquilo, de como seus sorrisos vinham fáceis quando se tratava de mim. O mesmo acontecia com os meus, mas isso já era mais irritante que agradável.

- Onde conseguiu isso? – Perguntei, apontando para a torta. Ele me olhou, e logo olhou o prato que carregava, respondendo:

- Com a nonna. – Disse, exibindo um sorrisinho mais sonhador, como se se lembrasse de algo que lhe agradara. Claro, Yuri podia não conviver com minha mãe, mas no fator “amante de doces”, pareciam gêmeas.

- Nem queijo na geladeira tem, mas torta nunca falta, né? – Falei, retoricamente. Mesmo que soasse como uma reclamação, não o era verdadeiramente, e eu agradecia pela presença dessa torta no momento. Jin ficava absurdamente fofo comendo aquilo.

Não que eu fosse dizer isso a ele. Observá-lo era o bastante.

- Tinha queijo. – Olhei-o dizer numa careta, e me permiti rir baixinho.

- Mas onde estava isso, afinal? – Perguntei, me referindo à torta, cujo pedaço já estava indo para o espaço. – Não vi torta nenhuma na geladeira. – Se tivesse uma torta no meio daquela horta e abatedouro que tinha lá dentro, eu teria visto, com certeza.

- Fica no esconderijo secreto da nonna. – Jin apenas disse, terminando o pedaço animadamente, e limpando os restos do garfo com a língua.

Não faça isso, por favor. Não faz bem pra minha sanidade.

- Esconderijo? – Levantei a sobrancelha, um pouco debochado da forma que ele falara. Na realidade eu estava apenas tentando não prestar atenção demais na forma que ele continuou brincando com aquele maldito garfo na boca.

Ele acenou solenemente com a cabeça, e sim, o garfo ainda estava entre seus lábios.

- Eu não vou te dizer onde é. – Disse, cantarolando como se aquilo fosse representar muito para mim. – Ela me contou porque confia em mim. – Ele parecia verdadeiramente orgulhoso de si mesmo. Como se Yuri tivesse lhe confiado um reino em mãos.

- Tinha álcool nessa torta? – Perguntei, em parte de brincadeira, em parte verdadeiramente preocupado. Eu sabia que ele não precisava de muito para ficar alegre, então a presença de álcool no doce podia ser uma explicação para aquele comportamento, que lembrava fortemente certo episódio com ajummas e ajushis comidos.

- Você é idiota? – Perguntou, me olhando com curiosidade infantil. – Claro que não tem. Eu não bebo. – Completou, cantarolando da mesma forma que antes e balançando as pernas, batendo-as no sofá. Ok. Definitivamente tinha alguma coisa naquela torta.

- Quantos pedaços disso você já comeu? – Perguntei, temeroso, apontando para o prato que ele segurava, agora vazio.

- Cinco. – Disse, sorrindo orgulhoso, e se levantando em seguida. Adoraria descobrir em que momento da vida ele comera tanta torta. Eu não o largara por muito mais que cinco minutos.

- Onde está indo? – Levantei atrás dele, me preocupando de verdade. Ele não estava bêbado, não, longe disso, mas eu tinha certeza de que pelo menos um pouco de álcool havia entrado em seu organismo.

- Vou pegar mais torta. – Cantarolou, me olhando um pouco chateado quando segurei seu braço, impedindo-o de avançar. – O que foi?

- Vem cá. – Puxei-o até onde Yuri estava sentada, agora jogando contra JongIn, Suga e JungKook (que, como os outros, estava perdendo feio para minha irmã). – Tem quantos litros de licor nessa torta? – Perguntei duramente para Yu, que virou a cabeça preguiçosamente para me olhar.

- O quê? – Perguntou simplesmente, parecendo pouco interessada.

Bufei, um pouco impaciente, sentido Jin tentar soltar de meu aperto.

- Licor. Tem álcool nessa torta que você deu pra ele? – Perguntei, pausadamente, como se falasse com uma criança, o que me rendeu o resultado esperado: Yu ficou irritada, e entendeu o que eu dissera.

- Tem. Tem um pouco de licor nela sim. – Respondeu, calma, me olhando como se não entendesse o motivo de minha irritação.

- Um pouco, quanto? – Perguntei, ácido, ainda segurando o braço de Jin, que agora parecia decidido a se soltar de mim. – Ele não bebe, Yu. O seu “um pouco” não é tão pouco pra essa criatura. – Falei, os olhos semicerrados. Yu arregalou os olhos minimamente, entendendo. E então deu uma risadinha.

Entendeu merda nenhuma.

- Parece que a sua criatura vai pegar mais torta. – Apontou, divertida, e eu me virei rapidamente, me perguntando quando diabos ele se soltara de meu aperto.

- Ele não é-

- Tá. Ele vai pegar mais. – Yu me cortou, voltando a prestar atenção no jogo, o qual JongIn tinha tomado a frente pela distração de Yuri.

Estalei a língua. Minha irmã era uma das pessoas mais gentis do mundo até começar a competir com alguém. Normalmente, meu conselho para o pobre infeliz que se tornara seu alvo era “desista, esconda-se, rogue por perdão”, mas JongIn sempre conseguia ser um adversário à altura no vídeo game, então não podia-se esperar muito da gentil e normal Yuri. Ela saía de férias nesses momentos.

Andei a passos rápidos e um tanto pesados até a cozinha, mas travei no momento que meu olhar parou em Jin. Ele parecia ter decidido que era muito empenho ir até a sala para comer, então apenas se sentara na mesa em frente à torta, cuja metade já não existia, e terminava alegremente um pedaço gigante que se servira.

Leve o “alegremente” a sério. Obrigado.

Me mantive parado ali, e apenas observei sem reação quando ele me notou ali, soltando um sorriso que apertava seus lábios de forma fofa, formando um “v” com os carnudos. O garfo em seus lábios.

Acenou para mim de forma animada e um tanto delicada, como se seus movimentos fossem vento, e fluíssem da melhor forma possível. Tudo o que pensei antes de sorrir de volta e me apoiar na porta foi “Quem se importa com álcool? Ele fica adorável assim”.

Jin comeu mais várias garfadas enquanto me olhava curiosamente, fazendo aquele biquinho bonitinho ao colocar o garfo na boca. Por fim, levantou a mão e me chamou acenando levemente.

Levantei a sobrancelha de forma questionadora com seu chamado, mas não hesitei em desencostar o ombro do batente da porta e caminhar até a mesa, me apoiando na mesma ao lado de Jin, que sorriu docilmente assim que me postei ali, logo voltando a atenção à torta.

- Vamos deixar um pouco de torta pra nonna? – Sim, eu perguntei como se falasse com uma criança, apenas por estar com um pouco de medo do nível de álcool em seu sangue. E eu já entendera uma coisa nessa vida: quanto mais bêbado SeokJin ficar, mais nova será a criança a se lidar.

Ele me olhou com os olhos grandes sofridos antes de me deixar pegar o prato em que estava a torta. Levei o doce cautelosamente até a geladeira, temendo que ele o revogasse. O garoto quase acabara com a torta, e seu olhar me seguindo em minhas ações mostrava que ele queria tê-la terminado.

- Não é aí que guarda. – Protestou, num tom normal.

- Onde é então? – Eu ia falar que não tinha problema em guardar ali, mas sabe-se lá o que aquela criatura faria se fosse questionada naquele estado. Mesmo que eu estivesse mais relaxado que antes, afinal, ele não estava bêbado, claramente. A capacidade de falar algo sem dengo e manha provava isso.

- Não vou te falar. – Falou, solenemente cruzando os braços, me olhando como se fosse óbvio. – Me dá. – Pediu, estendendo as mãos para pegar o doce quando se aproximava de mim. – Vira. – Fez um movimento circular com o indicador quando lhe entreguei o doce, e eu, com um sorrisinho nos lábios, obedeci. – Não olha.

- Okay. – Falei arrastado, continuando a sorrir de seu jeitinho. Ele mantinha a autoridade materna de sempre, mas o toque de infantilidade cedido pelo álcool o deixava menos sério e mais fofo.

Eu devia achar um homem tão adorável?

Meu deus, estou virando um completo viado.

- Pronto. – Senti sua mão bater em meu ombro, e pisquei algumas vezes. Em parte por sequer ter ouvido-o guardando a torta, em parte porque senti um estranho vazio quando o vi se afastando a passos leves em direção à saída da cozinha.

Francamente, o que eu estava esperando? Que ele pulasse em minhas costas e gritasse algo como “para frente e avante, Nammie!”?

Talvez.

Não sei, mas eu esperaria esse tipo de comportamento de um SeokJin bêbado.

Algo desse gênero não ter acontecido comprovava minha certeza de que ele não estava bêbado, e sim só um pouquinho alterado. Não sabia se me sentia aliviado ou triste por isso.

Talvez eu gostasse demais do Jin bêbado. Mas, ei, eu tinha motivos para isso. Quem no mundo conversa com morangos e sobe numa multidão como se esta fosse o arco íris da felicidade depois de alguns drinques? É uma oportunidade de ouro.

Cheguei à sala alguns segundos depois de Jin, e sobressaltei quando o vi em frente à TV, com todos o olhando fixamente enquanto ele mandava, alto:

- Está tarde, vocês tem que dormir. – Falava, a voz mais esganiçada que o normal, as mãos se movendo de forma exagerada, indo da cintura dele ao ar várias vezes. – Crianças não podem ficar até tão tarde jogando. Vocês tem que dormir. TaeHyung! Olhe pra mim quando eu falo. Vocês tem que dormir. – Choramingou, ao terminar a fala que havia sido disparada sem pausas.

Abri um pouco a boca ao ver aquilo. Eu teria rido, mas antes que pudesse sequer processar tudo aquilo, JungKook, que como os outros olhava fixamente e sem expressão para Jin, se virou para mim.

- Hyung. Ele bebeu? – Perguntou, simplesmente, com o cenho meio franzido em estranhamento.

- Um pouquinho. – Respondi, torcendo o nariz quando todos me olharam da mesma forma que JungKook. Mirei Yuri fortemente por um segundo, logo olhando para Jin, e me dirigindo ao mesmo. – Vem, vamos beber água. – Tirei-o da frente da televisão, deixando que continuassem o jogo que havia sido pausado pela interrupção de Jin.

- Mas que saco, NamJoon. – Se desvencilhou de minha mão, me olhando ofendido. – Eu já disse que não estou bêbado. Para de me encher! – Arregalei um pouco os olhos por aquela atitude. Ok, ele precisava de água. Bastante.

Os outros garotos (e Yuri) pareceram ficar tão surpresos quanto eu com aquela reação de Seok, e aos poucos risinhos baixinhos foram ouvidos. Não liguei para aquilo, eu mesmo estava segurando minhas risadas.

- Tem razão, você não está bêbado. – Falei, mansamente. – Vem cá, aquela torta não te deixou com sede? – Perguntei, o mais calmamente que conseguia, segurando seu braço de novo, e o puxando levemente.

Aos poucos a careta chateada sumiu de seu semblante, e ele acabou por acenar com a cabeça e se deixou puxar.

Conduzi-o gentilmente de volta à cozinha, e abri a geladeira, pegando uma garrafa d’água. Enchi um copo e lhe ofereci, que aceitou e bebeu de uma vez, me fazendo temer que se afogasse.

Abaixou a cabeça assim que esvaziou o copo, e se deixou sentar numa das cadeiras da mesa, estendendo o copo para mim, o rosto coberto pela franja que parecia longa demais.

Servi-o de novo, apoiado no balcão em frente à mesa, nunca deixando de olhar para ele, tentando entender o que estava passando por aquela cabeça. E ele bebeu, bebeu esse e os três seguintes copos que lhe ofereci.

Por fim, ele depositou o copo na mesa atrás de si, mas manteve a cabeça abaixada, mexendo os dedos de forma acanhada, como toda sua postura.

- Bem melhor, né? – Perguntei, depois de alguns segundos em silêncio. Ele hesitou, logo acenando com a cabeça. Sorri pequeno. – Vem. – Chamei, estendendo a mão para ele, que levantou o olhar confuso, me fazendo sorrir mais um pouco. – Está mesmo na hora daquelas crianças dormirem. – Justifiquei, sorrindo, e senti o peito inflar como se estivesse prestes a explodir quando ele devolveu o sorriso da forma mais bonita possível. Aceitou a mão e se deixou levantar da cadeira.

Ele ficou à minha frente após levantar, e por uma fração e segundo eu me permiti olhar fundo em seus olhos que me miravam gentil e avidamente. O canto de minha boca se curvou num sorriso e eu apertei sua mão, logo a soltando e me virando para sair do cômodo.

Senti Jin me seguindo de perto, e tentei acalmar os batimentos que martelavam meu peito ferozmente. Eu sempre o observava, mas senti aquela troca de olhares de forma mais forte que qualquer outra.

Como se tivesse encontrado uma jóia, mais preciosa e brilhante que todas as outras.

- Hyung! O que está fazendo?! – Já comentei que, quando grita, a voz de JiMin sobe uns cinqüenta decibéis. Não? Pois é. Não é muito recomendável pra quem quer manter seus tímpanos saudáveis até a velhice.

- Desligando o vídeo game. – Justifiquei, devolvendo para TaeHyung o controle que havia pego de sua mão para desligar o aparelho. Todos na sala me miraram incrédulos, como se não acreditassem naquilo.

- Isso eu notei. Por que fez isso? – O Park reclamou, ameaçando começar a choramingar.

- Está tarde. TaeHyung, você, e HoSeok ainda não tomaram banho. Nós acordamos cedo hoje, JongIn e KyungSoo praticamente estão dormindo no sofá. Yu já foi lá pra cima. Já está na hora de parar com essa merda. – Falei, vendo as expressões das crianças à minha frente se tornarem birrentas e um pouco chateadas. Jin se manteve todo o tempo próximo de mim, calado, apenas observando.

- Isso não é justo! Eu estava terminando a fase! – JiMin retrucou, choramingando daquele jeito irritante que apenas ele conseguia.

- Eu estava quase alcançando ele, hyung! Isso foi cruel! – TaeTae não ficou de fora na reclamação, mas parecia estar apenas reclamando porque sim.

- E eu não quero tomar banho. Não agora. – Hobi choramingou quase no mesmo tom de JiMin, se isso fosse possível.

- Eu também não. – JiMin acenou com a cabeça.

- Nem eu. – Tae cruzou os braços de forma teimosa. – Minha pele está ardendo toda. A água vai machucar.

- Talvez, se você não tivesse ficado subindo em árvores na hora de passar protetor e não tivesse fugido por aí em pleno sol do meio dia, sua pele não estivesse ardendo agora. – Retruquei, olhando-o um pouco feio. Eu precisara tomar analgésicos depois daquele episodio, de tanta dor de cabeça que aquele sol me deu.

- Você fala como minha mãe, hyung. – Tae comentou, como uma reclamação.

- Ele está mais para o pai manso. – Suga zombou, estirado no sofá. Não havia se manifestado antes, mas estava, como sempre, na melhor posição para observar uma treta e jogar lenha na fogueira quando necessário.

- Vem cá que você vê o manso. – Ameacei. Aquele tipo de coisa era normal com nós dois, mas devo admitir que o sorrisinho debochado de YoonGi me irrita um pouco. O exato sorriso que ele soltou assim que terminei minha fala.

- Que violência. Só expus um fato. – Deu de ombros, com o mesmo sorrisinho. Semicerrei os olhos para Suga, mas esqueci completamente o que ia lhe responder quando senti dedos tocarem levemente minha mão.

Olhei para onde o toque se fazia presente, logo buscando o olhar de Jin, que me olhou serenamente, apertando os olhos num sorriso invisível para qualquer outro alem de mim, que mirava suas orbes diretamente.

Mirei-o por uns dois segundos, logo fechando os olhos e acenando com a cabeça, indicando que me acalmaria. Eu não estava verdadeiramente irritado, afinal, a personalidade de YoonGi sempre foi...difícil, mas Jin parecera tão desanimado antes que eu apenas quis ajudá-lo em algo. E YoonGi estava no caminho.

Um sorrisinho sombreou o canto da boca de Jin, e ele retirou seus dedos de minha mão, me fazendo lamentar pela ausência que parecia exageradamente grande após não sentir mais seus dígitos em minha pele.

Mirei os garotos de novo, que nos observavam em silencio. Capturei imediatamente o olhar de YoonGi, que sorriu pequeno antes de comentar, irônico:

- Foi isso o que eu quis dizer com “manso”. – Abriu um sorriso mais largo, os olhos pequenos sempre aparentando estar sonolentos. Tae soltou uma risadinha, assim como os outros garotos que não estavam jogados no sofá do canto como gatos gordos (meu irmão e seu namorado tinham essa aparência no momento).

Fulminei Suga com o olhar, e silabei, sem som, as palavras “vai se foder”.

O Min abriu um sorriso debochado clássico, e comentou:

- Eu adoraria, mas estou numa seca do caralho nessa casa cheia de casaizinhos. – Suspirei internamente. YoonGi, quando entrava na vibe, nunca mais parava de debochar.

- YoonGi ah. – Todos os ali presentes e acordados, olharam para Jin, que não abrira a boca até o momento. – Eu quero mesmo colocar esses meninos para dormir. – Falou, a voz macia meio embolada, como se ainda tivesse dificuldade de falar. – Você é mais velho que NamJoon e sei que é uma boa pessoa. – Levantou o olhar, mirando YoonGi com olhos grandes e pidões, completamente fofo. – Pode nos ajudar?

Meu amigo arregalou um pouco os olhos, logo abrindo a boca e em seguida a fechando de novo. Soltei uma risadinha nasal quando ele acenou com a cabeça, não olhando nos olhos de Jin, e levantou do sofá.

- Vocês ouviram, piazada. – Bateu palmas uma vez. – Circulando. – E se virou, subindo antes de todos, que ainda olharam para a escada onde ele sumira antes de começar a se mover, obedecendo YoonGi.

- Vocês me tratam como criança. – Tae ainda resmungou baixinho, num bico, enquanto Hope o puxava pela mão lá para cima.

- Você age como criança, então será tratado como uma. – Rebati, ainda parado no mesmo lugar de antes, em frente à TV.

Olhei um pouco incrédulo enquanto todos sumiam na mesma escada que YoonGi o fizera, e, ao ficar sozinha na sala com Jin e os dois ursos hibernantes, olhei para o garoto ao meu lado com curiosidade e o costumeiro respeito crescente.

- Como você consegue fazer isso? – Perguntei-o, incrédulo. Ele virou o rosto em minha direção, confuso. – Eu nunca vi alguém calar a boca do YoonGi e ainda convencê-lo desse jeito antes.

- Ah isso... – Jin arregalou um pouco os olhos, logo baixando-os para me responder. – Você só tem que ser gentil, e as pessoas serão gentis com você.

Franzi um pouco o cenho. Ele sabia, tanto ou mais que eu, que aquilo não era totalmente verdade. Abaixei um pouco o rosto para capturar seu olhar, o qual consegui levantar depois de alguma hesitação de sua parte.

Sorri, levando a mão aos seus cabelos e os bagunçando, rindo baixinho ao conseguir sua careta de costume.

- Talvez você tenha razão. – Acabei por concordar. – Mas ainda sim, nunca vi Suga daquele jeito. – Mordi o canto do lábio inferior, pensativo. – Você tem mesmo uma aura de mãe.

- Isso era pra ser um elogio? – Jin perguntou com uma das sobrancelhas levantadas, me olhando enquanto minha mão ainda jazia sobre seus cabelos.

Soltei um riso soprado por seu tom irônico, que não era comum ser escutado em sua voz, e mexi em seus fios da franja mais uma vez, logo dando um peteleco em sua testa e me virando para seguir para a escada.

- Talvez.

- Não pareceu. – Ele resmungou, e eu senti-o me seguindo. – E não fique me agredindo. – Falou, em tom autoritário nada sério, que fez com que eu virasse um pouco a cabeça para olhá-lo. Ele tinha a mão sobre a testa, e olhava para o lado com um pequeno bico nos lábios carnudos.

Isso foi por me deixar tão nervoso só com um olhar, senhor. Você merecia.

Porém, respondi:

- Você está sempre me batendo. – Num tom divertido.

- Eu posso. – Resmungou, e eu soltei mais uma risadinha nasal enquanto subíamos a escada. – Você é maior que eu, isso é covardia. – Ele estava brincando, claro, mas com aquilo tudo o que eu conseguia fazer era olhar o pequeno machucado quase cicatrizado em seu pescoço, e o roxo quase sumindo em seu braço direito. Cerrei os punhos, tentando não pensar naquilo naquele momento. Eu daria um jeito quando voltássemos para Seul.

Não sei se eu que deixei transparecer demais que estava irritado ou se Jin tem mesmo algum poder sobre humano para me entender, mas mal passou-se um segundo que fechei os punhos, senti sua mão circulando a minha fechada.

Não olhei para trás enquanto terminávamos de subir a escada, mas relaxei os dedos e deixei que ele os entrelaçasse aos seus. Normalmente eu nem passaria perto de um gesto assim, mas aquele aperto estava se provando um remédio milagroso para me controlar, e sua mão parecia tão certa junto da minha que eu poderia segurá-la para sempre, sentindo o conforto e a força que aquilo me oferecia.

Passamos pelos quartos até chegar ao que Jin e JungKook estavam, que era o único com a luz acesa e a porta aberta. Como havia acontecido mais cedo, um segundo antes de entrarmos no campo de visão dos outros, Jin apertou levemente minha mão e a soltou. E novamente eu lamentei por sua ausência.

Mordi a língua. Controle-se.

 Assim que entramos no quarto, Jin alguns centímetros à minha frente, vi JiMin jogado na cama de JungKook com uma revista em mãos. TaeHyung estava sentado ao seu lado, com uma toalha na cintura e os braços cruzados complementando o bico em sua pose emburrada.

Tae nos olhou assim que entramos, e forçou o bico para ficar mais choroso quando mirou Jin.

- Hyuuung... – Choramingou, correndo até Jin e o abraçando, sendo retribuído de forma hesitante e um pouco desconcertada.

- O que aconteceu? – Jin perguntou, num tom gentil, passando a mão levemente pelos cabelos molhados de Tae. Me movi um pouco desconfortável.

- Kookie obrigou ele a tomar banho. – JiMin disse, com voz entediada, sem tirar os olhos da revista.

- JeongGuk só queria te ajudar, Tae. – Jin disse, ainda mansamente, olhando para Tae, que ainda o abraçava como um bebê preguiça. Aish.

- Mas arde muuuito, hyung. – O garoto choramingou de novo, logo formando o bico e mirando o chão. – Ele foi cruel e malvado. Ele sabia que estava ardendo.

- Espero que não esteja falando de mim, Kim TaeHyung. – A porta do banheiro foi aberta, e o Jeon saiu dali, vestido e com a toalha no pescoço. Tae franziu o nariz, ainda com o bico na cara, e olhou para Jin esperançoso, como se pedisse para o mais velho brigar com JungKook ou algo assim.

- Obrigado por fazer Tae tomar banho, Jun. – Me surpreendi pelo apelido. Um que ninguém usava e ainda por cima vindo daqueles lábios, que alegavam odiar apelidos. Soltei uma risada pela cara indignada de Tae, e JungKook me acompanhou, com um ar de vitória no semblante.

Jin sorriu pequeno e afastou Tae gentilmente de si, se dirigindo à sua cama e se abaixando para pegar algo na mala que levara.

Levantou, em seguida, com um frasco em mãos. Tae fez uma careta, provavelmente reconhecendo a embalagem, e bateu o peno chão.

- Eu não vou passar, hyung. Vai arder mais. – Resmungou, os braços cruzados.

- Venha cá, Tae. – Jin chamou se sentando em sua cama, não sendo rude, mas surpreendentemente até mesmo eu quase obedeci àquilo. – Prometo que vou ser gentil. É para seu bem.

- Eu devia ter escondido isso de você. – Tae reclamou, fechando os olhos e torcendo o nariz enquanto Jin passava o hidratante em seu rosto.

- Não diga isso. – Seok não se afetava de forma alguma pelo tom birrento de Tae, e apenas continuava tratando-o gentil e serenamente, o que me fazia continuar olhando para sua expressão calma. – Hidratante faz bem, e você tomou muito sol hoje. Vire de costas. – Pediu, e Tae o obedeceu. – JeongGuk. Vem, sua vez. – Chamou assim que Tae se deitou na cama com uma última reclamação sobre estar todo melecado.

- Alguém disse “melecado”? – Hobi veio da porta, provavelmente havia tomado banho em seu quarto. – Opa, sessão hidratante? Passa em mim também, hyung? – Pediu o folgado, se sentando ao pé da cama, passando a mão pelas pernas de Tae, sem malícia, apenas num carinho distraído.

- Você não precisa de hidratante, HoSeok. – Falei, ainda parado onde estivera desde que chegara àquele quarto. Na realidade eu estava ficando incomodado com aquilo. Muito.

- Mas... – Hope me olhou num biquinho pidão, e eu apenas fiz uma careta.

- Vira essa cara feia prá lá. – Resmunguei. – Você não está queimado.

- Mas-

- Deixe ele NamJoon. – Jin interrompeu a reclamação de Hope, ainda passando o produto no rosto de JungKook. – Eu terminei com Jun aqui, HoSeok, pode vir. – Disse, sorrindo para Hobi, o que apenas me fez piorar a careta. – NamJoon. – Chamou, e eu prestei (mais) atenção em si. – Você pode acordar aqueles dois lá embaixo? Acho que é melhor eles dormirem no quarto.

Hesitei por um momento, olhando para Hope, que sorria de olhos fechados enquanto Jin passava o creme em seu rosto, depois olhei para JiMin, que apoiara a revista no peito e me observava com um sorrisinho havia tempos. Franzi um pouco o cenho para ele e por fim encarei Jin. Concordei com a cabeça.

Eu entendera as entrelinhas de sua fala. Era melhor que os dois ficassem no quarto, longe de vistas indesejadas.

Depois de acordar o casal (que me xingou bastante), subi novamente, e ajudei Jin a arrumar a terceira cama do quarto deles para que JiMin dormisse ali, já que YoonGi aparentemente expulsara o Park do quarto. Tae e Hobi foram para seu quarto, e eu entendi a porta trancada como um aviso bastante claro de que eu não iria querer passar por ali no meio da noite.

Deixei JiMin e JungKook conversando sobre algo no quarto e desci novamente para o andar de baixo, me dirigindo à cozinha, onde encontrei Jin lavando a louça do lanche.

- Não podia fazer isso amanhã? – Perguntei, apoiando o cotovelo no balcão ao seu lado, e o rosto na mão. Ele me olhou de canto, e sorriu daquele jeito que me fazia sentir como se qualquer um de seus sorrisos fosse mais cheio de vida e feliz que qualquer outro.

Pensar nisso me deixava triste. Eu sabia o quanto de si ele estava reprimindo para se manter feliz. Eu não tenho certeza de que conseguiria fazê-lo se estivesse em seu lugar.

- Tudo bem? – Pisquei um vez e visualizei seu rosto me mirando um pouco preocupado. Eu deixara minha expressão dizer demais. De novo.

- Sim. Tudo bem. – Acene com a cabeça, sorrindo para ele com um pouco de dificuldade.

Ele me mirou por mais alguns segundos, mordendo o canto do lábio, notando a mentira, mas parecendo considerar se intrometer ou não. Por fim, acenou com a cabeça, e voltou a atenção para a louça que já estava quase toda limpa.

Ajudei-o no que foi possível para arrumar a cozinha e em seguida a sala, que estava uma zona que os garotos fizeram. Depois acompanhei-o até a porta de seu quarto, onde JiMin e JungKook estavam deitados dando risadinhas abraçados.

- Já cuidou de todo mundo. Agora vai lá, toma um banho e se cuida. – Falei em tom de brincadeira, mas estava falando sério. Ele cuidava tanto dos outros que se esquecia de si, isso me incomodava.

- Não de todo mundo. – Sorriu, respondendo no mesmo tom que eu. – Você não deixa eu cuidar de você. – Tentei não demonstrar o quanto aquilo me afetara. Ele não fazia idéia do quanto sua simples presença se fazia a cada minuto mais importante, não é?

Sorri, e respondi:

- Você não lembra do próprio nariz. Alguém tem que fazer isso. – Alguém tem que cuidar de você, já que ninguém faz isso. Ele arregalou um pouco os olhos com minha declaração, mas acabou por fechar os olhos, um sorriso pairando seus lábios.

Não precisa cuidar de mim. Mas eu vou cuidar de você.

Abriu os olhos tortos e me mirou.

- Já entendi o recado. – Falou, brincalhão. – Obrigado, NamJoon. – Travei quando ele abraçou meu pescoço, me apertando em meus braços por alguns instantes, antes de soltar o abraço que eu sequer havia retribuído por ter sido muito rápido. – Vá se cuidar também. – Completou num sorriso, e eu precisei lembrar como se andava para me afastar do quarto onde o casal na cama nos olhava com sorrisinhos nos lábios.

Fechei a porta de meu quarto silenciosamente, me encostando na mesma e soltando a respiração fortemente enquanto soltava meu corpo até o chão.

- Droga. – Coloquei a mão sobre meu rosto, deixando minha cabeça pender para frente.

Não sei quanto tempo fiquei ali, sentado com as costas na porta, mirando a luz azulada do luar que cortava o quarto escuro pela janela.

Em algum momento, quando eu já não ouvia nenhum barulho em lugar algum, reuni forças para levantar do chão, caminhando até o banheiro de forma lenta.

Tomei um banho e me joguei na cama com apenas uma bermuda no corpo.

Mirei o teto por minutos a fio, sem conseguir pregar o olho. Eu dormira bem na noite passada, apenas pela consciência de que Jin estava no quarto ao lado, mas não estava conseguindo parar os milhões de pensamentos de minha mente barulhenta. O silêncio da casa estava me incomodando, me sufocando.

Num impulso, saí da cama, decidido a fazer algo para que o sono viesse. Caminhei lentamente até a porta, e não podia ter me assustado mais quando, assim que a abri, vi Jin dando meia volta, como se tivesse considerado bater na mesma e em seguida desistido, indo embora.

- O que está fazendo acordado? – Perguntei, baixinho, mesmo que não fosse possível ouvir quase nada do corredor nos quartos.

Jin, que provavelmente se assustara mais que eu com aquele encontro, demorou para responder, me olhando um pouco envergonhado antes de baixar a cabeça.

- Não consigo dormir sozinho. – Eu podia interpretar aquela frase de todo jeito possível, mas ignorei qualquer besteira que se passou por minha cabeça e lhe respondi pela mais racional e provável:

- Mas JungKook não está com você? – O garoto pareceu querer afundar a cabeça no pescoço com aquilo, e eu perguntei o provável. – Ele está com JiMin? – O garoto acenou com a cabeça, ainda não me olhando.

- Ele foram para outro quarto, mas eu não consigo dormir sozinho. – Falou, num fio de voz, parecendo infinitamente envergonhado.

Observei-o por um momento, sorrindo irracionalmente feliz por ter notado que ele fora me procurar como companhia.

- Estava indo para a varanda porque também não estava conseguindo dormir. – Falei, vendo-o subir acanhadamente o olhar, e me mirar com sua clássica expressão curiosa. – Quer me fazer companhia? – Perguntei, estendendo a mão para ele, que segurava o lençol nas mãos e liberou uma para segurar a minha, acenando com a cabeça.

Puxei-o levemente pelo corredor, parando ao fim dele, em frente à escada, onde havia a única porta que não escondia um cômodo, e sim uma escada pequena.

Subimos pelos degraus de madeira clara, saindo no lugar que, sem dúvida, era o meu favorito naquela casa.

A varanda grande e circular, presa à lateral da casa como uma protuberância, era toda de madeira leve e clara, desde o piso até a cerca de altura média. Espreguiçadeiras e sofás macios e confortáveis se espalhavam por ali, completando a decoração em cores claras e leves. Nos dirigi até um dos sofás do canto, de onde a melhor vista para o céu, estrelado como nunca se veria em Seul, e para o mar ao longe eram as melhores.

Jin olhava tudo de forma admirativa, e apenas deixava que eu o puxasse por aí. Sentei no sofá, puxando-o para que se sentasse ao meu lado. Ele o fez sem problemas, e eu senti a pele formigar pela proximidade que nossos corpos estavam. Nossas mãos ainda estavam juntas, e eu não era o que tinha planos de soltá-las.

Ele olhou mais um pouco ao redor antes de virar o rosto para mim, me pegando enquanto o observava. Desviei o olhar, tentando disfarçar, e ele soltou uma risadinha, me fazendo mirá-lo de novo.

Ele sorriu, gentil, e eu devolvi. No instante seguinte, bocejou, e eu imaginei o quão cansado ele estava. Fora um dia agitado.

Acabei por deixá-lo quando ele recostou a cabeça no encosto do sofá, a centímetros de minha cabeça, e recolheu as pernas par cima do sofá grande e macio. Soltei uma risadinha muda ao notar que ele dormiria num segundo, e mirei o céu estrelado, deixando minha cabeça pender para trás, encostando levemente na dele.

Demorei-me mais um tempo ali, observando os pontinhos que brilhavam, a milhões de anos luz de nós, e lembrando de tudo daquele dia, coisas boas e ruins, comentários e expressões, as bonitas e as engraçadas, e os olhos sorridentes do garoto que jazia ao meu lado, suspirando baixinho ao dormir.

Lembrei da cena em meu quarto mais cedo naquela noite, e as falas de Jin: “Vou esperar você fazer seu cérebro se acertar com seu coração”,

 Olhei para seu rosto adormecido, e ele parecia tão lindo daquele jeito...como se nada mais importasse, como se não conhecesse sofrimento e dor. Aquilo aquecia e apertava meu coração em proporções tão drásticas que chegava a assustar.

Inclinei o rosto em direção ao seu, e rocei meus lábios aos seus imóveis.

- Me espere só um pouquinho. – E as únicas que ouviram minha promessa secreta foram as estrelas que cintilavam lá encima.

 

 


Notas Finais


Intão, rapaziada, fiz um textão lá encima, vou tentar não me demorar aqui.
Quem leu as notas iniciais já me perdoou pelo atraso, né? *-* não? ok ;-;
Eu sei que vocês provavelmente ficaram o capítulo inteiro esperando beijo, me desculpem, mas eu não consegui criar um clima bom o suficiente (pelo menos ao meu ver) para isso. Sorry~

Tá, aqui vai a notícia: gente, como eu já disse lá encima, eu vou passar esse ano viajando, então além de que vou ter menos tempo pra escrever (menos AINDA, alem da pira do meu pai), eu não vou ter internet sempre, então isso pode e provavelmente VAI prejudicar as postagens.
EU NÃO VOU DESISTIR DESSA FIC, E NÃO VOU DEMORAR MESES PRA ATUALIZAR, NÃO VOU DEIXAR VOCÊS NA MÃO.

Esse cap ficou bobinho e meio inútil, eu fiz mais pra ter uma interação NamJin fofinha, e, claro, começar a organizar as coisas com esses dois que são mais desajeitados que eu '^^
Espero que tenham curtido. Mesmo.

BEIJOS PRA TODO MUNDO, AMO VOCÊS.
EU AINDA NÃO TERMINEI DE RESPONDER OS COMENTS DO CAP PASSADO, MAS COMO SOU CARA DE PAU, VOU PEDIR QUE COMENTEM ESSE, PORQUE EU POSSO DEMORAR PARA RESPONDER, MAS LEIO TODOS ASSIM QUE VOCÊS POSTAM.

<3


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