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História Depois de tudo - Medo de te perder


Escrita por: Loislene_

Notas do Autor


Eu acho que não demorei tanto para postar esse capítulo hahaha espero que eu continue assim, que vocês gostem e tenham uma boa leitura :)

Capítulo 8 - Medo de te perder



**********************************WILL*************************************

Estou radiante, mesmo doente, morrendo, definhando, estou radiante, pois tudo que eu mais queria aconteceu, claro que não da forma que eu queria, mas aconteceu, sou o homem mais feliz do mundo, poderia pular de alegria, mas obviamente não seria possível já que nem sorrir sem estremecer de dor eu consigo mais. Clark é a minha luz no fim do túnel, aquela que aparece quando você esta perdido em alto mar, se afogando a séculos quando a tentativa de continuar a nadar já é vã, rezando para chegar a praia ou que simplesmente se afogue de vez, mas ai, quando você menos espera e mais precisa, essa luz chega, e não pense que ela vai ser a sua força de vontade em nadar e chegar a areia fofa da praia, mas ela é o barco salva vidas que em meio ao tempestuoso e nebuloso mar, vai lhe encontrar e lhe dar a mão para subir, deixar de se afogar, chegar a praia, voltar a viver com os pés firmes no chão e o nome dela é Louisa Clark, em todos os momentos é ela quem estará dentro do barco, para me dar a mão e me puxar para dentro. Estamos conversando a respeito da cerimônia, planejando tudo, e mesmo que eu esteja com dor, não me importo, pois só de ouvir a sua voz, meu corpo sara, sei que estamos indo rápido demais com isso, mas quem sabe quanto tempo ainda me resta? Já conversamos a respeito disso, e eu já disse que não quero me casar com ela para morrer depois e deixa-la viúva, e sabe o que ela me respondeu?

-Serei a viúva que teve o casamento mais feliz do mundo e que te amara para sempre.

-Ok, ok, você me venceu, prometo que não toco mais nesse assunto, já que a senhorita tem resposta para tudo. Sorrio para ela, não consigo debater nada sem esse clima espirituoso que sempre há entre nós e o mais incrível de tudo é que com ela, sorrir não dói.

-Tenho mesmo! Ela diz com o nariz empinado. -Então vamos voltar para a cerimônia...

-Não. Acho que disse em um tom muito duro, pois entre suas sobrancelhas esta um sutil v e ela me olha com certo espanto, acho que a ofendi, mas essa não foi a minha intenção, então eu sorrio para suavizar a situação e prossigo. -Quero falar sobre seu vestido de noiva! Já tem uma ideia do que quer?

-Não vou te dizer, da azar contar.

-Na verdade, Clark, ver é que da azar.

-Da na mesma, nenhum vai acontecer.

-Vai sim, preciso ver. Ela ri e nega novamente, não quero acabar com esse clima gostoso entre nós mas uma hora ou outra teria que tocar nesse assunto.

-Clark, eu realmente preciso ver. Não sabemos quanto tempo ainda me resta, não quero ir sem ver o quão linda você ficará vestida de noiva, a minha noiva.

Ela me olha com os lábios firmes em uma linha, os olhos começam a marejar e ela sorri de canto para mim, pigarreia, seca os olhos e afirma com a cabeça.

-Tudo bem, mas será um vestido simples. Ela muda de assunto, sei que falar que posso morrer a qualquer instante a assusta, me assusta também, mas temos que ser realistas e se agora não é o momento de falar sobre isso, ok, eu já disse o mais importante que tinha para falar. Sei que ela esta fugindo do assunto, porque nem em um milhão de anos luz ela usaria um vestido simples.

-Continue...

-Será branco...

-Clark, todos os vestidos de noiva são brancos.

-Nem todos, posso ser aquelas que se vestem de preto, o que acha? Sua mãe ia adorar. Ela ri e sua gargalhada me cativa.

-Preto ficaria ótimo para a situação em que estamos. Dessa vez a piada com velório não nos afasta e nem corta o clima, só nos faz rir ainda mais.

-Engraçadinho! Sinto muito lhe decepcionar mas será branco. Mas um branco vivo.

-E alguma vez eu já duvidei que você gostasse de cores vivas? Até porque a senhorita Clark nunca usou um verde gritante ou amarelo. 

-Esta rindo de mim? Posso cancelar o casamento agora mesmo. 

-Oh não, por favor, perdoe meu erro em pensar que você Clark deixaria de fazer até um vestido branco ser o mais vibrante possível.

-Perdão concedido. Porém, não sei se encontraria um vestido que eu goste nessas lojas de luxo que você esta acostumado a frequentar.

-Quem disse que será comprado? Quero que você o faça! Pela sua expressão é nítido ver que ela não acredita no seu potencial, ela pode fazer isso, sei que pode e além do mais, nenhum vestido a cairia tão bem se não fosse repleto dela em cada costura.

-Will, não sei se posso fazer isso.

-Pode e vai, acredite no seu potencial.

-A história do potencial de novo não.

-Então não discuta e faça o vestido, eu cuido do que vai precisar para faze-lo, só quero que você faça.

-Ok. Ela diz, mas esse simples ok já pode me mostrar seus olhinhos brilhando em antecipação, ela ama isso, ainda me pergunto porque não vai atrás do seu sonho. Bom...essa é a minha próxima meta, a fazer ver isso.

O médico entra e se espanta que Clark ainda esteja aqui, pois já se passaram duas horas do horário limite de visita, ele nem precisa dizer nada, ela se levanta, me beija e com um sorriso radiante, se vai. Demoro um pouco para ver que é realmente o médico que está aqui, normalmente quem vem mais aqui é a enfermeira, algo esta errado.

-William, vejo que esta mais feliz, isso é muito bom.

-Sim Dtr. Sheldon, mas o que o trouxe aqui?

-Já conversamos sobre sua situação e esclarecemos para seus familiares e a cuidadora.

-Clark! Falo em um tom grosso.

-Sim, Louisa Clark... Todos já ouviram o que podemos fazer, mas agora resta a você decidir fazer ou não a Nefrectomia, então...

-Eu vou fazer. 

-Esta ciente de que há grandes riscos que você não aguente o procedimento?

-Sim. 
Não posso negar isso, se de qualquer jeito vou morrer, tenho que pelo menos tentar o que pode me salvar se eu tiver sorte. Não estou preocupado com a morte, na verdade já somos melhores amigos, o problema é que demora anos para conseguir um rim e estou  com muito medo, para não dizer aterrorizado de morrer sem ao menos me casar com Clark, aliás, quem se importa com um rim novo ou com a morte, pra quem já foi de encontro a ela de mãos dadas rumo ao suicídio? Não queria me casar com Clark dessa forma, isso não quer dizer que eu realmente não queria ser seu marido, na verdade isso me parece um sonho incrível, o ponto é que eu vou morrer se todo esse esforço falhar e se eu achava que após as Dignitas ela ficaria arrasada e eu culpado eternamente no inferno, céu, purgatório ou seja lá onde os suicidas em potencial ficam depois da morte, então imagine só como minha pequena Clark ficará se casar-se comigo, ter alguns dias e ou semanas de um romance épico comigo e de uma hora para outra eu morrer, ela vai ficar viúva, odeio ter que fazer isso sob essas circunstâncias, mas ela com aquele charme irresistível me convenceu do contrário e eu realmente espero que qualquer Deus que exista, possa me perdoar por tudo e me conceder a dádiva de viver com ela, para fazer dela minha esposa.

-O procedimento será iniciado assim que conseguirmos seu rim, portanto vou o colocar na fila de espera.

-E aquilo de receber um rim da família?

-Como eu já lhe expliquei, esse procedimento requer muito mais burocracia, portanto mais tempo, mas não comparado com os possíveis três anos na fila de espera e...

-Eu preciso de uma pessoa disposta a isso, já sei disso. 

-Já tem alguém? 
Definitivamente não, não posso pedir isso a ninguém, me parece injusto pedir um pedaço da vida de outro alguém, nem que seja da minha família para me salvar, tendo tantas outras pessoas que realmente merecem esse rim muito mais do que eu. Tanto que ordenei que o médico não passasse essa informação a ninguém, exceto para uma pessoa cuja eu sei que não quebrará sua promessa de guardar esse segredo a sete chaves.

-Não, acredito que o certo seja ficar na fila.
O médico chega mais perto de mim e começa a falar num tom mais sério.

-Olhe William, nunca tive um paciente como você, capaz de recusar a vida, sei que estamos no lugar onde os suicídios acontecem, mas isso não precisa continuar, permita-se viver.

-Obrigado doutor. Digo o dispensando.

E assim ele sai da sala, estou com a morte no meu cangote, mas se ela pensa que vai ser fácil assim, pois está muito enganada. Mais tarde a enfermeira vem me medicar e eu caio no sono, quando acordo já são quase 20:15, está quase na hora do jantar e posso admitir que nunca fiquei tão feliz para uma refeição, pois quem virá não sera a enfermeira, mas sim Clark, porque consegui fazer com que deixassem ela me alimentar e eu não podia ficar mais feliz em ver ela duas vezes por dia, que era pouco mas nessa situação em comum, o máximo que dava. E com uma pontualidade incrível a porta se abre e lá está ela, com uma mochila nas costas e uma bandeja nas mãos, ela fecha a porta com o pé e entra toda desajeitada, me fazendo rir mesmo sonolento, ela coloca a bandeja na mesinha ao lado e me ajuda a sentar, passando suas mãos frias pelo meu pescoço e costas, não me incomodo mais com esse gelo, é muito reconfortante o toque de suas mãos, por mais que sejam o próprio iceberg. Ela senta na beirada da maca e coloca a bandeja encaixada no suporte dela, eu olho para aquela comida hospitalar e faço careta.

-Odeio esse lixo hospitalar. Sua comida seria um manjar dos deuses perto disso.

-Por isso eu contrabandeei cenouras para você. Ela diz sorrindo e abrindo a mochila. -Na verdade, sopa de cenouras, não me deixaram entrar com o purê, que por acaso também era de cenoura.

-Graças a Deus que não deixaram, ou eu ia ter uma intoxicação por cenouras. 

Ela tira a comida hospitalar da minha bandeja, deixando apenas a gelatina e colocando uma mini panela térmica que mesmo enrolada em um pano, tem um cheiro maravilhoso de sopa de cenouras. Ela abre e começa a me alimentar. Já nas primeiras colheradas de sopa ela consegue derrubar e manchar minha roupa de cama, oh como senti falta dessa completa desastrada, ela ri disso e conversa comigo, sem tirar os olhos de mim.

-Como está?

-A sopa? Não esta tão ruim. Faço careta ao engolir, fingindo estar ruim.

-Estou falando de você seu piadista.

-Estou bem!

-Esta melhorando? 

-Uhum... Digo sem olha-la nos olhos, não consigo dizer que estou com dor agora, mudo de assunto antes que ela possa prosseguir com isso.-Mas e o vestido, já tem algum protótipo?

-Sim, olhe, ela pega uma pasta repleta de desenhos lindos de variadas roupas, ela tem talento, como pode não ver isso? De lá tira cerca de quatro desenhos e todos eles são vestidos de noiva bufantes, daqueles da década passada, engasgo uma risada e ela pergunta.

-O que achou?

-...Ótimo.

-Você hesitou.

-Não hesitei não.

-Hesitou sim, o que foi? São feios? 

-Não...Só são diferentes. Eu rio dela por que são muito espalhafatosos, ela só pode ter feito isso de propósito, pois os seus outros desenhos fogem muito daquilo.

-Esta rindo de mim Traynor?

-Eu não ousaria. Mas parece que você ousaria, pois eu tenho certeza que esses não são os desenhos que você realmente queria me mostrar. 

Ela rola os olhos.

-Você não deixa escapar uma em.

-Clark, por que esta fazendo isso? 

-Não quero te mostrar o desenho certo, não quero te mostrar o vestido pronto.

-Por que? E se eu morrer sem ver sua obra de arte?

-Esse é o problema Will, fazer esses desenhos só me lembra esse detalhe horrível. Me lembra que isso pode ser um adeus, que posso nem terminar a tempo, preferia que comprássemos um em vez de a cada traço desenhado uma lágrima cair dos meus olhos imaginando que você possa não ver e se ver possa ser a ultima vez. Eu já quase te perdi uma vez e me parece que o destino adora me pregar essa peça de "Morre ou não morre".  A esse ponto a sopa já havia acabado e ela já estava soluçando. 
-Will, a cada bip de todos esse aparelhos em que você esta ligado, um pedaço do meu coração evapora, como pó jogado ao vento, a cada vez que penso em um modelo de vestido, uma memória triste me invade e eu não consigo pensar em estampas ou cores, mas sim que isso é um mal preságio, perdi meu avô e foi devastador, mal posso imaginar o tamanho da dor que irei sentir se perder o amor da minha vida. Ela faz uma pausa, respira com dificuldade e pega um lenço na mochila para limpar o rosto.

Se há um momento para se sentir um homem inútil, esse momento é agora, pois eu queria ao menos secar seu belo rosto e dizer que tudo vai ficar bem, bom...dizer eu ainda posso pois essa parte do meu corpo ainda não está paralisada.

-Clark, ouça, tudo vai fic...

-Não, não vai, tente entender ao menos uma vez Will, preciso repetir o que fiz nas Dignitas para lhe mostrar o quanto te amo? Eu fico em silêncio, não sei o que responder, sei que ela tem razão, mas dizer isso não vai ajuda-la na sua dor e muito menos parar com seu momento choroso que odeio tanto, pois odeio a fazer sofrer. Após uma longa pausa ela me olha séria, como nunca olhou, ou já olhou?...Sim, nas Dignitas, droga, o que ela fez dessa vez? Ela tira um envelope médico da mochila, Jesus, isso de novo não.

-Não temos um bom histórico com envelopes. Falo tentando reerguer o bom humor dela mas nada acontece.

Ela tira do envelope dois exames médicos um clínico e um laboratorial, não estou entendendo, até que ela me mostra mais de perto um outro papel, quando leio com mais atenção fico em choque, não é possível, como ela soube que podia fazer isso? O documento é o primeiro papel de semi confirmação de doação renal, ela vai me doar um rim dela.
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                                                               DOAÇÃO RENAL                                                                                                   
                                                                                                                                                                       
 PARA FINS DE DOAÇÃO  E RECEPÇÃO RENAL, o(a) paciente: Louisa Clark, realizou com exito 
os exames preliminares, estando saudável e em situação: Parcialmente compatível ao receptor(a):
William John Traynor, para a realização do processo cirúrgico: Nefrectomia com transplante renal.                                                                                                                                         
De acordo com os demais exames que serão solicitados ao doador(a): Louisa Clark, após sua
realização, comprovação de compatibilidade de: Tecido, tipagem sanguínea (ABO) e dos antígenos
dos glóbulos brancos (HLA)
 e aprovação confirmada devidamente assinada, o(a) doador(a) terá em
seu exame a situação em: Compatível ou Incompatível  a situação do receptor(a): William John Traynor.
Havendo compatibilidade o processo será  realizado com a assinatura e concedimento do(a) mesmo(a),
não havendo compatibilidade por tais vias, o(a) receptor(a) será realocado(a) ao seu lugar na fila de espera
para receber o rim.
Portanto entregue este documento assinado ao médico regente, estando apto(a) e unicamente,por vontade
própria consentindo a realização do procedimento cirúrgico em pró do receptor.




                                                    Assinatura:    Louisa Clark          .
______________________________________________________________________________________


Notas Finais


Obrigada por ler e voltem sempre <333


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