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História Dependence (Em revisão) - Lovely stubbornness


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Voltei! ^^
Então, eu ia postar amanhã por causa da capa, mas a ~Eleph está com uns probleminhas pra fazer, então eu decidi postar sem capa mesmo.
Eu gostei muito da resposta da fic, tipo, um monte de gente comentou e favoritou, eu fiquei muito feliz! >.< Obrigada por tudo '3' Obrigada por quem só leu também, cada visualização me anima muito.
Então, como eu tinha avisado, esse capítulo ficou bem mais curto, e essa vai ser a média dos seguintes, espero que não seja pouco >.<

Boa leitura :3

[Capítulo revisado]

Capítulo 2 - Lovely stubbornness


— Mas o que você...? — Deixei a dúvida no ar, olhando pasmo para o garoto à minha frente.

Eu não acreditava em quem estava ali naquele momento, encolhido, com o corpo marcado e as vestes rasgadas. Eu estava vendo-o em seu mais miserável momento e, mesmo se fosse tão desgraçado a ponto de cogitar deixá-lo ali, eu não seria capaz. Na realidade, tudo o que eu queria fazer naquele momento era abraçá-lo e dizer que estava tudo bem.

Não, eu não fiz isso.

Primeiro, porque eu mal o conhecia. Ia ser meio estranho. 

Segundo porque acho que o que ele precisava agora não era um abraço, muito menos um abraço meu.

Ele chorava silenciosamente, tremendo de forma visível, e vê-lo daquele jeito me causava uma dor no peito que eu nunca tinha sentido.

Tirei meu blazer do uniforme e lhe estiquei o braço, oferecendo-o sem olhar em seus olhos.

— Vista isso. — Eu disse.

— Mas... — Ele começou, porém o interrompi.

— Apenas vista isso. Eu não posso te levar pra casa com sua roupa assim. Seu blazer já era e sua camisa está em pedaços. — Eu olhava para a rua com o braço ainda esticado em sua direção.

— Pra casa...? — Sua voz falhou enquanto ele pegava a peça de pano de minha mão. — Eu não posso ir pra minha casa assim. — Seu lábio inferior tremia.

— Pra sua não. — Comecei a andar calmamente em direção à estação. — Vamos pra minha. — Olhei para trás e o vi parado, olhando pra mim com a boca aberta, segurando meu blazer sobre os ombros. — O que está fazendo aí? Vamos lá.

Ele pareceu voltar à realidade e começou a andar, mas por conta do tremor em seu corpo, a fraqueza em suas pernas e o álcool em seu sangue, seu ritmo era muito mais lento que o meu, fazendo com que ele não conseguisse me acompanhar e eu ficasse a cerca de cinco ou seis passos à sua frente.

Cheguei à estação e olhei para trás, encontrando-o a quase dez metros de distância.

Bufei e voltei até ele a passos rápidos, segurando seu braço e o conduzindo rapidamente.

— Namjoon-ah? Por que estamos correndo? — Ele perguntou.

— Porque se não andarmos rápido, vamos perder o último trem. — Eu respondi sem olhar para ele. — Você demora demais. — Ao falar a última frase, virei-me e dei um meio sorriso, vendo sua face me olhar confusa, com uma ruga entre as duas sobrancelhas.

— Hm... — Ele murmurou.

— Ah, e não me chame assim. — Eu disse quando chegamos à porta da estação e continuamos, agora não correndo, mas andando rápido, até o trem que já estava ali.

Ele não me respondeu, mas eu pude ver o projeto de sorriso que se esboçou em sua face.

Claro que ele continuaria me chamando assim.

Mereço.

 

[...]


 

Subimos no trem, que estava bem vazio. Algo compreensível, visto que era uma terça-feira às doze horas da noite.

Levei Seokjin lentamente até o fundo do último vagão (sim, eu ainda estava segurando seu braço) e nos sentamos ali.

Não falamos por cerca de 15 minutos e, nesse tempo, eu me limitei a alternar o olhar entre a janela e o garoto encolhido ao meu lado. Ele olhava para baixo e já não chorava, o que não era de se esperar, considerando o medo a que ele havia sido submetido. Mas eu suspeitava que era apenas sua personalidade calma encobrindo seus verdadeiros sentimentos.

Depois de um tempo, ele levantou a cabeça enquanto eu o encarava, olhando-me confuso, fazendo-me limpar a garganta e voltar o olhar para a janela.

Virei-me novamente para ele quando senti sua mão em meu braço.

— Hm. — Ele crispou o lábio inferior, fechando os olhos com as sobrancelhas juntas como se ele pensasse como ia falar. — Você não está com frio? — Sua voz saiu como um sussurro e eu me inclinei para mais perto dele, pedindo que repetisse. — Quer dizer... — Ele limpou a garganta, desviando seu olhar do meu que, sinceramente, estava perto demais. — Você está só com a camisa...

— Ah. — Eu abri os meus primeiros botões (os que ainda estavam fechados, porque faça-me o favor, abotoar até o último botão é um exagero), mostrando uma camiseta aleatória que eu usava por baixo do uniforme. — As vezes é bom sair da regra de vestimenta da escola. — Eu dei um meio sorriso, abotoando a camisa de novo.

Ele deu um pequeno sorriso e virou-se para frente.

Depois de cerca de vinte minutos daquela pequena conversa, nós descemos na mesma estação que eu havia embarcado mais cedo naquele dia.

— Por que viemos para a escola? — Ele me perguntou.

— Minha casa é por ali. — Disse, apontando a distância correta.

— Você mora perto da escola? — Ele olhou para mim ao perguntar e eu me limitei a acenar com a cabeça. — Então por que sempre chega atrasado? — Ele cruzou os braços e levantou as sobrancelhas.

— Porque eu não presto para acordar cedo. — Respondi sabendo que, normalmente, eu teria me irritado com as falas dele, mas, por algum motivo, não havia. 

— Não tem ninguém na sua casa pra te acordar?

— Verá que não. Vamos estar sozinhos. — Dei um sorriso sacana e uma risada curta ao ver sua expressão. — Ei, sem segundas intenções. Eu curto outra fruta. — Ele ergueu mais ainda as sobrancelhas. — Mas não posso dizer o mesmo dos meus amigos.

Ele prendeu o riso com as mãos, olhando-me com os olhos brilhantes.

— Vamos? — Eu perguntei depois de limpar a garganta e desviar o olhar; como eu conseguia ter achado-o fofo?

Controle-se, RM, controle-se.

 

[...]

 

Chegamos em minha casa uns quinze minutos depois, pois Seokjin ainda parecia não conseguir andar rapidamente.

— Minha mãe viaja a trabalho o tempo todo, ela não vai estar em casa até sexta-feira. — Eu disse, abrindo a porta para que ele passasse. — Mas sinta-se à vontade.

— E o seu pai? — Ele perguntou, tirando os sapatos.

— Não está aqui. — Respondi, seco. Poupei-lhe detalhes sobre minha maravilhosa relação com meu pai, eles não eram necessários.

Quando entrei após ele, encontrei-o olhando a sala, que era o primeiro cômodo da casa, com os olhos brilhantes, como se tivesse encontrado um tesouro perdido.

— O que foi? — Cheguei por trás dele, fazendo-o se sobressaltar.

— Sua casa é grande. — Ele respondeu simples, sem me olhar.

— Sério? — Eu realmente não achava, era uma casa normal de classe média, mas nunca tinha parado pra pensar se era grande. Não era. Pra mim, pelo menos. — Você acha isso grande?

Ele concordou com a cabeça sem sair do lugar, mas olhando tudo com olhos atentos.

Dei de ombros e o chamei, subindo as escadas.

Ele hesitou, mas logo me seguiu, o ar infantil em seu semblante dando lugar à típica expressão de calma intocável. Aquela expressão de que nada irá afetá-lo, não importa quantos fantasmas ele tenha que carregar.

Chegamos ao meu quarto e eu entrei antes dele, indo em direção à minha cama, arrumando-a rapidamente. Afinal, eu havia saído como um furacão de casa naquela manhã sem organizar nada. Como não tínhamos empregada ou algo do tipo, ela ainda estava bagunçada.

Seokjin se aproximou lentamente para perto de mim, perguntando-me se eu precisava de ajuda.

— Não, tudo bem. — Eu fui um pouco indiferente. — Vou pegar algo para que vista. 

Fui até meu guarda-roupa que ficava do lado direito do quarto, perto da porta do banheiro. Peguei uma calça de moletom branca, uma camiseta preta e lhe entreguei, junto com uma toalha, apontando para o banheiro.

— Ajuda a tirar o efeito do álcool se você tomar banho frio. — Avisei antes que ele fechasse a porta, sem saber se ele havia me ouvido.

Enquanto esperava, terminei de arrumar a cama, sentando-me nela logo em seguida e esperando que ele saísse.

Ele saiu de lá com minhas roupas, que lhe serviam muito bem, e a toalha em cima da cabeça sobre os cabelos molhados.

Quando ele se aproximou, eu pude ver as marcas de arranhões e os roxos que subiam por seus braços terminando em seu pescoço. Seu tronco provavelmente também estava num estado parecido.

— Namjoon-ah...? — Ele perguntou baixinho depois de certo tempo em que fiquei encarando as marcas em seu corpo. 

— Você está com fome? — Eu perguntei, evitando olhar para seus machucados, eu provavelmente ia ter um surto e sair correndo atrás daqueles criminosos e filhos da puta de novo se continuasse olhando. 

— Hm...sim. — Ele admitiu. Sua barriga roncou logo em seguida e eu me levantei, indo até a porta do quarto. — Obrigado.

— Não tem problema. — Dei de ombros, sem olhar para ele. — Tem um kit de primeiros socorros no banheiro, se você quiser tratar isso aí. — Terminei, saindo do quarto.

Desci apressado a escada, eu estava me sentindo estranho, sentia uma raiva incondicional daqueles caras e tudo o que eu queria era sair de novo, ir socá-los um pouco mais. Eu não entendia como Seokjin havia se envolvido com aqueles tipos de pessoas, mas ia descobrir.

Tentei preparar lámen, mas podemos dizer que meus dotes na cozinha não são aquelas maravilhas, então eu acabei queimando aquilo.

Bati as mãos no balcão, irritado, depois de quase estragar mais um pacote de macarrão, e olhei para a porta da cozinha, de onde Seokjin me olhava, levemente escondido pela parede e apoiando-se no canto da porta.

— Você estava aí? — Perguntei, voltando-me para os armários na parede e pegando um ingrediente.

— Faz um tempinho. — Ele respondeu às minhas costas e deduzi que ele tinha vindo até o balcão. — Desde o segundo pacote. — Ele comentou travesso, e eu me virei para olhá-lo, encontrando-o com um sorriso divertido nos lábios carnudos.

— Se você tem moral pra reclamar de mim, faça você mesmo. — Disse abrindo os braços e lhe indicando o fogão.

Ele rodeou o balcão, passando por mim e pegando a panela que já estava inutilizável devido ao fundo estar cheio de macarrão grudado.

Foi até a pia e lavou a panela com uma velocidade que eu sabia que nem minha mãe conseguiria. Se fosse eu, ficaria pelo menos duas horas tentando tirar aquela meleca do metal. 

Não que eu fosse aguentar duas horas na frente de uma pia, mas está valendo.

Ele deixou a panela no escorredor e pegou um bule que eu lhe indiquei onde ficava e, enchendo-o com água, colocou-o para esquentar. Depois, dirigiu-se à geladeira e pegou algumas coisas aleatórias que minha mãe mantinha ali para quando cozinhava. Eu me perguntei por que ele estava tão à vontade, pegando coisas da geladeira e tudo mais, mas ele parecia tão entretido que apenas deixei que fizesse o que queria. Eu não ia usar aquilo mesmo.

Enquanto o via se movimentar na cozinha, observei os curativos que haviam sido colocados sem exagero sobre os piores machucados, principalmente os cortes. As marcas mais arroxeadas em sua pele estavam mais reluzentes, o que mostrava que ele havia passado algo ali também. Fiquei um tanto impressionado com a perfeição que ele havia feito os próprios primeiros socorros e continuei o encarando, apoiado no balcão.

Depois de me cansar de olhá-lo e, também, por ter percebido que ele estava ficando desconfortável, deixei-o fazendo o que quer que estivesse fazendo e fui até o pequeno quarto que usávamos como depósito, pegando um dos colchões extras que guardávamos para quando os garotos vinham dormir em minha casa, e o levei para a sala, arrumando-o em seguida.

Voltei para a cozinha, vendo que na mesa estavam duas tigelas de cerâmica cobertas com tampas também de cerâmica, e cheot-garak, palitinhos de metal, ao lado direito de cada uma.

Sentei-me e ele também, ao meu lado, fazendo uma careta de dor que deduzi ser fruto de seus machucados no tronco, os que eu não havia visto.

— Você… — Comecei, sem saber ao certo como dizer o que eu queria. — Como tá se sentindo?

— Normal. — Ele dá de ombros, sem demonstrar desconforto.

— Certeza? — Arqueei as sobrancelhas. — Isso que aconteceu… Não é normal. É sério. 

— Eu sei, mas estou melhor. — Disse, fazendo-me assentir com a cabeça, mas não estava muito convencido.

Olhei para as tigelas e, quando fui abrir a minha, fui repreendido por Seokjin.

— Não está pronto. — Ele falou. — Espere mais alguns segundos.

Cruzei os braços, olhando com um suspiro para a tigela encoberta, fazendo com que ele risse baixinho. 

— Por que estava no Lux? — Perguntei, quebrando o silêncio estranho que havia entre nós. — Quer dizer, por que foi lá? Não parece o tipo de lugar que você frequentaria.

— Está pronto. — Ele anunciou antes de responder, retirando as tampas e revelando o que havia preparado.

A primeira coisa que senti daquilo foi o cheiro, um tão bom que era difícil acreditar que se tratava apenas de lámen. Por cima do caldo e do macarrão haviam pedaços de legumes e fatias finas de carne, arrumados sobre a massa de arroz, e estavam com uma cara tão boa que me fazia salivar.

Peguei os cheot-garak e coloquei uma porção generosa na boca, queimando-me com o caldo fervente. 

Seokjin segurou a risada e, após soprar sua porção, colocou-a na boca, mastigando lentamente.

Peguei outra porção, seguindo seu exemplo e soprando antes de comer, depois me virei e olhei para ele, pedindo silenciosamente que me respondesse.

— Eu... Eu não pretendia ir pra lá. — Ele começou com seu tom calmo usual.

— Não pretendia? Como assim? — Eu arregalei os olhos, surpreso. 

— Eu estava voltando do meu trabalho… — ele disse depois de mastigar outra porção. — Quando vi um grupo de pessoas jogando pedras num gatinho de rua.

Eu olhei para ele com as sobrancelhas erguidas.

— Espera. Você trabalha?

— Trabalho. — Ele me olhou com a expressão neutra, sem dizer nada a mais.

— Tá, que seja. — Dei de ombros. — Aqueles mesmos caras? — Perguntei me referindo ao ponto da história em que ele havia parado.

Ele acenou com a cabeça e pegou outra porção de macarrão com o cheot-garak.

— Eu fui até eles e pedi que parassem de maltratar o animal e eles disseram que parariam se eu os acompanhasse para um "lugar legal". — Ele fez aspas com os dedos.

— E você foi? Você é burro? — Eu estava realmente impressionado com aquele ser vivo. Por causa de um gato?

— Não, claro que não. — Ele me olhou, ofendido. — Eu não sou burro. — Dei de ombros e peguei mais um pouco de comida, olhando para ele, que também comia, esperando que continuasse. — Eu disse que não iria acompanhá-los, mas eles foram me cercando, andando comigo e me levaram até aquele lugar... — Ele me olhou interrogativo.

— Lux? — Completei sua fala, vendo-o confirmar com um aceno de cabeça.

— Eles me levaram até aquele galpão de festas e me deram um negócio pra beber. — Eu o interrompi.

— E você bebeu? Por que ainda estava acompanhando eles? — Eu estava ficando realmente indignado.

— Eu estava com medo! — Ele exclamou levantando a voz, sem chegar a gritar, mas me deixando de olhos arregalados mesmo assim. — Desculpe. — Ele suspirou. — Enfim, depois de beber aquilo, eu não me lembro direito do que aconteceu, só lembro de música muito alta, deles me segurando logo em seguida e me arrastando pra algum lugar até você chegar... — Sua voz falhou e ele colocou as mãos sobre o rosto, abaixando-o. — Eu não sabia o que fazer.

Eu fiquei em silêncio, processando o que ele havia dito e o vi voltar a ficar tenso com a lembrança, com o rosto ainda sobre as mãos.

Levei minha mão até seu ombro como um movimento natural para acalmá-lo, mas parei antes de tocá-lo, eu não podia ficar fazendo aquilo, eu não gostava dele.

— Coma, está esfriando. — Limitei-me a dizer, voltando a comer e vendo que ele havia seguido meu conselho.

Quando terminamos a refeição, ele recolheu os pratos sozinho, mesmo que eu tenha lhe dito para não fazer isso, e os lavou, colocando-os para secar junto das outras louças que ele havia sujado mais cedo.

Quando saímos da cozinha e ele viu o colchão na sala, começou a se dirigir para lá, então o impedi.

— Você vai dormir na minha cama. — Apontei com o polegar para atrás de minhas costas, na direção da escada. — Essa cama não é boa se você estiver dolorido, a minha é melhor. Eu durmo aqui embaixo.

— Eu não vou te tirar do seu quarto. — Ele disse num tom um pouco mais alto que o normal. — Eu nem deveria estar na sua casa. Eu durmo aqui embaixo.

— Não seja infantil. — Eu disse, levantando a voz também. — Eu estou te oferecendo minha cama, então seja um bom garoto e apenas aceite.

— Eu só não quero abusar! — Ele cruzou os braços. — Você dorme no seu quarto, eu fico aqui embaixo e você apenas finge que eu não estou na sua casa e nada disso aconteceu.

— Fui eu que te trouxe pra minha casa e fui eu que decidi que te deixaria dormir na minha cama, no meu quarto! — Eu já estava ficando nervoso, por que ele simplesmente não aceitava e ia dormir?

— Eu não vou te tirar do seu próprio quarto! — Ele levantou os braços, elevando a voz como eu havia feito.

— Esse é o grande problema? — Virei-me e peguei o colchão, andando até a escada e depois até o meu quarto, colocando-o no chão. — Pronto, agora durma e pare de reclamar. — Eu disse para ele, que havia me seguido e agora me encarava incrédulo na porta com os braços novamente cruzados.

— Como pode existir alguém tão teimoso? — Ele perguntou, claramente para si mesmo, formando um bico e olhando para baixo.

— Vem logo. — Eu resmunguei, já me deitando.

— Você não escova os dentes? — Ele perguntou, sem sair da porta.

— Aish. — Levantei do colchão, irritado. — Escovo sim. Mas você está me deixando nervoso. Eu esqueci. — Falei indo até o banheiro.

Escovei os dentes e peguei uma escova reserva que estava fechada no armário do banheiro, deixando-a sobre a pia e saindo do cômodo em seguida, encontrando ele ainda na porta com os braços cruzados.

— O que foi? Vai dormir aí? — Ele formou o bico novamente, fuzilando-me com o olhar. — Deixe disso, eu separei uma escova pra você, vai lá. — Apontei para o banheiro.

Deitei e cruzei os braços atrás da cabeça, rindo silenciosamente da atitude infantil de Seokjin. Quem diria que o "senhor bondade" agiria assim.

Estava cantarolando uma música aleatória quando ouvi a porta se abrindo e ele saindo do banheiro, indo em direção a minha cama com os passos lentos e a expressão descansada.

Segui-o com o olhar e um meio-sorriso cínico no rosto, observando-o se deitar em minha cama e se acomodar ali, parecendo nunca ter batido o pé por não querer dormir naquela mesma cama.

Quando ele sentiu meu olhar, juntou o seu ao meu e formou o bico novamente ao ver minha expressão, o que apenas fez com que eu aumentasse meu sorriso. 

— Vai reclamar mais? — Eu não retirei o sorriso da expressão.

— Não. — Ele também não retirou o bico. — Porque você é muito teimoso e eu estou com dor de cabeça. — Virou-se no colchão.

— "Você não deveria beber, Namjoon-ah." — Imitei o que ele havia dito hoje mais cedo, fazendo uma voz irritante e o vendo se virar para mim com a expressão indignada.

— Minha voz não é assim! — Ele formou o famoso bico de novo, contraindo as sobrancelhas, enquanto eu apenas ria. — E eu não queria beber, eu fui obrigado!

— Eu também não queria ter bebido ontem à noite. — Eu parei de rir um pouco para respondê-lo e olhei o relógio do celular — No caso, anteontem à noite.

— Anteontem? — Ele contraiu ainda mais as sobrancelhas — Que horas são?

— Duas da madrugada. — Eu falei simples, vendo-o arregalar os olhos.

— Nós temos que dormir! — Ele elevou a voz, assustando-me. — Desculpe, mas está muito tarde, não vamos conseguir acordar a tempo pra aula amanhã se não dormirmos logo.

— Você precisa de mais de seis horas pra dormir? — Eu perguntei levantando a sobrancelha. Duas horas da manhã era cedo pra mim.

— Não só eu, mas você também. — Ele me olhou sério. — E, além do mais, não temos seis horas, temos menos que cinco se quisermos chegar na escola num horário decente.

— Você esqueceu de com quem está falando? — Ergui as duas sobrancelhas com um projeto de sorriso nos lábios. — Eu não chego cedo na escola desde a quarta série.

— Está na hora de mudar esses hábitos. — Dito isso, ele se cobriu e se virou na cama, deixando-me sozinho com o silêncio do quarto.

Bufei e fiquei de barriga pra cima, olhando para o teto do meu quarto. Não queria dormir. Desde que me lembro, sofro com sonhos e, mesmo que nem todos possam ser caracterizados como "pesadelos", até mesmo o mais dócil deles me incomoda. Isso porque eles me perseguem, eu nunca tive em toda a minha vida uma noite silenciosa, completamente sem sonhos. Eles me irritavam, deixavam-me com dor de cabeça e me faziam perder o gosto por dormir.

Virei-me para minha cama, olhando Seokjin dormir com a respiração calma e regular, acalentando-me e fazendo meus olhos pesarem.

— Que pessoa irritante. — Disse baixinho antes de fechar os olhos.

Adormeci em questão de segundos depois e, naquela noite, não tive sonhos.


Notas Finais


Então, gostaram?
Esse capítulo ficou meio mel, e eu fiquei meio apreensiva com isso, porque eu quero mostrar mais da personalidade babaca do Mon :3
Mas enfim, mereço elogios? Críticas?
Eu betei só uma vez, então pode ter erros, me avisem qualquer coisa
kiss, até semana que vem <3


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