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História Dependence (Em revisão) - Bickering, busted, couples and a few annoyances


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


HELLO HELLO TELL ME WHAT YOU WANT RIGHT NOW~~
atrasada de novo, eu sei. Vocês não tem ideia do quanto eu sinto (e se quiserem ter, é só perguntar para meus pobres amiguinhos que tiveram que me aguentar falando sobre como sou uma escritora incopetente durante essas..duas semanas?). me desculpem ,as é o drama de sempre: pai enchendo o saco, sem PC próprio, sem internet, bla-bla-bla.

Bom, eu terminei esse cap no domingo, mas estava sem net pra postar. Sinto muito.

Eu particularmente achei divertido, espero que achem o mesmo.



~~ah, Min, esse é pra você, fiz aquela ceninha que tu me pediu.

BEIJUXX

Capítulo 20 - Bickering, busted, couples and a few annoyances


- O que aconteceu? – JungKook poderia ter ignorado as mãos negras de Jin, que borboleteavam por aí, mas não o fez quando finalmente consegui chegar em casa, sem nenhuma mancha além das poucas em minhas mão por terem segurado-o e o grande risco negro que fora feito por seu dedo em minha bochecha.

  - Eu pintei um muro. – Jin informou, feliz. Eu estava achando engraçado seu jeito de falar e agir. Parecia nas nuvens, sem se importar se agia como criança.

- Muro? – JungKook perguntou, parecendo igualmente confuso com as atitudes de seu hyung.

- Vocês estavam no paredão, Mon? – JiMin perguntou, se aproximando de Kookie, que observava Jin com cuidado. Colocou uma das mãos na cintura de Jeon, que sequer pareceu notá-la.

- Uhum. – Respondi, distraidamente. Estava observando Jin, que mexia os dedos sujos de forma sonhadora, preso em seu próprio mundinho.

- Caralho. Vocês foram até o paredão? – Suga perguntou, jogado no sofá. – Mas que porras, se queriam se pegar, podiam ter feito isso aqui perto. Pra que gastar energia andando esse monte?

- São só sete quadras, hyung. – JiMin retrucou, rindo fino.

- Como eu disse: quilômetros. – Meu amigo elevou as mãos, para certificar o que havia dito. Alguns riram; eu inclusive. Jin estava ocupado com suas mãos. JungKook sequer estava entendendo sobre o que estávamos falando. Tae, Hope, KyungSoo e JongIn não estavam ali.

- O que estavam fazendo lá? – JiMin perguntou, descontraído. Parecia imensamente feliz com os braços ao redor da cintura de JungKook.

- JiMin, seja mais discreto. – Suga ralhou, provavelmente zoando, mas, com sua cara de túmulo, era difícil saber.

- Hã?

- Nós sabemos o que eles foram fazer. – O branquelo falou, do sofá, dando de ombros com desinteresse. – Ou você quer que a gente te pergunte o que você e JungKook fazem quando se trancam no quarto? – Olhou com o rabo do olho para o Park, que arregalou os olhos. JungKook olhou estupefato para YoonGi, as bochechas se inclinando para o tom rosado.

- Que merda, Suga. – Falei. Estava tentando não demonstrar desconforto. Era meio estranho negar algo agora, sendo que ele estava certo.

Provavelmente não fizemos o que JiMin e JungKook fazem num quarto sozinhos, mas... argh, você entendeu.

Suga me encarou, os olhos semicerrados.

- O quê? – Perguntou, acusatório. – Vai me dizer que não se pegaram ainda? – Continuou me mirando profundamente, seus olhos buscando qualquer evidência nos meus. Devolvi seu olhar o quanto foi possível, até engolir em seco e limpar a garganta, olhando para o lado. – Foi o que eu pensei. – Disse, parecendo satisfeito, e se virou para Seok, que ainda parecia meio alheio à conversa. – Hyung. – Chamou. – Esse doido subiu no muro?

Jin olhou para YoonGi ao ser chamado. Piscou uma vez, e então acenou com a cabeça, franzindo um pouco o cenho ao se lembrar. O bico nos lábios me fez querer mordê-los.

Ah, que ótimo, agora eu sou um descontrolado pervertido.

- Não caiu dessa vez, Mon? – A voz de JiMin era risonha quando perguntou. Ele provavelmente estava feliz de ter sido esquecido por YoonGi, e aderiu à moda de ‘encher o saco do Monster’.

- Ele pulou. – Jin disse, ainda fazendo o biquinho chateado. – Espera aí. Cair? – Perguntou para o Park, os olhos curiosos arregalados com uma ponta de preocupação.

- É. – Foi Suga quem respondeu, tendo a atenção de Jin virada para si. – Ele sempre teve essa pira de subir lá pra ‘ter uma visão melhor da vida’. – Olhou para mim com a cara que sempre fazia ao lembrar de quando eu dissera aquilo: deboche, um pouco de graça. – Caiu umas sete vezes, se quebrou em três delas, mas continuou subindo.

Assim que ele disse aquilo, Jin se virou rapidamente para mim, o olhar entre o zangado e o preocupado. Bufei, e me dirigi à YoonGi.

- Valeu, Branca de Neve. – Torci o nariz para Suga, fuzilando-o com o olhar.

- Não tem de quê. – Meu amigo encolheu os ombros em falsa inocência.

Encarei-o com uma careta, e ele devolveu meu olhar, parecendo muito satisfeito consigo mesmo. Terminei por revirar os olhos e bufar.

- Onde está meu irmão? – Perguntei, lembrando da ausência grande ali. Eu queria perguntar onde estava Tae, mas a falta de JongIn ali me chamou a atenção por um momento.

- Ele e o KyungSoo foram tomar banho. – YoonGi disse, sorrindo de lado maliciosamente.

Estremeci. Eu ia arrastar Seok pra lavar a mão, mas agora preferia esperar um pouco antes de ir para o andar de cima.

 - E Tae? – Perguntei. Estava um pouco mais apreensivo com essa pergunta.

- Disse que estava cansado. Foi pro andar de cima. – JungKook informou. Tanto ele quanto os outros dois estavam meio desconfortáveis, o que me levou a concluir que antes de ir, TaeHyung havia lhes presenteado um showzinho com Hope, e esse showzinho provavelmente não foi agradável.

- Corajoso. KyungSoo provavelmente vai ter um treco se quando sair ver ele dormindo do lado da porta do banheiro. – Suga comentou, rindo curto ao imaginar a cena.

- Espero mesmo que eles tenham usado o meu banheiro, então. – Falei, fazendo com que os outros rissem fraco. E então franzi o cenho, pensando no que havia dito. – Não, pensando melhor, tomara que não tenham usado meu banheiro. – Torci o nariz, eles riram de novo. Jin me ofereceu um sorriso que eu realmente não sei se foi pelo o que eu havia dito, porque ele não parecia muito atento a nada.

Travei por uma fração de segundo, tempo de ele desfazer o sorriso e franzir o cenho, pensativo.

- E HoSeok ah? – Perguntou, me fazendo olhar para YoonGi, esperando uma resposta também.

Suga deu de ombros.

- Ele saiu depois de ouvir o surto do Tae. – Falou, olhando para o lado, aparentando desinteresse. – Eu acho que é melhor deixar quieto, eles não vão se resolver tão rápido dessa vez.

Franzi o cenho. ‘Dessa vez’? Ou eu estava perdendo alguma coisa ou estava ficando paranóico, mas até YoonGi parecia fadigado com aquela discussão.

Ficamos em silêncio por um momento. JiMin havia concordado com a cabeça com a fala de Suga, e agora olhava para o nada com os braços ainda ao redor de JungKook.

- Vem, vamos lavar essa mão. – Falei, quebrando o silêncio e puxando Jin pela parte do braço que não estava suja.

- Lava essa sua cara também, Mon. Você já parecia um africano antes dessa make. – JiMin falou, risonho.

Encarei JiMin por um segundo.

- Meu deus, viado. Você está andando muito com o TaeHyung. – Olhei-o com o cenho levemente franzido. Quem no mundo fala ‘make’ além de Kim TaeHyung?

JungKook e YoonGi riram quando JiMin me mostrou a língua, e, com um sorriso satisfeito, puxei Jin para a cozinha.

- Aaah... – Jin fez um biquinho desapontado enquanto eu segurava suas mãos juntas embaixo do jato da torneira. Manteve a expressão triste enquanto via o negro do carvão se desprender de suas mãos, deixando-as branquinhas de novo.

Soltei um risinho e molhei bem minhas mãos, passando os dedos em seu rosto agora, que estava quase tão sujo quanto suas mãos.

Ele fez careta, e eu mantive o sorriso no rosto. Tão fofo.

Tão gay.

Cale a boca.

- Pronto. – Falei, terminando de tirar qualquer vestígio de negro de seu rosto.

- Tem na sua cara também. – Jin apontou para meu rosto, soltando um risinho quando eu franzi o cenho e liguei a torneira de novo. – Ainda está sujo. – Falou, ainda rindo baixinho. Passou o dedo por minha bochecha como eu fizera nas suas antes. Estremeci.

- Gayzisse: um, NamJoon: zero. – Desviei o olhar para a porta da cozinha, onde YoonGi se aproximava com um sorriso debochado, se dirigindo até a geladeira. – Ah, não liguem pra mim, podem continuar o showzinho, JiMin está muito feliz com as informações que está conseguindo. – Abriu a geladeira, apontando com descaso para a porta, onde, realmente, tinha um gordo tirando fotos.

Fuzilei JiMin com o olhar, e ele abaixou o telefone com cara de choro.

- Aah, hyung. Você tinha que me entregar? – Choramingou, guardando o celular no bolso.

- Tinha. – Suga saiu da cozinha com o iogurte na mão, lambendo a colher. Tava pouco se fudendo para as lágrimas falsas de JiMin.

JiMin choramingou de novo, e seguiu o mais velho até a sala. Olhei para Jin, que perdia o rubor momentâneo das bochechas que eu não tivera a oportunidade de admirar por estar prestando atenção nos dois anões; uma pena.

Nos encaramos por um momento, e logo ele mostrou a língua, brincalhão. Soltei uma risada por seu jeito, saindo do transe em que sempre entrava com seu olhar, e fomos juntos até a sala, onde os outros ligavam a TV.

- Hyung, por que os gays são sempre vilões nos filmes? – JiMin me perguntou, chateado quando a comédia romântica barata acabou.

- Sempre? É a primeira vez que eu vejo isso. – Kook se manifestou, concordei com ele mentalmente.

- Que tipo de filme você anda assistindo, JiMin? – Perguntei, meio zoando.

- High School Musical. – YoonGi falou, assustando a todos, já que ele parecia estar dormindo faz tempo. Passado o susto, todos riram.

- Falando nisso, vocês viram que vai lançar o quatro? – JiMin perguntou, procurando uma pipoca sobrevivente na bacia vazia.

- Isso é boato. Feito pra iludir as pré adolescentes apaixonadas pelo Troy. – YoonGi falou.

- Eu não vi o três. – Falei. Já iam lançar um quatro? Mas os atores nãos estavam todos idosos já? E desde quando ensino médio tem quatro anos?

- Como não!? – JiMin me fez saltar de susto com seu grito. Neguei, ainda meio assustado. – Ah, isso não está certo. – Disse o baixinho, se levantando, decidido. – Hyung, me dá a senha do Netflix, o Mon tem que assistir isso.

- Quê? Eu não vou te dar a minha senha. – YoonGi pareceu ofendido, e se esparramou no sofá de novo, fechando os olhos. Em segundos, parecia estar dormindo de novo.

- Aish, Mon hyung, qual a senha do seu, então? – JiMin perguntou, olhando para mim, já com o controle em mãos, a TV exibindo a homepage do site.

Dei de ombros.

- Quem usa Netflix é a minha mãe. Eu não lembro a senha. – Falei.

- Você só lembra da senha do X Vídeos, né? – Aparentemente, Suga não estava dormindo. A não ser que ele tivesse aprendido a falar enquanto dormia. Possível, se tratando de Min YoonGi.

JiMin e JungKook riram, e eu não pude ver a reação de Jin, porque ele estava mais à frente que eu no sofá.

- Quem disse que eu tenho conta no X Vídeos? – Perguntei, os outros riram. Jin não. Não que eu tenha visto.

- Essa sua cara de punheteiro. – YoonGi respondeu, e eu o mandei se fuder.

JiMin riu até começar a virar micão, e então finalmente logou no site com o usuário de JungKook. A criatura ainda teve a cara de pau de chamar o resto do grupo de pobre. Não era ele que tava mendigando senha alheia?

Antes do filme começar, JiMin deu um grito que até hoje eu não sei onde foram parar meus tímpanos e começou a fazer drama de “cinema não é cinema sem pipoca”. Eu até tentei convencer ele, quebrando seus sonhos ao falar que aquilo era a minha sala, e não um cinema, mas a criaturinha continuou firme e forte na idéia de que a pipoca era estritamente necessária.

Coisa de gordo, não me peçam pra entender.

Como havia acontecido com o Netflix, quem disse que JiMin fez a própria pipoca? Claro que não, e lá estava eu, moscando ao redor de Jin, que enchia a panela de milho. Claro, a pipoca de microondas tinha que ter acabado também. Adoro a minha vida.

Jin cantarolava algo baixinho enquanto eu mirava a janela. Estava tentando bolar alguma idéia que me livrasse de assistir o filme que eu – infelizmente – expus não ter visto.

- Será que o JiMin vai me encher muito o saco se eu pular essa janela e fugir? – Perguntei em voz alta, mais para mim mesmo que outra coisa, mas fazendo Jin rir.

- Acho que vai. – Disse, risonho. – Vai te perseguir gritando “Troy Bolton é um gostoso” na rua até você assistir com ele.

Eu não sabia quando ele havia aprendido tanto sobre Park JiMin, mas ele estava certo. Era absurdamente fácil imaginar a cena.

Estalei a língua, desistindo, e ele riu de novo.

- Eu vou dormir. – Informei enquanto ele colocava uma quantidade de pipoca que daria para dez de mim na bacia. – Você me cobre, me conta depois se a menina lá e o Troy ficaram juntos.

- Quem seria a ‘menina lá’? – Perguntou, segurando o riso, travesso.

- A menina morena, a principal. – Falei, revirando os olhos, apesar de estar sorrindo. – Você sabe.

Jin riu de novo, acenando com a cabeça.

- Eu acho que ficam, mas ok. – Disse, sendo acompanhado por mim até a sala de novo. – Esse tipo de filme é bem previsível.

Concordei com a cabeça, revirando os olhos quando JiMin disparou em direção à Jin, agarrando a bacia de pipocas enquanto perguntava, aos gritos:

- Você também não viu o três, hyung!?

- Eu não vi nem o dois... – Jin expôs, meio envergonhado, e xinguei alto. Ótimo, agora não seriam duas horas de High Inferno Musical, seriam quatro.

Jin se sentou no sofá pedindo desculpas, que eu dispensei num aceno. Não estava irritado. Eu ia dormir mesmo.

- Tira. – Falei, me referindo às suas mãos, que estavam em seu colo. Ele as retirou, confuso, e eu deitei a cabeça ali. Ele congelou por um segundo, mantendo as mãos no ar, depois, recuperado do susto, pousou-as em meu ombro e cabeça.

Eu sabia que os outros estavam observando, mas tentei não ligar para essa consciência. O colo de Jin era quentinho, sua mão acariciava timidamente meu cabelo, e eu me sentia feito.

Além disso, eu queria tentar fazer esse tipo de coisa mais naturalmente. Era justo, tanto com ele quanto comigo.

Fechei os olhos assim que o filme começou, e tive que ouvir o protesto agudo de JiMin:

- Hyung! É pra você assistir. – Ralhou.

- Eu já vi o dois. – Falei, sem me dar o trabalho de abrir os olhos. Os dedos de Jin em meus fios estavam me acalentando de um jeito inacreditável.

- Vou te acordar quando começar o três. – O Park resmungou, e eu soltei um risinho soprado.

- Quero ver tentar.

- Eu não vou fazer nada. – Sua voz estava risonha, mas não abri os olhos para mirar sua expressão. – Jin hyung te acorda num piscar de olhos. – Fiz uma careta inconsciente. Ele tinha razão, claro.

Abri os olhos apenas para mirar Jin, que baixou o olhar gentil para mim. Tentei fazer um apelo silencioso com a expressão, e ele soltou uma risadinha. Afagou meu cabelo, me tranqüilizando, e eu fechei os olhos de novo, sorrindo.

 

 

 

Quando acordei, eu não sabia se me sentia ótimo ou péssimo.

Quer dizer, eu ainda estava com a cabeça no colo de Jin, e ele ainda mexia em meus cabelos daquele jeito que me fazia querer ficar ali para sempre. Isso era um ponto positivo.

Mas ignorando isso, com JiMin pulando sobre minhas pernas, JungKook arremessando pipocas nele enquanto o mesmo o provocava como um macaco louco, os berros pedindo ordem de KyungSoo e as gargalhadas de JongIn  pareciam um bom peso contra a minha positividade.

- Mas que merda...? – Tentei levantar a cabeça, mas a tive abaixada pela mão de Jin, que pressionou minha testa para que eu deitasse de novo sobre seu colo.

- Cuidado. – Disse, simplesmente, segurando ainda minha cabeça, mesmo que eu já não estivesse me esforçando para levantá-la. Assim que ele o disse, uma pipoca acertou meu olho esquerdo, e mais um monte delas passou voando por onde minha cabeça estaria se eu a tivesse levantado.

- TRAIDOR! – Arregalei um pouco os olhos ao notar que o dono dos gritos da vez era JungKook. Não era do feitio dele sequer falar muito, imagine gritar.

Encarei o garoto por mais alguns segundos, enquanto o mesmo arremessava pipocas furiosamente contra o namorado, que ria e pedia desculpas exageradas de pé no sofá. Atrás de Jeon, a TV estava congelada numa cena que provavelmente era a menina loira filha da puta que eu não lembro o nome do filme, mas que mais parecia um borrão bem estranho de amarelo e azul.

- JUNGKOOK, VOCÊ VAI VARRER O CHÃO. – Eu realmente perdera alguma coisa. Não era por nada que KyungSoo começava a escandalizar assim. Ok, tinha pipoca literalmente na sala toda, mas ainda assim...

- Que porras está acontecendo? – Perguntei baixinho para Jin, que tinha a cabeça sobre meu rosto como uma proteção, o tronco encurvado para tentar fugir dos arremessos aleatórios de JungKook.

- JiMin ah contou o fim do filme. – Jin falou, rindo meio amarelo sobre meu rosto. Caralho, ele estava muito perto.

Ergui uma sobrancelha, ouvindo meu irmão gargalhar daquele jeito rouco que apenas ele conseguia. Eu sabia que ele estava abrindo a boca exageradamente e se encurvando para a frente ao fazê-lo, e provavelmente iria se tornar alvo da irritação de KyungSoo em breve se não se calasse.

- O fim não era meio óbvio? – Perguntei. Tipo, realmente valia toda aquela confusão? Um filme daqueles? Eu poderia adivinhar o final sem sequer ver os primeiros cinco minutos.

Jin sorriu forçado de novo, sua respiração bateu em meu rosto. Caralho ele estava perto demais.

- JeongGuk estava apostando que a Sharpay ia ser humilhada...na realidade, ele parecia estar torcendo com toda a alma pra que isso acontecesse, e JiMin ah disse que todos se juntam e viram amiguinhos e cantam juntos no final. – Franzi as sobrancelhas quando ele terminou de falar, meio atrapalhado. Acho que aquela proximidade não estava só me deixando nervoso.

- Isso não é o final do dois? – Perguntei. Aquele enredo me era familiar. Não era possível que o filme fosse tão ruim a ponto de ter o exato mesmo roteiro nos dois filmes, né?

Jin acenou com a cabeça, sorrindo de canto, meio forçado ainda. Eu tinha dormido menos do que pensara.

Mas dormi. Dormi bem e...sem pesadelos. Pensei, sorrindo internamente.

Abri minha boca para falar de novo, mas sequer puxei o ar e tanto a minha cabeça quanto a de Jin foram atingidas por um punhado generoso de pipocas.

Olhei para JungKook, que sequer parecia ter notado a chuva que havia nos proporcionado. Segui seu olhar (ou imaginei-me seguindo, porque a cabeça de Jin estava no meio), que ia direto para trás das costas de Jin, onde imaginei estar Park Macaco JiMin.

- Desculpa JungKookie. – JiMin devia se decidir logo se ia choramingar, rir ou ficar sério. Os três juntos não dava. – Mas para de jogar pipocas, por favor. O KyungSoo hyung vai me fazer lamber o chão depois.

- Que bom que sabe! – KyungSoo respondeu, logo gritando para o mais novo ali: –  JungKook, você tem um segundo pra parar, ou eu vou te trancar lá encima. – Eu não sabia em que momento KyungSoo virou a mãe dominante, mas era engraçado mesmo assim.

Mas engraçado mesmo foi quando, ao invés de parar seus arremessos completamente sem fundamento, JungKook jogou uma mão generosa de pipocas na direção de KyungSoo (não, eu não sei de onde vinha tanta pipoca). A comida não alcançou o mais velho, mas fez seu estrago: eu podia jurar que conseguia ver o demônio tomando o corpo de KyungSoo para castigar a criança infeliz que havia escolhido um muito mau momento pra fazer birra.

JongIn pareceu pressentir o perigo, porque se enfiou na frente do namorado antes que o mesmo pudesse iniciar o primeiro passo, e abraçou-o.

- Me solta. – O baixinho falou, mas com o tom de voz bem longe do raivoso como antes. Na realidade, seu tom não tinha expressão.

- Calma lá, Soo. Eles só estão brincando. – Eu não conseguia ver muita coisa com a cabeça no colo de Jin, e estava sentindo o pescoço doer pelo contorcionismo que estava fazendo para conseguir mirá-los. Levantei a cabeça, me apoiando no cotovelo, sem levantar o corpo.

- Mas o chão... – Arrisco dizer que me surpreendi quando KyungSoo choramingou, como uma criança triste. Ele havia mudado tão rapidamente de mãe zangada para bebê manhoso que me assustou.

- Shh, eu sei. Não se preocupe, o JiMin vai limpar. – Kai apenas abraçava o namorado, relaxadamente. Ele provavelmente estava acostumado a acalmar a ferinha.

- O QUÊ? – O Park protestou, e eu soltei uma risada. JongIn virou a cabeça para mirar JiMin com o cenho reprovador, e o mais novo fechou a boca num estalo. Meu irmão não era exatamente assustador, mas JiMin também não era exatamente a pessoa mais corajosa que eu conhecia.

Sério, ele tem medo de barata.

E, tipo, não é medo medinho, é medo tipo “HYUNG ELA VAI ME MATAR, TIRA DAQUI, MEU DEUS ESSE BICHO HORROROSO, TIRAAAA”.

Sim, eu ria também, antes de ter que ficar vasculhando o banheiro atrás de baratas pra ele poder tomar banho de noite.

 Apenas observei enquanto JongIn levava o namorado para longe daquilo, sumindo na cozinha com o mesmo. Olhei para Jin, que se mantinha na mesma posição. Ele não tardou em devolver o olhar, e, após alguns segundos nos encarando em silêncio, vi o canto de sua boca se curvar para cima, numa tentativa falha de esconder a risada que viria de qualquer forma.

Rimos alto, fazendo os outros dois na sala nos olharem com surpresa, e em seguida com caretas.

- Odeio quando esses dois decidem dar uma de siamesas sincronizadas. – JiMin estalou a língua, e nós apenas rimos um pouco mais baixo, mirando-o com diversão no olhar. – Sério, parem com isso. E Kookie... – Ele praticamente gemeu o nome do namorado, ocasionando uma careta minha.

- O que é? – Jeon perguntou, malcriado, olhando feio para o namorado. JiMin encolheu os ombros, ignorando o tom do mais novo.

- Você vai me ajudar com essa bagunça.

- Não vou não.

- Foi você que sujou tudo, JungKookie. – Eu estava assistindo aquilo como quem assiste a uma partida de tênis, mesmo que para mim aquilo fosse muito mais divertido que dois retardados jogando uma bola de um lado para o outro de uma quadra.

- Mas a culpa foi sua. – JungKook cruzou os braços, encarando JiMin, que devolvia o olhar na mesma intensidade. Por um momento eu achei que JiMin iria perder a linha e eu teria que agüentar mais um casal de tretinha em casa, mas num segundo o JiMin um-pouco-sério-demais sumiu e o bobão que eu praticamente criei tomou seu lugar.

- Tá bom, Kook. – Disse, num suspiro, abaixando a cabeça, se acalmando. – Eu limpo. – Definitivamente um trouxa. A coisa que eu mais falei para Park JiMin em toda a minha vida foi que se ele continuasse assim, todo mundo ia usar ele, e ali estava a minha prova. Eu não podia falar nada, eu mesmo me aproveitava de sua personalidade às vezes, mas ainda assim...eu queria dar um tapa em JungKook pra ele dar um tapa no JiMin pro moleque deixar de ser retardado.

- Pegue duas vassouras, JiMin ah. – Jin se manifestou quando o Park se dirigiu à cozinha, provavelmente a busca de uma vassoura mesmo. JiMin o olhou interrogativo, e Jin sorriu. – Eu vou te ajudar.

O rosto de JiMin se iluminou num segundo, e com um sorriso, voltou a andar.

- Eu te amo, hyung! – Disse, antes de sumir na porta da cozinha.

Depois disso, eu só ouvi um ofego alto por parte de JiMin, seguido por uma risada alta de JongIn, e a voz baixinha de KyungSoo, reclamando de algo que eu não pude ouvir.

Jin olhou para JungKook, que mirava o ponto onde o namorado sumira com a expressão aérea. Assim que notou seu hyung o encarando, JungKook hesitou, devolvendo ao olhar fuzilador de Jin confuso e meio defensivo.

- O que foi? – Perguntou, meio seco, definitivamente na defensiva. Jin apertou os olhos, antes silenciosamente adversor, agora calmamente censurador.

JungKook desviou o olhar do de Jin, nervosamente buscando auxílio. Foi e voltou para o olhar de seu hyung, desconcertado. Jin apenas o mirava com uma calma dura. Era incrível como Jin realmente parecia uma mãe repreendendo seu filho. Uma mãe calma e não-estourada, mas uma mãe.

 O clima um tanto tenso foi rompido quando JiMin entrou bufando na sala, com duas vassouras na mão.

- Odeio quando interrompo os momentos dos casais. Isso acontece com mais freqüência do que seria normal. – Resmungou, sem notar o clima que havia interrompido na sala.

- Não parece que você odeia. – Falei, num sorriso de lado. Lembrei das incontáveis vezes que JiMin levou xingo de Suga por interromper seus momentos com seus milhares de peguetes, ou que levou mais xingo ainda ao interromper Tae com Hope no quarto (que os dois haviam entrado aos beijos. Que tipo de ser humano entraria num quarto nessas condições? Park JiMin entrava). JiMin me olhou feio, e eu apenas sorri, divertido. – Kai e KyungSoo hyung estavam se pegando?

- Uhum. – O Park fez um biquinho. – KyungSoo hyung quase jogou um sapato em mim. – Eu ri com aquilo, imaginando a cena. JiMin terminou de falar, e então olhou para os outros presentes na sala (notando agora...onde estava Suga?), franzindo a sobrancelha pela careta de JungKook, e pelo olhar de Jin fixo no mesmo. – Hã...aconteceu alguma coisa? – Sempre tão aceleradamente perceptivo, um orgulho para a sociedade dos lesados.

Jin, ao ouvir JiMin falar, desviou o olhar de JungKook e sorriu para o mais baixo ali. Esticou o braço, se levantando do sofá para pegar a vassoura esquecida na mão de JiMin, que lhe entregou, ainda parecendo meio confuso.

Seok continuou sorrindo enquanto andava até o Jeon, que pareceu se encolher um pouco com a aproximação do hyung. Jin parou a meio metro de JungKook e lhe estendeu a vassoura, nunca deixando de sorrir, sorriso este que parecia meio ameaçador.

- Toma. – Falou. JungKook se encolheu mais um pouco, parecendo estar com medo de fazer um movimento em falso e Jin engolir-lo. Jin aproximou mais o objeto de Jeon, que, lentamente, decidiu que seria melhor pegar aquela merda logo. Eu juro que o menino parecia estar morrendo de medo. – Bom menino. Agora ajuda o JiMin e deixa de birra, que eu não to afim de agüentar seus dramas hoje, JeongGuk, entendeu? – O garoto acenou com a cabeça lentamente, e Jin afirmou com a cabeça em resposta, saindo de perto do garoto com calma e voltando para perto de mim, que ainda estava no sofá.

JungKook começou a varrer como um cãozinho acuado, e eu estava com uma vontade absurda de rir daquilo tudo. JiMin encarava o namorado como quem se pergunta que merda está acontecendo. Aposto meus rins que ele nunca vira JungKook obedecer alguém daquele jeito.

Olhei para Jin, que perdera toda a aura ameaçadora, e olhava para JungKook com uma sombra de sorriso silencioso nos lábios. Parecia algo mais que um apego...algo como orgulho.

Ao me sentir encarando-o, ele baixou o olhar, corando minimamente ao encontrar meu olhar, que sorria calmamente para ele. Soltei uma risadinha, e ele encolheu um pouco mais o pescoço. Vê-lo com vergonha era algo que eu nunca sabia quando ocorreria, porque sua vergonha era inconstante (às vezes era mais sem vergonha que Suga, e às vezes parecia uma garotinha do primário), mas era uma visão encantadora.

- Vocês podem ir se paquerar em outro lugar? Eu não to afim de ficar de vela. – JiMin resmungou, já varrendo as milhões de pipocas do chão. JungKook estava mais próximo dele agora, mas mirava o chão religiosamente, sem planos de socializar com o namorado.

Olhei para JiMin com o começo de um sorriso divertido e debochado. Ele claramente queria falar com JungKook, e nós estávamos incomodando. Soube que Jin havia notado o mesmo, e, ao nos olharmos, levantei do sofá e fui em direção à escada.

Eu que não ia para a cozinha e correr o risco de levar uma sapatada.

Subimos a escada com calma, em silêncio, e quando eu fiz menção de entrar em meu quarto, Jin puxou minha camiseta. Olhei-o, e ele me mirou.

- Eu...eu...me desculpe pela ceninha com JungKook. – Abaixou a cabeça, e eu achei graça. Passei a mão por seus cabelos, bagunçando-os. Ele me mirou, hesitante.

Como cabia tanta confiança e inconfiança numa só pessoa? Num momento autoritário, maduro e responsável, e então, puf, apenas um garoto inseguro que tem a estranha mania de se desculpar pelo que faz, mesmo que não seja nada demais.

- Não se desculpe por esse tipo de coisa. – Falei, sorrindo calmamente, tentando passar um pouco de segurança. – Foi engraçado, de qualquer forma. – Ele me mirou por um momento, estudando meu rosto, e em seguida soltando um sorriso tímido. – Quer fazer alguma coisa? Fomos expulsos do andar de baixo, mas podemos pular a janela. – Falei, e em seguida olhei para cima, pensativo. – Eu quebrei os dois braços na ultima vez que tentei, mas acho que pode dar certo dessa vez.

Ele ofegou assim que eu o disse, e eu sorri. Eu sabia que ele se assustaria, mas era engraçado e bonitinho quando ele o fazia, então eu não me importava em continuar assustando-o.

- Eu passo. – Disse, me fazendo uma careta em resposta ao meu sorriso. – Mas eu quero ver Tae. Onde ele está? – Seu semblante ficou mais gentil, mesmo que preocupado. Tentei não me sentir incomodado com isso.

- Acho que no quarto da minha mãe. – Apontei com o queixo para o quarto depois do meu, que tinha a porta escancarada.

Jin se encaminhou para lá, e eu apenas o segui de perto. Assim que ele abriu a porta, eu soube que Tae não estava dormindo, mesmo que pudesse estar fingindo. Ele nunca ficava tão quieto dormindo.

 Seok se aproximou da cama a passos leves, provavelmente temendo “acordar” TaeHyung. Eu me mantive mais perto da porta, dentro do quarto, apenas observando. Eu não diria nada. Tae só fingia dormir ou coisa assim quando não queria conversar, senão já estaria se jogando aos prantos pra cima da gente e denegrindo a imagem de HoSeok com o mundo.

Ele se sentou no canto da cama, onde Tae ressonava, pacífico. Foi assim que notei que ele não estava dormindo. Tae era do tipo que chuta, xinga, beija, abraça, se confessa e abusa do travesseiro quando dorme sozinho. Nunca que a cama estaria arrumada e ele estaria tão quietinho desse jeito.

Jin apenas observou o rapaz por um longo momento, em seguida se virando para me mirar. Fui pego um pouco de surpresa e completamente no flagra enquanto o secava, o que me fez ter como reação instantânea virar o rosto.

Ele riu silenciosamente, e eu dei um sorriso sem graça.

Ele estendeu a mão, me chamando, ainda com o semblante divertido. Ergui as sobrancelhas, mas fui até ele com passos calmos. Me agachei ao seu lado, ficando abaixo de si por ele estar em cima da cama.

- Ele parece cansado. – Jin sussurrou, e eu prestei mais atenção no rosto de Tae.

Verdadeiramente, ele parecia mais pálido, sem contar com as olheiras sob os olhos e a boca descascada (Tae tinha a péssima mania de arrancar a pele dos lábios de tanto mordê-los quando estava nervoso).

Concordei com a cabeça, sem desviar o olhar do garoto que eu ainda apostava estar acordado.

- Queria poder ajudar mas... – Olhei de lado para Jin, que suspirara, triste, logo formando um biquinho mínimo. – O problema desses dois são suas personalidades conflitantes, e não tem como mudar as personalidades deles. – Ele falava bem baixinho, mesmo que audivelmente, e eu não evitei sorrir quando ele expôs sua frustração.

Como podia uma pessoa ser tão solidária? Eu já havia desistido há muito de tentar acabar com as brigas de Tae e Hope, mas Jin parecia tão pesaroso, parecia realmente se importar... Me perguntei como ele conseguia se apegar tão facilmente às pessoas, sofrer tanto por alguém que ainda estava conhecendo. Isso era bonito, mas também perigoso. Pensei no que JungKook me dissera uma vez, que Jin já sofrera mais que o necessário pelas pessoas. Me perguntei se isso era culpa de sua personalidade amável. Provavelmente. Pensar isso me deixou triste.

Concordei com a cabeça de novo à sua fala, ainda sorrindo um pouco. Jin me encarou interrogativo, tentando entender o motivo de minha expressão. Neguei com a cabeça, ainda sorrindo para ele.

Jin me encarou com o cenho levemente franzido, ainda com um leve bico nos lábios, mas deu de ombros, olhando para Tae de novo.

- É só que... – Ele começou de novo após alguns vários segundos. – Eu não sei, ele parece tão frágil, tão desprotegido, tão sozinho às vezes...eu sinto vontade de fazer alguma coisa, entende? – Falou, me olhando meio hesitante, me olhando com um misto de ansiedade e insegurança.

Olhei-o um pouco surpreso, afinal, aquele era o exato motivo que me fizera me aproximar de Jin. Acenei com a cabeça, ainda meio desconcentrado. Jin relaxou um pouco, e continuou, a voz sempre o sopro de uma brisa: leve e silenciosa, além de agradável e bonita.

- Ele parece tanto uma criança indefesa que eu não posso evitar me preocupar com ele. – Falou, e eu vi o rosto sereno de Tae se mover um milímetro, o canto de sua boca tremeu.

Levantei, sorrindo ao constar que tivera razão o tempo todo.

- Bom, acho que agora seu dia está feito, não é Tae? – Falei, já de pé, olhando para o garoto “adormecido”. – Fingir que está dormindo pra ouvir a conversa dos outros é feio, sabia?

Assim que o disse, a boca de Tae se curvou num sorriso sapeca, mas ele manteve os olhos fechados.

- Eu estava dormindo.

- Ahã. Acha que eu nasci ontem, moleque? – Perguntei, e Tae sorriu mais largo ainda. Era meio assustador quando ele fazia isso, sua boca parecia muito grande.

Jin apenas nos observava, perdendo a expressão um tanto envergonhada que assumira seu rosto quando Tae “acordou” e a substituindo por uma mais divertida.

- Se você tinha percebido, bastava não ter falado nada, hyung. – Tae reclamou. Eu sabia que ele não estava verdadeiramente irritado, apenas fazia a sua obrigação: birra.

- Eu não falei nada até você se entregar, criatura. – Respondi rápido. Tae fez um biquinho e cruzou os braços, se sentando na posição de lótus na cama.

- É que eu ouvi vocês chegando, e achei que ia ter que passar pela mesma coisa que passei com o Soo hyung e o Kai, aí eu só tive tempo de fingir que estava dormindo. – Tae expôs, ainda parecendo infantilmente chateado. Ergui uma sobrancelha.

 - Você pegou eles se pegando também? – Perguntei.

- Eu só vim dormir! – Tae se defendeu, ficando entre o indignado e o temeroso, como se esperasse levar uma bronca. Bronca essa que eu não daria, afinal, KyungSoo provavelmente já assustara o garoto o suficiente. – Não é minha culpa se eles decidiram se pegar no banheiro!

Soltei um riso fraco, sentindo um pouco de solidariedade por KyungSoo hyung ao lembrar que JiMin havia acabado de interrompê-los também.

Olhei para Jin, que me olhava divertido. Ele apertou mais o sorriso, e eu senti a (que estava se tornando) familiar sensação de um calor percorrendo todo o meu corpo como um calafrio quente.

- Bom, acho melhor ficarmos todos aqui em cima por enquanto. – Jin disse, sorrindo. Tae o olhou, interrogativo, e ele apenas sorriu de novo.

- Concordo. – Falei. – Quem topa um campeonato de videogame?

- Você concertou seu console, hyung? – Tae perguntou, animado.

- Não. Vamos jogar com o seu. – Falei, rindo da cara que ele fez.

- Quem trouxe ele pra cá pra cima? – Perguntou, me olhando desconfiado.

- Eu. – Falei, e o garoto ofegou, parecendo ficar um pouco alarmado.

- Meu deus. – Quase gritou, levantando num segundo da cama e correndo até a porta. Eu e Jin o seguimos, e, ao entrar em meu quarto, Seok soltou uma risadinha. – Ai meu deus bebê, você está bem? Aquele bruto te derrubou? Fez alguma coisa? Está machucado? – Bufei enquanto o garoto abraçava o vídeo game fazendo todo aquele drama desnecessário.

- Só porque minha mãe começou com esse bullying, não quer dizer que você tenha que imitar, TaeHyung. – Resmunguei, indo até minha cama e me sentando ali. Jin me seguiu, ainda rindo baixinho, e se sentou ao meu lado.

- Não é bullying se é verdade. – Tae apenas me olhou parcialmente enquanto abraçava o eletrônico que estava conectado ao monitor de meu computador.

- Ah é? Vai dizer que a mãe inventou todos os vídeo games e celulares que você quebrou todos esses anos? Você conseguiu quebrar aquele tijolo Nokia dela! – Tae abraçava o console como se tentasse protegê-lo de mim, e eu apenas revirei os olhos, preparado para respondê-lo. Parei quando senti a mão familiar em meu ombro, e mirei Jin, que negou com a cabeça num sorriso apelativo. “Deixa ele”.

Devolvi-lhe o olhar, como se dissesse que a culpa era dele. Jin soltou outra risadinha, balançando a cabeça em negativa, como se não acreditasse naquilo. Me olhou em seguida, os olhos brilhando, e eu bufei, cedendo.

Olhei para TaeHyung de novo, que tinha travado no que fazia, e nos encarava com uma mistura de nojo e incredulidade.

- Meu deus, vocês são muito melosos. – Disse, se afastando um pouco, como se temesse ser contagiado. – Façam o favor de não me deixar de vela, por favor. Eu não to afim. – Disse, colocando o eletrônico que carregava de volta onde estava. – Vamos jogar? – Perguntou, se voltando para nós com os olhinhos brilhantes.

 - Demorou. – Falei. Eu podia não ser um fera do vídeo game, mas gostava de jogar, com Tae especialmente. Nós éramos imbatíveis nos times de Mario Kart quando JiMin tinha o Wii dele.

- Ofensiva? – Tae perguntou.

- Ofensiva. – Afirmei. Tae olhou para Jin.

- Hyung? – Perguntou, parecendo pegar Jin de surpresa. Nós dois o encaramos. Tae, esperando uma resposta, eu, me divertindo por saber que Seok não saberia dá-la.

Ele olhou para Tae, meio desnorteado, e então me encarou, logo voltando para Tae.

- Ah...eu não vou jogar. – Disse, por fim. Tae fez um biquinho, e eu apenas mantive o sorriso quase sempre presente quando se tratava de Kim SeokJin.

- Mas hyuung... – Tae fez manha, e Jin pareceu meio desconfortável.

- Eu não sei jogar, Tae. Me desculpe.

- Não tem problema. O hyung te ensina. – O mais novo disse, simplesmente, sem notar que sua fala fez Jin ficar um tiquinho mais nervoso. – Quer dizer, eu poderia te ensinar, porque sou melhor que ele, mas eu não sei se o Mon ia me querer te abraçando ou coisa assim.

- Eu ensino. – Falei, antes que Tae continuasse a falar suas asneiras.

- Ok então! – Tae abriu um sorriso largo e se virou para a tela do computador, iniciando o jogo. Jin me olhou com alarme, e eu dei de ombros, relaxado. Não via problema nenhum com aquilo, e o máximo que poderia acontecer era Jin realmente aprender a jogar.

  Passamos o que provavelmente foram quase duas horas jogando, xingando uns aos outros quando fazia burrada e rindo quando achávamos que tínhamos que rir.

Eu estava feliz com Jin sentado entre minhas pernas para que eu o ajudasse com o controle (mesmo que isso não fosse realmente necessário). Estava feliz também por ver Tae tão bem. Ele parecia não ter mais nenhum problema além de passar para a próxima fase, e isso era tranqüilizador.

Além de tudo, Jin havia se revelado um jogador habilidoso e ganancioso, que saía na frente de todo mundo para pegar os melhores bônus, e após alguns minutos já não precisava das minhas instruções de maneira alguma. Eu até me surpreendi pela violência da criança com os pobres personagens do vídeo game (ele saía atirando em tudo, até nas árvores), mas aquilo era, mais que nada, engraçado, então eu apenas me deixei rir e brincar com ele enquanto o mesmo se concentrava no jogo, xingando Deus e o mundo quando perdia.

E, bom, eu não tinha do que reclamar com o pouco caso que Jin decidiu sozinho continuar em meu colo após dominar o joystick. Estava bom demais pra mim.

Foi JiMin o que interrompeu a pequena bolha de leveza e paz que eu estava me enfurnando, e eu estava me preparando para xingá-lo bastante, antes de ver sua expressão.

- Hyung... – O garoto tinha os olhos um pouco arregalados, estava um pouco ofegante, provavelmente por ter corrido à velocidade toda até ali. Ansioso, ele estendeu seu telefone para mim, pendurado para dentro do quarto, segurando-se na porta.

Me levantei, fazendo com que Jin saísse de meu colo e continuasse fixado na partida contra Tae. Fui até JiMin e peguei o telefone, franzindo o cenho pelo estado do garoto.

- Al-

- Monster? Graças à sua mãe, seu merda. Por que não atende o telefone, idiota?!

- ...Suga? O qu-

- Não, o coelho da páscoa. Claro que sou eu, né? – Franzi ainda mais o cenho pelo tom um pouco alterado de YoonGi, e ainda mais por ele estar entrando em contato após ter, aparentemente, conseguido finalmente fugir da tropa.

- Tá, que seja. O q-

- Meu, eu to tentando falar com você faz um milênio. Por que não atende o próprio telefone, seu merda? – Ok, era melhor Min YoonGi parar com essa maniazinha marota de não me deixar terminar as frases, ou eu ia ficar nervoso.

- Eu deixei ele na sala. – Falei, com uma ponta de impaciência. – Mas Yoon-

- TEM TELEFONE PRA QUE SE NÃO ATENDE, CRIATURA?

- PARA DE ME INTERROMPER, PORRA. – Surpreendentemente, Suga calou a boca, e graças a isso eu prestei atenção na música alta que soava do outro lado da linha. – Onde você está? – Perguntei, franzindo o cenho, me perguntando se ele já tinha bebido muito e estava fazendo qualquer merda aleatória de bêbado.

- No Lux. – Respondeu. O “dã” subentendido estava incluído em sua fala, mas o que eu podia fazer? Suga ia a mais festas que a professora de matemática ia à minha turma. – Cara, é o Hope. Vai dar merda. Vocês podem vir?

Soltei um palavrão enquanto suspirava cansado.

- Ok. Estou indo praí. – Falei, encerrando a chamada. Olhei para Tae e Jin, que haviam pausado a partida e me observavam, curiosos. Estremeci ao pensar em Tae se metendo na confusão, e de forma alguma iria levar Jin junto pra limpar as merdas do Hope. – Eu vou sair rapidinho. Fiquem aí. – Falei, saindo do quarto com JiMin na minha cola.

- O que aconteceu, hyung? – Tae perguntou antes que eu saísse do quarto.

- Nada.

- É o Hope, não é? Ele está com o Suga hyung? – O garoto estreitou os olhos e eu suspirei internamente.

- Está tudo bem. Fiquem aqui. – Falei, olhando para Jin em seguida. – Cuide dele. – Não deixe ele sair daqui.

- Mas hyung-

- Volto logo. – Interrompi, saindo do quarto com JiMin atrás.

- O que aconteceu, hyung? – O Park perguntou, descendo a escada na mesma velocidade que eu, e pisando no meu pé por isso.

- HoSeok fez merda. – Respondi ao chegar na porta da cozinha, onde Kai e KyungSoo conversavam com xícaras de café na mão. – Hyung, se importa de me dar uma carona?

- Aconteceu alguma coisa? – JongIn já colocava a xícara que segurava no balcão, e se inclinava para minha direção.

 - Hope aconteceu. – Falei, franzindo o cenho. – Vamos até o Lux. – Já estava me dirigindo à porta após pegar meu telefone no sofá. JongIn e JiMin na minha cola. JungKook, que estava na sala, se levantou.

- Fique aqui, Kookie. – JiMin pediu, nos seguindo porta afora.

- Soo, fica também. – JongIn pediu, ao ver que o namorado nos seguia.

- Eu não vou ficar aqui. – O baixinho olhou para JongIn como se perguntasse por que ele estava discutindo algo tão óbvio.

- Cuide da casa, cuide deles. Por favor. – Kai fez um pequeno apelo, com direito a choramingos e biquinhos, que para mim pareceu meio estranho, mas que deve ter funcionado para KyungSoo, pois o mesmo apenas bufou e acenou com a cabeça após um momento de hesitação.

- E você, por que veio? – Perguntei à JiMin, que entrava animadamente no banco de trás, se posicionando no meio dos bancos e se inclinando para a fresta entre o banco do motorista e do acompanhante.

O garoto me olhou, ficando sério.

- Eu vim ajudar. – Falou, tão sério e defensivo (como se temesse que eu o chutasse para fora do carro), que eu tive que rir. – O que foi? – Pareceu meio ofendido.

- Nada. – Disse, ainda rindo um pouco, e me virei para JongIn, que dava a partida no carro. – Desculpa por te arrancar de casa assim, hyung.

- Sem problemas. – JongIn sorriu, e então franziu o cenho. – Por que estão sem cintos?

- KyungSoo hyung não está aqui, hyung. – JiMin disse, brincalhão.

- Ah é. – Kai deu de ombros. – Então deixa quieto. – Tanto eu quanto JiMin rimos com seu jeito, e ele começou a tirar o carro para a rua.

Enquanto meu irmão acelerava para sair de meu bairro, desbloqueei o celular, encontrando duas chamadas perdidas de Suga (sim, me ligou durante séculos, pode crer, uhum), uma de Min, que provavelmente estava com Suga, e uma de Yuri. Fiquei meio intrigado pela última, mas achei melhor ligar para ela depois. Um problema de cada vez.

- O qu- – JongIn exclamou ao mexer no espelho retrovisor acima de sua cabeça. – Ah, que ótimo. – Bufou, voltando a atenção para a rua.

- O que foi? – Perguntei. JongIn não se virou para responder.

- Você vai descobrir. – Disse. Franzi o cenho, mas meu irmão não disse mais nada, e eu não insisti.

Seguimos em silêncio e rapidamente, e em pouco tempo (muito menos que teríamos demorado se JongIn tivesse dirigido numa velocidade “segura”), chegamos aos portões de ferro que escondiam o Lux.

Meu irmão estacionou um pouco mais longe, por não haverem muitas vagas, mas eu realmente não me importei muito; era só um pouco a mais de caminhada.

- Ok, vocês conseguiram. Podem sair daí agora. – JongIn disse, cansado, ao sair do carro. Eu abri minha porta, confuso, tentando ver com quem ele falava.

- Mas que porra... – A frase de JiMin morreu. Não sei exatamente por que, mas me surpreendi ao ver KyungSoo, JungKook, Tae e Jin se levantarem na caçamba da caminhonete. Óbvio que eles não ficariam em casa. Eu mereço. – Eu pedi para ficar em casa, JungKook. – O Park não estava bravo, mas aposto que vê-lo assim, autoritário pra cima de JungKook, não surpreendeu apenas a mim.

O garoto mais novo levantou o queixo impestuosamente, e em outro momento eu teria sentado com pipoca para ver aquilo, mas realmente não estava com cabeça para aquilo. Pouco me importava se JungKook havia ido, meu problema era o dono da cabeleira ruiva atrás dele.

Tenho que lembrar que na próxima vez que não quiser que Tae venha, tenho que dizer “Vamos lá, vai ser legal”. Claro que ele vai vir se eu falar “não”. É a mentalidade de uma criança, afinal.

Olhei para Jin, cansado. Eu teria apostado que ele poderia ser um dos que se faria contrário à (provável) idéia de KyungSoo, mas ele estava ali também, e agora, além de me preocupar com um HoSeok fazendo merda, teria que lidar com o namorado birrento dele e com a preocupação de manter Jin longe daquilo. Que ótimo.

Ele me ofereceu um olhar cúmplice, apelativo, culpado e completamente adorável. Só pra me foder. Como que faz pra ficar chateado com uma criatura assim?

- Antes que o Mon hyung surte: o Jin hyung não queria vir. – Tae se manifestou pela primeira vez, a mandíbula trancada em um sinal de teimosia e de “ninguém me tira aqui”.

- Sim, nós obrigamos ele. – JungKook complementou a fala de Tae, parecendo quase orgulhoso. – O KyungSoo hyung quase arrastou ele pra fora d-

- Ook. – KyungSoo interrompeu o Jeon, que assumira ingênua e animadamente o que todos já sabíamos: o hyung ali não tinha nada de inocente na historia toda. – Não suje minha imagem, JeongGuk.

JongIn colocou a mão sobre a testa, primeiro negando com a cabeça, como se não acreditasse na cara de pau do namorado, mas depois soltou um risinho.

- Não estamos perdendo tempo? – Perguntou. – Eles já estão aqui. Não podemos fazer nada.

Assim que ele o disse, eu meio que voltei à realidade, mesmo que isso fosse meio difícil enquanto ainda olhava para Jin, sendo correspondido na troca de olhares.

Eu estava preocupado.

Em qualquer outra ocasião, eu não faria tanto esforço de sair de casa por alguma besteira de bêbado de Hope ou de qualquer um, mas YoonGi havia gasto seus preciosos bônus e me ligado, afobado e nervoso, e, acima de tudo, se importando com algo além do próprio nariz. Se isso não era motivo para eu me alarmar, eu não sei o que é.

Assim, ergui a mão, que foi pega por Jin, e a usou como apoio para saltar da caminhonete.

Seguimos, todos os sete, pelo caminho até os portões do Lux. Agradeci por, dessa vez, Manny não estar ali, e sim outro cara que eu conhecia apenas de vista, assim, não precisei me preocupar com brincadeirinhas sobre senhas ou qualquer outra merda assim.

Não me surpreendi quando encontrei o pátio cheio àquela hora da noite: era uma noite quente. Havia muitos que não gostavam de ficar no Rave Lux em noites assim. Eu apostava que o mesmo estava lotado também, mas o lado de fora tinha gente até onde a vista alcançava.

Corri a visão pelo pátio espaçoso, encontrando vários rostos familiares, mas nenhum era o que eu estava procurando.

Jin, que estava ao meu lado, próximo o bastante para que eu o ouvisse respirando, ofegou. Eu não sabia o motivo disso, mas toquei em seus dedos com os meus. Ele não se afastou, e continuamos assim, com os dedos entrelaçados sem um aperto de mãos. Um toque leve, mas que naquele momento estava significando mais que qualquer coisa.

- Como vamos achar o Hope nessa bagunça? – JongIn pareceu meio alarmado.

- É fácil. Tae tem um GPS natural que diz exatamente onde o Hobi está, a qualquer hora do dia, em qualquer lugar. – JiMin disse, risonho. Ele falou em tom de brincadeira, mas tinha um pouco de razão: era impressionante como Tae sempre parecia saber exatamente o que Hope estava fazendo, onde e com quem. Sempre. Era meio assustador até.

Todos olharam para onde Tae deveria estar, e, pela segunda vez naquela noite, não acreditei quando me surpreendi ao não encontrar Tae à vista. Claro que ele já havia vazado.

Bufei.

- Ok. Perdemos nosso GPS. – Disse, começando a me irritar com aquilo tudo. Senti os dedos de Jin apertarem os meus, notando minha irritação. Suspirei. Eu tinha que me acalmar. Aquela noite estava longe de acabar.

- Tenta ligar pro Suga. – JongIn sugeriu, e eu peguei meu telefone no bolso. Ou tentei. Eu tive certeza de que o universo estava rindo da minha cara quando, ao tentar tirar o celular do bolso, o mesmo escapou de minha mão e foi ao chão.

Me abaixei e peguei o aparelho, soltando um palavrão ao ver a tela rachada, partindo de um ponto absurdamente lotado de rachaduras que se dispersavam por todo o canto superior esquerdo do eletrônico. Desbloqueei o telefone, xingando mais ainda quando vi que parte da tela estava desabilitada pelas rachaduras. É uma sorte nessa vida que nem te conto.

- E lá se foi o quinto telefone do Monster desse ano. – JiMin disse, sem expressão na voz.

- Quinto? – JungKook pareceu sinceramente impressionado. – Como sua mãe não parou de te dar telefones ainda?

- Sempre que eu quebro algum, ela jura que não vai mais me dar, mas sempre acaba me dando um novo. – Bufei, passando o dedo sobre a rachadura. Senti a mão de Jin (a que eu havia soltado ao me abaixar para pegar o telefone) em meu ombro, no familiar gesto para que eu me acalmasse. – Foda-se. Vamos procurar uma confusão, Hope provavelmente vai estar no meio.

- Mas você não ia ligar-

- Não. – Interrompi JiMin. Não, eu não sei por que não liguei para Suga. Foi um impulso teimoso do momento, que eu mantive por orgulho. Me dê um desconto, eu estava ficando doido tentando não socar a cara de alguém, não estava com muito tempo pra ser racional.

- Se não é Park JiMin! – Mal desviei a atenção para a pessoa que chegou perto de nosso grupo, passando o braço por cima do ombro de JiMin. – E aí, cara? Achei que ia sumir por mais dois anos antes de aparecer de novo.

- E aí? – JiMin provavelmente estava sorrindo daquele jeito “socializo até com as inimiga porque eu sou trouxa” dele, mas eu realmente não estava prestando atenção. Riu alegre quando JungKook tirou “delicadamente” o braço do fulano (que eu sabia conhecer, mas não lembrava o nome, e sequer me importava) de cima de JiMin.

- Uou. Foi mal, já entendi a mensagem. – O cara se afastou do Park, rindo. – Monster! Meu, o J-Hope tá causando por aí, cê ta ligado, né? – Acenei parcialmente com a cabeça, ainda procurando por HoSeok no meio da muvuca.

- Você sabe onde ele está? – KyungSoo perguntou. O cara o olhou por um momento, provavelmente querendo saber quem era aquele que chegou tão autoritariamente para alguém que sequer conhecia, mas deu de ombros.

- Eles estavam lá na área leste, pelo que eu soube.

- Ok, obrigado. – KyungSoo disse, puxando JongIn pela mão para qualquer lado, menos para o leste.

Eu, por outro lado, comecei a caminhar na direção da área leste, com Jin na minha cola. JongIn riu do jeito de KyungSoo e conduziu-o delicadamente para andar na direção certa, e no momento eu sequer notei que havíamos perdido mais dois de nossos acompanhantes.

À medida que ia me aproximando, pude notar uma aglomeração de pessoas em volta de uma das elevações de concreto que se usava para banco ou o que fosse, dependendo do momento.

 E, no centro daquilo tudo, estava Hobi.

Surpreendentemente, não estava brigando com alguém ou dançando pelado por aí. Bom...não estava pelado ainda.

Assim que vi a situação de Hope, entendi por que Suga havia se alarmado.

Primeiramente: era muito estranho ver Jung HoSeok se esfregando (sendo esfregado?) com duas mulheres. Tenho certeza de que foi a única vez na vida e que ele chegou tão perto de um corpo feminino. Esse aí é viado de nascença.

Segundamente: aquelas senhoritas nada castas não pareciam se importar com a aura cor de rosa que Hope sempre carregava consigo, e pareciam bem ansiosas para levar meu amigo idiota pro cantinho. Me surpreendi com isso tanto quanto com o fato de Hobi estar tão perto de mulheres.

Terceiramente: ele estava seriamente quase transando com aquelas duas (e com mais uns cinco que estavam ali encima, todos dançando como um corpo só ao som da música medianamente alta que soava ali naquele canto).

Foi aí que encontrei o problema: na última vez que Hope se embebedara após uma briga com TaeHyung, havia dado uns beijos num garoto num bar, e eu juro que foi uma das vezes na vida que eu seriamente considerei matar alguém. E não pela “traição”, porque até TaeHyung conseguiu relevar isso. Não, isso não era nada comparado com os quase dois meses que eu tive que agüentar J-Hope resmungando e choramingando sobre “sou um ser humano horrível, o Tae não me merece, eu vou me matar”.

Eu juro que cheguei ao ponto de mandar ele se matar logo depois de um tempo. Puta que pariu, esse cara consegue ser muito chato quando quer.

Foi com esses pensamentos que me aproximei mais da muvuca, que provavelmente se formava de pessoas que haviam sido interrompidas do que faziam pelo showzinho de Hope.

Procurei por Suga no meio das pessoas, mas não encontrei sua cabeça branca em lugar nenhum. Encontrei, porém, uma figura conhecida. Olhei para a cabeleira ruiva aos pés do elevado em que Hope se encontrava. Ou o “GPS natural” de Tae realmente funcionava, ou ele tinha informantes mais efetivos que os de JiMin.

Olhei para Hope acima de mim, tendo uma desagradável sensação de dejavú de certa noite com um JiMin garanhão, um JungKook revoltado, um Jin bêbado e alguns morangos.

Mirei Tae, que estava longe de nós, e apenas olhava para HoSeok com a expressão serena. Se ele estava apenas em choque ou fazendo algum tipo de conexão extraterrestre pra incinerar o namorado, eu não sabia, e considerava melhor não tentar descobrir.

Quando eu comecei a me mover para tentar fazer algo sobre tudo aquilo antes que desse mais merda do que já ia dar, me detive ao olhar para Hope, que parecia (bum!) ter visto TaeHyung ali embaixo.

HoSeok travou. Todos à sua volta ainda estavam dançando, a música ainda estava soando, mas para ele parecia apenas importar o par de olhos que o miravam de baixo, extremamente frios e melancólicos.

E, tão rápido quanto esse pequeno momento veio, ele se foi. Eu havia mantido minha atenção apenas em HoSeok e Tae, então não notei as duas figuras baixinhas que haviam subido no elevado naquele momento.

Acho que, depois de Hobi, eu fui o mais assustado com a quantidade generosa de água que caiu em sua cabeça.

Eu o vi arfar, completamente molhado, e olhar para os dois que seguravam baldes agora vazios nas mãos.

Me apressei para chegar mais perto, e senti mãos familiares segurarem minha camiseta, me seguindo em meio às pessoas ali reunidas. Sorri minimamente, e continuei abrindo caminho pelos corpos, alguns parados pelo que havia acontecido com Hope, alguns pouco se fodendo com isso.

- Seu retardado. – Ouvi a doce voz de Suga assim que cheguei quase ao lado de Tae ao pé do elevado. – Tava chorando porque queria fazer as pazes com o TaeHyung faz nem vinte minutos, agora tem ele aí, na sua frente, e você desvirjando aleatórias desconhecidas que de virgem não tem nada aqui. – Min YoonGi, que sempre sabe o crucial a se dizer no momento mais crucial de todos. – Desce dessa merda e vai falar com o seu namorado, agora, senão eu corto seu pinto fora.

Em parte eu estava feliz pela música não estar tão alta como poderia estar, porque só assim eu pude ouvir o pedido gentil de Suga.

Olhei para Tae, que tinha os braços cruzados, e não parecia em nada alterado pela interrupção de YoonGi. HoSeok, por sua vez, encarou o loiro por um momento, como se estivesse se reconstituindo do susto, e então mirou o namorado, temeroso.

TaeHyung não expressou nada em resposta ao olhar de Hope, apenas lhe devolveu o olhar, ainda frio e sereno. Uma serenidade meio opressiva, que fez HoSeok visivelmente engolir em seco.

- Acabou o show, pessoal. Voltem pra casa. – YoonGi dispensou tanto os que estavam ali encima quanto a pequena multidãozinha abaixo, que soltaram exclamações de protesto por terem sua diversãozinha cortada.

Enquanto a multidão se dissipava irregularmente, Suga, cagando pro mundo e suas conseqüências, apenas puxou Hope para fora do elevado, fazendo-o descer e ir até TaeHyung, que consequentemente estava quase ao meu lado.

- Se resolve agora, bestão. – Eu realmente estava um pouco impressionado com Suga. Não com os xingamentos incessantes (isso era normal), mas com essa teimosia tempestuosa que parecia ter tomado conta de seu corpo. Ele não era exatamente de perder muita saliva ou tempo com coisas assim.

HoSeok e TaeHyung ficaram um de frente para o outro. O primeiro, ainda pingando pelo banho que lhe proporcionaram. Ele não parecia bêbado (acredite: se Jung HoSeok estiver bêbado, você vai descobrir a dez quilômetros de distância), e eu arriscaria dizer que ele não estava tão embriagado assim nem antes do banho. Senti vontade de socá-lo por isso.

Quer dizer, se você está bêbado, ainda tem uma desculpa pra fazer cagada, mas se não, você apenas está sendo um babaca. E babacas merecem socos na fuça de vez em quando.

Tae estava impassível. Os braços ainda cruzados não aparentavam tensão, e o rosto estava liso e calmo, obscuro e profundo. Eu me assustei com aquela atitude de sua parte. Normalmente, quem estaria fazendo escândalo e brigando com Hope era Tae, sempre ciumento e infantil desde a pré-hitória. Vê-lo daquele jeito me preocupou um pouco, principalmente por não fazer idéia do que pudesse ter ocasionado aquilo.

- Vão ficar aí parados mesmo? – Suga reclamou, sem receber a atenção de nenhum dos dois, que pareciam estar se perfurando com o olhar. – Tá olhando o quê? – Perguntou a um casal que olhava para a ceninha ali perto. Os dois viraram o rosto e se afastaram.

- Calma Yoon. – A voz feminina soou calma. – Vamos deixar eles conversarem sozinhos. Melhor assim, não é? – Perguntou, os dois não responderam, e ela pareceu ver isso como uma resposta afirmativa. – Vamos, pessoal. – Disse, empurrando Suga e olhando para mim e Jin.

- Se deixar eles sozinhos eles não vão fazer porra nenhuma. – Suga resmungou, se deixando levar para perto de mim e Seok, que os acompanhamos para longe do casal, na direção de JongIn e KyungSoo, que haviam se mantido longe da confusão desde o início.

- Vai ver que sim. E não discuta, você sabe que eu tenho razão. – Interrompeu a tentativa de Suga de falar de novo. Assoviei, era bem raro encontrar alguém que desse um cala boca desses em Min YoonGi e saísse vivo. – Oi Mon. – Se virou para mim quando estávamos a poucos passos do casal mais velho.

- Oi Min. – Respondi, mais relaxado do que estivera nos últimos minutos. Sorri de lado, retribuindo-a, e ela apertou os olhos grandes e bem delineados. Tinha que me lembrar de zoar Suga mais tarde.

- Min! – JongIn exclamou ao ver a garota, e ela sorriu.

- E aí Kai? Yoon me disse que estava na área. – Curvou a cabeça brevemente, num sinal de respeito, e virou os olhos de gato para KyungSoo, curiosamente.

- Ah, esse é KyungSoo. – JongIn apresentou, casual, mostrando o baixinho ao seu lado.

- Namorado dele. – KyungSoo falou, num tom de aviso quando ofereceu a mão para cumprimentar Min. Espertinho, marcando território.

- Namorado é? – A voz de Min soou divertida. – Bom, tenho certeza de que isso vai quebrar muitos corações por aqui. – Sorriu gentilmente para KyungSoo, que franziu o cenho, preocupado. – Como aquele ali. – Apontou com a queixo para trás de JongIn, fazendo com que todos olhassem para lá.

- KAI! – Eu soltei um risinho nasal quando o coqueiro supremo que também atende por Park ChanYeol pulou no pescoço de meu irmão como uma garotinha.

E eu sequer tive tempo de parar de rir direito quando vi duas figuras chutarem ChanYeol nas canelas, fazendo-o soltar uma exclamação grave.

- Larga meu namorado, Dumbo.

- Larga o namorado do Soo. – Soaram ao mesmo tempo, um de cada uma das duas figuras ao lado de ChanYeol, que agora eu via serem KyungSoo e um garoto de sua altura com os cabelos tingidos cor de mel e traços femininos no rosto pequeno.

- Eu já disse pra não me bater, hyung. – ChanYeol choramingou para KyungSoo, soltando JongIn, que ria. – Dói muito. Não é igual ao Baek. O seu realmente dói.

- Ei! – O pequeno, que provavelmente era o “Baek”, reclamou. ChanOrelhas sorriu para ele, como se se desculpasse.

- E eu já disse pra não ficar dando em cima do JongIn. – KyungSoo respondeu, torcendo o nariz. – Oi Baek. – Mudou completamente a expressão ao cumprimentar o outro pigmeu, sorrindo todo bonitinho, como se não fosse capaz de naucatear um gigante feito ChanYeol em segundos. E ele realmente era capaz.

- Soo! – O “Baek” soltou um gritinho nada másculo e correu até o garoto olhudo, abraçando-o mais ou menos do mesmo jeito que ChanYeol havia abraçado JongIn um minuto antes.

ChanYeol fez uma careta, e JongIn riu mais. O baixinho, ainda preso ao pescoço de KyungSoo, olhou para mim e os outros três que estavam comigo, os olhos brilhantes.

- Ah, é o BaekHyun. – Foi Suga que se manifestou. – Oi Baek. – Sorriu, e eu ergui a sobrancelha. YoonGi foi simpático, e conhecendo-o como conheço, isso só pode significar uma coisa: BaekHyun era bom de cama.

O baixinho se soltou do pescoço de KyungSoo, subitamente parecendo meio acanhado.

- O-oi opp- Suga ssi. – O garoto gaguejou, e eu soltei um risada alta pela cara que ChanYeol fez atrás dele.

- Oppa? – Perguntei ao mesmo tempo que o orelhudo. Ele, sério. Eu, morrendo enquanto tentava segurar a risada.

- Que porra é essa, BaekHyun?

- Muito bom, YoonGi. – Falei, depois de ChanYeol, ainda risonho. Suga encolheu os ombros, humilde, e ChanYeol fez uma cara pior ainda.

ChanYeol se virou para mim, me fuzilando com o olhar, e eu apenas ri alto. Senti Jin apertar meu braço, se aproximando mais de mim.

- Tá rindo do quê, Monstrengo? – ChanYeol perguntou, tentando parecer ameaçador, o que só me fez soltar mais uma risadinha. Ele parecia uma galinha se empertigando assim.

- Da sua trouxisse. – Respondi, com um sorriso de canto, e ele me olhou feio.

Jin apertou mais meu braço, se posicionando ao meu lado protetoramente. Eu não estava nervoso; lidar com o gênio de ChanYeol era algo cotidiano para mim, mas não evitei ficar comovido com sua atitude. Soltei mais uma risadinha e virei para ele, que me olhou com o mesmo olhar confuso de sempre. Sorri e baguncei seus cabelos, tentando pedir que relaxasse.

- Arranjou um namoradinho, Monstrão? – ChanYeol zombou. Sorri, ainda sem olhar para ele. Já se havia ido a época em que eu ligava para quando me chamavam de gay. Eu estava completamente afim de um garoto, afinal de contas.

Senti um calafrio interno quando pensei concretamente nessas palavras. Nunca havia colocado os fatos em palavras assim.

Olhei para ChanYeol, sem me abalar, e apenas soltei:

- Parece que você também. – Apontei com o queixo para BaekHyun, que ainda estava grudado com KyungSoo, conversando animadamente com ele. – Ah, desculpe, nem isso você consegue? – Perguntei, fingindo pena, e as orelhas de ChanYeol pareceram pegar fogo.

- Você tem algum problema comigo?

- Não. – Respondi, esticando a boca numa linha fina. – Mas você tem algum problema comigo, e eu não vou ficar ouvindo besteira de boca fechada. Mas podemos resolver isso no palco se quiser.

Uma veia saltou na testa de ChanYeol.

- Isso é um desafio? – A criança estava realmente se irritando. Que bonitinho.

- Se você acha que é... – Dei de ombros, tentando dar pelo menos um pouquinho de atenção para o pobre Park, algo que estava se mostrando difícil com Jin perto daquele jeito. Eu só queria puxá-lo para longe daquele monte de retardados e apertar aquelas bochechas bonitinhas.

ChanYeol estufou um pouco o peito, avançando alguns centímetros. Eu não me movi, apenas sorri pequeno.

- Ei, ei ,ei. – ChanYeol parecia tão atônito que tenho certeza de que meu choque passou despercebido quando JongIn se meteu no meio de nós dois. – Chega, ok? Já estão discutindo?

- Mas Kai... – O Park choramingou, perdendo completamente a aura um tanto ameaçadora que ele havia (?) conseguido formar em si mesmo. – Ele está me provocando.

- Eu? – Perguntei, com incredulidade que me lembrou uma criança protestando um julgamento injusto da mãe.

- Ok, ok. – JongIn interrompeu o que quer que ChanYeol fosse começar a falar. – Esqueçam essa competitividade por um momento, sim? Agora vocês são meu irmão e meu amigo que eu não via há tempos e não quero ver brigando, certo? Podem esquecer sobre rap por um momento?

- Não. – Falamos em uníssono, esquecendo nossa rixa interna por um momento para defender um ponto comum de vista. Como “esquecer o rap”? Não tinha como fazer isso.

JongIn suspirou.

- Ok. Esqueçam por um momento que tem que ficar batalhando feito dois condenados pra provar que um é melhor que o outro, ok?

- Eu não tenho que provar nada. É esse idiota que fica me enchendo. – Apontei para ChanYeol, que abriu a boca para protestar. JongIn o cortou.

- Apenas parem, ok? Vem hyung, vamos tomar alguma coisa com BaekHyun hyung e o Soo, que tal? – Pegou o outro pelo braço sem esperar por resposta, e o puxou dali, acenando desajeitadamente para mim e Jin e então para Suga e Min.

Observei a figura gigante de ChanYeol sumir em meio das pessoas na direção do galpão que abrigava o Rave Lux, reclamando sobre BaekHyun esquecer de si quando KyungSoo estava por perto.

Senti Jin relaxar um pouco, mas não se afastar de mim. Fiquei secretamente feliz por isso. Não sabia em que momento passara a me importar com gestos tão simples, mas com ele, parecia ser crucial cada respiração.

- O Coqueiro tava implicando de novo? – YoonGi chegou mais perto de nós dois, não evitando soltar um sorriso sacana ao olhar para Jin grudado ao meu braço.

- Nada fora do normal. – Dei de ombros, olhando para Jin, que notei estar com a atenção longe.

Segui seu olhar, encontrando o casal que havíamos deixado para trás para conversar em meio às pessoas que passavam ou apenas estavam ali. HoSeok estava falando algo para TaeHyung, aparentemente afobado, e o outro apenas o mirava com a mesma serenidade que eu havia notado antes. Franzi o cenho, e Suga verbalizou meu estranhamento:

- Eu não acredito que o Tae ainda não cansou de fingir que é gente. – O branquelo disse, e eu me virei para ele.

- Você sabe qual é a neura da vez? – Eu realmente estava estranhando as atitudes de Tae. Havíamos deixado os dois sozinhos há mais de cinco minutos. Era de se esperar ou os dois aos beijos ou aos gritos, não conversando civilizadamente como estavam.

Suga deu de ombros, respondendo com a voz arrastada de sempre:

- Provavelmente tem a ver com o Hope ter chamado o Tae de “infantil que não sabe ouvir e só grita” quando eles brigaram mais cedo. – Franzi um pouco o cenho de novo. Conhecendo TaeHyung, era bem possível que o mesmo estivesse fazendo aquilo apenas por birra, para provar que o namorado estava errado (sendo que não estava).

- Eu realmente não consigo acreditar nesses dois. – Falei, olhando para os dois. Tae agora falava algo par Hope, ainda “fingindo ser gente”. – E provavelmente vai sobrar pra você depois, né? – Me virei para YoonGi, que me olhou e suspirou, entendendo o que eu queria dizer.

- Dessa vez não. – Foi Min quem respondeu, chegando mais perto de Suga, mesmo que longe o bastante para que não parecesse estranho. Continua fingindo, que eu caio. – Né, Yoon? – Olhou para Suga como se dissesse “responde sim, senão apanha”. Eu ri. Um pouco, mas ri.

Suga me olhou com uma careta, provavelmente já adivinhando qual seria o foco de minhas provocações futuras.

- Acho que sim. – Disse, por fim. Eu o olhei curioso. Meu amigo torceu o nariz. – MinYoung está tentando fazer Tae largar mão de ser babaca comigo. Não que eu me importe. – Terminou, dando de ombros e desviando olhar, gesto que poderia simbolizar descaso, mas que eu sabia significar uma mentira.

- Não aja como um velho rabugento. – Min deu um tapa no ombro de Suga, que revirou os olhos. Eu ri, e Jin me acompanhou, baixinho.

- Esse aí nasceu um velho rabugento. – Falei, rindo.

- Ah, eu sei. – Ela resmungou, e riu junto comigo. Suga nos olhou com tédio.

- Mas diz aí: o que você vai fazer pra fugir da lista negra do Tae? – Perguntei, realmente interessado. Talvez, por conhecer a personalidade de Suga, que nunca colocava esforços em nada, eu nunca tivesse pensando numa reconciliação por parte dele, então admito que estava um pouco curioso.

- Essa aqui diz que ele vai vir falar comigo naturalmente. – Disse Suga com claro descaso e descrença à idéia de Min.

- “Essa aqui”? – A garota baixinha (sério, ela parece baixinha perto do Suga) perguntou, rindo.

- O que quer que vá fazer, é melhor fazer rápido. – A voz de Jin soou depois de muito tempo calada naquela noite, e todos olhamos para onde ele olhava.

TaeHyung e HoSeok se aproximavam de nós, com o ultimo meio atrás de Tae, parecendo meio tenso.

Tae cortou caminho pelas pessoas imperativamente, seguindo em linha reta até nosso pequeno grupo. Andou até YoonGi, que ficou de frente para ele, sem expressão na face. O mais novo o mirou e disse:

- Hobi disse que você quer falar comigo. – Disse, a voz grave dura, e, eu diria, meio tensa. Vou dizer que aquilo estava um pouco cômico: os dois absurdamente eretos e sérios, se olhando, e Tae fingindo ser gente.

Suga olhou para HoSeok pela alegação do ruivo, que deu de ombros, apoiando para Min, que estava um pouco atrás de YoonGi.

Meu amigo olhou para a garota.

- Naturalmente, huh? – Perguntou, meio irônico. Min encolheu os ombros.

- Ok. Vamos deixar vocês conversarem. – Min pegou meu pulso, me puxando, e consequentemente, a Seok também.

Olhei para o grupo que deixávamos para trás por cima do ombro, e então me virei para a garota que ainda me puxava meio apressadamente.

- Sua estratégia é sempre sair arrastando as pessoas para as outras conversarem? – Perguntei, e Min parou de andar.

- Mais ou menos. – Disse, sorrindo, ignorando a pequena provocação em minha frase.

- Acha que vai dar certo? – Jin perguntou, segurando meu braço com menos força agora que não estava dependendo dele para se manter de pé e caminhando. Ele olhava para o ponto de que havíamos saído, que já se perdera em meio às pessoas ali no pátio.

- É o que espero. – Min disse, descontraída como apenas ela era. Jin a olhou curiosamente e ela sorriu. – Yoon vai ter que se virar, ou eu vou socar ele na próxima vez que ele me vier com “Tae me odeia” pro meu lado.

Fiquei levemente impressionado por Suga ter reclamado sobre algo assim com MinYoung. Ele devia considerá-la bastante para fazê-lo.

Novamente: tenho que lembrar de zoar com ele depois.

- Vocês estão...? – Perguntei, deixando a pergunta no ar.

- Hã? O quê? Eu e Yoon? – Ela demorou um momento para entender minha pergunta não feita. Riu. – Não, não. Não ia dar certo. – Disse, sorrindo sincera. Podem me chamar de paranóico, mas eu vi um pouco de pesar naquele sorriso.

- Por que não? – Jin perguntou, gentil, e eu me perguntei se ele estava sentindo o mesmo que eu sobre aquela resposta.

- Ah...sabe como é: o Yoon não foi feito para relacionamentos duradouros, e quando a gente terminasse, ia ficar meio estranho. – Tudo o que a garota estava me falando fazia o maior sentido do mundo, mas não evitei me sentir meio pesaroso. Eu realmente gostava de Min, e adoraria que fosse ela a aquietar o cu de meu amigo. – Ele é um amigo importante, não quero pôr essa amizade a perder por uma noite de sexo.

Ela terminou a fala com um sorrisinho sem graça, encolhendo os ombros. Jin lhe devolveu o sorriso, num gesto cúmplice, e eu tentei pensar numa forma de fazer YoonGi deixar de ser trouxa e pegar aquela mina. Apertei os olhos quando olhei para Min e capturei algo atrás dela, vindo em nossa direção.

- NamJoon? – Jin perguntou, seguindo meu olhar.

- Ah, que ótimo. – Falei ao discernir as duas figuras que corriam em nossa direção. – O que foi agora? – Perguntei quando JiMin chegou à minha frente um pouco antes do moreno que o acompanhava. O mesmo abraçou Jin, afastando-o de mim.

JiMin olhou para os dois com a expressão chateada. O mais novo lhe devolveu o olhar de forma emburrada.

- O Kookie brigou comigo. – O Park reclamou, infantilmente. Revirei os olhos. Lá vamos nós. JiMin choramingou, olhando para mim. Se ele achava que eu ia ficar distribuindo abraços pra qualquer criança birrenta como Jin fazia, que tirasse o cavalinho da chuva. – Ele disse que eu dou muita bola para as pessoas e que isso deixa ele desconfortável. Aí eu pedi desculpas e ele continuou gritando comigo. – Choramingou mais um pouco. Eu olhei para Jin, pedindo com o olhar que me matasse. Ele sorriu, paciente. – Ele me chamou de bobo alegre, hyung!

- Porque você continuou abraçando as pessoas e sorrindo feito uma garotinha! – O grito de JungKook foi abafado no peito de Jin, onde tinha enfurnado a cabeça.

Olhei para cada uma das criaturas, tentando achar um pouco de paciência no fundo do meu ser.

Não encontrei.

- Olha aqui: JungKook, o JiMin é uma pessoa gentil, claro que vai tratar todos bem. Se não quer que ele socialize, guarda numa caixinha e tranca no seu quarto. – Olhei para JiMin, que já sorria por eu ter falado em seu favor. – E você: JungKook tem razão: você é um bobo alegre. – O sorriso de JiMin sumiu, e eu inspirei para terminar a fala. – E mais uma coisa: não me venham mais com briguinhas, porque eu já estou por aqui de brigas pelo resto do século. Agora vão brincar e nos deixem em paz.

JungKook me olhou em choque por um momento, mas depois, como JiMin, abaixou a cabeça e saiu, voltando para onde as coisas que chamamos de ‘gente que nasceu para dançar’ se quebravam com movimentos que eu não acho serem humanamente possíveis (e, pelo menos para humanos como eu, não são).

Observamos os dois sumirem, e Min assoviou.

- Nossa. Você realmente pareceu um pai impaciente agora. – Olhei para a garota, que tinha as mãos nos bolsos casualmente.

- Impaciente? – Perguntei, incrédulo. – Eu vazei da minha casa por causa de briga hoje à tarde, eu cheguei e tinham brigado de novo, eu dormi e acordei ao som de mais uma briga, e quando eu finalmente estava de boas, tenho que sair de casa no meio da noite pra resolver mais uma briga. Agora me chamam de impaciente por que não perdi tempo com uma briguinha nada a ver com as duas crianças retardadas que tem por obrigação diária encrencar um com o outro? Faça-me o favor.

Min, que ouviu meu desabafo com os olhos levemente arregalados, falou:

- Nossa. Calma. Você não é impaciente. Você é o guru da paciência. – Franzi o cenho, tentando encontrar ironia divertida de sua parte. A garota sorriu.

- De qualquer forma, se você não tivesse dito isso, eu teria dito. – Jin se manifestou, e eu olhei para ele, que se aproximou de mim de novo, sorrindo enquanto tombava a cabeça de lado.

Sorri de volta, me distraindo enquanto olhava para seus olhos, como era o costume.

- Uou, senti que estou sobrando aqui. – Ambos olhamos para a garota que eu, naquele meio segundo, havia esquecido da existência. Ela sorriu, meio travessa. – Vou vazar, não estou com as minhas velas aqui hoje. – Disse, acenando e saindo em direção ao Rave Lux. Ela era tão presente nas bagunças do Lux que eu esquecia que aquela desgraça era a principal DJ responsável pela festa.

- Mais tarde eu mando o YoonGi lá com você, Min! – Gritei, e ela virou, me mostrando a língua, e sorrindo ao virar o rosto para a frente de novo.

Soltei uma risada curta, e Jin me olhou, um brilho divertido no olhar.

Mirei-o por um momento, e então disse:

- Quer ver uma coisa?

- É outra coisa legal? – Perguntou após alguns momentos em que fingiu pensar. Sorri com seu jeito, e acenei com a cabeça, segurando sua mão.

- Pode crer. – E o puxei em meio às pessoas que faziam de tudo e de nada naquela noite quente.

 

 

 

- Você tem algum TOC por lugares altos? – Jin me perguntou quando soltei sua mão ao chegarmos no teto do pequeno depósito de concreto que ficava ao lado do galpão do Rave Lux.

Soltei uma risada soprada, andando até a beirada do que era basicamente um retângulo de concreto pequeno e quase invisível aos olhos de todos num dos limites do terreno.

- Mais ou menos isso. – Falei, sorrindo e respirando fundo.

- Você tem um desses na escola também? É pra lá que vai quando mata aula? – Perguntou, chegando ao meu lado e passando o olhar por toda o cenário abaixo de nós. Olhei para ele, que devolveu o olhar.

- Quer ver quando voltarem as aulas? – Perguntei, respondendo sua pergunta indiretamente. Ele arregalou um pouco os olhos, logo acenando com a cabeça. – Te levo lá então. – Sorri, virando para a frente de novo, e lembrando de algo que me fez franzir o cenho.

 - O que foi? – Jin perguntou enquanto eu alcançava o telefone no bolso.

Desbloqueei o celular e fui até meus contatos, encontrando o de Yuri e ligando para ela.

- Yu me ligou antes de toda essa confusão. – Falei enquanto levava o aparelho danificado à orelha. – Vou ver o que ela queria.

Jin emitiu um “ah” e esperou comigo enquanto Yuri não atendia.

- Alô? – Não notei que estava tenso até relaxar quando ouvi sua voz.

- Yu? Sou eu. Vi sua ligação, o que aconteceu? – Perguntei.

- Nam! – Ela exclamou, parecendo feliz, e então ficou séria. – Bom, na realidade eu não quero te preocupar, mas achei que ia querer saber...

- O que foi? – Perguntei, suspirando ao pensar em ser algo relacionado ao meu pai.

- Bom, eu estava falando com o pai...e ele ainda não desencanou da ideia de te fazer herdeiro. – Ela disse, parecendo pedir desculpas com o tom de voz. – Só queria avisar que ele vai continuar te atazanando. Você sabe como ele é quando teima com algo.

Suspirei. Eu sabia bem como ele era. Não estava acreditando naquilo.

- Ok. – Fechei os olhos, cansado. – Obrigado Yu.

- De nada e... – Ela demorou um momento para completar a fala. – Não se preocupe muito com isso, ok? Eu vou tentar segurar as pontas por aqui.

- Ok. – Soltei um sorriso triste. Não gostava que fosse ela a “segurar as pontas” sempre. – Não exagere. Se ele te irritar me avisa que eu vou até o Japão dar um soco naquela fuça convencida.

- Pode deixar. – Minha irmã riu. – Até mais, maninho.

- Até. – E ela desligou. Suspirei, baixando o telefone e o guardando no bolso de novo. Subi o olhar e encontrei o de Jin, que me mirava com sua expressão serena costumeira. – Você ouviu? – Perguntei.

- Uhum. – Ele acenou com a cabeça e eu bufei, olhando para o céu. Aquilo realmente havia estragado a minha noite. Senti Jin aproximar a mão da minha de forma hesitante, e sorri, ainda com a cabeça virada para cima, quando ele entrelaçou nossos dedos de forma tímida.

Abaixei a cabeça até o limite, os olhos fechados e os lábios desenhados num sorriso. Apertei seus dedos, e ele pareceu relaxar.

- No que está pensando? – Perguntou, após um momento. Abri os olhos e o mirei por alguns instantes. Droga, tão lindo. Senti um impulso repentino, e ele me notou segurando-o. – O que foi?

- Nada. – Balancei a cabeça, sem cortar o contato visual com ele. – Eu só senti uma vontade absurda de te abraçar agora. – Continuei mirando-o fixamente, atento às suas reações, que sempre surpreendiam ou agradavam, se não os dois.

Eu realmente não sabia o que estava falando, e tampouco ligava.

Ele arregalou os olhos, corando e abaixando a cabeça, logo elevando-a de novo e me mirando mais uma vez, envergonhado.

- Se fosse tão absurda assim, você não estaria tão longe. – E ali estava o Jin imprevisível de sempre. Soltei uma risada abafada pela surpresa. Sorri de lado, e puxei-o pela mão que estava presa à minha, me passando ondas de calor gentis e aconchegantes.

Aconchegantes como ter seu corpo em meus braços.

Ele ofegou quando seu corpo se chocou contra o meu, e apertei-o, cobrindo-o protetoramente. Aquele corpo alto e esguio parecia pequeno, parecia frágil e gentil, leve e adorável como a pessoa que o preenchia. Senti a familiar vontade de mantê-lo ali para sempre.

Ele tinha o queixo em meu ombro, e tocou o nariz em meu pescoço, respirando baixinho ali. Respirei fundo, apertando-o mais. Queria aquele garoto com todo o meu ser, o queria tanto que chegava a assustar. Me perguntei mela milésima vez como havia conseguido agüentar tanto tempo sem tocá-lo assim.

Me perguntei como odiara aquele garoto alguma vez na vida.

 - Sabe... – Chamei, apertando seu corpo delgado. Senti uma brisa fresca passar por nós na noite abafada.

- Hm? – Seu suspiro em meu pescoço me mandou choques por toda a coluna.

- Estou sentindo uma vontade absurda de te beijar agora. – Não sei de onde tirei tanta descaradisse (não, essa palavra não existe. Mas é muito útil, e soa legal), mas ele só riu de forma meio nervosa e um tanto surpresa. Depois ele me perguntaria o que havia acontecido comigo, e eu não saberia responder. Você aconteceu.

Jin levantou a cabeça de meu ombro e me mirou de forma um tanto travessa. Me perguntei onde estava o Jin envergonhado de alguns minutos atrás. Absurdamente incompreensível, totalmente adorável.

- Se fosse tão absurda, você não estaria tão longe.

 

 


Notas Finais


E aí? Mereço comentários (credo, interesseira). Mas sério, os coments ajudam PRA CARALHO (finjam que eu sou o Luba nesse momento).
Falando em coment, eu preciso me desculpar. Cara, eu não respondi coments do 17, 18 e 19. pqp, to vacilando muito. Perdão ;-;


antes de vazar, eu gostaria de recomendar uma fic que comecei a ler faz alguns dias e tipo, amei. É um plot que eu pensei faz tempo (claro que não igual, mas a ideia base era igual), e agradeço à senhorita escritora (QUE LÊ DEPENDENCE! EU FIQUEI TÃO FELIZ) por ter escrito antes que eu. Estou amando.
Bom, quem quiser o link: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-bangtan-boys-bts-ficwriter-5155996
AsuaMai, já te amava pelos seus coments, aogra te amo até o tartaro por essa fic (vou ler o cap novo agora *^*)

Bom, é isso, acabou o espaço publicitario (q)

BEIJOS DE TODAS AS CORES E SABORES. VIDA LONGA AOS VIADOS.
~fui


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