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História Depois de Ti - II Temporada - O Grande Dia


Escrita por: jaimencanto

Notas do Autor


A sugestão de música para esse capítulo é "Rest Of My Life - Bruno Mars" :*

Capítulo 3 - O Grande Dia


Fanfic / Fanfiction Depois de Ti - II Temporada - O Grande Dia

Lety

 

               Eu não conseguia parar de admirar o meu reflexo no espelho. Poderia ficar ali por horas e horas, e ainda me sentiria feliz. Eu não costumava fazer esse tipo de coisa, mas aquele era um dia especial. Eu estava a poucos minutos de me tornar a Senhora Mendiola, e nada estragaria a minha felicidade.

- Você está lindíssima! – Luigi comentou, emocionado.

- Graças a você, não é? – Sorri para ele. – Sério, Luigi. Eu nem sei como agradecer.

- Já fico feliz por ser uma das madrinhas...

- Padrinho. – Márcia o corrigiu.

- Tanto faz.

- Você está mesmo linda, Lety. – Márcia sorriu.

               Olhei para minha mãe que estava no canto do quarto, limpando desfarçadamente as lágrimas.

- Mamãe, nós prometemos...

- Eu sei. – Ela sorriu. – Mas é que você está tão linda que não consigo não me emocionar.

- Está na hora, Lety. – Carol me entregou o buque.

- É... Está. – Suspirei. – Vai dar tudo certo, não é?

- Com certeza! – Os quatro disseram em uníssono.

- A não ser que ele tenha desistido e tenha fugido. – Brinquei e todos riram, mas então o meu sorriso diminuiu.

- O que foi? – Minha mãe perguntou.

- E se ele tiver mesmo feito isso? – Me sentei à cama.

- Ah, não... Lety! – Márcia sentou-se ao meu lado. – Não pense nisso. Que bobeira!

- Márcia tem razão, Lety. – Carolina disse. – Não pense nessas coisas. Já está tudo pronto. Nós estivemos lá e a decoração está fantástica! Não pode pensar em besteiras agora! Não agora.

- Meu amor, ele te ama. – Minha mãe disse.

- Além do mais, estão planejando esse casamento há quase um ano. Não é possível que o bofe tenha gastado tanto dinheiro para fugir depois, não é? – Luigi colocou as mãos na cintura.

- É, vocês tem razão. Eu preciso parar de pensar nessas besteiras. – Sorri e me levantei.

               A verdade é que por mais que eu tentasse disfarçar com a minha extravagante felicidade e ansiedade, no fundo o medo de que algo desse errado ainda me incomodava. A noite anterior à uma data tão especial é o momento certo para qualquer noiva pensar besteiras, e eu tive tempo de sobra para isso.

- É melhor irmos, não é? – Minha mãe segurou minha mão. – Ou ele vai achar que você quem fugiu.

- É verdade. Já tivemos o nosso atraso necessário. – Márcia riu.

- Então... Vamos. – Suspirei e me olhei no espelho pela ultima vez.

               Depois de vários elogios de papai e Tomás, finalmente entramos no carro e seguimos para a casa de Fernando, onde seria a cerimônia. Por um lado Luigi tinha razão: Planejamos aquele momento por tanto tempo que seria impossível Fernando ter a insensibilidade de me abandonar no altar. Mas o que é isso, Letícia? Ele jamais faria isso! Que coisa feia de se pensar do seu quase esposo! Mas... A imaginação é traiçoeira, e o nervosismo nos faz pensar em coisas absurdas.

- Vai dar tudo certo. – Minha mãe segurou minha mão.

- A Senhora está linda. – Falei sorrindo.

- Obrigada, meu amor.

               Respirei fundo e tentei me concentrar em coisas boas. Em poucos minutos eu estaria de frente ao homem da minha vida, com todos nossos amigos e familiares testemunhando nossa união e o nosso amor. Era assustador e ao mesmo tempo um sonho sendo realizado. Há alguns anos aquilo era apenas um sonho que me acompanhava desde criança, e agora estava prestes a se tornar realidade. A ansiedade aumentou ainda mais quando paramos em frente ao portão da casa de Fernando, e eu já conseguia ver um pouco da decoração. Meu pai cumprimentou os seguranças e entramos nos jardins, que estava exatamente do jeito que imaginei.

- Como está lindo! – Minha mãe exclamou olhando através da janela do carro.

- Sim! Maravilhoso! – Exclamei encantada.

               O jardim da frente estava com as mesas postas para a recepção após o casamento, e em cada mesa havia uma luminária, deixando tudo iluminado com um ambiente semelhante ao litoral, da maneira que eu queria. Ainda era apenas uma parte da decoração, mas eu já sentia a felicidade passar por todo o meu corpo, me fazendo arrepiar de uma maneira inexplicável. Meu coração disparava apenas de imaginar que os convidados já estavam em seus lugares, e que Fernando estava de pé no altar, esperando por mim.

- Pronta? – Minha mãe me olhou, apertando minha mão.

- Pronta. – Sorri, respirando fundo.

               Meu pai abriu a porta e me ajudou a descer do carro, sem muita dificuldade. Eu havia escolhido um vestido simples e definitivamente excluí a opção de usar um vestido rodado. O risco de cair era maior. Mas, graças à ajuda de Luigi, Márcia e Carolina, achei o vestido perfeito que combinava exatamente com um casamento no jardim.

               Assim que desci do carro, notei Márcia conversando com Eduardo mais à frente, e os dois pareciam alterados. Logo Carolina e Luigi entraram na conversa, e ouvi apenas a voz de Márcia dizendo “ele não pode fazer isso!”.

- O que aconteceu? – Perguntei à minha mãe, preocupada.

- Eu não sei.

               Márcia e Carolina olharam para mim, e pareciam apreensivas.

- Eu vou até lá.

- Não. Você não pode ir lá, vai estragar a surpresa! – Luigi me segurou, ajeitando o meu cabelo.

- Mas aconteceu alguma coisa!

               No mesmo instante, Márcia e Carolina andaram em minha direção, e os rostos preocupados apenas confirmavam minhas suspeitas: alguma coisa estava errada.

- O que aconteceu? – Perguntei assim que se aproximaram.

- Lety... Você precisa se acalmar, tudo bem?

- Não se dá uma notícia dizendo isso antes! – Márcia chamou a atenção de Carolina.

- Querem me dizer logo? – Perguntei impaciente.

- Bom... Aparentemente Fernando saiu já faz um tempo e não voltou até agora.

- O QUE? – Perguntei abismada.

- Calma, minha rainha! Não pode ficar nervosa agora! – Luigi segurou minha mão.

- Deve haver uma explicação para isso, meu amor. – Minha mãe tentava me tranqüilizar.

- Mas eu vou matar o Fernando! – Márcia exclamou pegando o celular.

- Não adianta. Já ligamos várias vezes. Ninguém atende. – Omar se aproximou com o celular nas mãos.

- Meu Deus! – Fechei os olhos tentando manter a calma, mas era impossível. – Ninguém ao menos sabe aonde ele foi?

- Não! Os convidados começaram a chegar e ele saiu correndo. Entrou no carro e não disse par aonde ia. Eduardo tentou chamá-lo, mas não adiantou.

               Eduardo se aproximou, também com o celular na mão.

- Nada ainda. – Suspirou. – Lety, é melhor você ir para dentro de casa.

- Eduardo tem razão! – Carolina concordou.

- Eu não posso deixar os convidados ali! – Falei nervosa. – Eles já estão esperando o casamento começar!

- Não se preocupe. Nós iremos entretê-los e vamos continuar procurando pelo Fernando. Mas, no momento você precisa se acalmar, e precisa ficar em um lugar tranqüilo.

               Depois de todos insistirem que o melhor era esperar dentro de casa, eu finalmente concordei. Luigi e mamãe me acompanharam para que eu não ficasse sozinha, e logo Irminha e Marta também me fizeram companhia, me dizendo palavras reconfortantes para que eu me acalmasse.

- Terezinha está louca lá fora. – Márcia entrou em casa, furiosa. – Por pouco eu não a mandei calar a boca!

- Márcia! – Luigi a olhou.

- Ela está mais nervosa que a Lety, e olha que nem é ela quem vai casar!

- Ótimo! Agora mais um problema. Precisamos acalmar a mãe do Fernando. – Suspirei tensa.

- Vai dar tudo certo, Lety. – Irminha disse.

- E se ele desistiu? E se ele pensou melhor e quis desistir?

- Ai, não diga isso, Lety! – Luigi falou.

- Não fique pensando nessas coisas.

- E vocês conseguem pensar em outro motivo para ele ter saído correndo e não ter voltado até agora? Ele se esqueceu de que ia se casar? – Perguntei furiosa, e ninguém respondeu.

- Lety!

               Olhei para a porta da sala e Vovó andou em minha direção, com os braços abertos para me dar um abraço reconfortante.

- Vovó... – Suspirei abraçando-a, tentando controlar a vontade de chorar.

- Ah, meu bem, eu vim saber se você está bem.

- Não tem como ficar bem depois do que aconteceu. – Falei sincera.

- Eu sei. Ainda não sei o que deu no meu neto para fazer algo assim, mas tenho certeza que ele logo, logo vai voltar com uma explicação.

- E se ele não voltar, Vovó?

               Vovó olhou para todos em nossa volta e segurou minha mão.

- Seria muita audácia da minha parte se eu pedisse para conversar a sós com a Lety?

- Imagina! – Minha mãe disse. – Nós vamos lá para fora ajudar no que for preciso.

- Se precisarem de alguma coisa, nos chame. – Márcia disse.

               Um por um eles se retiraram da sala, e pela primeira vez tudo ficou silencioso. De certa forma me acalmava, e saber que Vovó estava ali comigo me tranqüilizava ainda mais.

- Sente-se aqui, minha querida. – Ela apontou para o sofá e eu me sentei. – Você já conhece Fernando a tempo suficiente, não é? – Perguntou sentando-se ao meu lado, ainda segurando minha mão.

- Sim. – Falei firme. – Posso dizer com toda a certeza que o conheço quase tão bem quanto a Senhora.

- Exatamente. E me diga... Conhecendo-o tão bem, acha que ele seria capaz de cometer uma burrice e abandoná-la no altar?

- Eu... - Senti minha garganta queimar e suspirei. – Não. Eu não acho que ele seria capaz de fazer isso.

- Então por que está tão nervosa pensando nessas besteiras?

- Ele já deveria ter voltado, Vovó.

- E ele vai voltar. Não sabemos o que aconteceu, mas tenho certeza que ele terá uma boa explicação para o que aconteceu.

               Balancei a cabeça concordando.

- Fernando te ama, Lety. E eu melhor do que ninguém posso afirmar isso, porque soube antes mesmo de vocês dois perceberem. Se lembra?

- Sim. – Sorri me lembrando da primeira vez que fomos apresentadas.

- E o conhecendo tão bem posso dizer que ele está tão ansioso quanto você para esse casamento.

- Assim espero. – Sorri, apertando sua mão.

- Onde ela está?

               Ouvi uma voz alterada se aproximando. Imediatamente soube de quem era aquela voz e me levantei.

- FERNANDO! NÃO!

- Lety!

- FERNANDO! NÃO PODE VER ELA!

               Várias pessoas o seguiam e quando ele chegou à sala, imediatamente tapou os olhos com as próprias mãos quando me viu.

- Fique aí fora! – Depois que todas as mulheres entraram na sala, Márcia fechou a porta, deixando apenas uma frecha aberta.

- Mas que besteira é essa? – Ele perguntou irritado.

- Não é besteira! Você não pode vê-la antes do casamento! – Carolina falou.

- Posso pelo menos me explicar?

               Eu estava furiosa, esperando que ele começasse a se explicar para enfim eu descontar toda a tensão que tive naqueles últimos minutos.

- Lety, você está me ouvindo? – Ele perguntou se aproximando da porta. Andei até ela, me posicionando de uma maneira que ele não me visse, mas para que pudéssemos conversar.

- Estou esperando você se explicar, Fernando Vicenzo, onde raios você estava? – Perguntei furiosa.

- Eu... Tinha me esquecido de uma coisa. Tive que ir buscar.

- Esqueceu o que? O seu juízo? – Aumentei a voz e todas me olharam assustadas. – Só pode ser, porque para você sair correndo sem avisar ninguém para onde ia, e só voltar quase vinte minutos do horário marcado para começar a cerimônia, você só pode ter ido buscar esse juízo que falta em você!

- Lety, acalme-se. – Minha mãe tocou em meu braço.

- EU SÓ VOU ME ACALMAR QUANDO ESSE DESREGULADO ME DISSER ONDE ELE ESTAVA!

- EU FUI BUSCAR AS ALIANÇAS! – Ele gritou, quase abrindo a porta, mas foi impedido por alguém.

- Você tinha se esquecido das alianças?? – Perguntei abismada. – Eu não acredito, Fernando!

- Não foi minha culpa! Eu... Eu fiquei tenso a semana inteira! Era para ter buscado de manhã e eu acabei esquecendo. Me lembrei e fui correndo buscá-las...

- Por que você não pediu para que eu ou Omar buscássemos? – Ouvi a voz de Eduardo.

- Ou por que simplesmente não esperou que eu chegasse para me explicar? Poderíamos ter arrumado outra maneira! – Falei ainda irritada.

- Eu não podia! – Ele disse imediatamente. – Confie em mim, Lety... Desculpe por ter atrasado, mas... Acredite em mim. Podemos por favor, começar a cerimônia agora?

               Passei a mão na testa, tentando me acalmar.

- Você só pode estar querendo ficar viúvo antes da hora. – Falei abaixando o tom.

- Lety! – Minha mãe me olhou.

- Bate na madeira! – Disse Marta.

- Eu prometo que você vai entender tudo logo, logo. – Ele disse por fim. – Eu vou para o meu lugar agora, está bem?

               Não respondi. Por mais aliviada que eu estivesse, ainda estava furiosa por ele ter tido a brilhante idéia de desaparecer sem avisar ninguém.

- Eu te espero no futuro. – Ouvi um barulho e percebi que ele tinha se afastado.

               Droga, Fernando! Por que tem que ser tão fofo?

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               Depois de alguns minutos para me acalmar e Luigi retocar a minha maquiagem, finalmente pude me preparar para a cerimônia. E dessa vez, ela iria realmente acontecer. Me posicionei em um lugar estratégico para que nem os convidados e nem o Fernando me vissem até a “entrada triunfal”, e ali eu já começava a sentir todo o nervosismo e tensão que deveria ter sentido há minutos atrás.

- Essa gravata está me pinicando. – Meu pai reclamou, tentando afrouxar a gravata borboleta.

- Calma. Só precisa agüentar por mais alguns minutos. – Falei rindo.

- Está muito nervosa?

- Um pouco.

- Vai dar tudo certo.

- Espero que sim. – Sorri e no mesmo instante a música de entrada começou a tocar.

 Senti o meu coração disparar e minhas pernas bambearem. Meu pai esticou o seu braço para que eu o segurasse, e entrelacei o meu ao dele, sorrindo.

- Está na hora.

- É. – Suspirei.

- Está pronta?

- Mais do que pronta.

               Quando meu pai deu um passo à frente e eu o acompanhei, parecia que o meu coração pularia para fora do corpo. Minhas pernas tremiam de um modo que eu pensei que não conseguiria chegar ao altar. Minhas mãos suavam e por pouco o buquê não caía no chão. A moça encarregada de toda a cerimônia colocou Beatriz, a filha de Laura e Eduardo (que por acaso é nossa afilhada) para entrar em nossa frente, jogando pétalas de rosa no chão. Pude ouvir quando os convidados disseram “ohhh”, provavelmente encantados com tanta fofura. Recebemos o sinal da cerimonialista e finalmente pudemos ficar na entrada do jardim. A primeira coisa que notei foi a maravilhosa decoração, que usava estrategicamente as maravilhosas rosas brancas que Celso cuidava com tanto carinho. Fernando deu permissão para que tirassem as madeiras que cercavam todos os arredores do jardim, deixando-o muito mais espaçoso. Estava tudo como eu realmente imaginei, e quando começamos a caminhar em direção ao altar, nem a decoração e nem a atenção de todos os convidados que estava voltada à mim me tirou a imagem que mais me importava. Fernando, de pé em frente o altar, com as mãos cruzadas de frente ao próprio corpo, sorrindo.

               A cada passo que dávamos em direção ao altar, era uma lembrança de todos os momentos que tivemos juntos até chegarmos ali. Tantos altos e baixos, tantas brigas, tantos entendimentos, e finalmente estávamos prestes a começarmos nossa vida juntos. Era impossível não se emocionar com tantas emoções, e com o coração acelerado que estava prestes a explodir com tanta felicidade. Quando finalmente nos aproximamos do altar, Fernando apertou a mão de meu pai e logo depois se dirigiu a mim, segurando minha mão com ternura e beijando-a.

- Pronta? – Ele sussurrou.

- Mais do que nunca. – Sorri.

               Enquanto ele me olhava com tanta doçura, percebi que seus olhos estavam vermelhos e marejados, e apenas um momento tão especial e único poderiam fazer Fernando Mendiola ficar emocionado.

 

                                                                          •••

 

Fernando

 

               Por mais anti ético que fosse da minha parte em não prestar atenção em absolutamente nada que o juiz dizia, eu não conseguia parar de pensar que estava prestes a começar uma nova vida ao lado da mulher que eu amava. Tê-la ali ao meu lado só me fez ter ainda mais certeza de que eu havia tomado a decisão certa. Desde o dia que fui sincero sobre os meus sentimentos, até o dia que a pedi para ser minha esposa. Poucas vezes em minha vida tive tantas certezas, e querer passar o resto dos meus dias ao lado de Letícia Padilha era definitivamente a minha maior certeza.

- Fernando. – O juiz me despertou dos pensamentos. – Você aceita receber esta mulher, cuja mão você está segurando agora, como sua legítima esposa?

               Letícia sorriu para mim, e eu retribuí.

- Aceito. – Falei em alto e bom tom para que todos pudessem me ouvir.

- E você, Letícia, aceita receber este homem, cuja mão você está segurando agora, como seu legitimo esposo?

- Aceito. – Ela abriu ainda mais o sorriso, e eu suspirei aliviado.

- As alianças, por favor.

               Letícia me olhou e eu segurei sua mão, virando-a de frente para os convidados. Todos olharam para trás, confusos, até que Spike entrou carregando as duas alianças penduradas em seu pescoço. Letícia colocou as mãos à boca, sorrindo, e os convidados suspiraram encantados. Assim que ele se aproximou, abaixei tirando as alianças do seu pescoço.

- Bom garoto. – Sorri passando a mão em sua cabeça.

- Você é louco. – Letícia sorriu virando-se para mim.

- Fernando, repita comigo. Eu... Diga seu nome completo...

- Eu, Fernando Vicenzo Mendiola... – Eu repetia o que o juiz dizia. – Recebo a ti, Letícia Padilha Sollis, como minha legítima esposa. Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da minha vida.

               No momento em que coloquei a aliança em seu dedo, senti um alívio enorme percorrer por todo o meu corpo. Ali, estávamos finalmente oficializando o nosso amor, para que todos pudessem ver. Beijei sua mão logo depois e percebi que ela sorria em meio às lagrimas. Se eu não fosse tão “durão”, não estaria diferente.

- Agora você, Letícia. Repita comigo...

- Eu, Letícia Padilha Sollis... – Ela me olhava com ternura enquanto segurava minha mão esquerda. - Recebo a ti, Fernando Vicenzo Mendiola, como meu legítimo esposo. Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. Por todos os dias da minha vida.

               Senti que a qualquer momento iria explodir de felicidade, quando ela por fim colocou a aliança em minha mão. Enfim estávamos casados, dessa vez, legalmente. Letícia era minha esposa, e nada e nem ninguém mudaria isso. Ela era minha, e apenas minha, e eu faria com que todos os dias da sua vida fossem os mais felizes, assim como ela fazia comigo.

- Pelos poderes a mim concedidos, eu vos declaro marido e mulher! Fernando, você pode beijar a noiva.

               Uma salva de palmas ecoou por todo o jardim, misturadas com assobios e gritos dos nossos amigos. Segurei Letícia pela cintura e a deitei em meu braço, fazendo-a soltar um grito divertido e rir logo depois. Olhei em seus olhos e tive a vontade de demonstrar o quanto eu estava feliz. Sussurrei “eu te amo” e levei meus lábios aos dela beijando-a, como nunca me cansaria de fazer. Jamais.

 

                                                                          •••

Lety

 

 

               Ainda era inacreditável que estávamos mesmo casados. Enquanto recebíamos os cumprimentos e felicitações de todos os convidados, eu só conseguia pensar “isso realmente está acontecendo?”. Tudo parecia um sonho para mim, e saber que Fernando agora era o meu esposo, pelo resto de nossas vidas, me fazia querer explodir de alegria. Depois dos cumprimentos seguimos para o jardim da frente, onde seria a recepção. Fomos para a mesa fazer o brinde para logo depois partirmos o bolo, mas fomos surpreendidos com vários pedidos de discurso. Fernando negou até enquanto agüentou, mas quando a cerimonialista lhe entregou um microfone, só lhe restou aceitar os pedidos.

- Bom... Eu não estava preparado para isso. – Ele disse ao microfone e todos riram. – Na verdade, não sou muito bom com as palavras, por isso vou tentar ser breve e resumir tudo... – Ele me olhou. – Lety... Eu já disse isso à você algumas vezes, mas... Hoje vou dizer diante de todos os nossos amigos e familiares, mas... – Ele suspirou, sorrindo. – Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu... Mudei para melhor, graças à você. Hoje eu sou um Fernando diferente do qual todos aqui já conheceram...

- E bota diferente nisso! – Eduardo gritou e nós rimos.

- Eu só preciso dizer... Obrigado. Por tudo. Por ter aparecido em minha vida de uma maneira repentina. Por ter acreditado que eu poderia ser uma pessoa melhor, e por não ter desistido de mim, mesmo quando lhe dei motivos para isso. Eu espero que eu possa retribuir tudo o que você já fez e ainda faz por mim, e espero... Não. Eu quero te fazer feliz da mesma maneira que você me faz. E só para que saiba... Eu sou muito feliz ao seu lado. E eu te amo. Te amo hoje, te amarei amanhã, e te amarei pelo resto de nossas vidas.

               Eu já não conseguia mais conter as lágrimas de felicidade e emoção. Enquanto todos aplaudiam o discurso de Fernando, eu só sabia chorar enquanto ele carinhosamente beijava a minha testa.

- Sua vez, Lety! – Márcia gritou e Fernando me entregou o microfone, divertido.

- Eu... Não sei se vou conseguir falar sem chorar. – Falei limpando as lágrimas, ouvindo as risadas ao fundo. – Como todos sabem, eu sou uma pessoa bem comunicativa, então tudo o que eu disser agora vocês já devem ter ouvido antes, principalmente você. – Olhei para Fernando e ele sorriu. – Mas eu não vou me cansar nunca de dizer o quanto você me faz feliz. Você me faz sentir amada, como nunca senti antes. Nós tivemos momentos difíceis, principalmente quando nos conhecemos, mas... Enfim estamos juntos, dizendo para todos que quiserem ouvir o quanto nos amamos e o quanto estamos felizes. Isso é a realização de um sonho, e ter me tornado a sua esposa foi definitivamente a melhor coisa que já me aconteceu. Eu espero que eu possa ser uma boa esposa para você, porque tenho certeza que você será o melhor marido de todos. – As malditas lágrimas não paravam de rolar em meu rosto e minha voz já começava a falhar. – E eu te amo muito... – Foi a conta de eu dizer a ultima frase para começar a chorar. As pessoas aplaudiram e Fernando me puxou para um abraço.

               Eu realmente estava tão feliz que não conseguia me conter. Toda a emoção que eu segurei (ou ao menos uma parte) durante toda a cerimônia eu não conseguia segurar naquele momento. Estava tão feliz que precisava demonstrar de alguma maneira, e como uma pessoa sensível que sou, só me restava fazer isso chorando. Ergui minha cabeça para olhar para Fernando e ele enxugou minhas lágrimas, sorrindo e me beijando logo depois.

- Eu te amo. – Ele sussurrou quando nossos rostos estavam próximos.

- Eu te amo muito.

- Agora o brinde! – Terezinha gritou erguendo sua taça.

- Está para nascer alguém que goste mais de brindes do que minha mãe. – Fernando cochichou e eu gargalhei.

- Um brinde à essa união que eu tenho certeza que será repleta de felicidade... – Eduardo disse.

- E que não demorem a se reproduzir! – Omar finalizou, me deixando envergonhada.

- Eu tinha que ter pensado melhor ao escolher os padrinhos... – Fernando disse enquanto todos riam.

- À Lety e Fernando!

- À Lety e Fernando! – Todos repetiram e nós fizemos o brinde.

               Depois do brinde e de partirmos o bolo, finalmente pudemos aproveitar a festa, que logo depois que começou a música animada, atraiu os convidados para o meio do jardim para dançarem.

- Posso falar com os recém casados? – Vovó se aproximou de nós dois.

- É claro! – Falei sorrindo.

- Preciso parabenizá-los por essa linda cerimônia, e à você, Nando, pelas lindas palavras que disse à Lety. – Ela tocou no rosto de Fernando carinhosamente.

- Obrigado, Vovó. – Ele beijou sua mão.

- Eu queria dizer que estou muito feliz por ter presenciado esse momento, e que isso é a realização de um sonho para mim. Ver Fernando amadurecer nesses últimos anos, voltar a ser o meu Fernando que há tanto tempo ficou escondido dentro de um escritório, foi realmente um alívio para mim. Eu me lembro de quando vocês foram me visitar depois de tanto tempo... Vocês inventaram que estavam casados, e querem saber de uma coisa? Desde aquele dia eu sabia que esse dia chegaria.

               Fernando e eu sorrimos um para o outro.

- Eu imagino que tenha sido a primeira pessoa a perceber que vocês foram feitos um para o outro, já que nem mesmo vocês se deram conta disso naquela época. Fernando hoje sabe o que é amar alguém, e como é ser amado, e isso é o melhor presente que já recebi até hoje.

- Obrigada, Vovó. – Disse emocionada.

- Agora eu espero que não demorem para me presentearem com um bisneto. Ainda preciso realizar mais esse sonho.

               Fernando e eu rimos.

- Eu espero que sejam felizes. E eu sei que serão.

               Nós dois a abraçamos, emocionados. Vovó era uma das pessoas mais especiais e essenciais em nossas vidas, já que foi graças à ela que abrimos nossos olhos para o sentimento que tínhamos um pelo outro. E com sua ajuda, estávamos casados.

- Os noivos, por favor, venham para o centro do jardim para a dança do casal. – Márcia disse ao microfone.

- Ela ficou louca? – Fernando perguntou.

- Ah, não seja chato, Nando. – Vovó disse. – É uma tradição. Não pode quebrá-la.

- Mas eu não estava preparado.

- Está com medo do que vão pensar? – Perguntei divertida e ele sorriu.

- Está bem, espertinha. – Ele segurou minha mão. – Só espero que não pise no meu pé como das outras vezes.

- Acho que eu que tenho que dizer isso.

               Ficamos ao centro do jardim como Márcia pediu, e os convidados fizeram uma espécie de roda em nossa volta. Como todos eram amigos e familiares, não fiquei nervosa como ficava das vezes que dançávamos em eventos importantes. Fernando segurou em minha cintura e eu entrelacei meus braços em volta de seu pescoço. A música se iniciou, e Fernando deu o seu primeiro passo, me guiando.

- Está tudo lindo, não acha? – Perguntei enquanto dançávamos.

- Sim! Muito!

- Confesso que fiquei surpresa quando me disseram que você deu permissão para tirarem a cerca dos arredores do jardim.

- Agora ele não é apenas só meu. – Ele sorriu. – Não preciso protegê-lo mais.

- Foi uma cerimônia linda.

- Sim, foi sim. Mesmo com o imprevisto... – Ele riu.

- Mas ainda não entendi sobre a aliança. Você poderia ter deixado pra lá, eu realmente não me importava.

- O que? Nos casarmos sem aliança?

- O importante é casar, não é? – Falei rindo.

- Não. Eu não poderia admitir ter uma cerimônia tão bonita sem a parte mais especial.

- Por que especial?

- Essa aliança não te lembra nada?

               Olhei para minha mão esquerda, tentando entender o que ele dizia. Por alguns segundos não consegui entender absolutamente nada, até me lembrar da primeira vez que usei uma aliança.

- Eu não acredito! – Falei abismada. – Você... Realmente fez isso?

- Sim! – Sorriu orgulhoso.

- Mas... Como? Ela estava na minha casa.

- Bom... Foi exatamente por isso que tive a idéia. Em um jantar na sua casa você me deixou no seu quarto enquanto foi ajudar sua mãe, e eu vi a aliança pendurada na cabeceira. Me lembrei que também havia guardado a minha, e tive a idéia de usá-las. Achei que elas eram especiais, e que seria uma boa idéia.

- Foi uma ótima idéia! Eu... Nem sei o que dizer!

- Só fiquei surpreso de você não ter notado que ela desapareceu repentinamente. – Ele riu.

- Esse mês foi tão corrido para nós dois que não tive tempo para fazer isso. – Sorri. – Mas, adorei a idéia.

- O problema é que eu decidi fazer algo de ultima hora, e foi por isso que acabei me esquecendo.

- O que você fez?

- Eu decidi gravar a data daquele dia, e a de hoje.

- Você se lembra da data exata daquele dia? – Perguntei ainda mais perplexa.

- É tão estranho assim?

- Eu particularmente lido com números todos os dias e não consigo me recordar.

- Então, um ponto a mais para mim.

- Vários pontos a mais para você!

- Não poderia deixar passar em branco a primeira vez que fomos casados. Bom... Que fomos casados de mentira, e hoje... De verdade.

- Realmente conseguiu me surpreender, Fernando Mendiola.

- Fico feliz por isso, Letícia Mendiola. – Ele sorriu divertido.

- Pombinhos, a musica já terminou. – Eduardo se aproximou e só então percebemos que não éramos mais o centro das atenções, e que outras pessoas também dançavam à nossa volta.

               Depois de uma dança animada, chegou a hora de jogar o buquê. Márcia me deu a idéia de subir as escadas da entrada e jogá-lo de lá de cima, assim seria mais divertido ver a briga pelo buquê (segundo ela). Fiz o que ela pediu e todas as mulheres se reuniram em minha frente.

- Prontas? – Gritei para que me ouvissem.

- Sim! – Elas gritaram de volta.

- Vou contar até três.

               Me virei de costas e ergui o buque.

- Um... Dois...

               Antes mesmo do três eu joguei o buquê e pude ouvir vários gritos e gargalhadas. Quando me virei, vi algumas se levantando do chão e Márcia segurando o buquê.

- Agora vai ter que casar! – Eduardo gritou divertido.

- Deus me livre! Joga esse buquê de novo! – Márcia o jogou para cima e novamente as mulheres brigaram por ele.

 

 

                                                                          •••

 

Fernando

 

 

               Por mais magnífica e animada estivesse a festa, eu já não via a hora de finalmente poder ficar a sós com minha esposa. Por fim, os convidados já haviam se despedindo, inclusive os amigos mais próximos e nossos pais. Como partiríamos para a lua de mel em poucas horas, nos trocamos e ficamos preparados para sair à qualquer momento.

- Eu acho que preciso de uma boa noite de sono. – Letícia disse sentando-se pesadamente ao meu lado.

- Nada disso. Nós ainda precisamos pegar um avião, e aí sim poderá dormir. – Sorri me virando para ela.

- E quando é que o Senhor vai me dizer para onde vamos?

- Eu disse... É uma surpresa.

- Todos me dizem a mesma coisa! Eu sei que você teve a ajuda de Márcia e Carolina para isso, e elas também não quiseram me contar.

- Ainda bem! Pelo menos dessa vez elas souberam guardar segredo.

- Bobo! – Ela riu, me beijando.

- O carro já está pronto, Seu Fernando. – Ramon disse.

- Obrigado Ramon. E desculpe por fazê-lo trabalhar depois de uma festa. – Me levantei batendo em seu ombro.

- Faço isso de bom grado, Seu Fernando! A festa foi maravilhosa!

- Que bom que gostou.

- Ramon, pode me dizer para onde vamos? – Letícia perguntou.

- Para o aeroporto, que eu saiba.

               Dei uma gargalhada e ela cruzou os braços.

- Quero saber o nosso destino depois do aeroporto!

- Ramon não sabe, sua teimosinha. E eu já disse que será uma surpresa.

               Bufando ela revirou os olhos, ficando emburrada. Mal sabia que eu adorava quando ela se emburrava daquela maneira.

- Onde está Irminha? – Lety perguntou olhando em volta.

- A ultima vez que eu vi estava choramingando porque iríamos viajar.

- Pobrezinha!

- Ah, ali está ela!

               Irminha andou em nossa direção, acompanhada de Spike que logo pulou em meu peito.

- Já estão indo? – Perguntou chorosa.

- Sim! – Lety a abraçou. – Voltamos em uma semana, Irminha.

- Eu sei. Mas a casa vai ficar tão vazia sem vocês. Literalmente.

- Vai passar rápido, você vai ver. – Sorri abraçando-a.

- E não se preocupem. Vou cuidar de tudo por aqui, inclusive desse bagunceiro. – Ela apontou para Spike.

- Obrigado, Irminha.

- Façam uma ótima viagem, e aproveitem!

- Nós iremos! – Lety sorriu. – Tchau, Spike!

- Comporte-se. – Falei passando a mão na cabeça de Spike.

               Ajudei Ramón a guardar nossas malas enquanto Lety se despedia de Irminha pela segunda vez. As duas estavam quase chorando, até que eu me apressei e abri a porta do carro para que Lety entrasse.

- Tchau, Irminha! – Ela disse pela ultima vez, acenando e entrando no carro.

- Aproveitem a viagem! – Irminha disse.

- Obrigado! – Acenei e entrei no carro, fechando a porta.

- Eu detesto despedidas. – Letícia suspirou e eu segurei sua mão.

- É só por uma semana...

- Eu sei! – Ela sorriu, apertando minha mão.

               Não demorou muito para que chegássemos ao aeroporto. Depois de pegarmos nossas malas, nos despedimos de Ramón e nos apressamos para fazermos o check in. Assim que Letícia descobriu para onde iríamos, permaneceu de boca aberta por longos minutos.

- O que foi? – Perguntei divertido.

- Eu não acredito que... Estamos indo... Para Cancun! – Ela exclamou abismada.

- Não gostou?

- Se eu gostei? – Ela me olhou, ficando na ponta dos pés e me dando um longo beijo. – Eu amei! – Exclamou sorrindo.

- Ainda bem! Não tem como trocarmos as passagens. – Brinquei e ela riu.

               Depois que fizemos o check in, não demorou muito para anunciarem o nosso vôo. Entramos na fila para entrar para o avião, e Lety não parava de sorrir e repetir o quanto estava feliz. Parecia que o cansaço tinha dado uma pausa para que ela pudesse se empolgar com a viagem, e eu não estava diferente. Imaginar que passaríamos uma semana, a sós, em um lugar tão bonito, me deixava completamente extasiado. Principalmente por saber que lá, teríamos a nossa tão esperada primeira noite. A primeira de muitas... 



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