História Depois Das Dez - 2 Temporada - Adeus My Lady

POV Marinette

 "- Onde estou?

Não conseguia ver, sentir, ouvir, estava tudo escuro, sentia meu corpo mais leve do que a própria gravidade.

- Marinette. - Ouço alguém me chamar.
- Quem é? - Pergunto. - Tikki?

Vejo ao longe, a figura de uma mulher se aproximando de mim.

- Marinette, algo muito ruim está para acontecer. - Diz ela. Sua voz tão doce como a dama-da-noite, tão suave quanto uma brisa no verão.
- Quem é? - Pergunto novamente. Ela se aproxima mais até para à minha frente. Seus cabelos negros como a noite, sua pele branca como porcelana. Era um pouco mais alta que eu e vestia um vestido bem curto e armado, vermelho com pequenas bolinhas pretas. Lembrava muito meu traje de batalha.
- Eu fui a primeira Ladybug, meu nome é Sakura Nagai.
- A primeira Ladybug? - Questionei confusa. O que a primeira heroína queria comigo?
- Marinette, eu preciso que me escute e preste muita atenção ao que eu vou lhe dizer. - Assenti. - Essa não é a primeira vez que o Chat Noir é corrompido. - Arregalei os olhos surpresa. - O meu Chat Noir... - Ela corou. - Quer dizer, o Chat da minha época também se tornou meu inimigo.
- Mas como?
- Sabe por que os guardiões dos miraculous são escolhidos com personalidades opostas aos poderes? - Neguei. - Porque para tudo deve haver um equilíbrio. O miraculous da Ladybug não poderia ser entregue a alguém perfeito. Veja você por exemplo, as vezes é desastrada, comete erros... O mesmo vale para o portador do Plagg, se ele fosse uma pessoa tendenciosa ao lado maligno, o miraculous sai do controle.
- Eu não entendo, o que quer dizer?
- O meu Chat não era mal, mas fez uma coisa que corrompeu sua alma... Ele matou o próprio irmão... Com o Cataclismo. Foi a primeira vez que Chat Blanc apareceu.
- E como conseguiu trazê-lo de volta?
- Não consegui. - Seu rosto estava entristecido. - Eu não pude salvá-lo. É por isso que estou aqui. Você tem que trazer seu parceiro de volta antes que seja tarde de mais. Se ele ficar mais de 24 horas como Chat Blanc... Ele... Não resistirá.
- Está me dizendo que o Adrien pode morrer? - O pânico e medo eram evidentes em minha voz.
- Se não voltar a tempo... Ele VAI morrer. - Concluiu dando ênfase à palavra.
- Mas o que eu faço? Como eu posso ajudá-lo? Por favor me diga.
- Sabe... Sempre me imaginei em um conto de fadas... - Suspirou. - Aqueles bem clichês em que o príncipe salva a princesa com um beijo de amor verdadeiro... Às vezes eu me pergunto se isso realmente funcionaria na vida real. - E então, com um sorriso no rosto, Sakura, começou a desaparecer.
- Hey. Espera! Como assim? Que história é essa?
- Você vai conseguir Marinette, eu acredito em você. - E então, sumiu.
- Droga!

De repente, a escuridão começa a se dissipar, dando lugar a uma luz de forte brilho. Uma claridade tão forte que fui obrigada a fechar os olhos."
Acordei um pouco desorientada. Olhando em volta pude ver Chat Blanc caído, muito machucado.

- Adrien acorda cara! Olha a merda que você tá fazendo. - Me virei na direção da voz e me surpreendi ao ver o Chat Noir. "Mas como?"
- Você está bem? - Perguntou uma voz feminina. Olho para a dona da voz e me assusto. "Ladybug! E ela se parece tanto comigo"
- Eu... Acho que sim... Apenas um pouco tonta, não é nada de mais. - Há poucos metros de nós duas, estavam Chat Noir e Chat Blanc, brigando. Uma disputa feroz na qual parecia não haver vencedores. - Me desculpe mas... - Olho para Ladybug com um olhar sério. - Quem é você?
- Ah! Me desculpe, não me apresentei. Meu nome é Bridgett, eu fui a Ladybug antes de você.
- Mas eu pensei que...
- Sim, até mesmo eu pensei que aquela batalha seria meu fim. Mas eu consegui escapar. - Uma explosão atraí nossa atenção. - Droga! Mas ter que deixar a conversa para outra hora. Acha que consegue ficar de pé? - Assenti séria.
- Aquele é o Felix, irmão do Adrien, não é?
- Sim. Ele foi o antecessor do Adrien.

Nesse momento Chat Blanc joga o Chat Noir para o auto e prepara seu Cataclismo. Porém antes de usá-lo, corro e paro à sua frente. Felix cai no chão atrás de mim e é logo socorrido por Bridgett.

- Saia da frente! - Ordenou.
- Não! - Repondo convicta. - Meu amor por favor volte para mim. Então, me lembrei do que Sakura havia me dito. "Sabe... Sempre me imaginei em um conto de fadas... Aqueles bem clichês em que o príncipe salva a princesa com um beijo de amor verdadeiro... Às vezes eu me pergunto se isso realmente funcionaria na vida real."

Em um ato rápido, peguei seu rosto segurando com ambas as mãos e depositei o beijo singelo em seus lábios. Seus olhos se arregalaram com surpresa. Após alguns segundos, ele desativou seu Cataclismo, passando as mãos pela minha cintura me puxando para si, enquanto aprofundava nosso beijo.

- Marinette... - Ele abriu seu olhos me fitando. Suas lindas esmeraldas que eu tanto amava.
- Adrien... - Disse chorosa enquanto desabava em seus braços.
- Me perdoa, My Lady. Eu te machuquei tanto. - Ele passou as mãos pelo meu rosto, onde já começavam a aparecer alguns hematomas.
- Não importa. Você está bem agora. - O abracei novamente. - Acabou. Tudo acabou.
- Ainda não. Ainda tem mais uma coisa que preciso fazer.
- O que?
- Tenho que derrotar Hawk Moth. Quando eu estava sendo controlado por ele, nossas mentes estavam conectadas, agora que sei sua verdadeira identidade, vou colocar um fim nisso... De uma vez por todas. - Ele depositou um beijo terno e singelo na minha testa e então saiu, pulando rumo a Torre Eiffel.
- Chat Espera! - Gritei. Mas ele estava muito longe para me ouvir. E mesmo que tivesse ouvido meu chamado, duvido que o atenderia. - Eu tenho que ir atrás dele. - Disse dando um passo, mas nesse instante sinto minhas pernas fraquejarem e minhas forças me abandonarem. Caio de joelho no chão. - Droga! - Resmungo com raiva.
- Calma one-chan, nós quatro não estamos em condições de lutar agora. - Disse Vulpix aparecendo ao meu lado. Ele estava segurando um corte razoavelmente grande na barriga, pressionando para tentar estancar o sangramento. - Se fossemos atrás dele provavelmente só o atrapalharíamos. E além disso, por mais estranho e assustador que pareça, ele ainda está com a roupa e os poderes do Chat Blanc.
- É isso o que me preocupa. - Ele me olhou desentendido. "Se ele ficar mais de 24 horas como Chat Blanc... Ele... Não resistirá." A lembrança da conversa com a Sakura me trouxe mais preocupações. - Por favor fique bem, gatinho. - Sussurrei para mim mesma.

POV. Autora

- Eu não acredito que seja você, esse tempo todo... Todo mal que você causou. Todos que você machucou... Tudo isso para quê? Por quê... PAI?
- Eu só queria trazê-la de volta para nós. Isso é errado? É tão errado assim eu querer ser feliz? Ver minha família reunida novamente? Querer trazer a SUA MÃE DE VOLTA? É TÃO ERRADO ASSIM? - Gritou Hawk Moth.
- É! - Gritou Chat Blanc no mesmo tom que o pai. - Você  machucou muitas pessoas inocentes, quase matou a Ladybug e a mim! Acha que a minha mãe ficaria feliz ao voltar e saber o que você fez. Isso iria consumi-la aos poucos, se sentiria culpada por achar que muitos inocentes se machucaram por sua causa. Porque a minha mãe, diferente de você, ama a vida e respeita a todo mundo como igual, independente de seu status na sociedade, ou beleza ou riqueza. - Com sua voz quase rouca de tanto gritar, Chat agora arfava cansado.

Eles se entreolharam. A grande Torre Eiffel parecia mais iluminada do que de costume naquela noite fria. Fora ali que tudo começou, nada mais justo do que ser o local de sua ultima batalha. A intensa tempestade fazia com que eles não se enxergassem muito bem, visto que estavam sobre uma distância considerável. Hawk Moth estava rodeado com suas borboletas, porém todas estavam negras. Chat Blanc rodava seu bastão já em posição de ataque, pronto para a qualquer momento golpear o inimigo.
Nenhum som se fazia presente no local, a não o das fortes gotas da chuva chocando-se contra o solo. O vilão então, decidiu quebrar o silêncio.

- Vamos resolver isso de uma vez por todas. - Hawk Moth, mantinha sua voz tão fria como aquela noite – E lembre-se: A luta só terminará quando um de nós sucumbir.
- Eu sei... - Chat respondeu prontamente. Ele não queria, nem poderia deixar suas emoções o atrapalhar. - Mas você é o responsável por ter escolhido essa opção. Você sabe que poderia ter sido diferente.
- Não! Não poderia! – Após a exclamação, Hawk Moth levantou sua bengala na direção da herói. - Você, mas do que ninguém, deveria entender isso. - Em seguida todas as borboletas, que antes estavam rodeando-o, agora avançavam contra seu oponente. - Sinto muito, Adrien.

Com algumas acrobacias, Chat conseguia se desviar. Vez ou outra usava seu Cataclismo, agora sem restrições, para eliminá-las. Mesmo já estando fisicamente fraco por conta da sua luta com Ladybug, ele não poderia desistir. Não agora  que sabia o motivo para aquilo tudo, que descobrira quem fora o causador de todo seu sofrimento e de seus amigos.
Isso certamente terminaria essa noite.
Após destruir, ao que achava, todos os akumas, Chat Blanc parte para cima do pai.

- Me desculpe, mas você nunca mais irá ferir ninguém. - Gritou.

Ele usou seu Cataclismo no vilão. Porém não percebera o momento em que a bengala de Hawk Moth transformou-se em uma espada tão fina quanto uma agulha e quase tão invisível quanto um fio de linha ao vento, porém letal. Chat sentiu um entranho formigamento seguido por uma dor inebriante em seu peito, caindo ao lado do pai, que já estava jogado ao chão.

- Me desculpe, meu filho... - Após sussurrar essas palavras, seu corpo foi se desintegrando, dando lugar à centenas de lindas borboletas brancas, restando apenas seu broche e um pequeno kwami roxo ao lado, desacordado, cansado devido ao grande esforço e ao esgotamento de seu poder.
- Finalmente, acabou... - A dor intensa persistia e o vermelho carmim do sangue manchava quase todo o uniforme branco do herói. - Ahhh... - Arfou. - Me desculpe princesa, parece que não estarei com você daqui para frente. - Sussurrou enquanto uma lágrima ousava descer por sua face.

POV. Adrien

A dor era insuportável, eu sentia como se várias agulhas estivessem perfurando minha pele de todos os ângulos possíveis. A escuridão teimava em me puxar, e eu teimava em não ir com ela, mas uma hora eu não conseguiria mais lutar.
Relaxei e apenas deixei acontecer, mais cedo ou mais tarde ela viria mesmo, não é? Eu só queria que minha princesa estivesse aqui comigo, para poder vê-la uma última vez, para me despedir. De repente, como se um filme estivesse passando em minha cabeça, vi todas as minhas memórias passarem por meus olhos. Me senti como se estivesse no cinema, sentado em uma poltrona confortável, saboreando meu chocolate preferido e nem ligando para o fato de que assim que o filme acabasse, minha vida acabaria também.

- Adeus My Lady... - Em um último e fraco suspiro me despedi da vida.