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História Depois da Destruição - O Preço de Tudo


Escrita por: ktaecori

Notas do Autor


Olha quem voltou antes de 2017. Seria um milagre de natal?

Estou atualizando bem tarde, estava com saudades das atualizações da madrugada, mas isso não foi de propósito, eu realmente terminei o capítulo nesse instante. Estou postando por motivos de ansiedade, e por isso devem ter muitos erros, então me desculpem, ok? Amanhã eu reviso.

Não quero ser muito confiante ou otimista, mas acho que ainda em janeiro vou concluir a fic. Falta um capítulo e o epílogo.

E eu sinto muito pelo capítulo meio grande, eu tentei diminuir, mas realmente não deu. Não queria que ficasse faltando algo e a ideia de alongar ainda mais a fic não me pareceu agradável.

Bom, é isso.

Espero que esteja bom.
Boa leitura!

Capítulo 31 - O Preço de Tudo


Naquele dia o sinal que indicava a hora de acordar tocou mais cedo. Aquilo seria um incomodo realmente, já que todos foram obrigados a despertar antes mesmo do sol falso iluminar o, também falso, céu, que cobria o pátio, mas as circunstancias não eram normais e ninguém reclamou. Ou talvez as outras pessoas simplesmente estivessem sem sono, como Sakura.

O fato era que os planos da Resistência não envolviam uma operação simples, a situação afetava a todos. Mesmo aqueles que não iriam participar diretamente de nada pareciam abalados, porque eles tinham parentes, amigos, colegas ou apenas conhecidos que talvez nunca voltassem a ver. A convivência unia as pessoas, os renegados, que não tinham lar e, muitas vezes, não tinham família também, principalmente. Aparentemente o peso do que estava por vir, e agora tão próximo, finalmente havia recaído sobre as pessoas.

Sakura desejava ter tido consciência disso tão tardiamente quanto a maioria deles, pelo menos, assim, talvez tivesse tido menos tempo para ficar angustiada e sofrer em antecipação.

Sem dúvidas, nunca antes vira os corredores do local tão cheios quanto aquela manhã, a passagem era tão difícil que a Resistência poderia facilmente ser confundida com o centro da cidade em dia de feira. Era quase nostálgico pensar nisso, já que não roubava comida lá a meses. Os feirantes deviam ter notado o sumiço dela, de Naruto e Sasuke, mas com certeza não estavam com saudades ou ansiosos para que voltassem.

Faltavam apenas algumas horas para os aviões, que levariam para a outra base da Resistência as pessoas que não haviam se voluntariado, decolar. Depois que isso acontecesse, restariam somente duas horas até o horário marcado para desceram até ainda mais abaixo no subsolo e iniciarem o plano. Quando todas as bombas tivessem sido ativadas ao mesmo tempo, eles teriam dez minutos para subir os três andares até a superfície e embarcar nos aviões, que os esperariam até os momentos finais. Com exceção dos três líderes, que afirmaram que embarcariam nos últimos aviões junto com os voluntários, ninguém tinha permissão para ficar no local. Temari até mesmo tentara convencê-los a deixa-la fazer pelo menos isso, mas Orochimaru, Jiraya e Tsunade se mantiveram impassíveis.

A maioria das pessoas haviam despachado suas malas que, em sua maioria, consistiam apenas de uma única mochila, no dia anterior. Era difícil achar renegados que possuíam bens materiais, e os que tinham provavelmente os perderam antes mesmo de entrar na Resistência. Mas, ainda assim, não era incomum encontrar pessoas carregando suas malas até os aviões e conferindo diversas vezes o próprio quarto para ver se não haviam esquecido nada. O fato de que todo mundo parecia ter um local para ir a todo o momento, nunca ficando parados por muito tempo, era a principal causa de os corredores estarem superlotados.

Sakura sabia que ainda se veriam no caminho até a divisão de setores, mas queria, por precaução, falar com todos antes. Não gostava de pensar que aquilo era algo como uma despedida, já que parecia patética a ideia de algo tão grande ser tratado com tanta banalidade. Mas parecia impossível achar quem quer que fosse.

Encostada à parede, com os pés doendo, por estar apoiando todo o peso de seu corpo apenas na ponta deles durante algum tempo, o pescoço esticado o máximo possível e os olhos observando o topo da cabeça de vários estranhos, enquanto tentava achar a cabeleira loira de Ino, Sakura percebeu, quase surpresa, a real quantidade de pessoas que se juntaram para lutar contra o Governo. E renegados, pela primeira vez, parecera-lhe um nome feio para designa-los. Eles não renegaram a própria pátria, como o Governo tanto afirmava, estavam apenas tentando salva-la. Aquilo não deveria ser crime, e eles não deveriam ser os vilões da história. Porque, diferente de qualquer vilão, para eles, não existia uma segunda opção.

Era roubar, ou ficar com fome.

Era fugir, ou ser preso.

Era matar, ou morrer.

As segundas opções que tinham, todas elas, sem exceções, os levariam a um único caminho: a morte. E nenhum ser da imunda raça humana é bom o suficiente para escolher morrer como herói, enquanto pode, mesmo que seja como vilão, viver. Ninguém ali queria morrer, mesmo que estivessem dispostos a tal por uma causa maior, e essa covardia que os impeliu a escolher aquele caminho permitiu a todos os renegados a descoberta da mais pura verdade da realidade em que viviam.

Nem todo herói salva vidas.

E nem todo vilão é mau.

(...)

Depois de quase ser arrastada para fora da Resistência junto com a massa de pessoas que seguiam na direção dos aviões, Sakura desistira de procurar os outros e retornara ao próprio quarto com esperança de encontrar pelo menos Naruto ou Sasuke lá. Mas achara apenas três renegados que também dividiam o quarto consigo, saindo apressados, enquanto carregavam mochilas. Eles provavelmente não tinham se voluntariado. Não decorara o nome de todos que o haviam feito, mas tinha quase certeza de que, daquele dormitório, apenas Sasuke, Naruto e ela ficariam para a última remessa de pessoas. A das que sobrevivessem.

Já ficara sozinha naquele quarto outras vezes, mas ele nunca lhe parecera tão vazio e solitário. Era como se todos houvessem ido embora, deixando-a ali. E, por mais que soubesse que aquilo não passava de outro pensamento pessimista para a enorme coleção que fazia deles nos últimos tempos, não deixava de ser uma sensação angustiante. Sentiu vontade de sair novamente, mesmo que fosse ser pisoteada fora dali, mas antes que pudesse fazer algo a respeito, a porta às suas costas abriu com um ruído abafado e baixo. Extremamente baixo, tanto que não ouviria caso o silêncio no quarto não fosse sepulcral.

Naruto, provavelmente, também devido a falta de barulho, pareceu surpreso ao encontra-la parada no meio do quarto, olhando-o como se fosse a pessoa mais feliz do mundo por vê-lo. Pretendia perguntar o que acontecera e provoca-la um pouco questionando o porquê da expressão carente, mas o rosto de Sakura, em questão de segundos, voltara ao normal, e ela revirou os olhos, mesmo que no fundo ainda parecesse aliviada.

– Nunca me viu, Naruto? Tira uma foto que dura mais – resmungou virando-se e seguindo para a própria cama, como se tivesse concluído o que quer que estivesse fazendo parada ali. Ninguém diria que a garota, segundos antes, planejava atravessar a porta o mais rápido possível.

– Felizmente eu não tenho celular para isso. – Sorriu irônico, encostando a porta atrás de si e seguindo o exemplo de Sakura. Sua cama nunca parecera tão convidativa antes.

– Onde você estava? – Sakura recostou as costas na parede, e abraçou as pernas junto ao peito, mesmo que, com aquilo, estivesse colocando as solas sujas das botas na fronha. Ninguém voltaria a dormir ali, de qualquer forma.

– Me esqueci do horário marcado para irmos até a sala de preparação, então estava atrás de alguém que pudesse me ajudar. Porém, com esse movimento desgraçado, a única coisa que eu consegui foi ter os dedos dos pés esmagados e as costelas socadas – resmungou, deitando a cabeça no travesseiro com as mãos sobre a barriga. – Esse pessoal não tem um mínimo de educação.

Ergueu as sobrancelhas, relembrando mentalmente quantas vezes o mandara mastigar com a boca fechada ou não gritar. Na verdade, durante algum tempo, principalmente entre os doze e quatorze anos, mais parecera mãe de Naruto do quê melhor amiga.

– Você também não tem, e eu aprendi a lidar com isso. Você se acostuma.

– Eu riria dessa sua piada se não estivesse com dor, palhaça.

Sakura deu de ombros, como se dissesse que não podia fazer nada sobre o assunto.

– Viu o Sasuke?

– Não. Mas aposto um braço que deve estar sentado em algum lugar esperando esse inferno passar, ele não é tão corajoso quanto eu. – Se gabou, fazendo uma expressão desdenhosa.

– Ou tão burro – murmurou, mesmo que tivesse passado pelo mesmo que o loiro.

O garoto sorriu, depois de um tempo em silêncio, fechando os olhos e colocando as mãos atrás da cabeça.

– Isso me lembra de dois, três anos atrás. Nossa única diversão era implicarmos uns com os outros, éramos incrivelmente bons nisso.

Surpreendeu-se ao se dar conta de que Naruto estava certo. Parecia realmente que estavam de volta ao passado, e aquilo era espantosamente aconchegante. Depois que o loiro fora pego pelos militares e levado ao CTEG tudo mudara tanto que coisas normais, que poderiam até mesmo ser consideradas partes de suas rotinas, foram esquecidas e substituídas por situações completamente diferentes.

De três eles se tornaram quatro quando salvaram Ino, depois quatorze quando se juntaram a Shikamaru, Chouji, Neji, TenTen, Lee, Gaara, Temari, Kankuro, Kiba e Shino, em seguida quinze após Hinata ser praticamente sequestrada por Neji, e por fim, o grupo, inevitavelmente, mesmo que não admitissem no início, se expandiu para vinte e nove quando passaram a morar com a Akatsuki. Aquilo não estava em seus padrões de sociabilidade, não estavam nem mesmo nos de Naruto que sempre insistira que deviam fazer alianças com mais renegados, mas acontecera.

Parando para realmente pensar naquilo, parecia surreal que suas realidades tivessem mudado tanto em tão poucos meses. Mas, por mais tranquila e costumeira que tudo fosse antes, Sakura não conseguia imaginar-se desejando que as coisas fossem diferentes. Mesmo o plano para destruir o Governo, por mais arriscado que fosse para a vida de muitas pessoas que ela gostava, ainda era um plano para destruir o Governo. Se desse certo, o que tinha grandes chances, salvaria ou melhoraria a vida de milhares de pessoas. Tinham vivido até ali em busca daquilo, afinal. Finalmente seriam livres.

Sakura riu.

– Acho que estamos perdendo o jeito, percebeu que nunca mais falei das suas mãos de mulher?

– Porra, as mãos de mulher não Sakura. – Naruto fez uma careta, virando o rosto para encara-la. – Elas são praticamente do tamanho das do Sasuke!

– Quatro centímetros de diferença, Naruto... – Sakura cantarolou, rindo da expressão indignada do garoto.

– Eu tenho certeza que elas cresceram desde a última vez que a gente mediu. – Bufou, abrindo e fechando as mãos para analisa-las. – Mas faça algo de útil além de ser chata e me diga quanto tempo ainda falta até precisarmos nos mover daqui, sim?

Sakura ignorou-o, erguendo-se e caminhando em direção à porta. Por um momento realmente achou que a garota ia sair e deixa-lo falando sozinho, mas, quando abriu a boca para reclamar, viu Sakura apenas entreabrir rapidamente a porta e em seguida fecha-la novamente.

– Pelos meus cálculos, nós temos quinze segundos, mas posso estar sendo apenas otimista. – Sentou na própria cama, amarrando mais firmemente os cadarços das próprias botas, com calma que não condizia com o atraso que anunciara.

– Tá brincando?! – Naruto se ergueu em um pulo, parecendo ter se esquecido das costelas doloridas, e então reclamou de dor, como se tivesse cinquenta anos a mais do que realmente tinha. – Você também não sabe o horário, né?

– Não. Mas suponho que já devíamos estar lá. Você escuta barulho de passos, pessoas falando ou até mesmo respirações, Naruto?

– O quê..? – Ele franziu o cenho, passando as mãos pelos próprios cabelos, como se o estivesse arrumando, mesmo sabendo que continuaria tão espetado quanto já era.

Sakura se ergueu, revirando os olhos.

– Barulho. Não tem ninguém lá fora, provavelmente os outros já embarcaram nos aviões.

Ele fez uma expressão de compreensão e então seguiu em direção à porta, mas Sakura puxou-o pelo braço antes que saísse do quarto. Naruto encarou-a confuso, enquanto Sakura sorriu levemente antes de abraça-lo.

– Ative a bomba direito, ok? Eu amo você.

(...)

Ela e Naruto realmente estavam atrasados, mas, por sorte, não eram os únicos. Aparentemente a maioria dos voluntários haviam se dispersado em meio a multidão de renegados que partiriam em direção à outra base da Resistência, e, por isso, poucos conseguiram chegar a sala de preparação a tempo.

Quando adentraram o local, esperando levar algum tipo de repreensão ou ao menos uma advertência, apenas Sasori, Deidara, Tobi e Hinata, além de alguns voluntários que não conheciam, estavam na sala. Sasuke chegara um tempo depois, e aos poucos o lugar fora parecendo cada vez mais cheio, já que mesmo que mais de 90% dos membros da Resistência houvessem ido embora, ainda eram setecentas e cinquenta pessoas espremidas em uma sala.

Precisaram se reunir perto da porta para que pudessem sinalizar, para as pessoas conhecidas, sua localização, a medida que iam chegando. Na realidade, não demorou muito para, assim como tinham feito, diversos grupos estarem espalhados pelo espaço. Todos pareciam ter escolhido passar o tempo conversando uns com os outros, já que os líderes, no final, foram os mais atrasados, e o barulho de centenas de vozes tentando se sobrepor ao mesmo tempo preencheu o local de forma que, para Sakura, era difícil ouvir os próprios pensamentos.

Fora difícil falar com cada um deles, mas nada superaria o quanto fora sufocante fazer isso com Ino, Deidara, Neji, Hinata, Gaara e Itachi. Escolhera bem em aproveitar o tempo a sós que tivera com Naruto, já que a sensação seria dez vezes pior se fizesse ali, quando a realidade parecia tão próxima e abrasadora.

Ino estava com os olhos lacrimejando e, ao abraçar a loira, Sakura sentira algo molhado pingar em seu ombro, fazendo-a rir e chama-la de chorona, mesmo que sua vontade fosse de se encolher no chão e berrar como um bebê junto com ela.

Hinata apenas acenara a cabeça em sua direção, como se não tivesse intenção de se aproximar e aquele cumprimento fosse o suficiente, mas Sakura caminhara em sua direção com uma expressão indignada e apertara-a entre os braços, enquanto a garota suspirava. Ino e TenTen a cercaram também, deixando-a sem possibilidade de fuga, e, no final, toda aquela distribuição de afeto grátis fez a morena abrir um mínimo sorriso, dizendo que deveria ter escolhido amigas menos melosas.

Sakura não pôde deixar de imaginar que, se Temari estivesse ali, daria lhe um cascudo pela insensibilidade, mesmo que já estivessem acostumados ao jeito da garota.

Enrolara um pouco para falar com Itachi, principalmente por causa de Sasuke, mas ele parecia distraído demais revirando os olhos para os abraços que Tobi estava distribuindo para todos, até mesmo pessoas que ele nunca vira na vida. Itachi era parecido com o irmão mais novo nesse aspecto, apesar de parecer bem mais amigável que Sasuke. Ele estava acenando positivamente para algo que Kisame falava, e o fato de que estava ocupado intimidara Sakura o suficiente para que cogitasse se aquela realmente era uma boa ideia.

Gostava de Itachi e, apesar de não exatamente concordar com sua decisão de abandonar Sasuke para entrar na Akatsuki, entendia os motivos dele. Não achava que seria capaz de se afastar de uma irmã mais nova, caso tivesse uma, mas, sem dúvidas, faria tudo que fosse necessário para protegê-la. Admirava-o por isso, talvez fosse a escolha dele que tivesse mantido Sasuke vivo até então, por causa dele Naruto se juntara ao garoto e logo em seguida os dois a encontraram. Se Itachi tivesse escolhido continuar sendo o herói do irmão, talvez Sasuke não estivesse ali.

– Itachi. – Sakura virou o rosto com vergonha, puxando a manga de sua camisa, tinha quase certeza de que parecia uma criança pedindo algo aos pais.

Ele olhou para baixo, surpreso.

– Sakura, posso ajuda-la? – Diferente de Sasuke, o garoto era tão educado que chegava a ser estranho falar com ele.

– Posso falar com você rapidinho? – murmurou, olhando para Kisame que, antes mesmo de Itachi responder, acenou e saiu para se juntar a Zetsu, Hidan e Kakuzu que riam apontando para algo no meio da multidão.

– Algo sobre o Sasuke? – Itachi virou-se para encara-la, e Sakura soltou sua manga, constrangida por ainda estar segurando-a.

– Não, não é isso. Bem, é que eu... – Coçou a cabeça, sorrindo sem graça. – Sabe, eu gosto de você.

Ele entreabriu os lábios e arregalou os olhos. Sakura franziu o cenho, confusa pela reação estranha dele, mas espelhou sua expressão ao dar-se conta de como aquilo havia soado.

– Não! Espera, calma aí. Não é isso, eu não gosto de você assim. – Sentiu suas bochechas ficarem vermelhas, e bufou, irritada. – Ora, como você pode pensar uma coisa dessas? Eu estou com o seu irmão e...

– Eu já entendi, está tudo bem. – Riu, bagunçando os fios rosa com a mão, como se Sakura fosse uma criança.

A garota suspirou, aparentemente as pessoas achavam legal bagunçar seu cabelo, ignorando totalmente as horas que levava para penteá-lo.

– Certo. Obrigada por me deixar passar aquele dia, eu realmente achei que precisaria perfurar sua cabeça com uma pedra. – Deu de ombros.

Ele riu ainda mais. Tirando o cabelo e algumas marcas de expressão, o garoto era bem parecido com Sasuke, o sorriso principalmente.

– Fiz bem em deixa-la ir, então. – Baixou o tom de voz, permanecendo com uma expressão gentil. – Fico feliz que o Sasuke tenha encontrado você e o Naruto. Não sei se conseguiria ter cuidado tão bem dele. Você fez um bom trabalho, Sakura, mesmo que eu já não conviva com ele a muito tempo, eu sei o quanto meu irmão pode ser teimoso e alguém difícil de se lidar.

– Bem, Sasuke é quase um ano mais velho, então acredito que eu não tenha feito grande diferença, já que ele continua quase a mesma coisa e...

– Está errada. – Interrompeu-a. – Não é muito perceptível, porque o Sasuke é alguém naturalmente fechado, mas ele sofreu grandes mudanças. Depois que perdemos nossos pais, o Sasuke passou um longo tempo sem demonstrar qualquer tipo de emoção que não fosse raiva. Ele era uma criança e eu sentia, eu conseguia ver que havia me tornado seu único centro de apoio. Talvez ele tenha sofrido até mesmo mais quando o deixei do quê quando nossos pais morreram, porque, para ele, os dois haviam morrido como heróis. Enquanto eu simplesmente me tornei um vilão. Sasuke estaria perdido, caso você e Naruto não houvessem o mantido consciente.

Itachi parecia tão certo das próprias palavras, que Sakura não conseguia se ver na posição de contra argumentar. Não conseguia falar nada, e realmente temeu que um silêncio constrangedor se espalhasse pelo local, devido sua falta de resposta, mas Itachi respirou fundo e fechou os olhos, como se estivesse se preparando para algo.

– Eu amo meu irmão – ele continuou, não hesitando em dizer aquilo. Abriu os olhos, e inclinou-se para frente, encarando-a seriamente. – Eu não queria jogar uma responsabilidade tão grande nas suas costas, mas parece tão fácil para você que eu não consigo me obrigar a desistir dessa atitude egoísta. Então, te peço que me prometa que continuará fazendo-o feliz. Prometa-me que ficará ao lado dele, Sakura, por favor.

Piscou, atordoada. Aquele não era um pedido simples, não era algo banal para ser prometido sem precedentes. Sakura não poderia prever se, depois que aquilo tudo acabasse, ela e Sasuke seguiriam o mesmo caminho. Se os três continuariam juntos. Ela não sabia ao menos se eles sobreviveriam.

Suspirou, abaixando a cabeça e passando a língua pelos lábios, subitamente secos.

– Eu prometo.

Mas, por algum motivo, sentira que aquela era a resposta certa.

(...)

Sakura rodeou a cintura de Naruto com o braço, pondo a cabeça em seu ombro. Precisava admitir que estava entediada com as repetidas explicações de Tsunade sobre a ativação das bombas. Mais parecia que os líderes tinham os solicitado duas horas antes apenas para que tivessem tempo de falar a mesma coisa vezes o suficiente para até mesmo Tobi decorar, do que para uma despedida, palavras de consolo e incentivo ou algo do tipo.

Entendia a preocupação deles, já que tudo precisaria sair perfeito para que o plano funcionasse, mas o processo chegava a ser bem simples, na verdade. A única coisa que poderia confundi-los seria o código da trava da bomba, mas era uma sequencia numérica ridícula em comparação com o que estavam acostumados. Conectar os dois fios nas caixas de força da sala era fácil, e o último passo que era apertar um botão vermelho, sem dúvidas, não seria um grande desafio. Teoricamente não deveriam ser informados daquilo tudo de última hora, mas a ideia para destruir o Governo, em si, já fora totalmente equivocada.

Mesmo que tivesse uma grande probabilidade de dar certo, a falta de planejamento talvez colocasse tudo a perder, talvez eles falhassem, mas o fato de que o Governo pretendia dizima-los em breve os deixava sem escolha. Aquela realmente era a única alternativa. A única chance, não só deles, como de todos os renegados.

Sakura esfregou os olhos, contendo um bocejo e tendo certeza de que fizera uma careta horrível por causa disso. Se apoiar em Naruto devido ao sono e cansaço era uma boa desculpa, mas a verdade era que estava tentando reunir coragem. E precisaria fazer isso rápido, se quisesse que desse tempo, já abusara demais da sorte enrolando até ali. Mas, mesmo que Sasuke estivesse do seu lado, com o corpo encostado na parede, os braços cruzados e os olhos fechados, mesmo que só precisasse chama-lo, aquilo ainda era tão difícil.

Ele estava com um leve mau humor, provavelmente ainda estava irritado com Naruto por tê-lo feito urinar atrás de um banco de cimento na frente de todos, e talvez um pouco irritado consigo também, já que Sakura não conseguira controlar as risadas e, na verdade, ele estava se dispondo aquilo apenas para que ela não passasse vergonha. Sentia que estava devendo algo ao garoto, mas deixaria para resolver aquilo depois, antes precisava ao menos conseguir falar com Sasuke.

O grande relógio na sala indicava que tinha vinte minutos, e a pressão do tempo só tornava tudo pior. Precisava se controlar e alcançar o ápice de sua consciência para que não o puxasse pelo braço e saísse correndo da sala para bem longe de qualquer coisa explosiva. Ele não ficaria nada feliz se fizesse aquilo, além é claro de que estaria destruindo as esperanças de muitas pessoas.

Soltou-se de Naruto, que olhou-a intrigado, mas Sakura apenas balançou a cabeça, afirmando não ser nada importante, e logo o garoto voltou a prestar atenção na conversa clandestina, aos olhos de Tsunade, que mantinha com Yahiko e Deidara. Era estranho ver aqueles três praticamente sussurrando. Sakura desceu as mangas que estavam enroladas até os cotovelos, escondendo os braços arrepiados, e respirou fundo esticando a mão para tocar a de Sasuke.

– O que foi, Sakura? – murmurou, sem abrir os olhos.

Sakura bufou baixo, era bizarro que ele conseguisse adivinhar sua presença apenas pelo toque de mão, mas talvez Sasuke somente soubesse que ninguém, além dela, faria isso. Todos presavam pela própria vida.

Não respondeu nada, começando a puxa-lo e obrigando-o a abrir os olhos, para não tropeçar e cair no chão. Sakura sabia que Sasuke odiava ser arrastado, mas ela não abriria mão daquilo naquele momento, se o soltasse provavelmente perderia a coragem e mudaria de ideia sobre falar com ele.

Não tinha exatamente um lugar vazio, mas as extremidades do salão eram menos ocupadas e apenas alguns estranhos com expressão sonolenta e apoiados nas paredes, alguns casais em demonstrações públicas de afeto e pessoas que estavam sentadas no chão realmente dormindo estavam ali. Não seriam atrapalhados, o que Sakura não julgou necessariamente bom quando foi obrigada a encarar Sasuke.

Ele tinha uma expressão levemente intrigada, como se não conseguisse imaginar o que Sakura queria levando-o para longe dos outros.

– Não é nada de mais. – Sakura respondeu a pergunta que o rosto de Sasuke estampava e ele ergueu uma sobrancelha. – Eu apenas sei que você não gosta de ser abraçado em público, então... – Deu de ombros, a parte injusta era que Sasuke não se importava quando era ele a abraça-la na frente de outras pessoas.

Sakura rodeou o tronco dele com os braços e escondeu o rosto levemente vermelho. Aquilo de ficar envergonhada era realmente incômodo, mas desde que transara com Sasuke às vezes não conseguia evitar a queimação em suas bochechas. Sakura praguejou, deveria ser ao contrário, a quase inexistente vergonha que sentia dele deveria ter evaporado de vez.

– Está tudo bem, Sakura. – Sasuke vinha repetindo aquilo tantas vezes desde que chegaram a Resistência, que parecia realmente empenhado em tranquiliza-la.

– Quando tudo isso acabar, se nada der certo na procura por empregos, você deveria escrever um livro de autoajuda. Apenas transcreva a quantidade de vezes que você já me disse que está tudo bem e, com certeza, fará sucesso. – Sakura sentiu o peito dele tremer, e olhou para cima assustada, ficando espantada ao ver o rosto de Sasuke.

Ele estava rindo.

Sasuke abaixou o rosto, fitando-a com o que poderiam considerar uma expressão divertida.

– O que é? – Ele soltou um braço de sua cintura apenas para pressionar o vinco entre as sobrancelhas de Sakura, que estavam franzidas.

– Você é estranho – ela murmurou com falsa lástima.

– Com certeza eu sou o estranho, garota do cabelo rosa. – Sasuke voltou a segura-la com os dois braços, diminuindo a distancia entre os dois.

Sakura teve certeza de que aqueles seriam os vinte minutos mais rápidos de sua vida.

– Preciso que faça uma coisa. – Sasuke levou a mão até o bolso traseiro da calça, puxando algo. – Guarda para mim. – Ele entregou-lhe um papel.

Franziu o rosto, desdobrando a folha um pouco mais dura que o normal e consideravelmente pequena também. Sakura piscou, confusa, vendo a foto que achara alguns meses antes quando estava limpando seu antigo esconderijo. Sasuke, seu pai e sua mãe, agora sabia, provavelmente a parte rasgada equivalia ao espaço onde Itachi deveria estar.

– Sasuke...

– Não precisa se preocupar. Depois você me devolve, ok? É apenas porque se ficar comigo eu vou acabar perdendo.

Sasuke não era descuidado, ele nunca perderia aquele papel. Estava dando-o por outro motivo. E Sakura não queria acreditar no que sabia ser, mas não faria diferença, já havia tomado sua decisão, de qualquer forma.

– Tudo bem. – Sorriu. – Lembra quando eu te disse que tinha decidido uma coisa?

– Hum – murmurou para que prosseguisse. Ele ergueu as sobrancelhas, voltando a abraça-la.

– Eu decidi que vou confiar em você.

– O que está querendo dizer?

Sakura sorriu e foi sua vez de erguer a mão para pressionar o dedo entre as sobrancelhas franzidas dele.

– Apenas decidi que, nem que você seja a primeira e única pessoa a sair daquele setor vivo, eu vou te esperar. Você vai voltar para mim, Sasuke.

(...)

Sasuke respirou fundo caminhando para o lado contrário ao qual Sakura seguira pouco tempo antes, estava indo para o mais profundo interior do local enquanto ela ia para o mais perto possível da saída, aquilo era bom. Sakura sem dúvidas conseguiria sair, além de ter pegado uma localização privilegiada a garota sempre fora ágil e rápida. Tinham três minutos para alcançar a sala onde a bomba designada para que ativasse estava. Orochimaru comunicaria pelos alto-falantes a autorização para acionarem a contagem regressiva ao mesmo tempo.

Depois disso, cada um precisaria correr pelo corredor equivalente a câmara onde estavam até chegar a rampa de acesso à superfície. Cada câmara tinha uma ligação com um corredor diferente, então ninguém correria o risco de ser pisoteado até a morte por uma multidão de pessoas tentando salvar a própria vida. Por um lado era bom, mas por outro significava apenas que uma curva errada poderia deixa-los presos em um labirinto sem saída.

No dia anterior Tsunade distribuíra folhetos com toda a planta do local e a rota que cada um precisaria seguir, mas Sasuke poderia apostar que a maioria das pessoas estavam apreensivas demais para conseguir aprender algo, e as que tentaram não deviam ter tido muito avanço. Odiava admitir, mas era o mesmo consigo, então seguiria o conselho mais básico que os líderes os deram. Seguir reto por três corredores, então dobrar a direita e logo em seguida a esquerda. Aquele era um comando que convenientemente servia para todas as câmaras de todos os setores. Mas o nervosismo e pressa poderiam ser grandes obstáculos.

Puxava uma enorme quantidade de ar para os pulmões a cada passada, como se aquilo fosse um tipo de meditação para mantê-lo calmo e racional. Ninguém nunca saíra com vida do setor vermelho, ainda durante os testes de funcionamento do local longos anos antes, poderia lidar com isso. Era um desafio, afinal, algo praticamente impossível. De qualquer forma, decidira que daria o seu melhor, correria o mais rápido que pudesse, mesmo que o seu melhor não fosse o suficiente. Sakura ficaria orgulhosa sabendo que o fizera, independentemente de que não conseguisse cumprir suas expectativas quanto a voltar para ela.

As paredes eram revestidas com um tipo de aço, bem próximo ao das paredes que formavam a Resistência, talvez apenas um pouco mais escuro, deixando a fraca iluminação, vinda de luzes alojadas em intervalos de espaço longos demais nos corredores, ainda mais macabra. Aquela parte da Resistência não era comumente habitada, muito menos utilizada, então era compreensível a leve displicência com a manutenção de alguns detalhes. O que importava realmente era o funcionamento das bombas, e elas, os três lideres garantiram, estavam em perfeito estado para uso.

Apesar disso, mesmo com a falha de até cinquenta delas, desde que não fossem as do setor vermelho, que tinham maior potência e estavam ligadas ao subsolo de alguns dos principais prédios do Governo, o plano geral não seria afetado. Talvez não tivessem percebido, mas com o compartilhamento daquelas informações, eles apenas haviam jogado mais pressão nas pessoas responsáveis pelo setor vermelho.

Sasuke sentiu um barulho baixo abaixo dos próprios pés, logo depois o mesmo barulho parecia atravessar as paredes ao seu redor e voar em direção a seus ouvidos através até mesmo dos corredores, pelas correntes de ar. Estava em todo canto. Os geradores provavelmente haviam sido ativados. Suspirou, encarando a porta da própria câmara, o relógio em seu pulso indicava que tinha trinta segundos para adentra-la. Depois precisaria programa-lo para que cronometrasse os dez minutos que teria para chegar aos aviões do lado de fora. Talvez fosse bom que gastasse aquele curto tempo respirando um pouco do ar, não tão puro quanto gostaria, que fluía pelos corredores em ondas leves.

Os ventiladores ainda estavam ligados. Mas, por precaução, Sasuke desceu a máscara de ar pelo rosto, mesmo com o cilindro preso a suas costas ainda fechado. Aquele peso talvez diminuísse um pouco seu ritmo, mas após desligarem os ventiladores logo o oxigênio seria drenado e morrer asfixiado não lhe parecia uma boa ideia. A explosão provavelmente acabaria com tudo bem rápido, as pessoas que não sobrevivessem não sentiriam dor.

Alcançou a maçaneta de ferro da porta, após checar que faltavam apenas dez segundos e girou-a devagar, como se seu corpo e tudo ao seu redor estivesse em câmera lenta. E observara, ainda em uma velocidade anormalmente baixa, as paredes correndo ao seu redor. Sua mão soltou a porta e sentiu o corpo ir de encontro ao chão, impedindo um impacto maior com os braços ao recobrar a noção do tempo. Ergueu o rosto dolorido pelo soco, a máscara de gás havia voado alguns metros longe.

– Não lembrava que era tão distraído. Espero que não se perca aqui dentro, faça seu trabalho direito, Sasuke.

Itachi agitou a mão, provavelmente, pela força, ela deveria estar doendo bastante, mas a luva preta que a cobria impediu Sasuke de verificar possíveis danos. Esperava que estivesse doendo tanto quanto seu maxilar.

– O que está fazendo seu imbecil? Enlouqueceu, Itachi?! – Olhava atônito o próprio irmão, que apenas sorriu brevemente em sua direção.

Ele aproximou-se jogando um papel em seu rosto e tocou rapidamente seu cabelo, antes de ser afastado por Sasuke. O relógio em seu pulso apitou, indicando que já deveria estar se preparando para ativar a bomba. Itachi o estava atrapalhando e provavelmente também se atrasaria para fazer o próprio trabalho.

– Sempre rabugento... – ele murmurou baixo, ainda sorrindo. Ajustou a máscara de gás no próprio rosto, olhando para Sasuke de cima. – Eu peguei o setor intermediário, Sasuke, não me decepcione.

Sasuke observou perplexo enquanto Itachi adentrava sua câmara, e finalmente se ergueu correndo para expulsa-lo dali e aproveitar para xinga-lo um pouco, mas ao girar a maçaneta efeito algum surtira. Tentara mais algumas vezes, aplicando tanta força que juraria que ela se quebraria sob suas mãos, mas de nada adiantaria Itachi havia ativado a tranca e a única coisa que conseguiria se continuasse forçando o objeto era quebra-lo.

Sua cabeça estava latejando e a dor apenas piorou quando a voz de Orochimaru surgiu pelos alto-falantes afirmando que tinham mais três minutos antes do processo de ativação começar. Sasuke grunhiu, irritado, socando a porta.

– Seu maldito! O que está tentando fazer, hum? Quer ser a porra do herói depois de tanto tempo?! Vai se foder, Itachi!

Esfregou o cabelo, arfando. Aquilo não estava acontecendo, não podia ser. Sasuke respirou fundo com dificuldade e só então percebeu que Orochimaru já dera a ordem para que colocassem a máscara e ainda estava sem a sua, se continuasse assim logo ficaria sem ar. Caminhou até onde o objeto preto estava e conferiu se não havia sido danificado pelo impacto dos punhos de Itachi seguidos pelo chão duro. Por sorte, estava em perfeito estado e Sasuke colocou-a no rosto, abrindo o cilindro de gás a suas costas, que devido a queda provavelmente havia deixado alguns hematomas em suas costas.

Não sentia dor realmente, a adrenalina parecia inibir todas as sensações de seu corpo, deixando-o dormente enquanto sua mente estava embaçada. Precisava se acalmar se quisesse diminuir as palpitações aceleradas de seu coração, precisava pensar em um jeito de entrar naquela sala em menos de dois minutos.

Sasuke encarou o papel que Itachi jogara em cima de si, estava caído no chão próximo da porta. Abaixou-se, o apanhando com as mãos geladas, mesmo que cobertas pelas luvas pretas que faziam parte das roupas que lhe foram entregues para uso. Não era muito grande, talvez menor que a metade de uma folha de papel comum.

– Eu por acaso tenho cara de lixeiro...

Ergueu a folha entre seus dedos, preparando-se para rasga-la em pedacinhos e jogar na cara de Itachi quando ele saísse daquela sala. Mas a respiração que puxava pela máscara de gás travara, da mesma forma que seu coração parecera parar por alguns segundos, ao olhar o lado que não estava em branco.

Era uma foto, a mesma que dera a Sakura.

Mas, diferente da sua cópia, aquela não estava faltando nenhum pedaço.

(...)

Sakura tremeu vergonhosamente ao ouvir o barulho do relógio. Aquilo era péssimo, suas mãos estavam tremendo e provavelmente levaria o dobro de tempo para fazer tudo. Não podia se desesperar, precisava manter a calma, aquele era um jogo psicológico acima de tudo, e usando toda a experiência que adquirira nas incontáveis vezes em que já passara por situações piores, precisava manter a compostura.

Suspirou flexionando os dedos e segurando, com um pouco mais de firmeza, o primeiro fio. Era azul e bem fino, precisava conecta-lo na entrada A4, a última entrada. Logo depois fora a vez do fio vermelho, este que fora conectado na entrada B1. Eram os dois últimos fios que faltavam para uma enorme sequencia de quatro cores, azul, vermelho, amarelo e verde. Eram quatro fios para cada uma das cinco entradas nomeadas com letras do alfabeto. A grande maioria deles já estavam plugados, já que sozinhos não surtiriam efeito algum, não correndo risco de nenhum acidente, apenas aqueles dois últimos seriam necessários para completar a ativação.

O segundo passo era o código de acesso, que liberaria o uso do ativador final. Sem dúvidas a pior parte, Sakura sentiu uma gota de suor escorrer por sua têmpora e nem ao menos havia começado o esforço físico.

Não era uma sequencia exatamente normal, já que além de letras e números mesclava também símbolos, muitos dos quais Sakura vira nem ao menos uma vez na vida. Trinta dígitos, cada um cuidadosamente selecionados no painel e conferidos duas ou três vezes por Sakura antes de seguir para o próximo. Parecia uma tortura, o empenho para não errar devido a pressão em contraste com a falta de tempo que também a pressionava. Se demorasse muito, acabaria sem tempo para sair dali.

Sakura soltou a respiração que prendia ao terminar o código e ver com alívio a mensagem que indicava que fora inserido corretamente. Em seguida, mais rapidamente do que fizera qualquer outra coisa ali, jogara a mão contra o grande botão vermelho, separado de todos os outros para que não houvesse confusão, e apenas vislumbrara rapidamente por cima do ombro a contagem regressiva de nove minutos e sete segundos surgir no painel, antes de escancarar a porta e sair correndo da sala, como se sua vida dependesse disso. E realmente dependia.

Perdera quase um minuto de seu tempo para chegar ao avião devido a sua lentidão, e agora precisaria compensa-lo aumentando o ritmo de suas passadas o máximo que pudesse. Com certeza ficaria com dores nas costas por conta do peso do cilindro de ar, sua máscara estava estranhamente frouxa. E após dobrar o segundo corredor sentiu-a desprender-se de seu rosto e se chocar contra o chão. Arregalou os olhos, prendendo a respiração e se abaixou para pega-la, segurando-a contra o rosto por conta própria e recomeçando a correr, após um breve teste ao sugar o ar. Ainda estava funcionando.

Podiam ser apenas quatro corredores, mas todos eles eram simplesmente enormes, tanto que de uma ponta não se era possível enxergar a outra. Além do fato de que, as aberturas de outros corredores um pouco mais curtos que davam acesso a outras câmaras, serem de fácil confusão. Afinal, todas as paredes ali eram idênticas, e, como tudo o que menos tinham era tempo, não poderiam se submeter a tomar o caminho errado ou parar para analisar qual a entrada certa.

Sakura sentia que seu corpo estava derretendo dentro daquelas roupas quentes e pesadas, e quase chorou de alívio ao ver a parede à sua frente, que indicava que só havia saída para a esquerda. Aquele seria o último corredor antes que alcançasse a rampa. Com uma rápida olhada em seu pulso, a garota constatou ainda ter cerca de três minutos. Devia ser por aquele motivo que se era considerado impossível sair do setor vermelho, com dois minutos de folga em seu desempenho significava que, através de algum esforço, as pessoas do setor intermediário poderiam compensar a distância entre os dois percursos naquele tempo. O setor vermelho, por outro lado, era ainda mais distante.

Sacudiu a cabeça voltando a se concentrar em não tropeçar nos próprios pés. Já começava a enxergar a grande estrutura inclinada alguns bons metros à frente, enquanto uma luz meio enevoada escapava da abertura. Faziam quase dois meses que não subia a superfície. E como fora levada até ali sedada, nunca nem ao menos vira a parte de fora da Resistência, a ideia de fazer isso pela primeira vez fez Sakura acelerar ainda mais seus passos, mesmo que soubesse que acabaria apenas se desgastando ainda mais.

Durante o caminho centenas de aberturas ocupavam as paredes, caminhos que levavam a outros corredores. Por aquela ser a única saída, todas as passagens que levavam as setecentas e cinquenta câmaras estavam alojadas ali. E contra a luz da saída Sakura conseguia enxergar algumas silhuetas correndo, provavelmente em direção aos aviões. Logo o barulho dos próprios passos parara de ser o único que conseguia ouvir, enquanto era tomada pelos sons da corrida de outras pessoas. Se olhasse para trás sem dúvidas veria renegados também correndo para fora dali.

A rampa que levava a saída era a maior que já vira na vida, algo equivalente a três andares. Como a Resistência era uma estrutura subterrânea e o labirinto das bombas ficava ainda mais abaixo na terra, eles praticamente precisariam escalar até a planície novamente. Suas pernas queimavam, e, ao chegar perto do topo, Sakura arrancou a máscara de ar do rosto, o oxigênio já circulava por ali. E, não muito tempo depois, já corria em direção aos aviões de porte médio, parados alguns metros adiante. Todos eles já haviam sido selecionados para uma aeronave, e graças aos três líderes, todos os seus amigos ficariam juntos.

A entrada para o avião três, bem como todos os outros, era uma rampa, mesmo que extremamente pequena em comparação com a da saída. Sakura escalou-a com pressa, ansiosa para ver se mais alguém que conhecia já havia conseguido, esquecendo-se até mesmo de analisar a paisagem que cercava a Resistência, sua curiosidade sobre aquilo poderia ser sanada outra hora.

Por dentro o transporte aéreo parecia algo equipado para levar cargas, principalmente devido a falta de assentos, mas Sakura sabia que, apesar da aparência, eles haviam sido projetados justo para aquele momento. Não era algo que visava conforto, o mais importante ali era a sobrevivência.

Apoiara as mãos nos joelhos, ofegante, enquanto procurava reconhecer alguém em meio as poucas pessoas que haviam ali, mas apenas achara Yahiko e Suigetsu sentados um pouco ao canto e tão ofegantes quanto estava, como se também tivessem acabado de chegar. Sakura retirou a pesada mochila que escondia o cilindro de gás e sorriu com os lábios secos e rachados, caminhando até os dois e sentando-se ao lado de Suigetsu, que, antes de qualquer coisa, estendeu-lhe uma garrafa de água. Roubou-a da mão dele com pressa e o garoto riu.

– Obrigada – lembrou-se de murmurar, após esvaziar todo o recipiente em questão de segundos.

– Os outros ainda têm dois minutos – Yahiko comentou, arrancado o relógio do pulso e o encarando. – Isso é bom...

– Sim – Sakura concordou. – Agora vem a pior parte, esperar pelos outros. Acho que estou mais apreensiva do que quando estava correndo como uma louca. Estão aqui há muito tempo?

– Chegamos juntos, quase agora. Você se saiu bem, achei que uma boa parte dos homens iria chegar antes de aparecer uma mulher. – Suigetsu suspirou. – Espero que a Karin saia logo, essa mulher ainda vai me matar do coração.

– Que boca abençoada – Sakura murmurou divertida ao ver uma cabeleira ruiva aparecer e logo em seguida despencar para o chão.

Karin não se importou em ser possivelmente pisoteada pelas próximas pessoas que chegassem, apenas se deitando no chão ainda na entrada do avião. O peito da ruiva subia e descia rápido e ela fechou os olhos, como se fosse dormir. Suigetsu sorriu, um dos sorrisos mais aliviados que Sakura já vira na vida, o que a fizera pensar se sua expressão seria a mesma quando Sasuke chegasse. O garoto se levantou, caminhando até a ruiva e apoiando o corpo dela no seu, deixando-a parcialmente sentada, então despejou água na boca dela com a garrafinha que ainda tinha em mãos. Ele murmurou algo baixo o suficiente para que Sakura não conseguisse ouvir, e em seguida deu um beijo na testa suada da namorada, que sorriu.

Depois de Karin, Sakura observara Gaara, TenTen, Kakuzu, Nagato, Hidan e até mesmo Tobi chegarem, praticamente seguidos um do outro, com uma diferença de segundos. Todos eles haviam pegado o setor neutro, e por mais que estivesse feliz, não era algo exatamente tranquilizante. Abraçara Gaara e TenTen e os dois sentaram-se perto de si, e durante algum tempo não falaram nada, já que pareciam cansados demais até mesmo para isso.

Faltava um minuto e a contagem regressiva de sessenta segundos era tão desesperadora que Sakura apenas fechara os olhos, mentalizando o máximo possível uma pausa no tempo. Sua técnica não funcionou, mas, pelo menos, tinha certeza que não haviam se passado cinco segundos e uma mão grande tocara sua testa. Sakura abriu os olhos vendo Naruto sorrindo levemente, com alguns fios de cabelo grudados ao rosto pelo suor, enquanto um pouco mais atrás Neji abraçava Hinata.

Soltou o ar que prendia, levantando-se para agarrar o loiro, e sorriu para os dois primos que apesar de visivelmente cansados pareciam bem. Menos três. Ainda faltavam dez. Não ver nada não estava ajudando em sua apreensão, então Sakura, segurando a mão de Naruto, arrastara-o para o topo da entrada do avião, observado nervosa todo o espaço de terra visível.

– Quem ainda não chegou? – Naruto bagunçou o cabelo com a mão livre, já que uma delas era esmagada pelos dedos de Sakura.

– Sasuke, Deidara, Ino, Itachi, Konan, Shikamaru... Muitas pessoas, a maioria delas do intermediário ou vermelho. – Mordeu o próprio lábio vendo um vulto se aproximar em um ritmo rápido do avião. – Está vindo alguém.

– Ino ou Deidara, olha o tamanho do cabelo.

Naruto tinha razão, e logo Sakura reconheceu o rosto de Deidara, que diminuía a velocidade aos poucos, até parar completamente no início da rampa, e subir o resto em uma caminhada lenta. Sakura arrastou Naruto consigo, ainda preso pelas mãos juntas, descendo até onde Deidara estava em seu lento processo de subida, abraçando-o de supetão e obrigando Naruto a fazê-lo também. O loiro de cabelos mais longos ficara assustado, mas apenas rira ao reconhecer Sakura.

– Que viadagem.

Shikamaru estava parado um pouco atrás observando Naruto e Sakura abraçando Deidara em conjunto e os dois loiros se separaram enojados após o comentário do garoto. Depois disso os quatro levaram uma advertência do piloto, afirmando que não poderiam ficar ali, então entraram novamente no avião.

Sakura suspirou, agora faltavam oito.

Tinham trinta segundos.

Era um absurdo, muito pouco tempo. Precisava fazer alguma coisa, ou então enlouqueceria. Sakura soltou a mão de Naruto apenas para correr até a única cabine do avião, com exceção da do piloto, e que haviam sido instruídos para não incomodar. Socara a porta algumas vezes antes que abrissem e a careta desgostosa de Orochimaru aparecesse.

– O mundo por acaso está acabando?

– Preciso falar com a Tsunade.

Ele suspirou, virando o rosto e chamando o nome da mulher, que segundos depois tomara seu lugar, com uma expressão aliviada.

– Sakura! Ainda bem, querida. – Abraçou-a. – Você conseguiu.

– Eu consegui, mas muitas pessoas não conseguirão se não derem mais tempo. – Separou-se, olhando-a com uma expressão séria. Odiava o fato de estar falando simplesmente a mais pura verdade.

– Sakura... Eu realmente não posso fazer nada. Se ficarmos aqui todos nós vamos morrer.

– Não! Eu tenho certeza que...

– Você está certa, as bombas não vão explodir daqui a – olhou no próprio relógio –, quinze segundos, vão explodir em três minutos, mas esse é o tempo mínimo para o avião se afastar o suficiente para não ser atingido.

– O avião estará voando! Não vai ser afetado. – Sakura suspirou. – Por favor.

– Eu sinto muito. – Ela olhou-a com os lábios crispados, logo entrando e fechando a porta novamente, como se Sakura não estivesse ali.

Grunhiu raivosa, retornando até o local onde todos estavam. Tinha um pequeno aglomerado e, ao reconhecer a maioria de seus amigos ao redor, Sakura aproximou-se vendo Ino jogada no colo de Gaara, enquanto Hinata tocava sua testa. Franziu o rosto observando o estado da loira, ela tinha desmaiado, provavelmente. Mas Sakura não conseguia entender o porquê de Hinata estar tirando sua temperatura.

Empurrou alguns estranhos curiosos para o lado, e um pouco mais gentilmente abriu espaço entre os próprios amigos, até se ajoelhar do outro lado de Ino.

– Obrigada, Hinata, pode deixar que eu assumo daqui. – Sorriu para a garota, que rapidamente assentiu e tirou as mãos de Ino.

Sakura apontou para Shikamaru que era a pessoa mais próxima e mandou se abaixar, colocando as pernas de Ino apoiadas em seus ombros. Em seguida se inclinou abrindo os botões da blusa da amiga de maneira apressada, sorte de Ino que usava faixas ao redor dos seios. Seguiria todas as instruções que Tsunade dera-lhe alguns meses antes.

Por último apalpou seu pulso, sentindo com alívio os batimentos cardíacos da loira normais. Mal retirara as mãos de seu braço e as pálpebras de Ino se contraíram, indicando que acordaria. Ela estava um pouco confusa e com muita sede, mas provavelmente desmaiara apenas porque sua pressão abaixara devido o excesso de cansaço e nervosismo. A garota logo ficaria bem, e Sakura ficou feliz em saber que ela conseguira.

– Sakura? – Ino murmurou, encarando-a com os olhos apertados.

Sakura sorriu e se inclinou beijando a testa da amiga, e dizendo-a para que descansasse um pouco. Gaara provavelmente cuidaria dela, já que não saíra de perto da loira em momento algum. Sakura sentiu o avião tremer levemente e uma voz desconhecida, talvez do piloto, através do alto-falante, anunciou que iriam decolar. Levantou-se, checando o relógio e constando que o tempo realmente havia acabado.

Olhando ao redor Sakura pôde reconhecer Kisame e Juugo conversando com alguns membros da Akatsuki enquanto seguravam garrafas de água. Sakura nunca vira tantas delas na vida, pareciam ter mais de três para cada um deles. Eles aparentavam estar bem, apesar de claramente esgotados, bem como todos os outros.

Menos três.

Mas o tempo havia acabado, e os cinco deles que faltavam seriam deixados para trás.

Yahiko parecia em estado de choque, ele encarava a rampa do avião, que aos poucos ia se fechando, enquanto Nagato tentava se comunicar de alguma forma com o amigo. Sakura piscou desviando o olhar para Naruto que a encarava um pouco distante, os olhos dele estavam estranhamente brilhantes e ele tinha um leve sorriso nos lábios, mas não era o costumeiro sorriso de Naruto, aquele era triste. Não era bonito.

Por um momento Sakura sentiu que todos dentro daquele avião a encaravam, o que não era verdade já que alguns deles estavam ocupados demais tentando lidar com o fato de que cinco não haviam aparecido. Sasuke estava entre eles, Sasuke estava lá fora, ele estava correndo em sua direção, tinha certeza. Ele conseguiria, Sasuke sempre conseguia, não restava dúvidas. Ele era teimoso e persistente, nunca desistia do que queria, e Sakura tinha certeza de que ele queria voltar para ela, aquilo era óbvio. Talvez ele gostasse de si até mesmo tanto quanto gostava dele. Sorriu, sentindo seus olhos marejarem, Sasuke iria voltar.

Quando a rampa se fechou completamente e o avião tremeu com mais força, começando a se erguer no céu, Sakura não fez nada. Achava que naquele momento gritaria, esmurraria as portas e até mesmo agrediria quem estivesse na sua frente, ameaçando-os para que voltassem, para que liberassem a entrada para que seu namorado pudesse entrar quando chegasse, mas ela não fez absolutamente nada durante algum tempo, apenas permanecendo parada com um sorriso congelado no rosto.

Naruto não teve coragem de se aproximar, apenas abraçando Hinata, para derramar escondido em seu ombro algumas finais lágrimas, pelas quais Sasuke provavelmente o zoaria pelo resto da vida se visse. Ino abraçava Gaara que só então parecera se dar conta do fato de que o irmão mais velho não estava ali. E Neji parecia preso pelo corpo de TenTen que cochilava encostada em si.

Deidara fora o único que se aproximara, ele estava sério, completamente diferente do habitual, e aquilo era tão anormal que Sakura apenas observou-o durante algum tempo sem dizer nada. Ele pôs a mão em seu ombro.

– Não sei o que você está sentindo, mas, bem, talvez eu tenha uma ideia. Sabe, Sasori era meu amigo a muito tempo e...

Era? Ele não é mais? – Sakura franziu o cenho, confusa.

– Ele é meu amigo, vai ser para sempre, mas a gente precisa seguir em frente, Sakura. Nós estamos vivos.

– Eu não conheço o Sasori muito bem, mas conheço o Sasuke, talvez mais até mesmo do que conheço a mim mesma, ele não está morto.

E então as explosões começaram, mesmo que não estivesse mais em contato com o chão, até mesmo o ar parecia tremer, além do barulho insuportavelmente alto. Sakura mordeu o próprio lábio, enxugando seus olhos, não sabia por que estava chorando. Devia estar com algum problema, porque absolutamente não havia motivos para aquilo.

– Sakura... – Deidara sussurrou, olhando-a com compaixão.

Ele também devia estar com algum problema, todos estavam com problemas.

Sakura se afastou quando o loiro tentou toca-la, e encarou-o nos olhos firmemente mesmo que as íris verdes já rodeadas por um vermelho leve vazassem água, que transbordava, escorrendo por sua bochecha.

– Você pode achar que eu estou louca. Talvez eu esteja, mas eu sei, eu tenho certeza, o Sasuke vai voltar para mim.

E ouvindo o som das explosões que repercutiam por toda a cidade, como uma trilha sonora final, Sakura esperou pacientemente que Sasuke voltasse, sempre acreditando nas palavras que proferia para cada pessoa que tentava consola-la sem motivo.

Mas ele não voltou.


Notas Finais


Desculpem-me por qualquer dano emocional que esse capítulo possa ter causado. Assim, espero que vocês não me matem. Sou uma pessoa do bem.

Então, sobre esse capítulo, eu realmente não tenho nada a declarar, vamos sofrer juntos, porque às vezes eu adoro um drama.

Agora uma espécie de novidade. Pessoal, esse é meu twitter: @PiinkCoala (que surpreendente). Talvez vocês achem estranho, não sei (nunca vi isso em fic SasuSaku, é mais normal nas de k-pop e tal), porém, apesar de não postar nada de interessante nele, tô pensando em manter atualizações sobre o processo de escrita (apesar de só faltarem dois capítulos para a fic ser concluída). Ex: se o capítulo está pela metade, quantos dias eu acho que faltam para concluí-lo, se por algum motivo eu vou demorar muito a postar, projetos de novas fanfics etc. É uma forma de me “comunicar” com os leitores sem precisar estar postando capítulos fakes por aqui. Falem-me se gostaram da ideia, ok?

Espero que vocês tenham gostado do capítulo, apesar de ter quase certeza que não.

Feliz Natal e Ano Novo, gente. <3
Até o próximo.


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