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História Depois da Destruição - Efeito Contrário


Escrita por: ktaecori

Notas do Autor


Olááá <3

Não demorei taaanto assim dessa vez, e teria postado antes, mas essa semana eu tive provas e antes eu estava sem criatividade, mas ontem de noite eu sentei a bunda na cadeira em frente ao computador e escrevi praticamente metade do capítulo. Terminei a outra metade agora.

Obrigada pelos favoritos e comentários, vocês são lindos <3

Desculpem-me os erros.

Espero que esteja bom.
Boa leitura!

Capítulo 28 - Efeito Contrário


Quando Shikamaru voltou, acompanhado de um garoto extremamente pálido, que dissera se chamar Sai e tinha uma expressão sarcástica que parecia eternamente presa a seu rosto, o prazo que os líderes haviam estipulado, praticamente, já havia acabado. Mas, como a parte mais difícil poderia ser considerada concluída, eles o deram até o fim do dia para organizar tudo.

O garoto não pareceu gostar de ser pressionado, mas apenas sorriu enquanto listava o material que iria precisar, sem ao menos esperar que alguém se voluntariasse para anotar os nomes estranhos. Ele os deu meia hora para conseguir tudo, e então um considerável grupo de pessoas se espalhou pela Resistência buscando cabos, fios, ferramentas, aparelhos e peças dos mais variados tipos.

Sakura poderia jurar que ele construiria um carro, ou até mesmo um robô gigante, com tudo aquilo, mas, no final, a única coisa que receberam em mãos, muitas horas depois, fora um controle remoto, extremamente parecido com os usados para ligar televisões. Talvez a maior diferença fossem as duas antenas de tamanho médio presas em suas laterais, como se imitassem chifres. Sai afirmara que Shikamaru saberia usar o objeto e, em seguida, reivindicou um dos quartos vazios para que pudesse descansar. Ninguém reclamou de sua atitude levemente folgada, porque, no fundo, todos pareciam ansiosos demais para se importar com algo tão irrelevante.

Estranha e inconvenientemente a sala de reuniões não tinha o sistema necessário para sustentar a carga elétrica do transmissor, e toda a pequena comitiva, que fora selecionada para presenciar o desenvolvimento da ideia de Sakura, precisara se encolher na minúscula sala de câmeras. O local tinha espaço suficiente apenas para as três cadeiras dos seguranças que vigiavam a Resistência através dos diversos monitores pregados nas paredes, mas, mesmo assim, ninguém se candidatara a sair e esperar notícias do lado de fora.

A ansiedade parecia percorrer todas as células de seu corpo somente por pensar que aquilo poderia resultar em novas opções, poderia fazer os líderes desistirem de toda aquela ideia maluca, poderia salvar as pessoas que se voluntariariam, e Sakura sabia que todos os seus amigos estavam inclusos nesse grupo.

Porém, no fim, nada ocorrera como planejara.

Quando tudo já estava preparado e só faltavam um ou dois botões serem pressionados, Jiraya os expulsara da sala, alegando estar muito apertado e quente. Ele dissera que, como a sala era muito pequena, mais do que três pessoas somente os atrapalharia e até mesmo Sakura foi posta para fora junto com os outros.

A porta tinha isolamento acústico então imediatamente descartara a ideia de encostar-se a ela para tentar ouvir algo. Insistir também não era uma opção, porque antes mesmo que pudesse pensar em algo a porta fora fechada em seus rostos. Shikamaru ficara preso lá dentro com os líderes um tempo a mais, já que fora escolhido como o responsável para ensinar aos três a como mexer nos equipamentos. E mesmo tendo feito seu trabalho com êxito não fora poupado de esperar junto com os outros.

Nos primeiros minutos todos eles resistiram firmemente e o nervosismo os manteve em pé, alguns já encostados nas paredes, enquanto outros andavam de um lado para o outro, mas depois de mais de uma hora sem notícias aos poucos foram sentando-se no chão, e então não demorou muito para todos eles já estarem esparramados pelo piso.

Sentia-se sem disposição suficiente para tentar puxar algum tipo de assunto, mesmo que inútil e aleatório, então, apesar de ter ficado alheia ao que acontecia a sua volta durante quase todo o tempo, Sakura tinha quase certeza que sua distração principal fora observar o teto.

Suspirou com a cabeça apoiada no colo de Hinata, que estava usando Naruto de encosto para seu pescoço. O loiro conversava com Sasuke, mas Sakura podia perceber que ele estava se esforçando para não se mexer muito e desestabilizar Hinata, que parecia extremamente confortável.

Ino estava ao seu lado enquanto, distraidamente, como se nem percebesse o que estava fazendo, usava os próprios pés para brincar com os pés de Gaara, encostado na parede de frente para si. Itachi, Konan, Yahiko, Nagato e Tobi conversavam alguma coisa em uma rodinha um pouco mais afastada. E já Deidara e Sasori jogavam alguma coisa boba, às vezes discutindo sobre quem tinha vencido a partida. Neji estava com a cabeça apoiada no colo de TenTen, com os olhos fechados, como se estivesse dormindo, mas Sakura sabia que ele estava perfeitamente acordado, atento a tudo a sua volta.

Todos estavam sentindo a mesma coisa, afinal.

– Vou beber água, antes que entre em colapso por causa dessa maldita espera – Sakura murmurou se levantando.

– Quer que eu vá com você? – Ino desviou a atenção do chão para o seu rosto e Sakura sacudiu a cabeça negativamente.

– Não precisa. Vou trazer algumas garrafas, tenho certeza que, mesmo se morressem de sede, ninguém iria querer sair antes de saber o que está acontecendo lá dentro. – Deu de ombros.

Ino concordou suavemente, como se admitisse se incluir nos citados, e virou a cabeça para Hinata, murmurando algo que Sakura não ouviu devido a rapidez com que se afastava. Precisava ir logo para voltar o mais rápido possível e não correr o risco de estar fora quando a porta fosse finalmente aberta.

Os corredores estavam praticamente vazios, aquele era o horário de treino e, como ainda não sabiam de nada do que estava acontecendo, a maioria das pessoas da Resistência continuavam a treinar, achando que a possível guerra contra o Governo estava próxima. Os líderes tinham os enganado tanto quanto enganaram a ela e seus amigos, mas, no fundo, sentia que poderia entender as atitudes deles. Também não lhe parecia uma boa opção tirar as esperanças de uma multidão ensandecida, informando-lhes que tudo pelo qual lutaram e se esforçaram até ali era inútil.

A área perto do bebedouro mais próximo também estava quase vazia, com exceção de uma garotinha que precisava ficar na ponta dos pés para alcançar a torneira e que mais derramava água na própria roupa do que dentro dos lábios. Estava se aproximando para se oferecer para ajuda-la, quando uma voz cobriu a sua.

– Quer ajuda?

Tinha a impressão de que havia se espantado tanto quanto a menina, mas que, ao contrário dela, que engasgou um pouco e soltou o bebedouro para tossir, havia conseguido se controlar melhor.

– Idiota! Você quase mata a menina. – Sakura se aproximou abaixando-se próxima a garotinha. – Está tudo bem, querida?

Ela acenou em positivo.

– Ainda está com sede?

Outro aceno, mas daquela vez ela pelo menos a estava encarando.

Deidara se aproximou, sorrindo levemente para a garota.

– Me desculpe, não queria te assustar.

Sakura quase se sentiu ofendida quando teve seu lindo cabelo longo e rosa ignorado, enquanto o de Deidara parecera atrair totalmente a atenção da menina, que virou de costas para si imediatamente. Sentia um bico formar-se em seus lábios.

– Posso pegar?

– Sua mão não tá babada não, né?

Ela mostrou as duas pequenas palmas e Deidara acenou em positivo depois de olhar minuciosamente seus dedos. As duas mãos esticaram-se até agarrar os fios loiros, que foram alisados com devoção.

– Porque é tão longo?

– Não sei, acho que gosto dele assim.

– Ah... – A menina sorriu. – Você é bonito, quer ser meu namorado? Posso terminar com o Jeremy, sabe – aproximou o rosto e baixou a voz, como se fosse contar um segredo –, ele não quis brigar com o Ben pelo meu amor.

Sakura prendeu o riso e observou Deidara fazer uma careta falsamente espantada.

– Esse tal de Jeremy é um babaca, mas infelizmente vou ter que recusar sua proposta por enquanto. Daqui alguns anos, quem sabe, querida. Agora – se levantou, após tirar a mecha de cabelo das mãos pequenas –, você ainda está com sede, certo? Vamos resolver isso.

Deidara esticou o braço puxando um copo de plástico de um compartimento fixo à parede que, por ser alto demais, a garota provavelmente não alcançara, e então o enchera com água antes de entregar para a menina. Ela olhou para o copo um pouco decepcionada, como se esperasse que Deidara a erguesse para que pudesse beber da torneira, como Sakura também imaginara, mas mesmo assim murmurara um agradecimento baixo antes de dizer que precisava ir. A menina seguira saltitando pelo corredor, enquanto a água do copo caía pelas beiras a cada pulinho.

– Eu era quase assim, apenas um pouco mais escandalosa. – Sakura riu.

– Consigo imaginar isso – Deidara murmurou. – Eu sempre fui tímido.

Sakura encarou-o.

– Eu não consigo imaginar isso.

Ele deu de ombros e Sakura se virou para o bebedouro, pegando um copo para que pudesse fazer logo o que precisava.

– Me seguiu ou veio apenas beber água?

– As duas coisas. Eu queria falar com você, mas é difícil para caralho te encontrar sozinha, parece que sempre tem alguém por perto ou então você some do nada – resmungou. Deidara se abaixou e bebeu diretamente da torneira, como a garota tentava fazer antes.

– Não é um bom dia para isso.

– Considerando que nós podemos morrer daqui a pouco tempo – limpou os cantos molhados da boca –, acho que eu realmente não estou em posição de ser muito seletivo quanto as oportunidades que tenho. Eu não vou desistir, Sakura. – Suspirou. – Não tenho nada para falar que você ainda não saiba por alto, mas algo me diz que tenho a obrigação de dar explicações. Eu odeio isso.

– Isso o quê?

– Eu não me apego as pessoas, eu nem ao menos me importo com a maioria delas. E mesmo assim eu estou aqui, certo? Acho que durante toda a vida, além dos meus pais, o pessoal da Akatsuki foram os únicos que eu me deixei aproximar. – Ele olhava fixamente para as mãos de Sakura, que então trabalhavam em encher uma garrafa de água que pegara no suporte ao lado dos copos. – Nós formamos a equipe muitos anos atrás, nosso objetivo era simplesmente ajudarmos uns aos outros a sobreviver. No início erámos apenas Konan, Yahiko e Nagato, que se conheceram em um orfanato, antes dele ser destruído no meio dessa loucura toda, Kisame, Sasori e eu. Nisso eu tinha uns nove anos, eu acho. – Fez uma careta, como se realmente tivesse dificuldade para lembrar-se de datas.

– Quantos anos você tem, Deidara?

Ele coçou a cabeça.

– Pelas minhas contas acho que vinte e um. Já faz algum tempo que passei a ignorar aniversários. – Sorriu quando foi a vez de Sakura fazer uma careta. – Vamos considerar que eu tinha nove anos, ok? A margem de erro é no máximo um ano. – Deidara pegou duas garrafas, começando a enchê-las provavelmente com o intuito de também leva-las para os outros. – Nós seis sem querer acabamos atraindo a atenção do Governo, mesmo que só estivéssemos roubando o necessário. Naquela época não eram comuns grupos de renegados, as pessoas agiam sozinhas, porque desconfiavam umas das outras. Mas, como erámos crianças eles não se importaram muito e apenas mandaram alguns guardas para vigiar os lugares que costumávamos roubar.

Deidara estava sério como poucas vezes o vira, mas não parecia incomodado. Sakura poderia jurar que ele estava apenas relembrando tudo o que narrava, como se não fosse muito comum para si pensar no próprio passado. Não era exatamente surpreendente que tudo fosse parecido com o que ela mesma já vivera.

– Aquilo apenas nos instigou mais, então nós passamos a treinar juntos e tentar melhorar nossas horríveis habilidades em combate, na verdade, nosso único ponto forte era a agilidade e rapidez com que nos movíamos, os guardas eram grandes e pesados demais para nos alcançar. – Ele a encarou e Sakura percebeu que a garrafa que enchia já estava derramando água, enquanto ela estava entretida demais no que Deidara falava, para prestar atenção. Fechou-a e pegou outra, constrangida. – Dois anos depois Itachi, Tobi, Zetsu e Kakuzu se juntaram a nós, e então em pouco tempo nós entramos nas posições de extermínio. As coisas ficaram mil vezes pior e nós só conseguimos sobreviver porque um grupo da Resistência nos salvou de quase vinte guardas que haviam nos encurralado em um beco.

– Um grupo?

– Sim. Três pessoas da Resistência derrotaram vinte militares com uma facilidade absurda e a única coisa que eu conseguia pensar era que queria ser capaz de fazer isso. Mas eu fui tolo em achar que conseguiria.

– Como assim? – Sakura franziu o cenho.

– Aquelas três pessoas eram Orochimaru, Jiraya e Tsunade.

– Tsunade luta? – Não conseguiu conter a expressão de horror em seu rosto e Deidara riu.

– Você não sabe o quanto. Até hoje nunca vi ninguém fazer algo ao menos parecido ao que os três fizeram e também nunca mais os vi lutar juntos. Naquela ocasião em específico nós tivemos nossa cota de sorte da vida toda gasta, porque nunca, em hipótese alguma, os três líderes saem da Resistência juntos. Eles nos levaram para cá e nos treinaram pessoalmente. Passamos quase três anos nisso, saindo poucas vezes daqui, apenas para manter nossas posições de extermínio, que passaram a ser motivo de orgulho. Nós atacávamos raramente, mas fazíamos tantos estragos que passamos a ser conhecidos fora do Governo e da Resistência, Karin, Suigetsu e Juugo, por exemplo, tem mais ou menos a sua idade, eles nos encontraram em uma de nossas saídas e pediram para se juntar ao grupo. A partir daí nós começamos a ser procurados por vários renegados, mas ao invés de aumentar ainda mais a quantidade de membros da Akatsuki, nós passamos a trazê-los para a Resistência para serem treinados por Kakashi, Guy e os outros. Aquela se tornou nossa função oficial aqui dentro.

Sakura baixou os olhos, desligando a torneira e virando-se totalmente para Deidara, que fez o mesmo, ainda atordoada.

– Então, nós...?

– Vocês foram escolhidos para entrar na Resistência por nós. Passamos meses analisando cada passo da maioria de vocês separadamente, eu, Sasori e Itachi ficamos responsáveis por você, Sasuke e Naruto, o resto do grupo ficou responsável por Neji, Shikamaru e todos os outros. Ino e Hinata não estavam nos planos, mas nós achamos melhor não fazer nada.

– O Itachi passou meses vigiando o Sasuke e nem ao menos tentou falar com ele? – Talvez estivesse errada em defendê-lo tanto, enquanto Sasuke tinha razão.

– Isso não é assunto meu, porém não julgue o Itachi. Ele não demonstra, mas eu sei que sente a falta do irmão.

– Tudo bem, me desculpe. – Suspirou.

Deidara acenou com a cabeça, e por já ter terminado as suas, pegou da mão de Sakura sua última garrafa e começou a encher, já que ela parecia incapaz de continuar.

– Inicialmente nós iriamos apenas leva-los para a Resistência como a todos os outros, mesmo que Naruto não estivesse presente. Nós não podíamos fazer nada e íamos... deixa-lo para trás – murmurou receoso e olhou para Sakura que franziu o cenho. – Mas Itachi teve uma missão especial dada por Orochimaru e precisou se infiltrar no Governo, quando os rumores de uma droga nova se espalharam.

– Por isso encontrei-o naquele dia... – murmurou baixo e Deidara não pareceu ter ouvido ou, se o fez, ignorou.

– Porém, Sasuke fraturou as costelas e você entrou em contato com Tsunade que nos mandou esperar mais um pouco. Quando vocês coincidentemente formaram uma equipe, nós pudemos reunir a nossa equipe que estava dividida em dois grupos e decidimos observa-los por mais algum tempo. Acompanhamos a invasão ao CTEG e relatamos tudo aos líderes. Vocês estavam ficando fortes demais juntos, então Jiraya e Orochimaru acharam melhor testa-los, apesar de Tsunade ter votado contra a ideia.

Ele colocou a tampa na última garrafa e apoiou a lateral do corpo no bebedouro, enquanto a observava fixamente com os olhos azuis.

– Deixe-me adivinhar. Depois disso, vocês se fingiram de mortos, saíram da posição de extermínio nos colocando nela. Com isso conseguiram nos obrigar a ir para aquele galpão e inventaram aqueles testes para nos treinar e também nos analisar mais de perto para ver se éramos confiáveis? – Sakura arqueou as sobrancelhas.

– Basicamente isso.

– E o Chouji? O que aconteceu com ele?

Deidara engoliu a saliva e baixou a cabeça.

– Um pouco depois de vocês fugirem do galpão nós chegamos, porém só encontramos Neji, Shikamaru e Chouji, sendo que Tenten estava desmaiada. A partir dali achamos que ter confiado em vocês e tê-los deixado sozinhos havia sido um erro, porém precisávamos manter a faixada. Nós conseguimos controlar tudo durante algum tempo, mas enquanto conversávamos Chouji pareceu se irritar por não admitirmos o que eles queriam, ou talvez só quisesse salvar os amigos, eu não sei. – Deu de ombros, balançando a cabeça. – Mas ele atirou em mim e na Karin, apenas dardos tranquilizantes, só que eu apaguei logo depois daquilo. Quando eu acordei tudo já tinha acontecido, mas os outros disseram que Chouji fez Konan de refém e mandou Neji e Shikamaru fugirem. Nagato atirou nele por trás antes que algo acontecesse com Konan.

Sakura esfregou os braços arrepiados e encolheu o corpo.

– Ninguém pode culpa-lo pelo que fez, Konan é como uma irmã para ele tanto quanto Naruto é para você. Mas, de qualquer forma, aquilo não era para ter acontecido. Nenhum de nós nunca tinha matado ninguém que não fossem guardas ou pessoas do Governo. Mas ele não tentou fugir, Sakura, algo que nós teríamos o deixado fazer se fosse para que todos ficassem a salvo, Chouji parecia disposto a morrer desde que levasse um de nós junto. Na hora nós achamos que vocês eram traidores, apenas depois descobrimos que tinham visto o lugar que usávamos para nos comunicar com a Resistência e entendemos tudo. O túnel por onde tinham fugido leva de quatro a cinco horas rastejando e sabíamos que ainda não tinham chegado ao outro lado, então, entramos em contato com Tsunade e avisamos tudo.

– Porque não me falou a verdade? A culpa foi minha, eu achei aquela maldita sala.

– Meu Deus, a culpa não foi sua, Sakura. Você fez o que qualquer pessoa faria. – Deidara parecia indignado. – E apesar de querer te falar a verdade, eu não podia. Eu estava convencido de que vocês eram de confiança, mas não era algo que dependia de mim. – Ele passou algum tempo em silêncio antes de abrir um sorriso mínimo. – Mas eu não fingi ser seu amigo, Sakura. Eu nem tinha a intenção de me aproximar de nenhum de vocês, apesar de ter te achado gata para caralho.

Sakura estreitou os olhos e Deidara levantou as mãos em rendição.

– E porque eu deveria acreditar em você?

– Porque eu mentiria?

Suspirou baixando os olhos e mastigando os próprios lábios. Agora conseguia entender porque as pessoas odiavam ser respondidas com outras perguntas. Bufou.

– Você é um idiota, Deidara. Vamos logo. – Pegou duas garrafas, deixando propositalmente quatro para ele carregar.

– Você já me chamou de idiota duas vezes hoje, isso que dizer que estou perdoado? – Ele agarrou as garrafas apressado, tentando acompanhar seus passos pelo corredor.

– Isso quer dizer que você é um idiota. Mas ainda não me disse uma coisa.

– O quê? – perguntou, confuso.

– Vocês sabiam que é supostamente impossível destruir o Governo?

– Não. Tsunade, Orochimaru e Jiraya eram os únicos, fora Kakashi e algumas outras pessoas com posições mais altas na hierarquia da Resistência, que sabiam disso. Mas para nós não foi tão surpreendente assim, nós já desconfiávamos de algo parecido, já que a anos apenas treinávamos e recrutávamos gente para uma guerra que não chegava nunca. – Deidara sorriu. – Não é tão ruim assim, Sakura. Mesmo que custe a minha vida, pensar que tudo isso vai acabar faz valer a pena.

Sakura virou a cara, temendo estar com um bico nos lábios.

– Não é por mim... – sussurrou. – Na verdade, é sim. Mas não pela minha vida, e sim pela vida de algumas pessoas que eu não aguentaria perder.

– Em uma guerra, talvez todos nós fossemos massacrados e ainda teria tudo sido em vão. Ativando as bombas lá embaixo nós vamos ter certeza de que o Governo vai afundar junto com todos os que morrerem.

– Eu sei disso tudo, no fundo, eu sei. Mas eu não quero lidar com as consequências.

Deidara colocou uma garrafa em suas mãos e colocou o braço livre em seus ombros.

– Isso é pelo Sasuke, certo?

– Não só por ele. Por você, pelo Naruto, pela Ino, Hinata, Tenten, pelo Neji, Gaara, Shikamaru, por todo mundo, até pelo Itachi.

– Talvez todos nós sobrevivamos, talvez você morra, Sakura – murmurou em tom divertido. – Não precisa sofrer antecipadamente por algo que você não pode prever.

– Então quer dizer que você quer que eu morra? – Virou o rosto para olha-lo, fazendo uma careta.

– Eu não disse isso. É só que, se você morrer, Tsunade, Naruto, Sasuke, Ino, eu e todo mundo vamos ter que lidar com isso, mesmo que seja difícil. Sasuke pode ser um idiota, mas ele gosta de você, eu sei em partes a história dele com o Itachi e não acho que seria fácil para ele perder você assim.

– Às vezes eu não sei se ele se importa mesmo. Ele mentiu para mim. Queria me dopar para que não fosse para a guerra, até mesmo Tsunade compactuou com isso.

– Tsunade sabia que não ia ter guerra, Sakura.

– É, mas o Sasuke não.

– Não acredito que vou defender aquele cara, mas... você percebe o que diz, Sakura? Acabou de me falar que é contra usarmos as bombas porque não aguentaria perder quem ama, mas julga o Sasuke por tentar te proteger? E ainda acha que ele não se importa? Eu não vejo sentido na sua lógica.

– Não é para ter sentido. É só para justificar o fato de que você está certo e eu estou com raiva dele, enquanto faço a mesma coisa. Talvez você ainda não tenha percebido, mas sou patética a maior parte do tempo.

Deidara riu.

– Você é bipolar, isso sim. Mas, mesmo quando você estiver errada, a culpa é dele. Lembre-se sempre, Sakura, ele é um idiota.

– Você também é.

– Ei! Eu só estou tentando ajudar. Sabia que ele tinha feito alguma merda, mas não consegui descobrir o quê.

– Você perguntou ao Sasuke o que ele tinha feito à mim?

– Sim. Mas como ele não quis responder, parti para provocações para ver se ele soltava alguma coisa, porém não adiantou muito. Só acho que consegui deixa-lo extremamente puto.

Sakura passou algum tempo em silêncio, considerando se deveria repreendê-lo, mas acabou soltando uma risadinha.

– Você é realmente bom nisso.

– Sou o melhor. – Ele acenou para frente, e Sakura seguiu seu olhar vendo que haviam chegado onde todos os outros estavam. Alguns os encaravam, a maioria Sakura sabia que por causa das garrafas de água em suas mãos, mas Sasuke parecia especialmente interessado no braço de Deidara sobre seu ombro.

Sutilmente se desvencilhou do loiro, pegando as garrafas de suas mãos e jogando-as para os grupinhos de pessoas. Esperava que eles entendessem que cada uma precisaria ser divida para no mínimo três pessoas, caso ninguém quisesse retornar aos bebedouros para pegar mais.

Quando terminou e já se preparava para voltar para o seu lugar e sentar ao lado de Ino a porta da sala de câmeras foi aberta.

(...)

– Sentem-se – Jiraya murmurou, mesmo que a maioria já tivesse o feito assim que atravessaram a porta.

Quando os líderes saíram da sala, não dando ao menos chance para que nenhum deles pudesse ver algo lá dentro, todos que estavam sentados no chão levantaram-se em um pulo e em profundo silêncio esperaram que eles dissessem alguma coisa, já que seria impossível tentar deduzir algo por suas expressões neutras. Mas eles apenas falaram que precisavam de um lugar mais adequado para conversarem e, como o escritório em que costumavam fazer isso era, praticamente, do outro lado do prédio, Gaara sugeriu o próprio dormitório que ficava a poucos corredores dali.

Ainda teriam algum tempo antes que os companheiros de quarto do ruivo começassem a retornar dos treinos e, de qualquer forma, eles não poderiam fazer nada, sendo os líderes a ocupar o cômodo. Mas, mesmo após chegarem e, os que conseguiam controlar a inquietude ou que apenas queriam adiantar as coisas, já estarem sentados, Tsunade, Orochimaru e Jiraya permaneceram em silêncio durante algum tempo, como se discutissem mentalmente sobre quem começaria falando.

Mas, no fim, com um suspiro resignado, Tsunade deu um passo a frente, sentando-se na ponta de uma cama.

– Nós conseguimos ouvir a reunião deles por quase duas horas, acredito que acompanhamos grande parte dela, na verdade. O áudio está gravado nesse pen drive – ergueu a mão com o objeto preto entre os dedos, que prendeu a atenção de todos por alguns segundos –, depois vocês podem ouvir, se quiserem.

– Vamos logo – Naruto resmungou. – Conseguiram descobrir a identidade deles ou alguma pista da localização? Qualquer coisa útil?

– Foi uma ótima ideia, Sakura. – Tsunade ignorou-o.

Sakura sorriu levemente com os lábios juntos, não conseguindo disfarçar a expressão receosa em seu rosto.

– Mas eles realmente tomam muito cuidado nesse quesito, até mesmo suas vozes são modificadas para não deixar pistas sobre sotaques ou expressões típicas de alguns lugares. Nós nem ao menos conseguimos identificar diferenças de tom ou sonoridade nas vozes, parecia que tudo era dito por uma mesma pessoa.

Sakura suspirou, acenando em positivo e baixando a cabeça. Então tudo havia sido em vão, e a única coisa que conseguira fora dar esperanças inúteis aos outros. Mesmo que só estivesse pensando no melhor para eles, fora egoísta e todos pagariam por aquilo.

– Porém, diferente do que sei que está pensando agora – Tsunade sorriu levemente –, nada foi inútil.

– O que quer dizer com isso? – Neji franziu o cenho.

– Sakura conseguiu o efeito contrário ao que desejava, mas, ao mesmo tempo, provavelmente salvou todos nós.

– Eu não entendo – Ino murmurou, confusa.

– O Governo descobriu a nossa localização. Eu não sei como, mas eles provavelmente já estavam pesquisando isso a muito tempo. – Jiraya coçou a testa e tirou alguns fios brancos do rosto.

– Eles sabem sobre a Resistência? – Hinata perguntou.

– Nós já acolhemos renegados a muito tempo, muitos deles já fizeram parte das posições de extermínio, como vocês sabem, então eram conhecidos pelo Governo. Fora normal eles começarem a estranhar esse sumiço, afinal poucos voltam a sair daqui, a maioria prefere não se arriscar ou continuar treinando para uma guerra que eles acham que acontecerá, e apesar desse lugar ser relativamente isolado e difícil de achar, uma hora ou outra eles conseguiriam.

– Mas eles não podem fazer nada, certo? – a garota riu nervosa.

– Antigamente não, o máximo que poderiam tentar seria uma invasão, mas nós temos recursos suficientes para nos defendermos completamente bem disso. Mas agora... – Tsunade suspirou.

– Eles pretendem nos atacar daqui a cinco dias, jogando bombas com o vírus da nova droga que descobriram, e, mesmo que estejamos vários metros no subsolo, os dutos de ar espalhariam o vírus. – Jiraya desviou o olhar para o chão. – Em um ataque surpresa, como esse, teríamos questão de minutos até toda a Resistência ser contaminada. E mesmo que conseguíssemos fechar as entradas de ar a tempo e reduzíssemos a circulação de oxigênio no prédio, morreríamos por asfixia antes do vírus se dissipar do ar lá em cima.

– Inicialmente, faríamos o anúncio sobre as vagas para voluntários amanhã, e daríamos uma semana para que todos se preparassem antes de executar o plano. Também teríamos tempo de sobra para evacuar o prédio. – Orochimaru deu de ombros.

– Mas em uma semana todos nós já estaríamos mortos... – Sakura concluiu, embasbacada.

Sentiu um arrepio percorrer sua pele e esfregou os braços arrepiados, diante a hipótese do que aconteceria, caso houvesse concordado com o plano como todos os outros. Seriam mortos pelo Governo sem ao menos ter chance de reação.

Tsunade passou as mãos pelos cabelos e acenou em positivo, em seguida soltou o ar dos pulmões, parecendo incrivelmente tensa e aliviada ao mesmo tempo.

– E o que vai acontecer agora? – Yahiko perguntou, e Sakura pode vê-lo entrelaçar os dedos com os de Konan.

– Nós vamos adiantar tudo. Hoje a noite será feito o pronunciamento oficial aos outros membros da Resistência, recolheremos os nomes dos voluntários e amanhã de manhã começaremos a evacuação das outras pessoas – a loira respondeu.

– Para onde elas serão levadas?

– Temos outro esconderijo subterrâneo, é menor e não tem a metade das provisões desse, mas depois que tudo isso acabar, nós não precisaremos continuar escondidos por muito mais tempo.

– Quando as bombas serão ativadas?

– Em três dias. Não podemos arriscar se eles decidirem nos atacar antes do planejado, mesmo assim, vamos deixar uma pessoa responsável por ouvir qualquer reunião que possam ter daqui para frente e nos informar, caso ocorra alguma mudança nas informações que temos. – Jiraya estendeu a mão, ajudando Tsunade a levantar. – Vocês deveriam ir descansar agora, depois do jantar nós falaremos com todos. – Encarou-os seriamente. – Aproveitem e usem esse tempo para pensar bem na decisão que vão tomar, não é só a vida de vocês que está em suas mãos.

(...)

Sakura sentiu-se mal ao sentar à mesa com um prato cheio de comida, sabendo que nem ao menos tocaria nela. Mas, desde a reunião com os líderes, seu corpo vinha agindo como se estivesse no automático, enquanto sua mente permanecia em branco. Por mais que quisesse não conseguia se concentrar em nada e nem ao menos se lembrava em qual momento havia trocado de roupa. Devido a sua desatenção era um milagre não estar vestida com a blusa do lado contrário.

Os outros pareciam tão perdidos quanto ela, mas demonstravam de formas diferentes, ou nem ao menos isso faziam. Como as mesas eram pequenas demais para que sentassem todos juntos e a maioria deles tinha se atrasado para o jantar, acabaram ficando espalhados pelo refeitório em várias mesas diferentes. Sakura, Hinata, Tenten e Neji conseguiram encontrar uma vazia próxima do balcão onde a comida com a qual se serviram estava disposta. O garoto não parecera incomodado por sentar-se na companhia apenas de mulheres e imediatamente pegou o lugar que deveria ser de Ino, antes da loira avisar que sentaria com Gaara, Temari, Kankuro e Shikamaru.

Deidara, Sasori, Konan, Yahiko e Nagato estavam sentados em uma mesa próxima, e o loiro constantemente fazia gestos esquisitos na direção de Sakura e mexia a boca formando palavras sem nexo, enquanto ela apenas o encarava, inexpressiva, e ele fazia uma careta, fingindo-se de magoado. Suas expressões eram engraçadas e Sakura admirava a forma como estava tentando distrai-la, mas sabia que nada daquilo funcionaria. Principalmente porque o próprio Deidara, por trás das fingidas expressões de magoa, também parecia tenso e preocupado. Ele também sentia medo, afinal.

Mas talvez tentar distrair os outros, fosse a forma como ele lidava com o próprio nervosismo. Não o julgava, já que nenhum deles parecia saber muito bem como agir, e por um momento Sakura quis ser tão leiga a tudo que estava acontecendo quanto as outras pessoas a sua volta. Mas sabia que o choque delas seria absurdo e que logo mais se odiaria por ter desejado isso.

Hinata mal tocava na comida já que mantinha a boca ocupada enquanto roía compulsivamente as próprias unhas. Nunca a vira fazer aquilo antes. Mas, ainda mais surpreendente, fora Neji ter deixado Tenten mexer em seu cabelo para se distrair. Ele fora o único que verdadeiramente comera algo e, logo após terminar, virara-se de lado para que a garota tivesse acesso a suas longas mechas.

– Confesso que estou com inveja – Sakura murmurou. – Seu cabelo parece ser macio. – Aquilo soara tão bobo, que riu de si mesma.

Neji sorriu levemente, dando de ombros.

– Tenten costuma mexer no meu cabelo quando fica nervosa, eu nunca entendi o porquê disso, mas, depois que ela ameaçou corta-lo enquanto eu dormia, parei de reclamar.

– E você? O que faz quando fica nervoso?

– Que eu saiba não tenho um hábito específico. – Franziu a testa, parecendo nunca ter pensado sobre o assunto.

Tenten soltou uma risada nasalada e Sakura fitou-a, curiosa.

– Ele já fez. Caso não tenha notado, Neji comeu a minha comida e a dele. Tem sorte por raramente ficar nervoso, caso contrário já estaria obeso.

– Eu não percebi – Sakura murmurou, constrangida.

– Eu também não – Neji disse e olhou confuso para os dois pratos vazios a sua frente, fazendo até mesmo Hinata tirar as mãos da boca momentaneamente para rir.

– O de vocês duas é óbvio demais, Hinata come os próprios dedos e Sakura fica distraída e... oh! – Tenten balançou a cabeça. – Sua blusa está ao contrário.

Sakura arregalou os olhos e baixou a cabeça para a barra de sua blusa procurando a costura visível, mas desistiu ao ouvir a risada dos outros três.

– Isso é sacanagem. Estamos em um momento tenso, vocês não podem me fazer de idiota agora.

– Não há hora certa para fazer os outros de idiotas – Hinata comentou e Tenten concordou com um aceno, enquanto Neji apenas continuava com a expressão divertida no rosto.

Sakura sentia que poderia gritar. Eles estavam se distraindo, eles realmente estavam se distraindo, e quase não conseguia mais se lembrar do que a perturbava minutos antes. Porém toda aquela fantasia de distração se rompeu em um segundo, quando o refeitório ficou em completo silêncio, fazendo até mesmo Tenten desistir de concluir o que já se preparava para dizer.

Os quatro olharam ao redor, estranhando a situação, até avistarem os três líderes próximos as portas do lugar. Eles souberam imediatamente o que iria acontecer, mas as outras pessoas pareciam confusas, o que era compreensível já que Tsunade, Orochimaru e Jiraya nunca jantavam junto com os outros, sendo relativamente rara a presença deles ali naquele horário.

Os líderes sumiram atrás de uma porta ao lado da que levava à cozinha e, pouco tempo depois, reapareceram em seu campo de visão, em cima de uma plataforma que poderia ser considerada uma espécie de segundo andar. Sakura já o havia notado antes, mas nunca dera verdadeira importância, já que nunca o vira ser utilizado. Agora entendia o porquê de estar ali.

– Boa noite – Tsunade mal terminara de falar, e o refeitório irrompera em um barulho extremamente alto de cadeiras se arrastando, enquanto todos se esforçavam para ficar de pé o mais rápido possível. – Desculpem-nos interromper seus jantares. Nós não conseguimos avisa-los com antecedência sobre essa reunião, mas não é viável que a adiemos mais.

Sakura e os outros também se levantaram, já que se continuassem sentados, as inúmeras cabeças a sua frente tampariam a visão da plataforma.

– Eu espero que prestem atenção em tudo que será dito, porque infelizmente vocês não terão a quantidade de tempo que nós gostaríamos de dá-los para pensar. A partir de agora, nada mais nesse lugar depende de nós três, está tudo nas mãos de vocês.

Alguns cochichos começaram na mesa a direita de Sakura e algumas pessoas aparentavam apenas estarem ainda mais confusas, porém todos eles pareciam dispostos a escutar o que Tsunade dizia.

– O Governo descobriu este lugar, e eles planejam nos atacar em cinco dias – despejou de uma vez, sem hesitar um segundo sequer.

Os murmúrios aumentaram, mas a mulher fez um aceno com a mão e o lugar mergulhou em profundo silêncio novamente. Ela sorriu tranquilizadora.

– Nós viemos nos preparando para isso a anos, certo? Foi para isso que vocês treinaram durante todos os dias desde que chegaram aqui. Nós não precisamos ter medo, mesmo que seja um pouco impossível pedir isso agora, quero que fiquem calmos.

– Algumas circunstâncias nos levaram a uma mudança de planos. – Jiraya tomou a frente e respirou fundo. – Não vamos deixar o Governo nos atacar, nós o atacaremos antes.

Sakura não conseguiu ouvir mais nada depois daquilo, seus ouvidos pareciam tampados com grandes bolas de algodão, como se seu subconsciente estivesse privando-a de escutar novamente o que já sabia. Era torturante ter consciência de que não tinha mais opções, que a única escolha era realmente aceitar o sacrifício de alguns pelo bem de todos.

E por mais que quisesse continuar protestando e insistindo de que aquilo era loucura, ela precisava admitir a própria derrota. Em partes, satisfeita por sua teimosa tê-los salvado a vida e, em partes, também triste pelo mesmo motivo. Contraditoriamente não pensara um segundo sequer antes de escrever o próprio nome na lista que lhes fora entregue após o final da explicação dos líderes, mas sentira-se incrivelmente incomodada ao ler os outros nomes já escritos ali.

Não fora surpreendente que, antes de ter corrido por metade das mesas, as varias folhas grampeadas juntas, com exatas setecentas e cinquenta linhas, já estivessem totalmente preenchidas. E fora ainda menos surpreendente que o nome de todos os seus amigos estivesse ali, com exceção talvez de Temari. A loira, apesar de ainda chateada, parecia mais conformada com a ideia de aceitar as próprias limitações momentâneas, enquanto Gaara, Kankuro e Shikamaru mal conseguiam esconder o alívio por não terem visto-a escrever seu nome quando a lista passara por sua mesa, mesmo que não soubessem o real motivo para isso.

Quando as folhas voltaram para as mãos dos líderes, Tsunade sorriu agradecida e baixou os olhos observando os nomes como se tentasse decorar cada um deles. E então ela anunciou que faria o sorteio do setor onde cada um iria ficar.

Mesmo sendo um processo demorado, ninguém ousou se sentar e mesmo as pessoas que não haviam se voluntariado não pareciam dispostas a deixar o refeitório. Os nomes seriam chamados na ordem, o que deixou Sakura mais aliviada já que o seu estava em uma das primeiras folhas. A tensão que a espera proporcionava era, sem dúvidas, a pior parte. Mas se sentiu mais aliviada quando finalmente chegara sua vez.

– Sakura Haruno – Tsunade mal conseguiu esconder o suspiro que lutou para escapar de seus lábios. – Setor neutro.

Neji e os outros sorriram para ela e, em seguida, ouviram seus nomes serem chamados. Todos no neutro. Sakura respirou fundo e pressionou as palmas das mãos suadas, tentando manter a calma ao ver que não demoraria muito para chegar a vez da mesa onde Naruto, Sasuke, Suigetsu, Karin e Juugo estavam sentados.

Poderia ser insensibilidade de sua parte ficar aliviada a cada vez que uma pessoa desconhecida era sorteada para o setor vermelho, mas não conseguia evitar pensar que aquilo diminuía a chance de ser um de seus amigos no lugar deles. Sentira sua expressão vacilar levemente quando Ino fora sorteada para o intermediário, mas tentara controlar as próprias emoções para passar um pensamento positivo a loira, que apenas abriu um pequeno sorriso e acenou positivamente, confiante.

Ela fora a última da mesa onde estava e a próxima era a de Sasuke.

Forçou-se a não olhar, enquanto cada nome era chamado e precisou apertar as unhas um pouco mais contra as palmas das mãos quando fora a vez de Naruto, mas após o nome dele ser anunciado para o intermediário seus dedos relaxaram. Naruto era rápido, já o vira provar isso várias vezes e tinha certeza que ele conseguiria sair de lá a tempo.

Suspirou, estava acabando.

– Sasuke Uchiha – Tsunade pausou após ler o nome dele, e em seguida levantou a cabeça parecendo procurar algo na multidão até fixar os olhos em Sakura, que franziu o cenho e a encarou de volta, antes de espremer os lábios um contra o outro e balançar a cabeça negativamente com os olhos fechados. – Setor vermelho.


Notas Finais


Eu sinto muito, gente. Desculpa por ser uma desgraçada.
Eu não sei o que falar sobre esse final.

Só adeus.

Maaaaaaas, no meio dessa emoção toda, espero que tenham percebido algumas coisas, como:

1- Quem matou o Chouji.
2- Tudo o que aconteceu na fanfic até agora pelo ponto de vista de alguém da Akatsuki, o que eu espero que tenha dado para tirar qualquer dúvida de vocês em relação ao enredo.
3- O quanto a Sakura sabe que não está sendo totalmente justa culpando o Sasuke por algo que ela estava fazendo praticamente igual.
4- A rápida aparição do Sai.
5- Os motivos pelos quais eles não podem entrar em guerra com o Governo e o quanto a ideia da Sakura foi importante para salvar a vida de todos eles.

É isso.

Até o próximo capítulo, não vou nem falar que espero que vocês tenham gostado, porque não quero levar pedrada na cara. Vlw, flw.


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