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História Dependence (Em revisão) - I'm idiot, but you like


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


"Thank you ladies and gentlemen
I’d like to introduce my boys, tonight...
You know how we do
We’re hitting big yo!"

Oi pessuaaaaaal. Comecei com 'The Stars' porque eu amo essa musica, e porque ela faz muito jus à nossa situação atual com essa fic. ESTAMOS NOS TORNANDO GRANDES. Eu agradeci pelos 700? Vou agradecer agora por termos batido os 800 <3 obrigada pessoal, vocês são incríveis.

Não vou falar muito aqui em cima porque sei que vocês querem ler.
Beijão e boa leitura <3

Capítulo 23 - I'm idiot, but you like


- Se eu for demitido depois dessa, eu juro que vou te matar, NamJoon. – Jin me disse, emburrado, enquanto saíamos da loja pela porta dos fundos.

- Por quê? A culpa foi sua. – Falei, com descaso. Podemos dizer que eu também estava emburrado.

Ele me olhou, descrente.

- Minha? – Sua voz soou um pouco mais aguda pela indignação. – Você me perguntou, eu respondi. Como eu ia saber que você ia surtar e começar a me agarrar daquele jeito? – Bufou, cansado, enterrando o rosto nas mãos à medida que andávamos para fora do beco ao lado do café.

Soltei uma risada curta e soprada, irônica, com as mãos nos bolsos.

- Tá, eu te agarrei. Mas você não parecia triste com isso. – Falei, sorrindo um pouco satisfeito ao lembrar de como ele retribuíra ao beijo, provavelmente, mais quente que já trocáramos.

- De todas as pessoas, tinha que ter sido meu chefe a nos pegar lá. – Jin resmungou, com o rosto ainda escondido nas mãos, me ignorando.

- Tem mesmo a possibilidade de ele te despedir? – Perguntei, levando um pouco mais a sério o que ele dissera anteriormente. Eu havia ficado chateado, com ciúmes daquele passado em que eu não existia, mas também não queria o mal à Seok. Não era tão babaca assim.

Jin levantou o rosto, suspirando e parecendo relaxar um pouco. Mirou à frente enquanto caminhávamos lentamente pelas ruas iluminadas pelos postes estilo europeu do MinCheon.

Mirei-o, esperando uma resposta, que veio poucos instantes de silêncio depois.

- Talvez. – Soltou, num suspiro. – Ele é uma boa pessoa, mas é bem sério no que diz respeito ao trabalho. Ter me pegado numa situação tão... – Não terminou a frase, deixando a idéia temerosa no ar.

Mirei à frente, de forma séria. Me peguei pensando no que aconteceria com Jin em casa se ele fosse despedido. Senti meu interior tremer numa raiva precoce ao imaginar.

Não falamos mais enquanto andávamos até a estação. Eu havia realmente explodido lá atrás, e mesmo agora, mais calmo, sentia uma espécie de impulso orgulhoso não permitir que eu fosse o primeiro a lhe dirigir a palavra.

Pensei em falar com ele ao ver a loja de JaeHwa, lembrando de seu pedido para avisar Jin que fosse ali na próxima oportunidade. Assim que abri a boca, porém, pensei melhor, e me calei. Não ia falar com ele, sentia como se não pudesse falar com ele.

O clima na caminhada foi meio estranho, como se ambos quiséssemos falar algo, mas não tivéssemos coragem o suficiente para iniciar a conversa. Eu sentia que o silencio dele tinha mais a ver com minha reação anterior que com seu problema no trabalho, mas não tinha como ter certeza. Se a expressão de Jin me era difícil de ler normalmente, imagine com ele mantendo-a ilegível de propósito.

Andávamos estranhamente distantes. Os impulsos e vontades que normalmente faziam com que andássemos quase grudados ainda estavam ali, mas, como tudo, haviam se calado em respeito ao clima estranho.

Senti um vento frio, estranho para uma noite de verão, passar por nós dois, como se apenas reforçasse o estranho sentimento ao nosso redor. Vi Jin estremecer fraquinho ao meu lado, mas nada fiz. Simplesmente não conseguia encontrar o ânimo para dar o primeiro passo.

Mal notei quando, junto de mais pessoas, entramos na estação de concreto. Segui com ele até sua plataforma de forma aérea e automática. Em nenhum momento eu o deixara de mirar com a visão periférica, mas não me atrevia a virar o rosto e olhá-lo de verdade.

- Bom... – Fui puxado de volta à Terra por sua tímida tentativa de chamar minha atenção. Numa reação automática, olhei-o, e vi ele se encolher, como se não esperasse tampouco que eu deixaria de lado meu recente costume de não lhe oferecer olhares diretos. – Estou indo. – Disse, sem me olhar. Virei a cabeça e vi que o trem dele já estava ali. Quando chegara? Eu sequer notei.

Olhei para ele de novo.

Entreabri os lábios. Não estava em meus planos deixá-lo voltar para casa aquela noite, mas eu tinha agora, naquele exato momento, direito de reclamar sobre o que ele fazia? Busquei em minha cabeça uma forma de pedir que ele não fosse, mas nenhuma veio.

- Ok. – Disse, por fim, sem mirá-lo diretamente. Notei, porém, quando sua postura murchou um pouco. Ele abaixou a cabeça, e fez uma pequena reverência, entrando no trem, que já estava quase partindo.

Mantive cada músculo meu tensionado da exata mesma forma que estavam quando pronunciei aquela ultima palavra. Sentia todo o meu corpo pedir para virar a cabeça e olhá-lo, mas minha cabeça teimosa fez com que eu ficasse ali.

Escutei as reclamações do trem quando a máquina ganhou vida e começou a se mover lentamente. Num pequeno momento de descontrole e ansiedade, virei a cabeça, encontrando, imediatamente, os olhos que tanto ansiava ver.

Ele ainda estava na porta do trem lotado. Sua mão estava apoiada no vidro, e ele olhava diretamente para mim.

Quando unimos olhares, nenhum dos dois o desviou, e, naquele meio segundo em que pude ver suas emoções abertamente em seus olhos escuros, me arrependi como nunca de tê-lo deixado ir.

A grande lataria se afastou aos poucos, e logo eu estava sozinho na plataforma, lamentando pelo olhar inseguro e temeroso que vira estampado em seu rosto bonito.

 

Andei desinteressadamente até a plataforma em que o trem que eu devia pegar já estava prestes a partir. Corri um pouco para entrar antes que as portas se fechassem, mas nem para isso dei muita importância.

Sentei num dos bancos frios da máquina e mirei o chão. Minha cabeça estava num turbilhão absurdo de pensamentos, repassando todos os momentos até o presente ali. E cada vez mais minha estranha forma de lidar com aquilo me pareceu mais insensata.

No fim, eu devia ser bem confuso mesmo, pra não entender sequer o que eu estou fazendo.

 

- Joonie, você pode ir na loja de conveniência para mim rapidinho? – Fui abordado por minha mãe antes de sequer ter tirado os sapatos para entrar em casa.

Olhei-a com a cabeça meio abaixada em meio à ação de desamarrar o cadarço. Ela me mirou com um sorriso pidão enquanto apertava algumas notas de dinheiro na mão em cima dos braços cruzados.

Sustentei seu olhar de forma desanimada por mais alguns instantes, e então suspirei, amarrando o cadarço de novo, arrumando a postura e a olhando devidamente.

- Me traga duas latas de cerveja, um pacote de chicletes e um pacote de absorventes, sim? – Estendeu o dinheiro, para o qual eu olhei, desinteressadamente. Olhei-a de novo, e ela choramingou. – Ora vamos, Joon. Faça isso pela mamãe, sim? Eu não posso sair agora.

Peguei o dinheiro sem nada dizer, e soltei a mochila aos seus pés, me virando para a porta.

Abri-a e desci os degraus da escada em frente à minha casa, sendo detido pelo chamado de minha mãe:

- Pega os com abas, ok?! – Gritou, através da porta fechada. Revirei os olhos, seguindo meu caminho.

A rua, como de costume, estava vazia. As pessoas daquele bairro eram estranhamente caseiras para um lugar tão tranqüilo. Era tão difícil passar carros desconhecidos ou algo assim que me estranhava as crianças não saírem mais como era em minha infância.

Dei de ombros. Talvez os tempos apenas já não fossem os mesmos. As crianças da geração do smartphone não devem ter muita vontade de ir gastar energia brincando na rua.

 Pensei nisso com uma ponta de tristeza. Tudo bem que atualmente eu não fosse a pessoa mais ativa do mundo, mas o fora em minha infância, e isso eu não mudaria nem em um milhão de anos.

Me perguntava quão limitada estava a mentalidade de crianças que baseiam todo o seu conhecimento no que dizem os celulares e televisões.

Pensar nisso me fez lembrar de um livro muito bom que estava lendo quase religiosamente antes...antes daquela noite. Antes de ‘conhecer’ Jin.

Parei de caminhar bruscamente na rua silenciosa. Claro que eu não conseguiria ficar sem ele em meus pensamentos por muito tempo. Na realidade, mais parecia que ele nunca saía. Apenas ficava ali, no cantinho, esperando uma deixa para ocupar minha mente novamente.

Suspirei, seguindo meu caminho. Não era a primeira vez que minha mãe me mandava fazer esse tipo de coisa, e eu meio que agradecia por ela ter me dado algo para me ocupar, ou eu começaria a chutar coisas.

A imagem do rosto de Jin naquele último vislumbre dentro do trem voltou à minha mente num lampejo, e eu trinquei os dentes numa reação imediata. Droga, por que eu sempre conseguia foder tudo?

Tudo bem, eu ainda estava irritado, mas sabia que ele não tinha culpa. Qual era o problema de ele ter namorado antes? De eu não ter sido o primeiro a provar seu beijo, a apertar seu corpo...

Argh.

Tinha problema sim. Senti o desgosto me preencher ao imaginar outra pessoa o tocando como eu tocava. Eu definitivamente queria chutar alguma coisa, de preferência o rosto desse filho da puta.

Soltei outro suspiro, tentando deixar a irritação se ir com ele. Apesar de tudo era apenas ciúmes, e Jin não tinha culpa ali. Por que eu o tratara daquele jeito?...

Se bem que, né, que tipo de pessoa usa algo de um ex assim? Lembrei que ele parecia nunca tirar aquilo do pescoço, e senti minha raiva aumentar de novo.

De quem eu estava com raiva? Não era de Jin, e, de certa forma, não era do fulano também, então...afinal, qual era o meu problema? Eu devia aprender a me controlar.

Controlar o caralho. Esse cara teve o Jin antes de mim, claro que eu posso ficar irritado.

Bufei, e notei, voltando em parte para a realidade, que havia chegado à loja de conveniência. Tentei me recompor um pouco. Não podia me perder tanto em pensamentos assim, era perigoso.

Entrei na loja com uma estranha sensação de um peso frio sobre a minha pessoa. Aquilo estava me confundindo, e eu já não sabia o que era certo e o que era errado em toda aquela merda.

Andei pelos corredores pequenos da loja, pegando os absorventes (não, não era a primeira vez que minha mãe me mandava comprar aquilo) e indo até a geladeira, pegando uma lata de cerveja e duas de coca cola, seguindo, por fim, até o balcão e pegando o pacote de chicletes.

A atendente me cumprimentou. Era jovem e tímida, e mesmo que eu fosse sempre ali, sequer sabia seu nome. Ela passou as compras sem nada dizer, nem mesmo sobre a cerveja. Também não era a primeira vez que eu comprava bebida ali.

Paguei o preço e guardei o pouco troco no bolso do uniforme. Peguei a sacola plástica que guardava as compras e saí dali, dando um pequeno aceno à balconista antes de sumir pela porta.

Enquanto caminhava na rua iluminada pelos postes amarelados, pesquei a lata de cerveja na sacola e a abri, não pensando duas vezes antes de virar seu conteúdo gelado em minha boca.

Fiz uma pequena careta pelo sabor, logo tomando outro gole. Estava com raiva antes, e agora estava com raiva por lidar com a minha raiva daquela forma. Como se a embriaguez pudesse ajudar em alguma coisa a longo prazo.

Mal notei quando consegui terminar o líquido da lata. E eu nem tinha o suficiente pra ficar bêbado. Minha vida é uma merda.

Estalei a língua, amassando a latinha com a mão e arremessando-a num cesto de lixo na calçada. A lata bateu na lateral da lixeira e caiu no chão. Bufei, indo até lá e jogando a lata no cesto de forma normal.

Imaginei que Seok riria de minha expressão se isso acontecesse ao seu lado, e então estalei a língua de novo ao notar a forma que minha cabeça desviava tudo para aquele garoto.

Apesar de tudo, eu queria ele ali.

Soltei o ar de forma cansada e chateada, e apressei o passo até em casa. Um banho e cama. Eu não queria mais pensar em nada.

 

Se eu fosse qualquer outra pessoa, ou Park JiMin fosse qualquer outra pessoa, teria sido estranho chegar em casa e encontrá-lo aos berros e risadas com minha mãe na sala.

Mas eu era eu, e JiMin era JiMin, então aquilo era uma das coisas mais normais do mundo.

Não me importei com aquilo, e tampouco me importei muito – no momento – com a presença de Jeon ali também. Já fazia parte do pacote: você queria JiMin? Tinha que levar JungKook de brinde, e vice versa.

Assim que minha mãe me viu, ela fez menção de querer se levantar, ou até falar algo, mas nem disso ela estava em condições, gargalhando como estava.

- Joon...Eu...Trouxe?...AISH PARK JIMIN, EU VOU TE MATAR. – Disse ela, ofegante enquanto tentava falar em meio às risadas.

Ergui uma sobrancelha, descrente daquela cena. JiMin gargalhou alto, jogado no encosto do sofá.

- Eu não tenho culpa se você fica com esse humor estranho nessa época do mês, aj- noona. – Se corrigiu quando ela o olhou meio séria, e voltou a rir. – Eu só disse “cadê o Mon?” e você começou a falar um monte de besteiras, aí eu ri e você riu junto. – Gargalhou alto de novo, acompanhado de minha mãe, que, como eu havia suspeitado, pedira aquelas cervejas apenas porque tinha tomado todas as que tinham em casa já.

JiMin tinha razão: minha mãe já não era a pessoa mais normal do mundo, e naquela época ela ficava literalmente incompreensível. Suas mudanças de humor eram constantes, a ela sempre dava uns surtos (fosse de alegria, tristeza, manha ou raiva) do além.

Com a ajudinha das latas de gelada eu podia ter certeza de que ela ficaria insuportável aquela noite.

- E desde então estão rindo feito dois retardados? – Perguntei, mesmo que não precisasse de uma confirmação. Era bem fácil imaginar os dois fazendo aquilo. – Sinto muito por você, JungKook. – Olhei para o garoto, que tinha os braços e pernas cruzados e me mirava de forma fria.

- Ah, eu sentiria mais por você agora. – Disse, azedo, e eu franzi o cenho para o garoto. Qual era a dele? Tava de TPM também?

- Ah é, esqueci de falar, Joon, mas você provavelmente vai apanhar hoje. – Minha mãe falou com a naturalidade que diria que o jantar estava pronto, e se inclinou para a mesinha de centro, pescando um ursinho de goma da tigela que ali havia. – Comprou o que eu pedi?

Eu ainda estava mais perdido que os brasileiros com o golpe da Dilma com aquela história, e olhei para JungKook com estranhamento desconfiado antes de estender a sacola plástica para minha mãe.

 - Sacola plástica pra isso? – Reclamou ao pegar a bolsa de mim. Revirei os olhos. Minha mãe tinha aquela fissura chata ecologista que leva a pessoa a trazer as compras no braço e separar o lixo reciclável do comum. Era um bom costume, mas enchia o saco.

- É o que eles te dão. – Dei de ombros.

- Você não precisa pegar. – Disse, já sem olhar para mim e fuçando o conteúdo da sacola. Fez uma careta. – Eu não pedi cerveja?

- Não tinha. – Menti. Sempre que possível eu evitava que minha mãe bebesse. Mais por marcação chata de filho que por outra coisa. Depois do problema com os cigarros, eu seriamente queria que ela largasse de uma vez qualquer coisa daquele tipo. Se quer ser viciado, seja viciado em chocolate, isso é bom.

Ela levantou o rosto, me olhando descrente e desconfiada, e levantou a mão, me chamando com os dedos.

Me aproximei sem entender, e me abaixei até a altura de seu rosto assim que ela pediu. Ela respirou fundo e torceu o nariz, me olhando.

- E essa que você tomou, conseguiu aonde? Na sarjeta? – Falou, elevando as sobrancelhas, e eu me levantei de novo, estalando a língua enquanto olhava para o outro lado. – Pode roubar minha cerveja, mas não minta pra mim, Kim NamJoon. – Apontou com o dedo para mim, logo parando de ligar para a minha existência e pegando uma das latas de coca e abrindo-a.

Minha mãe é super normal, eu sei.

Me mantive olhando para ela com o cenho franzido, e ela, notando isso, levantou o rosto, meio desprevenida, me mirou, e falou:

- Ah, e se eu fosse você, pegava mais algumas latas lá na loja. Você vai precisar depois que o Kookie aqui te falar o que ele veio fazer aqui. – Disse, apontando para o garoto, ainda com aquele ar de “foda-se você, vai ser engraçado”.

Olhei para o mais novo ali, franzindo novamente o cenho. JungKook ainda me mirava com o olhar cortante, e eu senti uma estranha sensação de calafrio me percorrer. Tudo bem que eu e JungKook nem sempre tivemos uma relação pacífica, nem tampouco éramos grandes amigos, mas ultimamente estávamos vivendo numa confortável relação de respeito mútuo, então...vê-lo assim era incômodo e um tanto intimidante.

 JiMin tocou o braço do namorado com um olhar aflito de precaução. O garoto apenas o mirou sem expressão, se levantando em seguida e vindo em minha direção.

- Hyung, eu posso conversar com você? – Perguntou, duro e direto o ficar na minha frente. Analisei-o. Ele me parecia mais baixo na semana passada. Definitivamente tinha crescido, e isso, junto de sua pose ameaçadora, o deixava com a aura do adulto que ele não era.

Eu mantinha meu cenho franzido em confusão, mas acenei com a cabeça, seguindo JungKook quando ele me conduziu para fora da casa.

Fechei a porta atrás de mim, mantendo os olhos semicerrados pela luz amarelada da rua escura. JungKook desceu um degrau da escada da frente da casa, e se virou para mim, com um dos pés ainda no mesmo nível em que os meus estavam.

- O que foi? – Perguntei depois de um tempo em que ele me encarou em silencio assassino. Aquilo estava me deixando nervoso. Nunca vira JungKook assim. Já o vira dando surtos de raivinha, mas nunca tão sério...de certa forma parecia pior do que quando ele gritava sua irritação para todos os quatro cantos do mundo.

Ele me mirou analítico por um momento, e então se manifestou, com voz controlada numa ameaça fria:

- Você lembra do que eu te disse aquela vez, não? – Perguntou, e eu fiquei mais confuso ainda. Ele logo fez questão de completar: – Que se machucasse SeokJin hyung, se veria comigo?

Assim que ele disse aquilo, uma luz se acendeu em minha cabeça. Ainda não estava entendendo do que exatamente JungKook estava com raiva, mas pelo menos agora sabia que tinha a ver com Seok. E de certa forma aquilo me fez ver sua irritação por outro ângulo.

Agora você vai aceitar bronca só porque tem a ver com ele? Francamente.

Já não disse pra você se calar?

Olhei para JungKook, que ainda me mirava de forma calculista. Ele parecia estudar minhas reações em busca de sinais de algo, e aquilo definitivamente me preocupou um pouco mais.

- Você não disse que estava sério? Hyung. – JungKook continuou ao ver que eu não responderia. Eu disse isso? Quando? Digo, eu estava, não poderia fazer tudo o que fiz se não estivesse, mas...já havia falado aquilo em voz alta? Eu sequer havia pensado concretamente naquele fator até o presente momento.

- Eu disse? – Não foi a melhor coisa a se dizer. Ao ver a mudança de expressão de JungKook (que ficou de mal à pior), notei que aquilo podia ser interpretado muito mal.

 - Estava escrito na sua testa. – Começou, rude, logo parecendo ficar mais cauteloso. – Mas posso ter me enganado.

Arregalei os olhos, notando o rumo que aquilo estava tomando. Diga algo idiota.

- Não! – Elevei a voz por um momento, num só fôlego. JungKook elevou a sobrancelha, questionador. – Não. Eu estou...estou sério. – Falei, baixando a cabeça ao finalmente dizer em voz alta. Era estranhamente constrangedor, e me dava a sensação de ter sido derrotado.

Mas, afinal, eu havia sido. Todas as minhas defesas se provaram inúteis contra aquele garoto que entrou de cabeça na minha vida, sem mais nem menos.

- Então por que você faz essas merdas? – JungKook me trouxe mais uma vez à realidade. Parecia menos tenso, mas ainda irritado. – Você tem idéia do desespero que ele estava quando me ligou da casa dele? Eu estava com vontade de arrancar seu couro, hyung!

- O que você queria que eu fizesse?! – Perguntei, em tom igual ao seu, imaginando que ele já soubesse todo o drama.

- Que agisse como o homem formado que é e não ligasse para uma coisa tão estúpida como um ex namorado! – Jeon respondeu, ainda alto e revoltado. Hesitei com sua resposta. Era uma sensação horrível, mas ele tinha razão. – Me diz no que esse draminha vai ajudar vocês dois, hyung? Só serve pra deixar o hyung triste. – Me olhou feio. – E você mal na fita.

Eu já estava atormentado com SeokJin e tudo o mais, tinha que me vir mais com essa?

Baixei a cabeça, levando a mão ao rosto, frustrado. Respondendo depois de alguns segundos reflexivos:

- Eu só não soube como reagir, então deixei meus instintos fazerem o trabalho. – Não olhei para o garoto enquanto falava. Estava pensando em como desfazer aquela merda.

- O que prova que você é naturalmente possessivo e ciumento. Quem diria, JiMin sempre disse que você era o contrário disso. – JungKook concluiu, com uma ponta de diversão na voz. Mesmo assim, ele parecia falar sério, e eu soube que aquela conversa não tinha terminado. – Ok hyung, eu vou deixar vocês se resolverem, mas tenha em mente que eu não vou ficar aceitando desculpinhas se fizer babaquices de novo.

Olhei para ele, que me ofereceu um sorriso fraco de paz. Devolvi o gesto e segui-o para dentro da casa de novo.

- Como foi a conversinha? – Minha mãe perguntou, sentada no sofá com os pés em cima dos ombros de JiMin, que estava em lótus no chão com cara sofrida enquanto assistia à TV. Ela tinha uma cobrinha de goma pendurada na boca, e nos olhava divertida.

- Horrível. – Falei, me jogando no sofá ao lado dela, pegando uma gominha também e empurrando o pé de minha mãe do ombro direito de JiMin, colocando os meus ali. O Park choramingou por sua nova posição de apóia pés, e JungKook me olhou numa careta.

- Não foi nem metade do que eu ia fazer. – Falou, torcendo o nariz. – Mas se você entendeu, tudo bem.

- Você não apanhou, Mon? – JiMin pareceu por um momento esquecer que estava fazendo cena pelo peso de dois pares de pernas, e me olhou  com o canto do olho, estupefato. – Caralho, eu tinha certeza de que o Kook ia arrastar sua cara no asfalto.

- Sabia disso e trouxe ele aqui mesmo assim. – Falei, me fazendo de ofendido.  Minha mãe deu uma risadinha, e deu um tapa na minha mão quando tentei pegar a ultima cobrinha colorida do pacote.

- o JungKook não é nenhum descapacitado, hyung. – JiMin me olhou, meio sério. – Ele ia vir com ou sem mim, então eu vim junto.

- Então o descapacitado aqui é você. – Respondi, automaticamente. – Vocês vão no banheiro juntos também? – Minha mãe riu de novo, e o casal fez careta.

- Quando dá vontade, sim. – JiMin fez uma expressão maliciosa, e JungKook deu um tapa em sua cabeça.

- Pare de falar besteiras e vamos pra casa. – Disse, fazendo JiMin parecer o mais novo ali. O Park fez um biquinho, massageando a cabeça.

- Mas eu estou sendo usado de apoio. – Falou, dando de ombros para destacar as quatro pernas apoiadas nos dois. Minha mãe riu vitoriosa e eu sorri, divertido.

JungKook olhou para o namorado como se perguntasse se devia perder mais tempo ali ou se podia ir embora. Por fim, se abaixou e levantou as pernas de minha mãe, colocando-as no sofá, e deu um empurrão sem a menor gentileza nas minhas, liberando os ombros do namorado.

- Vem que a gente tem o que fazer ainda. – Puxou o mais baixo do chão, que levantou com um sorriso no rosto redondo.

- Você empolgou mesmo com as aulas né? – Perguntou, e eu franzi o cenho, me perguntando do que eles estavam falando. – Ouch, o menino JungKook é um aluno esforçado. – Abraçou o mais novo, que revirou os olhos, começando a andar com o mais velho pendurado em si.

- Eu disse pra parar de falar besteira, JiMin. – Ralhou, tirando os braços de JiMin de em volta de si e segurando suas mãos. – Estamos indo. Nonna, hyung. – Acenou com a cabeça, se virando e começando a sair da casa.

- Não seja frio comigo, JungKookie. – JiMin foi, manhoso, atrás do mais novo. – O hyung e a nonna não se importam em você demonstrar afeto na frente deles.

- JiMin! Você bebeu pra estar besteirento assim? – JungKook ralhou de novo, e JiMin deu uma risadinha, se pendurando no pescoço do Jeon. – Nonna! – O Jeon olhou para minha mãe, que arregalou os olhos, indignada.

- Eu só dei coca cola pra ele! – Levantou os braços, e eu a olhei, também desconfiado. Olhei atrás do sofá, levando o braço até ali e levantando a garrafa de whisky ali escondida. Ela estalou a língua. – Droga.

JungKook bufou, desistindo de tirar JiMin de seu pescoço e abraçando-o pela cintura. Isso causou outra risadinha de JiMin, que estava perdendo toda a sua moral de ativo na humilde opinião da minha pessoa.

JiMin, com uma ordem do mais novo, pulou no colo deste, prendendo suas pernas em volta do tronco do mais alto. Abraçou o pescoço do moreno mais forte, soltando mais uma de suas risadinhas bobas. JungKook revirou os olhos, suspirando impaciente mais uma vez.

- Você ganhou peso, hyung. – Disse, certamente apenas para irritar o Park.

- Malvado! – JiMin fez um bico, mas logo riu bobamente de novo. – Eu acho que estou meio bêbado, Kookie. – Se apoiou no pescoço do Jeon carinhosamente, e eu e minha mãe soltamos “own”s, provocando.

- Eu sei. – JungKook respondeu, já não rude para JiMin, após nos olhar feio. – Vamos tomar um banho quando chegarmos em casa. – Eu tinha certeza de que ele dissera aquilo sem a menor malícia, apenas querendo ajudar, mas eu tinha a mente suja, entendi errado. E JiMin também.

- Vamos? – JiMin estava vibrante como estaria se você lhe desse cinco quilos de chocolate na porta de casa.

Eu e minha mãe gargalhamos alto, e JungKook corou um pouco, torcendo o nariz.

- Você vai.

- Ah, mas você disse que íamos juntos... – JiMin reclamou. Eu estava achando aquilo engraçado. Sabia que JiMin não estava bêbado (ele bêbado era uma coisa insuportável), apenas um pouquinho alterado, e provavelmente tinha bastante noção do que estava fazendo. O pouco álcool que ingeriu apenas lhe deu uma ajudinha com sua timidez e pose de ativo.

- Se continuar com isso eu vou te deixar sozinho aqui. – O Jeon ameaçou, fazendo uma pequena careta chateada.

- Não! – JiMin apertou ainda mais o abraço no garoto, apertando suas pernas em volta da cintura do Jeon. – Tchau hyung, tchau ajumma. – Deu um tchauzinho que lembrou uma criança tímida e sonolenta no ombro da mãe, soltando uma risadinha do nada depois.

Eu e minha mãe acenamos de volta, e tenho certeza de que ela só não implicou com o “ajumma” porque estava ocupada demais pensando em coisas obscenas naquela mente estranhamente criativa dela.

JungKook curvou levemente a cabeça, o quanto era possível com a cabeça de JiMin na curvatura de seu pescoço, e saiu da casa depois de uma certa dificuldade por estar carregando a bunda gorda de JiMin.

Assim que o silêncio se fez na casa, olhei para minha mãe, que sorria meio boba para a TV ligada num programa de variedades que eu sabia não lhe interessar nem em um milhão de anos.

- Onde você escondeu isso aqui? – Perguntei, levantando a garrafa que ainda carregava. Ela me olhou preguiçosamente, mirando a garrafa sem interesse, e então me olhando de novo.

- Escondeu da sua supervisão de velho chato, você quer dizer? – Perguntou. Ela sempre reclamava de minha mania de regular suas bebidas, eu estava acostumado com ela reclamando coisas sobre “você é pior que minha avó” ou “deixa de ser careta que eu sei eu você bebe também”.

- Não. Do olfato de cachorro pra achar álcool do Suga. – Falei, segurando uma risada sacana. Ela não hesitou em rir alto, e eu coloquei a garrafa atrás do sofá de novo.

- Tenho meus pontos estratégicos a prova de olfatos e visões apuradas do Ginnie e de você. – Respondeu, travessa, e apontou o controle para a TV, mudando o canal para um que passava um filme policial qualquer. – E também tenho meus pontos onde posso esconder seu corpo se você continuar mancando como fez hoje. – Foi uma ameaça proferida sem que ela me olhasse, e com um sorriso inocente no rosto, mas foi uma ameaça.

Engoli em seco, mirando-a, que ainda olhava para a TV como se o pescoço dela fosse bastante tentador para se torcer até quebrar.

Isso se TVs tivessem pescoço.

Mas esse não era o ponto no momento.

Abri a boca para perguntar, mas ela me respondeu antes que eu pudesse fazê-lo:

- JiMin estava me traduzindo os berros de você e JungKook lá fora. – Explicou, dando de ombros. E então me mirou, séria. – Eu só não te dou os socos que faltou o JungKook te dar porque sei que não vou conseguir te machucar, mas realmente estou querendo te parir de novo pra ver se você sai menos retardado, NamJoon.

Molhei os lábios, sem me assustar realmente com a ameaça (ela sempre estava me ameaçando), mas incomodado por saber que realmente tinha marcado bobeira, e merecia aquelas críticas.

Ela apertou os olhos, me analisando em minha frustração incômoda, e então se afastou, estalando a boca, decidida.

- Tenho fé de que você vai arrumar essa bagunça desnecessária amanhã, mas faz mais uma dessas cenas e eu te deserdo, me ouviu? – Concluiu, e eu a olhei, acenando com a cabeça após um momento.

Minha mãe era estranha, e tinha um jeito engraçado de agir e resolver coisas, mas ela dificilmente estava errada em suas opiniões e idéias, o que fazia com que, mesmo me irritando um pouco, eu sempre guardasse comigo tudo o que me dizia, mesmo quando parecia ser besteira.

- Bom garoto. – Bagunçou meus cabelos, e eu imediatamente lembrei de Jin de novo. Jin...eu realmente precisava encontrá-lo logo. – Agora vai embora que eu vou ver filme de adulto. – Me dispensou, e eu ri baixinho.

- Sim senhora, vou te deixar ver seus pornôs em paz. – Fiz uma reverência exagerada, me levantando do sofá.

- Eu não sou você pra ficar vendo pornô, filhote. – Ela sorriu seu sorriso doce que eu sabia ser o mais psicopata de todos. – Vou ver My Little Pony mesmo.

Me dispensou de novo com um abano de mão e eu ri alto, tomando caminho até a escada, subindo e indo até meu quarto, ouvindo a abertura do desenho no andar de baixo.

 Não, eu não sei de onde vêm os vícios estranhos a minha mãe, mas ela perdeu a temporada de MLP pelo trabalho e agora está vendo a reprise que passa de noite e madrugada como se fosse cocaína.

Perdi alguns segundos me questionando internamente sobre se deveria tomar banho ou não. Estava sujo do dia todo, mas sentia o cansaço (físico e mental) me conduzindo para minha cama como um prego a um imã.

Dei um passo em direção à minha cama, e hesitei, imaginando a cara que Jin faria se estivesse ali. “Nojento” e então uma careta em seu rosto bonito. Senti um sorriso florescer em meu rosto, logo sendo substituído por um suspiro cansado ao lembrar do clima ruim de mais cedo e das conversas com JungKook e minha mãe.

Em mais um suspiro, acabei rumando derrotado até o banheiro. Era impressionante a influência que ele tinha sobre mim. Eu basicamente estava obedecendo uma ordem que minha mente havia imaginado ele fazendo. Ele sequer estava ali.

Soquei a parede do banheiro, frustrado. A verdade era que, se eu visse tudo aquilo de fora, riria de como estava dando atenção a um probleminha tão bobo. Cruzaria os braços e não abriria mão do orgulho, nunca admitindo que aquele ciúme não tinha que estar atrapalhando naquele momento, ou que eu sequer estava com ciúmes.

Era estranho pensar em como eu reagiria às coisas se ainda fosse o mesmo. Estranho porque nenhuma das coisas que eu estava fazendo atualmente, em especial em relação à ele, fariam sentido para o antigo eu.

Consegui soltar uma pequena risada de mim mesmo quando, apoiado na parede fria de azulejo com a cabeça baixa, lembrei de meus esforços para evitar Seok, evitar os sentimentos que estava definitivamente desenvolvendo por ele, evitar tudo aquilo.

Se pudesse, teria feito diferente? Perguntei para mim mesmo, ficando pensativo por um curto momento, logo concluindo que não, eu apostava que teria feito exatamente as mesmas decisões, boas e ruins, em relação à Kim SeokJin.

Porque era Kim SeokJin, e eu perdia todo o sentido comum com ele por perto.

Provavelmente teria feito também a mesma merda que fiz mais cedo, porque o ciumento que eu nunca fui se mostrou bastante forte em relação à Jin.

Soltei uma risada fria, que ecoou no banheiro vazio. Eu definitivamente estava completamente louco para ter me permitido mudar tanto. Estava louco, porque não queria voltar a ser quem era.

Estava louco, porque já não me julgava capaz de ficar sem ele.

 

Depois de me secar, ainda imerso em meus pensamentos barulhentos, me joguei apenas com a toalha no corpo em minha cama. Era uma noite quente, e eu estava me sentindo desesperado por liberdade.

A verdade era que eu tinha vontade de rodar Seul até achar a casa e o quarto de Jin pra resolver logo aquilo, mas como aquilo era (até mesmo para mim) humanamente impossível, teria que me contentar em ficar sem roupas e me martirizar mais um pouco.

Depois de olhar para o teto por um momento, fechei os olhos, minhas pálpebras logo sendo tomadas pela imagem de seu rosto. Torci a boca. Não era seu rosto sorridente, como normalmente eu o imaginava. Era aquela expressão que eu o vira fazer mais cedo.

Tristeza, insegurança, confusão.

Por quê?

Por que eu havia reagido daquele jeito? Por que eu havia evitado ele daquela forma? Eu estava daquela forma porque queria ele por perto, então por que havia o afastado? Por que eu o deixara ir? Por que eu permiti que aquela coisinha boba se tornasse todo aquele drama?

Por que eu não estranhava estar tão mal por algo assim?

Eu já tivera brigas piores que aquela. Já tivera frustrações maiores que aquela. Já tivera humores piores que aquela, então por que aquilo parecia tão pior que qualquer coisa que eu já tivesse vivido?

Levantei minhas mãos acima de meus olhos que se abriram devagar. Foquei nelas com dificuldade, movendo meus dedos, sentindo o toque de sua pele ainda ali.

Fechei os punhos, e baixei os braços com toda a força que tinha, socando o colchão com toda a confusão de frustração e decepção que minha mente estava.

Soltei a respiração sonoramente, levando os braços para cima de meu rosto, cerrando a boca de forma pensativa. Fechei os olhos de novo, sentindo uma leve brisa entrar pela janela aberta do quarto.

Porque tinha algo ali que eu nunca havia sentido antes.

Porque era Jin, e com Jin eu nunca poderia confiar em minhas certezas sobre mim mesmo.

Soltei um sorriso solitário em meio ao quarto fresco.

Porque com Jin eu simplesmente sou um idiota apaixonado.

 

Não sei bem quando dormi, mas não foi por muito tempo.

Acordei suando, desconfortável e com uma estranha sensação de desespero.

Levantei num salto da cama, andando rapidamente até a porta do quarto, e então descendo a escada até a sala.

Encontrei minha mãe jogada no sofá, na típica posição de quem havia dormido enquanto assistia TV. Ela estava abraçando uma almofada enquanto dormia, e tinha a boca aberta, onde se pendurava uma de suas mil cobrinhas de goma do estoque.

Não tive tempo para rir dela, estava ocupado com outra coisa, e não hesitei em colocar as mãos em seus ombros e balançá-la.

- Mãe. Mãe! – Chamei, balançando-a com um pouco de pressa.

Ela abriu os olhos num susto, como se não tivesse notado que havia dormido, e olhou para os lados com os olhos arregalados ao limite antes de me mirar, fechando os olhos quase completamente de novo, preguiçosamente.

- Espero que tenha um bom motivo pra me acordar. – Resmungou, sem ser capaz de manter qualquer expressão com o cérebro lento de recém acordada que tinha.

- O seu desenho está passando. A Apple Blue ganhou a Cutie Mark dela. – Falei, vendo minha mãe virar a cabeça na velocidade da luz para a televisão, onde as pôneis coloridas conversavam sobre coisas que eu definitivamente não me interessava, muito menos no momento. – Mãe.

Chamei, vendo ela olhar para a TV de forma fixa.

- Hm?

- Onde está o celular? O do Jin. – Perguntei. Mesmo se eu quisesse o aparelho para mim àquela altura, minha mãe não me daria. Era oficialmente de Jin segundo seus padrões de mulher louca.

Aquilo chamou a atenção dela, que desviou o olhar de sua preciosa Pink Pie que pulava pela tela feito um segundo TaeHyung para mim, me mirando meio confusa.

- Pra quê?

- Só me diga onde está. – Pedi, sentindo ainda a mesma sensação estranha de desespero singelo de quando acordara.

Não sabia ao certo com o que sonhara, mas só tinha uma coisa na cabeça quando acordei de supetão, e não pensei duas vezes antes de conseguir o que queria.

Ela ergueu a sobrancelha, desconfiada. Eu estava me sentindo meio ridículo por ter ido até ali naquela afobação, mas foi apenas um impulso instintivo.

Minha cabeça definitivamente estava total e inteiramente focada em só uma coisa.

- Em cima da minha cômoda, junto com o meu. É o com a capinha rosa. – Acenei com a cabeça, saindo da sala nem mais nem menos, e ela gritou: – E da próxima vez se veste antes de vir me acordar. Não quero ver essa coisa balançando por aí!

Foi aí que notei que estava pelado ainda. Mandei o foda-se para aquilo. Estava em casa, e minha mãe tinha me visto daquele jeito antes de qualquer outro ser vivo, então ninguém se importava.

Subi até o quarto dela, pegando o telefone de onde ela dissera que estaria.

Parei ali no quarto escuro, com o aparelho em mãos. Mirei o vazio, sentindo a afobação passar aos poucos.

Suspirei, olhando para a tela escura e apertando-o.

Amanhã podia chegar sem eu ter que dormir, Jin...

 

 

 

- Hyung, você até sonha com o Jin hyung? Que fofinho. – Abri os olhos com dificuldade pela luz que batia em meu rosto. Tentei focar na criatura em cima de mim, que prendia minha respiração na barriga.

O sorriso de Tae era radiante demais para uma pessoa normal àquela hora da manhã, mas eu devia estar acostumado...ele nunca foi muito normal.

- TaeHyung...o quê...? – Levei o braço para cima de meus olhos, tampando um pouco da luz com irritação.

- Acorda hyung, temos que ir pra escola. – Tae sorriu seu sorriso quadrado de novo. – Vem, vem! – Gritou, pulando de cima de mim e se pondo de pé com sua animação de sempre.

Fechei os olhos por um segundo, suspirando em busca de o bom humor inexistente em minha vida. E então me forcei a levantar e sentar na cama, olhando para a cueca que vestia. Não lembrava de ter vestido aquilo.

- Ah, eu te vesti porque a omma pediu que eu não viesse “pular em cima de você com você pelado”. – Sorriu de novo, e eu franzi o cenho, com os olhos semicerrados, tentando decidir se estava ouvindo direito.

- Me... – Ele acenou energeticamente. – Vestiu...? – Recebi outra afirmação, e bufei após observá-lo com uma ponta de descrença.

Levantei, me direcionando para o banheiro. Me apoiei na pia com um suspiro cansado, mirando o espelho e deparando com meu rosto amassado. A noite havia sido horrível, eu não conseguira manter um sono por mais de dez ou vinte minutos, e aquilo me deixara, além de mau humorado, com uma dor de cabeça horrível.

Eu definitivamente precisava de um SeokJin. Urgente.

Abri a torneira com um gesto impaciente, e molhei o rosto com gestos brutos. Escovei os dentes, arrumei quanto possível meu cabelo que mais parecia um ninho de passarinho e saí para o quarto de novo.

Chegando ali, vi Tae sentado em minha cama, perdido em pensamentos enquanto olhava para o chão. Ao notar minha presença ali, ele levantou o rosto, tardando alguns curtos instantes em conseguir ativar o modo “criança feliz” de novo.

Eu fingi não notar a falta de sinceridade em sua animação, e me empenhei em vestir meu uniforme.

Antes de sair do quarto, peguei o telefone que basicamente havia sido meu companheiro de cama naquela noite, ficando ao meu lado o tempo todo. Coloquei-o no bolso, não iria esquecer do que tinha que fazer.

Minha mãe devia estar dormindo de novo quando passamos pela sala e pela cozinha em busca de algo para comer, porque eu não a vi em lugar nenhum.

Saímos de casa com Tae me apressando com “vamos hyung, vamos hyung, vamos hyung!” incessantes. Eu apenas o segui de forma semi-morta enquanto mordia minha maçã com uma careta mal humorada.

Estava me sentindo o Suga quando acordam ele da sesta.

Chegamos na escola tarde. Não tão tarde quanto normalmente chegávamos, mas naquele momento em que todos os alunos estão com o passo apressado para conseguir chegar alguns segundos antes que o sinal toque.

Tae estava animado me contando algo sobre o mangá que estava lendo, e eu fingia estar ouvindo enquanto caminhava até minha sala com o passo inconscientemente apressado. Não sabia se por causa do sinal ou por causa da ansiedade de encontrar Jin.

Abri a porta da sala, notando que qualquer que fosse o professor da primeira aula, ainda não tinha chegado.

A sala, porém, já estava cheia, e muitas cabeças se viraram para mim quando entrei, sendo seguido por Tae, que ainda falava sobre a história dos quadrinhos.

Meus olhos correram pelos rostos familiares ali, encontrando quase imediatamente o que eu buscava. Ele abaixou a cabeça rapidamente, cortando o contato visual, mirando suas mãos.

Senti meu coração pesar um pouco. Ele estava sentado na primeira fileira, onde se sentava antes de começar a sentar ao meu lado. Minha boca se curvou em descontentamento ao notar aquilo.

 Tae parou de falar, notando meu clima pesado, e observou à Jin e à mim como se decidisse para qual olhar.

Jin mantinha o rosto para baixo como se precisasse de toda a sua força para isso, rígido como uma pedra. Mirei-o com o cenho levemente franzido pensativamente e continuei a caminhar, lentamente, passando por sua carteira e seguindo até onde eu normalmente me sentava.

Foi como se tudo passasse em câmera lenta, eu vi cada respiração, cada músculo tenso de Jin quando passei ali.

Cada fio de cabelo rubro que se moveu quando ele soltou a respiração de forma desanimada ao me notar passar direto.

Me joguei em minha cadeira, mantendo o olhar fixo em Jin, que se mantivera na mesma posição em seu lugar.

Tae chegou perto de mim com olhar hesitante sobre Jin, franzindo o cenho ao sentar na cadeira que Jin havia se sentado nos últimos tempos, e me mirando fixamente, com a confusão estampada em seus traços de porcelana.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou, com as mãos entre as duas pernas abertas enquanto ele sentava de lado na cadeira, me encarando. – Ou melhor: o que aconteceu?

Precisei de um pouco de tempo para desviar o olhar da nuca de Jin e mirar meu amigo, que me olhava preocupado e perdido.

Observei-o por um momento, e então respondi:

- Nada. – Me virando de novo para a frente, encarando Seok.

- Mentiroso. – Tae acusou, se inclinando mais para perto de mim. – Não minta para mim, hyung.

Olhei-o de soslaio, sério.

- Você tem mentido o dia todo desde ontem, por que eu deveria ser sincero com você? – Perguntei, deixando-o de olhos arregalados e sem reação. – Ah, fala sério, TaeHyung, você acha mesmo que eu não noto esse sorriso falso? Esses olhos vermelhos não somem com um pouco de maquiagem, ao contrário do que você pensa.

Não pensei muito bem ao responder. Aquilo estava me incomodando fazia tempo, e eu não estava num bom estado de espírito para ser gentil no momento.

Mirei Tae com os olhos semicerrados, e ele abriu levemente a boca trêmula, seus olhos marejando aos poucos.

- Hyung... – Começou, choroso, e se interrompeu com o som estridente do segundo sinal, anunciando a chegada do professor.

- Hoje só temos uma aula e eu não vou perder tempo. – A professora de inglês mal entrou na sala, já falando. – Kim TaeHyung, se não  me engano sua sala é uma série abaixo dessa, então por favor, faça o favor de sair da minha aula. – Disse, imediatamente pousando seus olhos pequenos em cima de Tae.

Meu garoto a olhou em desespero choroso, logo levantando e saindo da sala de forma rápida. Eu quase pude ver suas lágrimas caindo.

 Jin reagiu imediatamente, se levantando e correndo atrás de Tae. Eu agi em seguida, fazendo o mesmo que ele sem reagir às perguntas e protestos da professora duplamente ignorada.

Andei apressadamente pelo corredor, seguindo para onde eu imaginei que Tae, e logo Jin atrás dele, iria.

Saí pela porta frontal do colégio parando minha corrida em pequenos passos saltados, e olhei para o pátio. Vazio.

Como eles podiam ter sumido tão rápido?

Bufei e voltei para dentro do prédio, correndo de forma lenta enquanto tentava pensar onde eles poderiam estar.

Na curva de um corredor que eu fiz correndo, dei de cara com Jin.

E eu não estou falando no sentido figurado. Eu literalmente bati a minha cara com toda a força na dele.

Eu não caí no chão, mas ele sim. Encarei-o de forma meio desconcertada por um momento, logo arregalando levemente os olhos ao vê-lo massagear o rosto ainda sentado no chão.

Me preocupei rapidamente em me abaixar um pouco e estender-lhe a mão. Jin me mirou ainda com sua carinha de dor, mas não pareceu pensar duas vezes antes de pegar minha mão.

- Você está bem? Caralho, desculpa, eu não te vi. – Perguntei de forma meio acelerada assim que ele ficou de pé na minha frente.

Levei a mão para perto de seu rosto, que ainda estava coberto por sua mão, deixando apenas um de seus olhos à vista. Este me mirava fixamente.

Hesitei com minha mão, logo baixando-a, mordendo o interior de minha boca numa tentativa de tentar fazer a coisa certa pelo menos uma vez na vida.

- Jin...eu... – Tentei começar, olhando para o chão nervosamente. Ah, fala sério, eu nunca tive problemas em falar o que pensava em toda a minha vida. Por que com aquela criatura eu não conseguia ser direto?

- NamJoon... – Ele me chamou, ainda com o rosto coberto, e eu o mirei, de certa forma esperançoso. – TaeHyung... – Falou, e eu me segurei muito para não estalar a língua.

Na minha vida toda eu agradeci por ter amigos bonitos e carismáticos (opiniões alheias), ou uma mãe que parecia uma adolescente. Assim as pessoas não prestavam muita atenção em mim, e isso era melhor para o meu espírito nada esbanjador de paciência com a raça humana.

Mas no momento eu queria que meus amigos fossem feios e sem graça, aí quem sabe pelo menos a única pessoa que eu queria a atenção do mundo me olhasse um pouquinho.

- Certo. – Acabei por falar, porém. – Sabe pra onde ele foi?

Jin negou balançando a cabeça, não tinha tirado a mão do rosto, e aquilo estava me incomodando. Eu não conseguia entender suas expressões direito assim.

Estalei a língua, mordendo minha bochecha enquanto olhava ao redor, tentando pensar.

- Banheiro, talvez? – Falei, por fim. Não conseguia imaginar Tae indo chorar no banheiro, mas quem sabe a quantidade absurda de filminho adolescente norte americano tivesse estragado um pouco a criatividade da criança.

Jin acenou com a cabeça ainda com a mão na cara, e me seguiu quando me virei para seguir em direção ao banheiro.

Entramos no banheiro, que estava vazio, e vasculhamos cada cantinho, buscando em todos os lugares que pudéssemos imaginar, afinal, era de Tae que estávamos falando.

No fim, parecia que os filmes ainda não tinham completado a lavagem cerebral em meu estranho amiguinho, e ele não estava ali.

Olhei para Jin de forma questionadora. Não sabia onde procurar. Normalmente ele se escondia nas árvores do pátio, mas eu não o havia visto lá.

Jin nada disse, mas arregalou os olhos, logo correndo pelo corredor. Eu fiquei confuso, mas o segui, perdendo um pouco o foco enquanto o observava por trás.

Depois de resolver aquilo...eu definitivamente tinha que conseguir me acertar com Seok.

Ele nos levou até uma sala que eu conhecia apenas pelas poucas vezes em que tive que fazer trabalhos ali. Apesar de gostar de ficar sozinho e em silencio, nunca gostei da biblioteca. Era abafada e escura, e lá o tempo não parecia passar. Os poucos alunas que se enfurnavam ali eram entediantes e desinteressantes.

Jin entrou na sala ainda um pouco ofegante, andando até a mesa da bibliotecária e se agachando ao lado e soltando um suspiro, entre o alivio, entre a zanga.

- Quer nos matar de susto? – Jin perguntou, puxando Tae pela gola do uniforme com a mão que não estava sobre o rosto.

Me permiti armar uma cara descontente ao olhar para Tae. Ele estava encolhido como se Jin nunca tivesse tirado-o de lá, e fungava com as mãos fechadas em punhos secando seu rosto.

 - Como você achou ele aqui? – Perguntei, levemente impressionado. Eu nunca imaginaria encontrar Tae ali.

- “A mesa da bibliotecária é um ótimo esconderijo, você entra nela e encaixa perfeitinho”. – Jin recitou, revirando os olhos. – Ele ficou repetindo isso pra mim durante um dia inteiro.

Ergui as sobrancelhas, segurando uma risada. Jin ainda estava sério.

- Se você se esconde nós não vamos te achar, criança boba! – Jin ainda segurava a gola de Tae, e o balançou enquanto falava. Arregalei um pouco os olhos, levemente impressionado. – Como eu vou te ajudar se não te acho?

- Ma-mas hyuuung... – Tae choramingou, manhoso, e a expressão de Jin suavizou um pouco. – O-o hyung disse que eu era men-mentiroso, e-e ele tinh-a razão...o Hope t-tava andando c-com outro menino, e-e vo-vocês estavam mal, a-aí a pro-fessora brigou co-comigo e...AH HYUNG, EU FIQUEI TRISTEEE... – Ele foi interrompido pelos soluços inúmeras vezes, mas falou absurdamente rápido. Sua voz era chorosa e no extremo da manha, mesmo no nível TaeHyung, eu sabia que era demais.

E era apenas a sua forma infantil de tentar pôr pra fora suas dores de nível adulto.

Jin soltou a gola de Tae, preocupado, e abraçou o mais novo, recostando sua cabeça em seu peito.

Eu, porém, me foquei em outra coisa. Mantive o cenho franzido desde que Tae dissera aquilo, e não desfiz isso quando perguntei:

- O Hope fez o quê? – Perguntei, vendo os dois me olharem. Jin tinha um alerta no olhar, Tae pareceu querer chorar dez vezes mais.

- E-eu encontrei ele ou-tro dia... – O garoto baixou a cabeça, ainda soluçando. Jin agora passava a mão em seus cabelos, numa tentativa de acalmá-lo. – E-ele estava andando com um garoto na rua...eles estavam rindo e brincando. – Soluçou alto, fungando em seguida. – Era um garoto lindo, e alto.

A ruga em minha testa ficou ainda mais fincada. Estava começando a sentir a sensação da raiva subindo por meu sangue.

- Ele te viu? – Jin perguntou, acariciando o cabelo de Tae, que estava com o rosto enterrado em seu peito. A outra mão ele direcionou lentamente até meu braço, fazendo um pequeno carinho ali, notando minha irritação.

Tae fungou, e então negou com a cabeça.

- Eu me escondi. – Falou, a voz embargada. – Não queria que ele me visse chorando.

- Não podia ser só um amigo? – A voz de Jin era gentil e tranqüila, cuidadosamente tentando acalmar o espírito do adolescente em prantos em seu peito. Sua mão ainda fazia o arinho singelo em meu braço, e eu me senti relaxando, também levado por sua voz macia.

- Eles estavam andando de mãos dadas. – Tae negou com a cabeça, já não chorando, mas fungando e soluçando aqui e ali. – Eu vi eles no bairro da minha tia, hyung. Você sabe que lá só tem idols ou casais passeando, não é?

A tia de TaeHyung era uma importante empresária na indústria musical pop. TaeHyung gostava de visitá-la porque ela desfrutava do mesmo amor pela moda e estética que Tae, mas era verdade que você não iria àquele bairro a não ser que trabalhasse naquela área ou estivesse tentando surpreender sua (seu) namorada (o).

Senti minha mandíbula trincar num estalo. HoSeok só podia estar de brincadeira comigo.

Jin arregalou um pouco os olhos, descendo a mão de meu braço até minha mão, apertando-a enquanto entrelaçava nossos dedos. Eu retribuí ao toque, mas me mantive sério, pensando em onde poderia encontrar Hope naquele momento. Jin voltou a falar, a voz calma meio desestabilizada pela apreensão:

 - Calma, ok? – Não sabia se ele estava falando com Tae ou comigo. – Com certeza deve ter uma explicação para tudo isso.

Tae apenas fungou baixinho em resposta, e eu me mantive mirando friamente a parede oposta.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, sendo cortado apenas pelas fungadas de Tae de vez em quando. Por fim, o mais novo ali tirou a cabeça do peito de Jin, olhando para o rosto de Jin com os olhos inchados e fungando ao olhar para nossas mãos juntas. Me mirou sem expressão e então olhou para Jin de novo.

- Vocês não estavam brigados? – Perguntou, com os olhos ainda lacrimosos nos mirando de forma infantilmente perdida.

Jin imediatamente arregalou os olhos, soltando minha mão rapidamente.

Tae franziu o cenho, estranhando a ação de Seok. Eu senti meu peito afundar um pouco. Por um momento eu esquecera aquele clima ruim entre nós dois...senti um desgosto subir por minha garganta como bile, me dando uma vontade absurda de gritar.

Não olhei para nenhum dos dois quando deixei a biblioteca com passos calculados. Eu tinha dito a mim mesmo que iria resolver uma coisa de cada vez.

Primeiro eu precisava dar um jeito em outra coisa. Depois eu dava um fim àquela besteira com SeokJin que já estava me dando nos nervos.

Tae me chamou, mas eu não me virei. Segui pelos corredores vazios, ouvindo o sinal soar, anunciando a troca de professores. Segui caminhando.

As portas das salas foram se abrindo, delatando a faladeira dos alunos em seu interior enquanto os professores saíam e entravam. Eu continuei caminhando até a sala ao lado da minha.

Abri a porta. O professor provavelmente tinha duas aulas ali, pois não parecia apressado em sair da sala.

   - Com licença, professor. – Pedi, sem sequer olhar para o homem e seguindo a passos duros até uma das carteiras ao fundo.

Hope me acompanhou com o olhar de forma confusa até eu parar na sua frente. Me postei mirando-o friamente, e sem aviso peguei a gola de sua camisa e o puxei para cima, forçando-o a ficar de pé.

Arrastei-o para fora da sala, ignorando os olhares assombrados dos alunos e do professor.

- Mon! O que- – Hope se interrompeu quando soltei sua camisa já no corredor. Ele começou a franzir o cenho, pronto para perguntar de novo, mas eu não estava afim de perguntas, e as respostas...ele me daria depois de eu aliviar aquela raiva que estava sentindo.

Não pensei duas vezes antes de cerrar o punho e socar o rosto de HoSeok. Estava pra lá de cansado daquela merda, de Tae choramingando e fingindo estar bem, de nada dar certo em tudo na minha vida. Custava as coisas ficarem pacíficas?

Hope não caiu no chão, o que era uma prova que eu tinha maneirado, mas cambaleou dois ou três passos para trás, segurando a bochecha machucada e me mirando assombrado.

- Mas que porra?! Você endoidou?! – Gritou, ainda me mirando estupefato. Lambeu o lábio que se tornava rubro de sangue. – O que eu fiz?!

Minha sorte era que HoSeok era meio lerdo e não brigava, senão eu já estaria apanhando. Isso me ajudou a não ficar mais raivoso ainda, mas eu tinha raiva suficiente para uns cinco socos tranquilo.

 - O que você fez? – Perguntei, e então soltei uma risada debochada. – Acho que não é pra mim que você tem que perguntar isso. – Falei, duramente, notando que as pessoas da sala de Hope se amontoarem nas portas para ver o que acontecia ali.

Hope abriu a boca, franzindo ainda mais o cenho. Eu já estava me preparando pra socar mais uma vez aquele retardado, quando meu nome foi chamado:

- NamJoon!

- Hyung!

Jin e TaeHyung abriam caminho pelo corredor, correndo até nós dois. Mirei-os com o cenho franzido. Por que pareciam tão desesperados? Eu só estava tentando resolver aquela merda do meu jeito.

E tentando descontar minha frustração em alguma coisa, com certeza. Mas isso não precisava vir ao caso no momento.

- O que você está fazendo? – Jin chegou ao meu lado meio ofegante. Mirei-o. Bonito de qualquer jeito. Senti vontade de bater minha cabeça na parede.

- Conversando com o Hope. – Apontei para o garoto à nossa frente, que ainda mantinha a mão na bochecha, e me mirou indignado por minha fala.

Jin fez uma cara parecida com a dele, me analisando como se buscasse sinais de loucura ou embriaguez.

- Socar as pessoas é uma forma de conversação?

- Normalmente funciona. – Dei de ombros, ignorando a proximidade que ele estava de mim. Recebi um de seus clássicos tapas de quando eu falava merda, e o mirei.

- Não, não é.

- Então por que me bateu? – Perguntei, levemente indignado, acariciando onde ele havia golpeado.

- Porque você é um idiota. – Falou, simples, e eu abri mais minha boca, descrente.

- Eu estou tentando ajudar!

- Ah, grande ajuda. Parabéns. – Jin revirou os olhos. – Você acha que sair socando o HoSeok vai ajudar eles a se resolverem? – Perguntou, indicando os dois com a mão.

Eu ia responder, mas Seok havia chamado minha atenção para os dois, e eu franzi o cenho, notando suas trocas intensas de olhares.

Tae parecia ter congelado no lugar, e o mesmo valia para Hobi. Eles não podiam estar mais alheios ao que acontecia ao seu redor. Tae mirava Hope sem medo de transbordar emoções. O mais velho, por sua vez, parecia ligeiramente intimidado e incomodado pela grande quantidade de mágoa que as orbes de TaeHyung lhe passavam.

Jin havia ficado igualmente absorto na troca de olhares dos dois, e parecia ter esquecido que segurava meu pulso desde o fim de nossa pequena “discussão”.

Mirei-o de forma meio hipnotizada, logo olhando para as pessoas amontoadas na porta da sala à nossa frente. Franzi o cenho de forma dura para eles, indicando com a cabeça que fossem cuidar de suas vidas.

Jia, que estava ali também, sorriu travessamente, mas começou a mandar seus colegas voltarem para dentro da sala, sempre super delicada como era naturalmente. Ouvi-a parcialmente falando algo para enrolar o professor dentro da sala, e logo a porta foi fechada, deixando-nos sozinhos no corredor.

Jin olhava para os dois meio inseguro, como se temesse que algo explodisse daquela calma que se mantinha entre eles.

- Hope. – Cortei o silêncio, fazendo com que os três ali me olhassem. Meu hyung me olhou, esperando que eu falasse, de forma meio perdida. – Façam o favor de resolver essa merda de uma vez, ok? Sem besteiras, sem ciuminho. Apenas sejam sinceros. – Falei, sentindo Jin me olhar levemente impressionado.

Mirei Tae, que me olhava temeroso, e acenei-lhe com a cabeça, tentando passar confiança. Sabia que eu e Jin não podíamos fazer mais nada. O resto tinha que ser com eles.

 Mas ai de Jung HoSeok se TaeHyung voltasse choramingando pra cima de mim.

Jin, entendendo o que eu pretendia, sorriu para Tae, enviando um olhar meio duro de alerta a HoSeok. Ele parecia aquelas mães super protetoras que ameaçam as crianças pro filho ganhar as corridas no fundamental.

Em seguida, olhou para mim, sobressaltando quase imperceptivelmente ao notar que ainda segurava meu pulso. Soltou o aperto rapidamente, mas eu não tinha falado o que falei apenas para HoSeok. Estava dando um alerta a mim mesmo.

Levei minha mão até a dele, segurando-a e puxando-o dali. Para longe do casalzinho problemático, para longe de nossa sala. E ao mesmo tempo, eu estava indo para longe de qualquer bloqueio idiota que estivesse evitando que eu fizesse as pazes com SeokJin de uma vez.

Jin me seguiu em meu ritmo, parecendo querer perguntar algo, mas nada falando, Apenas me mirava de vez em quando, e nesses momentos eu sentia minha nuca se arrepiar sob seu olhar.

Dobramos num corredor, e eu parei de andar, me virando para ele.

Franzi o cenho na tentativa de organizar as palavras e começar a tentar resolver aquilo, mas Jin foi mais rápido:

- Sem besteiras? Sem ciuminho? – Perguntou, elevando uma sobrancelha. Fiquei sem reação por um momento, eita menininho esperto.

Dei de ombros, aliviando minha expressão num sorriso.

- No fim das contas é uma perda de tempo, não acha? – Ele não conseguiu (ou tentou) segurar o sorriso que floresceu em sua boca carnuda, e eu senti meu coração aquecer com leveza.

- Definitivamente. – Sorriu ainda maior, apertando minha mão. Ele parecia ter tirado um elefante das costas, respirava alívio, e eu não podia sequer imaginar me arrepender de ter aberto mão do orgulho se aquela era minha recompensa.

- Então...tudo bem? – Perguntei. Queria chegar nos pontos finais de uma vez.

Jin deu de ombros, ainda com a silhueta do sorriso no rosto.

- Me diga você. Quem estava mal era você. – Sorriu divertido, e eu soltei uma risada soprada, também, em alívio.

Não disse mais nada, apenas abri os braços, e ele me abraçou. Apertei os braços ao seu redor, enterrando meu rosto em seus cabelos. Sentia como se não o abraçasse há séculos. Eu definitivamente estava doente por aquele garoto.

- Desculpa. – Pedi, baixinho próximo ao seu ouvido, sentindo todo o meu ser se alegrar pela forma que ele se encaixava em meu abraço. – Eu só não esperava, e não soube reagir.

- Eu tenho tanta cara de virgem assim? – Separei o abraço para ver seu rosto com as mãos em seus ombros, e ele corou, em nada parecendo a pessoa que havia feito a pergunta um segundo antes.

- Eu nunca disse que você parecia virgem. – Falei, sorrindo de canto maliciosamente divertido por sua vergonha. Era sempre assim: ele soltava aquelas coisas e entrava no modo tartaruga envergonhada em seguida. – Mas sim, parece.

Falei, e ele levantou levemente a cabeça, logo lembrando que estava com vergonha, e eu ri.

- Idiota. – Resmungou, jogando a cabeça sobre meu ombro e apertando minha camisa.

Ri mais uma vez, estava me sentindo mais leve que nunca, e tudo se devia apenas àquela presença na minha frente, seu cheiro em minhas narinas, seu corpo no meu.

Abracei-o de novo, levando uma das mãos aos seus cabelos, acariciando levemente ali.

- Um idiota que você gosta. – Falei, sorrindo e segurando seu rosto, selando suas duas bochechas, e em seguida a ponta de seu nariz, tudo lenta e singelamente.

Jin torceu o nariz e pressionou os lábios ao sentir o beijo em seu nariz, mas logo abriu os olhos grandes, me mirando de forma que beirava o travesso.

- Verdade. Meu ex também era um idiota. – Falou, e eu fiz uma careta.

- Fala sério, você está querendo estragar meu humor? – Perguntei, jogando minha cabeça em seu ombro e bufando. Ele riu, segurando minhas mãos abaixo de nós.

- Estou só estou cumprindo a promessa que fiz a JungKook. – Falou, e eu o mirei, levantando a cabeça, interrogativo. Ele sorriu, meio culpado, e encolheu os ombros. – Ele me disse para falar nisso e ver como você reagia, e “ver se ele é digno para você mesmo, hyung”.

Abri minha boca em descrença, e Jin riu de minha expressão, balançando nossas mãos juntas entre nós de um lado para o outro de forma distraída.

- O JungKook é um geninho do mal que tem marcação comigo. – Falei, ainda fazendo careta, o olhar meio vago.

Jin riu sua risada engraçadinha que ele soltava quando estava animado com algo, e torcia o nariz fechando os olhos, com a boca esticada.

- Ele só está tentando cuidar de mim. – Explicou, com seu sorriso sereno na face, ainda balançando nossas mãos. – E está tentando evitar que seja como foi...com ele.

Fiz um bico chateado, pensativo, logo olhando para ele, que me mirava gentilmente.

- Tá, chega de falar do seu ex. – Resmunguei, por fim, jogando minha cabeça em seu ombro de novo, e depositando meu peso em si. Jin riu, soltando minhas mãos e segurando meus braços, numa tentativa de equilibrar o peso.

- Mas ele me deixou. – Falou, divertido. Eu senti meu interior se esquentar em um espécie de raiva por imaginar o que aquele babaca havia feito para que JungKook se tornasse tão protetor em relação a Jin.

- Ótimo, agora eu tenho um motivo concreto para chamá-lo de idiota. – Resmunguei de novo, apertando sua cintura contra mim, ainda com a cabeça sobre seu ombro.

- Você é idiota também, lembra? – Ele alfinetou, retribuindo ainda mais o abraço, apertando meu pescoço.

- Pode ter certeza de que nessa questão, não vou ser idiota. – Falei, e ele elevou o ombro, me fazendo levantar a cabeça para mirar sua expressão interrogativa. – Não vou te deixar. – Expliquei, ainda sentindo uma espécie de manha me dominar.

Ele abriu um pouco a boca, me mirando profundamente, e então sorriu seu sorriso em ‘v’ de lábios colados.

- Preferia que ele tivesse sido esperto e ficado comigo? – Perguntou, de novo com aquele ar de provocação.

- Você está mesmo brincando com o meu bom humor. – Resmunguei, e ele riu de forma gostosa. – E não. É um imenso prazer chamá-lo de idiota. – Jin deu uma risadinha, e eu joguei minha cabeça em seu ombro de novo.

Ele desenlaçou uma das mãos de meu pescoço, e começou a acariciar minhas costas de forma singela. Suspirei profundamente, fechando os olhos com a linha de sua mandíbula a centímetros de meu rosto. Seu cheiro era sempre bom; leve, doce e gentil, como a pessoa que representava.

Abri um dos olhos de forma preguiçosa, observando seu rosto de baixo. Ele mirava à frente de forma satisfeita, como seu sorriso delatava também. Seus dedos gentis ainda corriam por minhas costas sem padrão nenhum, distraidamente.

- Ei, Jin. – Chamei, e ele respondeu num “hm?” baixinho. – Toma. – Falei, lembrando do celular em meu bolso. Entreguei-lhe o aparelho após pescá-lo em meu bolso.

Jin desfez o abraço, olhando para a minha mão de forma confusa. Ao constar o que eu lhe oferecia, me mirou com o cenho levemente franzido.

- Não se atreva a negar. Eu não quero mais te perder no mapa. – Falei antes que ele pudesse se manifestar. Tinha noção de que ele não ia querer aceitar, mas definitivamente não queria mais ficar sem poder saber onde ele estava, ou se sequer estava bem.

Ele olhou o aparelho de novo, logo me olhando de novo.

- Sabe que eu não posso...

- Pode e vai. – Interrompi. – É um presente, e presente não se nega, nem se devolve. – Falei, tentando deixar claro de que ele não ia tirar aquela idéia da minha cabeça.

Ele abriu a boca, parecendo querer contestar, mas logo inflou as bochechas, me olhando infantilmente chateado.

Desenhei um sorriso no rosto, sabendo que tinha vencido aquela. Peguei sua mão, depositando o celular nela.

- Já gravei meu número nos contatos. – Falei, sorrindo pequeno.

Ele virou o aparelho na mão, ainda com um leve bico contrariado nos lábios, e então olhou para mim.

- Tem certeza disso? Esse celular era pra ser seu. – Falou, ainda tentando empurrar o telefone para mim.

- Por isso mesmo que eu posso te dar ele. – Respondi, rindo baixinho ao ver a careta emburrada dele. – Fica de uma vez. Eu não vou aceitar de volta.

Ele me mirou com os olhos apertados como se me acusasse de um crime, e então suspirou, olhando para o objeto em sua mão.

- Ok. – Disse, e eu sorri. Olhou para mim, sorrindo fraco. – Obrigado, NamJoon.

- De nada princesa. – Respondi, causando outra careta dele. Ri. – Ah, tem que me dar a recompensa. – Falei, vendo seus olhos me mirarem atentamente de novo, confusos e brilhantes.

Levei o indicador aos lábios, e bati com o dedo duas vezes, indicando ali. Ele entendeu após um momento, e riu.

- É presente e não pode devolver, mas eu tenho que pagar? – Perguntou, rindo.

- Uhum. – Falei, observando suas risadas com graça.

- Você não sabe dar presentes, NamJoon. – Disse, ainda rindo, mas se inclinando e enlaçando meu pescoço com seus braços de novo, colando nossas bocas com energia.

Segurei-o em meu abraço, pegando sua cintura com firmeza, e puxando-o mais para mim.

Selamos as bocas demoradamente, ambos de olhos fechados e com sorrisos nas bocas juntas.

Ele afastou o rosto lentamente, molhando os lábios com os olhos fechados, logo me mirando com suas orbes profundas que brilhavam em uma brincadeira escondida. Só nossa.

- Mas você é bom em dar recompensas. – Respondi sua provocação anterior. – O que quer dizer que não foi tão ruim assim.

- Não. – Respondeu. – Ruim não foi. – Disse, aproximando nossos rostos de novo.

Eu sorri já fechando os olhos, e acolhi seus lábios nos meus. Daquela vez não perdemos tempo com selos, e movemos as bocas calmamente, abrindo ambas e permitindo que as línguas se enlaçassem.

Subi minhas mãos um pouco, até acima do osso da bacia, puxando-o contra mim como se pudesse fundi-lo ao meu corpo. Ele soltou um pouco o aperto em meu pescoço e deixou que suas mãos corressem por meus cabelos, segurando-os na altura do começo da nuca.

Movi a cabeça, acompanhando os movimentos de nossas línguas que se enlaçavam e se soltavam de forma faminta. Aquilo que havia se iniciado calmo e controlado estava sendo apressado e afobado por nossa impaciência.

Eu não queria apenas toques aqui e ali, não queria só beijos leves e toques interceptados por tecidos. E Jin poderia negar em voz alta, mas suas atitudes deixavam claro que ele pensava como eu.

Jin puxou meu rosto contra o seu, pressionando nossos lábios de forma sufocante, mas deliciosa. Tombei levemente o rosto, ajudando-o a juntar ainda mais nossas bocas, e levei as mãos até suas coxas, segurando-as numa intenção que Jin logo entendeu.

Ele saltou quando eu puxei suas pernas fartas para cima, e entrelaçou-as em minha cintura. Eu apertei suas coxas, mordendo seu lábio inferior de forma leve, puxando-o entre meus dentes até soltá-lo, apenas para capturar sua boca de novo, ainda mais faminto.

Jin soltou um gemido fraquinho com minha ação, e eu virei seu rosto contra a parede, apoiando-o ali e subindo seu corpo um pouco, me fazendo ter que levantar o rosto para beijá-lo, e ele ter que abaixar o seu.

Jin esticou os braços sobre meus ombros, entrelaçando as próprias mãos atrás de minha cabeça, suspirando pesadamente ao mover sua boca contra a minha.

Seguimos nos beijando profundamente, diminuindo o ritmo aos poucos, e finalizando o ósculo com alguns selos demorados.

Ele depositou um último selinho em minha boca, e eu abri meus olhos lentamente, com um sorriso de alegria e paz interior dominando singelamente meu rosto.

Mirei-o com o pescoço um pouco levantado, e tive minha atenção completamente capturada por seus olhos que brilhavam com aquele familiar calor que sempre dominava seus orbes e seu ser quando podíamos ficar suficientemente perto.

Ele sorriu de forma meio tímida, mas claramente estava transbordando alegria. Eu entendia sua sensação: alívio, prazer, vontade de sair gritando por aí que eu tinha ele apenas para mim.

Eu devolvi o sorriso, e cuidadosamente soltei uma de suas coxas, que se manteve enlaçada em minha cintura, e levei a mão até seu rosto, afastando os fios rubros que caíam sobre seus olhos.

Desci a mão até sua bochecha, e aproximei seu rosto de novo, beijando seus lábios agora de forma mais leve e casta.

- No meio do corredor da escola. Olha só. – Fomos arrancados do momento pela voz maliciosa meio cantada que eu conhecia muito bem.

Contei até três mentalmente antes de olhar para JiMin. Era bem capaz de eu tacar meu sapato na cabeça daquele projeto de anão de jardim maromba.

- Não tem nada de melhor pra fazer não? – Perguntei, fazendo careta e apertando levemente as coxas de Jin, soltando-o levemente, mas mantendo-o bem abraçado contra mim.

- Melhor que ver vocês se pegando sem amanhã como se nunca tivessem negado seu amor? Não. – Finalizou sua maravilhosa frase recheada de merdas com um sorrisinho angelical que eu sabia ter vindo do próprio capeta (sim, o YoonGi que ensinou ele a sorrir assim. Mentira). – E eu estou aqui há uns dez minutos. Vocês estavam bem distraídos.

- Tirou foto né, filho de satã? – Perguntei, torcendo o nariz em desgosto. Jin havia enterrado seu rosto profundamente em meu ombro depois da fala de JiMin.

- Filho de satã é o menino daquele anime que o Tae me fez assistir mês passado. Okomura Rin é foda. Mas sim, eu tenho o suficiente para um álbum, hyung. – O pigmeu falou, orgulhoso. – E já mandei pra ajumma. – Completou, sorridente, como se esperasse ganhar um doce por aquilo. De mim só ia ganhar um murro.

- Mas é muito sem vida mesmo. – Reclamei, acariciando levemente as costas de Jin. O garoto ia morrer do coração de tanta vergonha algum dia.

- Eu não tenho culpa se eu venho tomar água e meus dois hyungs estão usando o corredor de motel. – Respondeu dando de ombros, tipo “a vida é assim, espertão, se fode aí”.

Eu o olhei com tédio irritado, e Jin emitiu um gemido sofrido em meu pescoço, abraçando o mesmo.

- Por que sempre nos pegam fazendo essas coisas? – Choramingou, aparentemente para ninguém em especial, e tanto eu quanto JiMin rimos. Ele mais escandalosamente que eu, até porque para mim era engraçado, mas também era trágico.

- Eu sugeriria que vocês se pegassem em lugares mais discretos e menos públicos. Acho que poderia ajudar nesse quesito. – JiMin respondeu, divertido. – Bom, eu estou indo, podem continuar, hyungs.

Acenou sorrindo como nunca e se foi pelo corredor.

Jin levantou o rosto alguns segundos depois, com as bochechas coradas que eu tive que apertar. Ele me olhou feio, e eu ri baixinho.

- Vamos continuar então? – Alfinetei, e ele me olhou como se não acreditasse na minha existência.

- Você não tem cérebro?

- Nossa, calma. Foi uma sugestão. – Falei, me fazendo de defensivo. Virei de novo para ele, sorrindo apertado. Roubei seus lábios mais uma vez e movi minha boca contra a sua. Ele deu um tapa em meu braço, e eu soltei-o, rindo.

- Idiota. – Resmungou, me seguindo enquanto eu andava calmamente na direção de nossa sala.

- Vem cá e para de falar besteira. – Chamei, e ele apressou o passo, ficando ao meu lado.

- Estou falando a verdade. – Ele cantarolou. Eu tirei a mão do bolso e estendi-a, abraçando sua cintura e o assustando ao colocá-lo ao meu lado. – NamJoon, se comporte. – Falou, e empurrou minha mão, que se deixou descer por sua cintura e se dirigir até sua mão, segurando-a sem dar alternativa para fuga.

- Nem parece que estava gemendo pra mim alguns minutos atrás. – Sorri ladino, e ele, me olhou indignado.

- Vou começar a fazer greve quando você ficar atrevido assim. – Falou, olhando para a frente conseguindo soltar sua mão da minha.

Apertou o passo, me deixando para trás, e eu bufei, sorrindo em seguida.

- Jin, vem cá. – Falei, correndo um pouquinho e o alcançando em seguida, abraçando-o por trás. Ele não falou nada, apenas colocou as mãos em meus braços firmes ao seu redor, tentando se livrar. – Desculpa, eu vou me comportar...hyung.

Ele podia dizer o que quisesse, mas eu vi o sorriso que surgiu leve em seus lábios ao ser chamado assim. Parou de forçar sua saída e eu afrouxei o aperto ao seu redor.

Ele virou de frente para mim, colocando as mãos em meus ombros e abrindo um sorriso meio malicioso. Aproximou seu rosto do meu e...deu um tapa na minha cabeça.

- Ei! – Reclamei, me emburrando ao ver que ele se soltara de meu abraço.  – Isso foi jogo sujo.

- Como se você jogasse limpo. – Ele disse, rindo, e eu armei a careta chateada. – Vem.

Ele estendeu a mão com seus dedos tortos me convidando, e eu mantive a minha abaixada. Ele ia regular, pois que aguentasse eu regulando também.

- Mas é mesmo uma criança mimada. – Jin disse, sorridente e brincalhão. Voltou até perto de mim e selou meus lábios de forma leve. Eu olhei para seus olhos, realmente não esperando aquilo, e ele sorriu. – Vem, vou te ensinar o que é ficar na sala de aula uma vez na vida, criança mimada.

Estendeu a mão, e dessa vez não esperando que eu lhe correspondesse, e puxando-me pela mão pelo corredor.

- Muito engraçado você. – Reclamei, mas eu já estava sorrindo.

Ele não me olhou ou respondeu, mas eu vi seu sorriso se alargar em seu rosto bonito.

Se depois de cada tempestade, viesse uma primavera daquelas, eu achava que não me importava em agüentar algumas nuvens negras.

 

 

 

- Nem vou perguntar o que vocês estavam fazendo. – Hae hyung disse quando entramos em sua aula, um tempo depois. – Sentem, estou fazendo correção do exercício.

Eu e Jin apenas o obedecemos, seguindo para as cadeiras. Eu peguei a mochila de Jin em sua carteira na primeira fila e segui andando até a minha. Coloquei o que carregava na cadeira ao lado e me sentei. Jin me seguiu com naturalidade e se sentou ali, retirando os materiais da bolsa e começando a copiar as coisas do quadro.

Hae hyung nos observou enquanto fazíamos tudo isso, olhando de mim para Seok como se tivéssemos aparecido pelados em sua cama de manhã, e tinha a boca levemente aberta.

Ele me mirou firmemente, julgador e inquisitivo. Eu apenas dei de ombros, abrindo um sorriso quase imperceptível no canto da boca, e ele piorou sua expressão de desacreditado.

Apontou para mim, autoritário, e indicou os dois olhos com o indicador e o médio, como se me alertasse, e que estava me vigiando. Eu apenas sorri em certo deboche, e Hae hyung voltou a atenção à sua aula.

Jin copiava as coisas que ele falava e escrevia de forma automática, não olhando para nada além de seu caderno e do quadro, então não estava muito atento ao seu redor, mas eu estava.

As caretas de DongHae não foram percebidas apenas por mim, e isso ficava claro quando se prestava atenção nos alunos que nos olhavam de forma estranha.

Cara, a última coisa que eu precisava agora era aquele monte de idiotas me julgando, fala sério.

Eu me mantive quieto durante o restante da aula, tentando ignorar os olhares que de vez em quando pousavam em mim e no garoto ao meu lado de novo.

O sinal tocou indicando o intervalo, e os alunos começaram a sair da sala rapidamente. Muitos passaram por mim me olhando, uns julgadoramente, outros maliciosamente, mas foi uma pessoa que me fez prestar atenção em si quando veio em minha direção.

Franzi o cenho, e ela aprofundou sua expressão levemente aflita.

- Olá, NamJoon. – Cumprimentou, sem prestar muita atenção e olhou para Jin. – SeokJin ah.

Ele, que mexia em algo de sua mochila, levantou a cabeça.

- Hm? – Perguntou, sem parecer se importar mais com o fato de Suzy ser Suzy, e estar perto de mim, ou falando com ele.

- Meu pai pediu que eu te avisasse. – Começou a garota, ainda aflita. Sua expressão estava me incomodando, e pareceu perturbar Jin também. – Ele quer que você chegue mais cedo hoje, pra conversar sobre...sobre ontem.

Naquele momento, Jin empalideceu, e eu me xinguei mentalmente por aquilo estar acontecendo. Havíamos nos resolvido entre os dois, mas ainda tinham efeitos colaterais para se tratar.

- Obrigado Suzy... – Jin baixou a cabeça após alguns segundos de silêncio assustado.

A garota entendeu que estava sendo dispensada, mas antes de ir mirou Jin mais uma vez, falando:

- Eu vou com você. Vou fazer o possível pra que não perca o emprego. – Avisou, e Jin apenas acenou com a cabeça baixa.

- Tudo bem. Obrigado. – Disse, sem emoção na voz.

A garota acenou com a cabeça, e se distanciou dali, nos deixando sozinhos na sala.

Jin não parecia ter planos de levantar a cabeça e fazer algo além de pensar em seu desespero pessoal, e aquilo estava me incomodando. Saí de minha cadeira e me ajoelhei ao lado da dele.

- Ei. – Chamei, me apoiando abaixo de sua cabeça pendente para a frente. Ele me mirou com os olhos temerosos, e eu sorri, tentando passar um pouco de tranquilidade e confiança. – Vai dar tudo certo, ok? Eu vou com você.

Segurei sua mão e a apertei, numa forma de afirmar o que disse. Ele me mirou como se quisesse chorar e acenou com a cabeça, com um bico infantil nos lábios.

Sorri, e me levantei, puxando sua mão comigo.

- Vem, um pouco de comida vai ajudar no seu ânimo. – Falei, e ele me mirou de baixo por um momento, logo acenando com a cabeça de novo, dessa vez mais animado.

A primeira coisa que notei quando chegamos ao refeitório foi o olhar pervertido que os garotos nos ofereciam. JiMin provavelmente já tinha feito as honras sobre o que havia presenciado mais cedo.

A segunda coisa que notei foram Tae e Hope.

Cada um de um lado da mesa.

Sem se olhar.

Com cara de cachorro sem dono.

Bufei, incrédulo. Como era possível que eles ainda não tivessem se acertado? Mano, vão ser enrolados assim naqueles mangás shoujo chatos, não na minha frente.

Jin se sentou ao lado de JungKook, que cumprimentou a nós dois, parecendo bem mais bem humorado que da última vez que eu havia visto ele. Eu demorei alguns segundos para sentar. Me mantive de pé encarando as criaturas foco de minha impaciência.

Notei o que fazia quando Jin puxou a manga de minha camisa, num chamado. Olhei para ele, que me encarava de baixo com as bochechas cheias de comida, e a expressão interrogativa.

Me abaixei e sentei ao seu lado, e respondi à pergunta em seus olhos confusos com uma indicação aos dois com o queixo, de expressão fechada.

Ele olhou para os dois, ainda mastigando a grande quantidade de comida (que mais tarde eu descobriria ser o sanduíche de JungKook) com as bochechas cheias como as de um esquilo. Virou para mim em seguida, acenando com a cabeça como se tivesse entendido, e assumiu uma expressão mais pesarosa.

- Jia disse que os professores estão passando pelos terceiros anos com o formulário de futuro e carreira. – JiMin começou o assunto. – Eles já passaram na de vocês, hyungs? – O Park perguntou para todos nós, mas olhou para HoSeok.

Eu, Jin e Suga apenas negamos com a cabeça, mas o Jung, além de ter demorado um tempo para entender que tinha alguém falando com ele, apenas respondeu um “hm? Ah, sim” antes de voltar a encarar a mesa como se ela tivesse a resolução para o destino de sua desagradável vida.

Depois disso, a mesa se manteve num silêncio desconfortável, todos notando o clima pesado que havia ali.

JiMin não se deu por vencido, e voltou seu sorriso radiante que desarma qualquer um para TaeHyung.

- Eu realmente não saberia o que dizer se me perguntassem o que eu iria fazer no futuro. Não me sinto preparado. E você Tae? – A intenção do Park era clara, mas nenhum dos dois com cara amarrada ali pareciam ter planos de socializar com o anão de jardim sorridente.

Tae apenas olhou para JiMin de forma vazia, e deu de ombros, voltando a encarar os gelos derretendo em seu refrigerante.

JiMin fez um bico derrotado ao notar que sua tentativa de melhorar o ânimo do grupo não havia dado certo, e JungKook sorriu compadecido, acariciando a mão do namorado de forma leve.

O silêncio voltou a reinar na mesa. JiMin e JungKook haviam entrado num joguinho calmo de trocar carinhos, e pareciam meio alheios a tudo. Jin comia ainda com sua suspeita semelhanças com roedores de rabo longo e eu observava todos na mesa de forma irritada e meio frustrada.

Que clima bosta.

Olhei para YoonGi, que mexia no celular com cara de tédio, mas levantou o olhar ao sentir o meu no seu. Primeiro franziu o cenho e moveu a boca, me questionando:

“Que foi viado?”

Revirei os olhos, fazendo um gesto geral na mesa, como que para indicar que meu problema vinha de tudo aquilo.

Suga baixou o telefone, ainda segurando-o sobre a mesa, e esticou um pouco o pescoço para olhar todos os presentes na mesa, um de cada vez. Sua expressão era desinteressada, mas ele estava fazendo esforço pra mexer seu pescoço em três ângulos diferentes, então tão desinteressado ele não estava.

Ao pousar o olhar em Tae, imediatamente olhou para Hope, fazendo uma cara de “eu não mereço isso” e soltando a respiração de forma impaciente. Mas era Suga, então até sua impaciência parecia meio sonolenta.

Ele tirou os fones das orelhas num puxão indelicado, colocando estes e o celular em cima da mesa e se levantando.

- Ok, chega. – Sua voz soou, chamando a atenção de todos, até dos dois cabisbaixos melancólicos.

Ele saiu do banco e andou até HoSeok, sendo acompanhado pelos olhares de todos ali. Parou na frente do mais alto, lançando-lhe um olhar desaprovador (como se ele fosse uma mosca que havia caído em sua comida) e não hesitando em pescar a mão de Hope e puxá-lo sem a menor delicadeza para se levantar.

Puxou o Jung para rodear a mesa, baixo dos olhares incrédulos de todos ali. Até Tae havia esquecido de manter a expressão neutra e mirava o loiro com surpresa.

YoonGi puxou Hope até um Tae tão desconcentrado quanto o mais velho, pegando a mão do que estava sentado e juntando-a à que ele segurava de Hobi.

- Pronto. Amiguinhos, se amem, chega dessa lenga lenga dramática porque se tem uma coisa que eu não sou, é obrigado. – YoonGi falou, diretamente em toda a sua gentileza da pessoa extremamente delicada que era. – Vocês estão piores que meus pais, pelo amor de deus.

Após fala-lo, deixando não apenas os dois, mas todos na mesa de boca aberta, voltou ao seu lugar, colocando os fones e pegando o celular de novo. Mas antes de ligar a música de novo, adicionou:

- E eu deixaria vocês sozinhos para se resolver sozinhos, mas parece que isso não funciona com crianças retardadas como vocês. – Disse, encarando HoSeok friamente. – Eu não estou interessado em seus draminhas entediantes, só se resolvam ou se matem e não apareçam mais na minha frente. Apenas parem de me incomodar com essa cara de lhama com fome.

E, como se tivesse dito que o sol brilha, voltou a prestar atenção no celular e ligou a música, que ressoava um pouco de seus fones, deixando todos na mesa sem reação. Em especial os dois, que ainda tinham as mãos juntas.

Para a minha surpresa, a pessoa que cortou o silencio foi Jin, que engoliu o final do sanduíche oficialmente roubado de JungKook e olhou para os dois.

- Ele tem razão, vocês sabem. – Disse, com a expressão tranquila e apenas isso, sem bronca ou tristeza, apenas expondo um fato verdadeiro ao seu ver.

Eu soltei um projeto de risada pelo nariz, e acenei com a cabeça, concordando com ele. JiMin acenou também ,olhando para os dois de forma esperançosa e companheira. JungKook apenas os encarou, logo sorrindo para Tae, que engoliu em seco.

Hope imitou o gesto do mais novo, mesmo sem ter visto o mesmo. Suas mãos ainda estavam juntas. Seus braços estavam relaxados, como se não soubessem o que fazer, mas as mãos se apertavam de forma firme, e eu duvidava que eles estivessem fazendo-o de propósito.

 O castanho olhou para Tae, que levantou o rosto, devolvendo o olhar logo em seguida.

Os segundos passaram como se estivessem nadando em gelatina, e aquilo estava me dando nos nervos, mas eu apenas observava os dois, em busca de algo que pudesse indicar que toda aquela novela ia finalmente acabar.

Não sei por quanto tempo eles ficaram em silêncio, mas foi como se uma nuvem recheada de ferro líquido estivesse sobrevoando nossas cabeças.

Por fim, eu cansei. Nessa vida temos que ser práticos, e aqueles dois não eram nada práticos.

- Ah meu, fala sério! Vocês vão ficar aí mesmo?

- Não é tão fácil. – Hope olhou para mim, levemente ofendido da pouca bola que eu estava dando para seu drama amoroso.

- É sim, quer ver? – Perguntei, me inclinando com os cotovelos sobre a mesa. – Tae. – Chamei, e o garoto me olhou. – Você ama o Hope? – O garoto arregalou os olhos, sem responder, e eu imediatamente olhei para HoSeok. – Hope. Você ama o TaeHyung?

Ambos me olharam com os olhos maiores que uma bola de tênis, de bocas abertas. Eu juntei as mãos, mostrando que estava decidido.

- Viu? Pronto, podem se casar até. Só parem com essa merda. – Falei, tendo o agradável som do sinal tocando para finalizar meu veredicto e também o intervalo.

Me levantei da mesa sem mais olhar para eles, dando um ‘tchau’ geral e estendi a mão para Jin, que a segurou sem hesitar e se deixou levantar.

Já de pé, ele soltou minha mão, e andamos juntos pelo meio dos alunos que se amontoavam como formigas fugindo de água. Eu coloquei as mãos nos bolsos, sentindo uma estranha satisfação por poder vê-lo ali, andando ao meu lado de propósito, com a naturalidade de quem havia feito isso durante a vida inteira.

Quantas vezes antes eu havia cruzado com aquele garoto nos corredores, sem sequer imaginar na pessoa gentil, agradável e adorável que ele era? Quantas vezes eu havia olhado-o feio por um julgamento equivocado que eu mesmo havia criado?

Milhares. Sequer posso definir um número.

Mas alguma vez eu imaginei que já não me sentiria bem sem ele ao meu lado nos corredores? Ou que eu não conseguiria mais olhá-lo feio, porque ele era o motivo de quase todos os meus sorrisos?

Isso eu podia dizer com toda a certeza que o número era zero. Foi a coisa mais inesperada que eu me lembrava de ter recebido em minha vida, mas de forma alguma lamentava por aquilo. Eu não me lembrava de alguma vez ter me sentido tão vivo quanto quando ele sorria para mim ou se entregava aos meus toques.

SeokJin me mudou como nada jamais teria mudado, mas eu nunca havia me sentido tão eu mesmo.

- Desculpe. – Sussurrei ao trombar com uma garota no corredor movimentado, e virei para Jin ao ouvir sua risadinha. Franzi o cenho, e ele me mirou, sorrindo.

- Voltou pra Terra? – Perguntou, divertido. – Quando eu chamo você nem ouve, mas pra garota bonita você olha né? – Levantou a sobrancelha, cruzando os braços.

Eu sabia que ele estava brincando, mas estranhei mesmo assim.

- Você me chamou? – Perguntei, franzindo o cenho, e Jin se assustou, me puxando para perto de si quando viu que eu ia tombar com alguém de novo.

Elevei a sobrancelha quando ele relaxou, abraçando meu tronco da mesma forma que tinha me puxado, encostado na parede. As pessoas passavam e olhavam, mas eu estava a anos luz de me importar no momento.

Ele desfez a expressão alarmada, e me olhou meio chateado.

- Não. – Respondeu, sorrindo diante de minha cara confusa. – Eu estava pensando em te chamar quando você quase derrubou a pobre garota no chão.

- Eu não derrubei ela. – Protestei, e ele sorriu de novo.

- Não disse que tinha derrubado. – Deu um tapa onde sua mão sobrevoava meu tronco, e voltou a andar, me deixando ali.

- Jin. – Chamei, puxando seu pulso antes que ele pudesse escapar e seguir o fluxo dos alunos voltando à suas salas. – Não fuja de mim. – Reclamei, andando agora ao seu lado, e mantendo-o na mesma linha que eu com o aperto firme em seu pulso, nossas mãos quase invisíveis devido à proximidade em que andávamos.

- Não estava fugindo. – Ele falou, calmo, sorrindo singelamente para o ar à sua frente.

- Acho bom. – Respondi, continuando a leve brincadeira. Ele me olhou, e sorriu abertamente, rindo um pouco de mim. – O que você queria? – Ele tombou a cabeça, confuso, e eu dei um peteleco em sua testa. – Você ia me chamar. Por quê?

- Ah. – Ele voltou a olhar para o caminho, soltando seu pulso de minha mão e se afastando um pouco ao cruzarmos com um grupo meio grande de estudantes. – Ia falar do seu discursinho lá na mesa. – Deu de ombros.

- Ah, aquilo. – Falei, tentando fingir que não estava incomodado por ele ter se afastado. – Sei lá. Só acho que se duas pessoas se gostam, deviam ficar juntas. Não sei pra que tanto drama.

Falei e olhei para ele, que sorriu para seus botões. Sorri pequeno também, levantando um pouco a cabeça, fechando os olhos e respirando fundo. Estávamos quase chegando em nossa sala.

- Abre esse olho ou você vai atropelar mais alguém. – A voz de Jin soou brincalhona ao meu lado. Mal baixei a cabeça abrindo os olhos para ele, e senti sua mão se entrelaçar na minha.

Mirei nossas mãos, outra vez escondida entre nossos perfis, e então encarei seu rosto.

Ele mantinha a visão virada para a frente, mas seus lábios estava levemente tatuados com um sorriso fino. Me mantive analisando-o por alguns segundos, e ele não me olhou de volta. Por fim sorri como ele, e voltei a olhar para a frente, parando na frente de nossa sala.

Jin apertou nossas mãos e as soltou, abrindo a porta. Eu o segui. Teria que aprender a não me sentir tão solitário quando ele soltasse nossas mãos.

 

 

 

 

- Tenho certeza de que a notícia já se espalhou entre os terceiros anos, mas vocês agora vão ser avisados oficialmente. – A professora de física nos falou, com sua voz de galinha esganada. E então indicou a porta, que se abriu, revelando a diretora.

- Oi pessoal. – Ela cumprimentou, jovial e simples como sempre era. – Bom, vocês já sabem do que isso diz respeito, mas eu estou aqui com suas fichas para profissão e futuro.

Ouviram-se várias reclamações pela sala.

Eu me permiti gemer baixinho. Queria seguir na carreira da música, não tinha mais nada que me interessasse, mas mesmo assim, aquele relatório me assustava. Não era uma folha em branco, onde você pudesse escrever “vou ser um astro universal’. Era opções de múltipla escolha, com linhas compridas o suficiente apenas para uma ou duas palavras.

- Vocês terão esse e os próximos três meses para decidir para que faculdade irão ir, ou o que farão depois de sair dessa instituição. Sugiro que falem com seus responsáveis antes de preencher a ficha, e boa sorte!

Terminou de falar com um sorriso, como se tivesse nos dado um presente, não a decisão de nossas vidas, e distribuiu os papéis.

Depois de ela sair da sala, todos começaram a falar ao mesmo tempo, reclamando ou se gabando, cada um em seu próprio desespero sobre estar saindo da escola logo, e entrar no ‘mundo dos adultos’.

Eu encarei minha ficha sem me mover, lendo e relendo milhões de vezes aquelas linhas de informações pré-formuladas.

Como aquelas pessoas conseguiam ser tão insensíveis a ponto de resumir todo o futuro de minha vida numa escolha de “sim ou não”? Como conseguiam ser tão frios, resumindo todas aquelas inúmeras vidas a números num computador? E se eu não quisesse ir para a faculdade X? E se eu não quisesse viver o resto de minha vida fechado num escritório?

Eu tinha opção de escolha?

Só notei que estava apertando minhas mãos com força suficiente para que minhas unhas machucassem minha palma quando Jin pousou a mão sobre a minha.

Olhei-o ainda meio alheio ao meu redor, relaxando minhas unhas na pele imediatamente, mas mantendo os punhos cerrados.

Ele ergueu um pouco as sobrancelhas, de forma preocupada e meio aflita. Sua mão sobre a minha era leve, mas temerosa.

Fechei os olhos por um momento, me controlando, e olhei-o, sorrindo fraco, para mostrar que estava bem.

Eu não estava bem, e ele notou isso, claramente, mas pareceu decidir que aquele não era o momento para me enfrentar, então apenas apertou minha mão fechada e voltou a sentar direito em seu lugar ao lado do meu.

Eu o mirei enquanto ele guardava a ficha de forma cuidadosa dentro de um caderno, e em seguida abria outro para copiar o que a professora explicava.

Eu sei que não sou a pessoa mais estudiosa do planeta, mas naquele momento estava cinquenta vezes menos interessado no que os professores explicavam tediosamente lá na frente daquela colônia de alunos temerosos em meio à selva que os adultos haviam montado para eles.

Era uma competição, mas ninguém sairia vencedor. No fim, todos apenas seriam mais um dos milhões e milhões de indivíduos da sociedade, perdidos dentro de si mesmos, cegando-se com uma idealização de felicidade que de feliz nada tinha.

Qual a vivacidade de uma vida igual à de todos os outros? Qual a graça de viver sempre a mesma coisa, seguindo um padrão que se repete há tantos séculos, administrado por pessoas que não tem o menor interesse no seu sonho?

No fim, não somos diferentes de porcos engordados para o abate.

E se, em meio a todos aqueles quadrados infernalmente iguais, eu quisesse ser um círculo? Ou um triângulo? Ou algo que pudesse criar asas e fugir dessa prisão a que nos adequamos e chamamos de comodidade e vida?

Eu acabaria em baixo da ponte? Provável. Mas estava decidido a tentar.

De forma alguma seria um quadrado.

 

 

 

- NamJoon? – Demorei alguns instantes para levantar minha cabeça, que jazia entre meus braços.

Ergui a cabeça, mirando com dificuldade o garoto que me encarava preocupado. Precisei de pouco tempo para lembrar de sorrir para ele, que franziu o cenho com minha ação. Ter alguém que consegue ver através de você e notar quando você está fingindo tem seus contras.

- Oi. – Falei, agora sorrindo naturalmente. Sua expressão preocupada também era adorável.

- Estamos na penúltima aula. Eu vou pedir permissão da diretora para sair antes pra falar com o meu chefe. Você disse que queria ir comigo... – Deixou a frase no ar, quase como um convite.

Eu arregalei um pouco os olhos ao entender o que estava acontecendo, e acenei com a cabeça, me levantando como ele e pegando minha mochila do chão.

Jin seguiu até o professor, curvando com a cabeça. Eu acenei para ele em respeito, não falando nada enquanto seguia o garoto de forma sonâmbula.

Eu não havia dormido realmente, penas me mantive de forma vegetativa enquanto deixava os pensamentos dançarem em turbilhões em minha mente.

A diretora Choi perguntou pouco sobre por que eu estava acompanhando Jin em algo que não tinha nada a ver comigo. Provavelmente concluiu que eu estava procurando desculpas para matar aula, e só permitiu nossa saída enquanto falava ao telefone com alguém que eu tinha dó por estar enfrentando o lado zangado daquela mulher que normalmente era divertida e solta, mas que não podia ficar irritada, porque virava o demônio em pessoa.

Quando saímos para o pátio, Suzy estava à nossa espera.

- Oh, finalmente acordou ele? – Perguntou, sorrindo para Jin. Ele acenou com a cabeça, sorrindo fracamente de volta. Claramente estava nervoso de novo.

Franzi o cenho, estranhando o tratamento entre os dois. Antes Jin só faltava cuspir na menina e agora eram amiguinhos sorridentes?

- Acordei mais o menos. – Jin falou, puxando minha mão e me fazendo andar reto. Eu realmente estava meio cambaleante. Estava me sentindo como se fosse feito de água, e não conseguisse andar direito naquele calor. – Ele ainda está meio dormindo.

Suzy riu baixinho, e começamos a andar. Eu apenas me deixava levar por Jin, com preguiça de fazer qualquer coisa que requeresse um nível um pouco mais alto de esforço e concentração.

- Eu não estava dormindo. – Resmunguei, porém, com os olhos fechados e a cabeça pendendo molengamente enquanto me deixava puxar por Jin.

- Não. – Jin falou, sem brincadeira na voz. – Você sempre se mexe e resmunga enquanto dorme. Hoje você estava quietinho.

Deixei minha cabeça tombar para como normalmente ficaria postada, encarando-o com o começo de um sorriso sacana na face “sonolenta”. Suzy também olhava para ele com a mão sobre a boca, escondendo o sorrisinho que estava desenhado ali.

Jin abriu a boca ao notar por que o olhávamos, pronto para protestar, mas acabou por apenas inflar as bochechas, fazendo com que eu e a garota que andava conosco ríssemos.

Eu olhei para ela, que sorria divertida, e ambos rimos de novo, mais alto. Jin ficou ainda mais indignado em seu bico chateado, e desferiu um tapa em meu braço.

- Ai. – Falei, rindo.

- Apenas volte a dormir, idiota. – Resmungou, causando mias risadas minhas, e as disfarçadas pela mão na boca de Suzy.

Soltei minha mão da sua, colocando o braço sobre seus ombros, baixando a cabeça para beijar seu rosto, que foi desviado por ele, me mirando ofendido.

Eu apenas sorri mais uma vez, levando a outra mão para sua bochecha e a puxando, selando seus lábios demoradamente, evitando suas tentativas de desviar o rosto.

- NamJoon! – Recebi outro tapa, e me afastei rapidamente, soltando-o por completo e elevando as mãos em rendição. – Estamos no meio da rua!

- Ninguém viu, princesa. – Meu sorriso era largo, e aumentou com sua expressão indignada. – E você fica uma gracinha corado assim. – Completei, rindo ao ver ele tampar as bochechas, apertando-as de forma que forçassem sua boca para a frente, me olhando irritado.

- Se comporte ou vai se ver comigo. – Alertou, e ainda pressionando as bochechas voltou a andar, com o queixo um pouco erguido, me fazendo rir mais.

- Eu sei que você adora. – Falei, seguindo-o e olhando para a garota, que andava ao nosso lado, e agora tinha a mão sobre o rosto abaixado, com os ombros tremendo rapidamente.

Ela ergueu o olhar, parecendo querer chorar de tanto rir, e se assustou um pouco ao me notar encarando-a.

- Vocês deviam fazer aqueles programas de comédia coreanos que te fazem rir só ouvindo os diálogos dos apresentadores. – Disse, ainda rindo. – Vocês são engraçados.

Franzi o cenho com um meio sorriso. Foi estranho, mas era como se ela tivesse elogiado nós dois juntos, e mesmo que eu não me importasse com opiniões externas, ficava feliz quando elas eram boas.

Chegamos à estação com Jin ainda emburrado e me ignorando, mas assim que entramos no trem e Suzy sentou num dos bancos, comigo ao seu lado e nenhum outro banco livre, e eu o puxei para se sentar em meu colo, ele não pareceu sequer pensar em reclamar.

A princípio ficou estático, apenas sentado em minhas pernas e parecendo temer respirar. A princípio pensei que estava assim por estar em meu colo, mas era claro que o restante do trem não estava interessado em dois adolescentes dividindo o banco, então eu notei que podia ser outra coisa.

Odiava ver Jin daquele jeito, e precisei apenas olhar para sua expressão de desespero solitário para fazer uma careta desagradada. Vê-lo assim, tenso e temeroso por algo que eu tinha mais que 50% de culpa era frustrante, principalmente por eu saber que não podia fazer nada para evitar que ele fosse despedido, caso o fosse.

Decidido a pelo menos ajudar no momento, e aliviar aquela sensação horrível de prepotência, envolvi sua cintura com meus braços, o puxando para se recostar sobre mim, e sorrindo satisfeito quando ele se deixou tombar sobre mim, encostando sua cabeça na minha de forma cansada, mas carinhosa.

Apertei meus braços entrelaçados ao seu redor enquanto colocava meu rosto próximo do seu, inspirando o cheiro bom de seus cabelos. Eu só queria ele bem, e mostrar que estava ali por ele.

Eu o provocava e era irritante, mas apenas porque queria ele sempre me olhando, mesmo que fosse com uma expressão de “sério isso, NamJoon?”. Queria que me olhasse, porque eu estava sempre o olhando, e não suportava a ideia de ser o único ali com sentimentos e vontades tão absurdos.

Jin era o centro de minha vida, tomou essa posição na velocidade da luz e havia chegado ali para ficar. Se ele saísse dali, mas meu coração continuasse tendo aquele lugar reservado para ele...eu não sabia o que faria.

Tinha noção de que não era fácil lidar comigo, de que ele era inseguro e tudo o mais, e era exatamente isso que me fazia querer mostrar sempre que precisava de sua presença.

A presença do belo SeokJin que me desarmava completamente apenas com um sorriso ou um toque.

Ele levou as mãos até as minhas juntas na frente de sua barriga, e pousou-as ali, suspirando. Eu passei meu nariz sobre sua bochecha de forma leve, tombando meu queixo em seu ombro, e imitando seu suspiro, mas pegando suas mãos e fixando-as com as minhas na frente de seu tronco.

Ele sorriu fracamente, e eu fechei os olhos, apenas aproveitando daquilo mais um pouco.

Depois de alguns minutos, chegamos à estação do MinCheon. Jin andava penosamente, e eu apenas o observava de forma meio preocupada. Suzy estava silenciosa, e mordia o lábio vez ou outra, olhando para Jin de forma preocupada.

Sério, de onde veio tanto amor desses dois?

Quando chegamos ao café que era nosso destino, Suzy pediu que Jin esperasse um pouco para entrar, para que seu pai não visse que haviam vindo juntos ou algo assim, e me alertou seriamente sobre não ficar às vistas da loja. Eu só ajudaria ficando longe dos olhos de seu pai.

Os sete minutos que a garota deu para Jin esperar antes que ele entrasse estavam passando, e nós dois apenas esperávamos em silêncio. Ele parecia perdido em seus próprios pensamentos, e eu estava tentando pensar no que podia fazer caso o pior saísse daquela reunião.

Por fim, cansei de vê-lo daquele jeito, e cansei de ficar brigando com meus próprio pensamentos sobre o quanto era inútil no momento.

- Vem cá. – Puxei-o pelo pulso para o beco ao lado da loja. Parei quando já estávamos às sombras das paredes altas, e ataquei seus lábios sem aviso prévio.

Jin ficou parado a princípio, mas logo começou a acompanhar meu ritmo. Eu não estava exagerando ou forçando algo, apenas queria relaxá-lo um pouco. E, não vou mentir, queria me relaxar também.

Aquela boca carnuda era meu antídoto mais confiável e gostoso para a irritação ou o estresse de muitos pensamentos juntos, então eu apenas fiz o que tinha vontade de fazer vinte e quatro horas por dia: o beijei.

- Você sabe que estamos nessa enrascada exatamente por termos feito o que estamos fazendo, não sabe? – Ele perguntou após findarmos o beijo, ainda com os olhos fechados. Sua boca estava moldada num sorriso, e apenas aquilo bastou para mim.

- A rua é pública. – Falei, dando de ombros, e ele riu curtinho, logo me mirando com um sorriso pequeno.

- Obrigado, bobão. – Falou, e abraçou meu pescoço, selando meus lábios de forma rápida.

- Pelo quê? – Abri um sorriso por sua atitude, pousando minhas mãos em sua cintura.

- Você sabe por quê. – Ele disse, e eu apenas sorri, aproximando nossas bocas de novo.

Eu já estava preparado (e ansioso) para outra rodada de beijos afoitos, mas Jin cortou o contato bem mais rápido dessa vez. Eu gemi num resmungo ao sentir sua boca se afastar da minha, e ele soltou uma risadinha, arrumando minha franja que caía sobre meus olhos.

- Você definitivamente precisa cortar esse cabelo. – Disse, sorridente, e eu abri meus olhos fechados desde que havíamos começado aquele último ósculo.

- Eu sei. – Falei, e o mirei por um instante, inclinando meu rosto para beijá-lo mais uma vez, mas sendo impedido por sua mão.

- Ã-ã. – Falou, sorrindo diante da minha careta descontente. – Eu tenho que ir. NamJoon. – Parou e me mirou duramente quando eu não o deixei sair do abraço. – Não comece agora, você sabe que isso é sério.

Soltei um suspiro pesaroso, e junto dele deixei meus braços caírem de seu corpo. Mirei o chão, insatisfeito, e apenas ouvi os passos e a risadinha de Jin antes que ele se abaixasse um pouco para mirar meu rosto abaixado e selar meus lábios inconformados.

- Me espere aqui fora, eu venho te dizer o que deu. – Falou, me olhando compreensivo, e eu o mirei com uma sobrancelha levantada.

Ele suspirou por eu não ter respondido-o, e virou de costas, derrotado. Eu estiquei o braço, puxando-o e deixando-o surpreendido.

Virei-o de frente para mim enquanto ainda o puxava até meu corpo, e recebi seu corpo menor que o meu com um abraço caloroso.

- Boa sorte, hyung. – Desejei, no pede seu ouvindo, sentindo meu ego se enaltecer com o calafrio que passou por ele.

Ele levou as mãos até meus ombros e se separou de mim, sorrindo de forma radiante, acenando com a cabeça.

E então se foi.

Eu não podia fazer nada além de torcer com força para que tudo desse certo no momento. E se não desse...bom, eu ainda podia dar um soco na cara do senhor Bae por ser tão sem vida e não suportar um mero amassozinho em seu vestiário.

Suspirei, me encostando no muro e tirando os fones do bolso. Pluguei no celular e liguei o aleatório de minhas músicas, fechando os olhos enquanto ouvia os barulhos da cidade ao meu redor.

Cerca de três ou quatro músicas haviam passado quando foram interrompidas por uma chamada em meu telefone.

Torci o nariz, descontente. Odiava quando estava imerso na musica daquela forma e era brutamente interrompido daquela forma. Senti vontade de atender xingando, mas franzi o cenho ao ver o nome “mãe” brilhar na tela.

Ela estava trabalhando àquela hora, e nunca gastava crédito por nada, além de saber que eu supostamente estava na aula. O que ela queria?

- Alô? – Atendi.

- NamJoon? – Estranhei a voz masculina, e franzi o cenho.

- Sim, sou eu.

- Aqui é um colega de trabalho da sua mãe. – Falou, e eu senti uma sensação ruim no estômago. – Ela não está bem, você pode vir para o hospital agora?

 

 


Notas Finais


Heh ^^ e aí? Não bati o recorde de novo, mas acho que o cap ficou aceitavel. Na real eu achei ele meio ruim, mas não estava conseguindo nada melhor que isso, me desculpem.
Mais uma vez, roubando wifi (dessa vez do restaurante) pra postar.
Eu consegui responder todos os coments do cap passado, mas tenho um MOOOONTE para responder de capitulos anteriores. Me perdoem, mas eu sou uma autora carente de internet e tempo.

Gente, sua opinião é muito importante! Bem vindos novos leitores! Obrigada pelo tempo gasto comigo e ATÉ O PRÓXIMO.


(meu tt, se quiserem: @Klu1202


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