Fiz as compras do mês e voltei para casa. Cheguei até a porta, coloquei as sacolas no chão e girei a maçaneta, mas estava trancada. Bati algumas vezes e gritei o nome de Anahi até me dar conta de que não havia ninguém lá. Peguei as sacolas e fui até a casa de Christopher e Alfonso. Toquei a campainha e depois de ouvir um "entra", eu abri a porta. Christopher estava no sofá alimentando Melissa com uma mamadeira. Não sei por quê, mas aquela cena me deixou feliz.
>>Onde está a Anahi? <<perguntei.
>>Ela precisou ir ao trabalho e como o Alfonso deu carona pra ela, eu tive que ficar cuidando da Melsinha. Digo, Melissa.
>>Então, obrigada. Mas, estou sem as chaves de casa... será que eu posso ficar um pouco aqui?
>>Tudo bem. Diferente de você, eu não proibo as pessoas de pisarem na minha casa. <<sorriu com sarcasmo.
>>Não mandei você arranjar uma namorada tão megera. Ela me estressou.
>>Precisava descontar em mim?
>>Precisava.
>>Ela dormiu. Vou coloca-la na minha cama e já volto. Sente-se, se quiser.
>>Tá. Coloca travesseiros em volta dela, pra não correr o risco dela rolar e cair no chão.
>>Ok. <<ele foi até o quarto e eu me sentei no sofá, alguns minutos depois ele voltou. >>Até que não é tão difícil. <<sentou-se ao meu lado.
>>O que?
>>Ser pai. Acho que eu iria gostar. <<sorriu e aquilo me incomodou muito.
>>Diz isso porque não tem que cuidar dela todos os dias, 24 horas por dia.
>>Eu estava arrumando as minhas coisas hoje e achei algumas fotos nossas.
>>Ah... é mesmo?
>>É. Eu até lembrei que você me disse que a nossa filha se chamaria Melissa... o que aconteceu? Mudou de ideia?
>>Eu... sempre gostei desse nome. Achou que eu levaria isso a sério?
>>Na verdade, eu achei.
>>Não seja tolo.
>>Está mesmo me dizendo a verdade quando fala que ela não é minha filha?
>>Ainda duvida de mim?
>>É que tem muitos motivos pra eu acreditar que ela seja. E eu também não posso negar que sinto um tipo de conexão com a Melissa.
>>Talvez porque ela seja a minha filha.
>>O que quer dizer com isso?
>>Você teve uma conexão comigo. A Melissa é como aquela versão doce de mim. Aquela que você amava, ou ama.
>>É, talvez seja isso... então, se decidiu sobre o comercial?
>>O quão isso é importante pra você?
>>Muito. Vai ser um degrau enorme pra eu subir naquela empresa. Eu seria eternamente grato se você aceitasse.
>>Aquelas fraldas ainda estão de pé?
>>Claro que sim!
>>Então, eu aceito. <<sorri de lado.
>>Sério? Obrigada Dulce!
Ele me abraçou e eu fiquei sem reação. Creio que ele tenha feito aquilo por impulso pois ficou por muito tempo sem me soltar daquele abraço. Era o primeiro desde que eu havia voltado. Nos afastamos devagar e ficamos olhando um pro outro. Notei quando ele desviou os olhos para os meus lábios e eu fiz o mesmo com ele. Voltamos a fixar o olhar um do outro e como um imã fomos nos aproximando aos poucos. Antes que nossos lábios se tocassem a porta foi aberta e nós nos afastamos bruscamente.
>>Opa, espero não ter atrapalhado nada. <<Alfonso disse.
>>Imagina, a gente só tava conversando. Não é Christopher? <<ele apenas assentiu. Aparentemente, continuava com a mania de não conseguir falar quando ficava nervoso.
>>Bom... Annie esqueceu de deixar as chaves e mandou eu te entregar. <<ele veio até mim e me entregou.
>>Ok, obrigada. Eu vou indo agora. Tenho que pegar a Melissa. <<falei ao me levantar.
>>Vai acorda-la? Deixa ela aqui enquanto está dormindo, prometo que a levo assim que ela acordar. <<Christopher disse.
>>Está bem. Eu acho que confio em você. <<falei.
>>Confia? <<sorriu irônico.
>>Você me entendeu. <<falei séria.
>>Bem, eu te ajudo com as sacolas, Dulce. <<falou Alfonso. Ele pegou as sacolas e paramos em frente a minha casa. >>Desculpe ter atrapalhando o quase beijo de vocês.
>>Que? Não ia ter beijo algum.
>>Sei... posso confessar uma coisa?
>>Sim.
>>Eu não acredito em você.
>>Em que sentido está falando?
>>Não acho que você odeia o Christopher. E também, tenho certeza que a Melissa é filha dele.
>>Você está louco. <<desviei o olhar.
>>É mesmo? Então olha nos meus olhos e diz que a Melissa não é filha dele. <<Alfonso sabia exatamente como me desmentir. Eu não conseguia mentir olhando nos olhos da pessoas.
>>Ah... <<eu o encarei mas não consegui terminar a frase.
>>Eu sabia! <<ele disse vitorioso.
>>Por favor, não se meta na minha vida.
>>Christopher é meu melhor amigo...
>>Eu também sou sua amiga Alfonso! E isso nem é questão de amizade, você tem que guardar segredo. Tem que me prometer que não vai falar nada sobre isso pra ele. <<implorei.
>>Sabe que isso é errado.
>>Por favor Alfonso.
>>Tá bem... mas você vai ter que me prometer que não vai esconder isso pra sempre. Promete que quando estiver pronta, vai contar pra ele? <<pensei um pouco já entrando em desespero.
>>Não tem outro jeito, não é? <<ele negou com a cabeça. >>Ok então. Eu prometo.
>>Ótimo. <<sorriu.
Abri a porta e entrei em casa. Arrumei as compras na cozinha e comecei a preparar o almoço. Tudo isso estava enchendo a minha cabeça de coisas, a minha preocupação havia aumentado. Eu sabia que se não contasse ao Christopher, o Alfonso iria, e seria bem pior ele saber por outra pessoa do que por mim.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.