História Depois do Álcoolntecer - Capítulo 1

         Losing You - Aquilo

  Os raios solares que ultrapassavam as percianas do enorme quarto não pareciam incomodar nenhuma das mulheres que estavam dormindo de forma tranquila, feito pedra.

  A noite passada, com certeza, poderia ser descrita como a mais louca de suas vidas. O cheiro de álcool ainda era presente em ambas, e parecia ter tomado conta de todo o aposento.

  As olheiras estavam escondidas por trás da maquiagem borrada, e as roupas? Completamente amassadas.

  Quem visse, diria que um caminhão atropelou violentamente Lana e Jennifer. Certamente, elas realmente foram pegas de forma bruta, todavia, o "caminhão", contém outro nome. Álcool.

  As duas mulheres dormiam uma por cima da outra, isso causaria um desconforto enorme ao acordarem.

  Ás nove horas, o sol encontrava-se mais luminoso e forte, mas não o bastante para despertar as atrizes. Não que fosse necessário, pois, Lana começou a dar os primeiros sinais de que estava acordando, por sí própria.

  Lentamente, as pálpebras foram abrindo-se, e quando, por completo, se fecharam novamente.

  Dor.

  Foi o que Lana sentiu de imediato, não apenas no corpo, mas também em sua cabeça. Os olhos ardiam com a luminosidade, e piscaram freneticamente até a mulher conseguir acostumar-se.

  Desconhecido.

  Aquele, não era seu quarto. A pessoa que tinha a barriga servindo como travesseiro para sua cabeça, também não era seu noivo. Isso a assustou, fazendo então, a mulher sentar-se na cama.

  Alívio.

  Não era um estranho, muito menos um maníaco. A loira, ainda dormia, e sequer, pareceu incomodar-se com os movimentos de Lana, que a observara por alguns instantes.

  A mulher notou o quanto o semblante da amiga era cansado, entretanto, isso não era um problema para sua beleza. O cansaço sumia ao ver os longos fios dourados, desgrenhados pelo travesseiro, destacando-se ao branco da fronha. Os lábios finos e rosados, juntamente com a respiração calma, mostravam, que apesar de tudo, a mulher dormia em seu mais belo, profundo e, tranquilo sono.

Deveria deixá-la descansar, mas, também precisava de respostas.

  "Por que estamos aqui?"; "Por que eu não fui para casa?"; "Não deveríamos estar com a Rebecca?"; "O que aconteceu na noite anterior?".

  Perguntas, e perguntas invadiam a mente da mulher, seu cérebro estava em uma confusão gigantesca, e apenas Jennifer, poderia lhe dar respostas... Pelo menos, era isso que a morena esperava.

— Jen? – Chamou baixinho. — Jen? –Cutucou a loira. Nenhuma resposta lhe foi dada. — Jennifer, acorde! – Intensificou a voz, e a mulher continuava em seu sono. — Jennifer! Jennifer! – Optou por sacudí-la mesmo, e com mais alguns chamados, finalmente acordou.

  Abruptamente sentou na cama com o susto que levou, contudo, seu corpo foi obrigado a se chocar novamente com o colchão. Jennifer gemeu de dor. Por um momento achou que seu cérebro explodiria, e seus pedacinhos provavelmente voariam longe. Sentiu seus olhos lacrimejarem por conta do desconforto, seu corpo estava tão mórbido que a mulher apenas gostaria de dormir novamente, e só acordar quando tudo estivesse bem.

— Jen, eu lhe machuquei? – Rapidamente a morena prononciou-se, estava preocupada. — O que está sentindo? – Tocou o ombro da amiga, em uma tentativa de confortá-la.

— E-eu... – Respirou fundo e apertou os olhos. – E-estou com muita dor.

— Você tem algum analgésico por aqui? – A loira maneou a cabeça de forma positiva. A dor ainda era grande, e até mesmo o som da voz de Lana lhe fazia achar que iria morrer. — Onde posso encontrá-los?

— Eu sempre ando com uma cartela na bolsa, mas caso não ache... – Respirou fundo antes de prosseguir. — No b-banheiro tem uma caixa com vários outros medicamentos... Um tem que servir.

— Certo, eu irei pegar. – Levantou-se lentamente da cama, já que seu estado também não era um dos melhores. — Qualquer coisa me chame.

  Em passos trôpegos, a morena foi até à cozinha. Não pôde reparar muito na casa, mas notou que era grande o bastante já que demorou a encontrar o local. Procurou por copos, e após abrir dois armários, o encontrou. Com o copo de água em mãos, voltou ao quarto e em seguida pôs o objeto sobre o criado mudo.

  Ainda faltava o remédio, que não foi difícil encontrar. A mulher sequer sabia onde estava a maldita bolsa, e nem lembrara qual era, portanto, optou por ir ao banheiro e pegar a tal caixa com os medicamentos. Lana quase pensou em voltar ao quarto quando viu que haviam duas caixas, qual das duas seria a certa? Ambas continham remédios. Simples, haviam nomes, e em uma delas estava escrito "Ava". Lana sorriu e pegou o analgésico, voltando então, ao local onde sua amiga estava.

— Aqui está. – Disse baixinho. — Tente sentar.

  Com esforço, a loira atendeu ao pedido, pegou o copo das mãos de Lana e lhe deu um sorriso grato.

— Você não vai tomar também? – Jennifer perguntou após engolir a pílula.

— Sim, apenas estava esperando por você. – Sorriu e então foi sua vez de tomar o analgésico.

  Silêncio.

  Pairou no ar, nenhuma das duas ousou a falar algo, apenas trocas de olhares foram dadas.

  Após algum tempo, Lana resolveu que era hora de ter suas respostas.

— Jen, precisamos conversar. – Encarou as orbes verdes, que expressavam um misto de curiosidade e desconfiança.

— Hum... Diga.

— O que houve na noite passada? Por que estamos em sua casa e não com Rebecca? – A mulher perguntou, não havia raiva em sua voz, ou qualquer outro sentimento estranho. Era apenas dúvida.

  A loira por outro lado, não acreditou que a mulher não lembrava de nada.

— Como assim "o que aconteceu na noite passada?". – Franziu o cenho e levantou-se da cama. — Você não pode ter esquecido! Lana você tem que lembrar... – Suspirou e passou as mãos nos próprios cabelos, Jennifer estava nervosa.

— Ei, calma! Foi apenas uma pergunta. – O ato da mulher, acabou deixando Lana assustada, por quê todo aquele nervosismo? — Eu devo ter passado da conta, não lembro de nada.

— Nada? Como assim nada? – Começou a andar freneticamente de um lado para o outro. — Você precisa lembrar! Eu não sei como contar a noite passada à você.

— Jennifer? – Chamou a mulher que estava quase descabelando-se. — Jennifer! – Exclamou para atrair sua atenção. — O que aconteceu na noite anterior? – Perguntou encarando-a.

 Jennifer fechou os olhos e respirou fundo, mentalmente tentou encontrar uma maneira de responder à outra mulher, mas era tão difícil, ou seria direta, ou então enrolaria até chegar ao ponto, e conhecendo bem a mulher, sabia que a melhor maneira seria ser direta.

  Ao abrir os olhos, observou Lana, que estava sentada ainda esperando a resposta, seu semblante era sério, e preocupado.

— Lana, nós nos casamos ontem. – Disse de uma só vez.

[...]

               You and Me - You Me

— Então, qual destes você acha melhor levarmos? – Rebecca perguntou à Rose.

  As duas mulheres acordaram por volta das oito horas, a princípio por causa da loira que estava muito preocupada com a amiga. Colin pediu por notícias, pois teria de voltar com Helen para ficar com o filho que ainda estava sob os cuidados da babá. Já Sean, também não estava no seu melhor estado, então Bex pediu ao noivo Marcus que ficasse com ele.

  Passaram em uma loja de doces para comprar café da manhã, já que era uma grande possibilidade Jennifer e Lana ainda estarem em jejum.

— Qualquer um, compra dois de cada sabor. – A mulher das orbes azuis disse impaciente. — Vamos logo Bex, nós precisamos ir vê-las.

— Rose, você precisa se acalmar! Elas estão bem, já são bem grandinhas para fazerem besteiras. – A ruiva disse após fazer os pedidos.

— A menos que estejam bêbadas! – Bufou. — Sequer sabemos se elas estão juntas, e se não estiverem?

— Elas provavelmente estão, você mesma falou com o Fred e ele disse que Lana não dormiu em casa. – A ruiva entregou a caixa com quatro copos de café, que estavam extremamente quentes à Rose. — E Helen viu elas duas indo embora juntas ontem.  – Disse naturalmente. — Elas deves estar dormindo, mantenha a calma, fadinha. – Rose lhe deu um sorriso envergonhado.

— Você tem razão, é só que... Eu me preocupo demais com a Jen. – Rebecca semicerrou os olhos e direcionou seu olhar à loira que nem se tocara do que falou.

— Jen? Então, você está mais preocupada com a Morrison? – Sorriu maliciosamente. — Vocês duas... Eu bem que notei. – Riu baixinho e pegou a caixa que continha meia dúzia de cupcakes de variados sabores.

— Não! – Exclamou. — Você entendeu errado. – A loira já estava vermelha e nervosa. — Não é nada disso... Nós somos apenas amigas, é claro que me preocupo mais com ela. Eu também me preocupo com a Lana, mas a Jen é a mais fraca com bebidas e... – Bex fez sinal para que a mulher parasse de se explicar.

— Eu já entendi, está tudo bem. – Sorriu. — Agora vamos logo, não quero ser culpada caso você tenha um ataque cardíaco antes de entrar no carro.

  Ambas adentraram no carro, o único som presente era o do rádio.

  Enquanto Rebecca dirigia, e controlava-se para não atacar a caixa com cupcakes no banco traseiro, a loira observava a paisagem pela janela.

  O trânsito estava calmo, e por isso, as mulheres chegaram o mais rápido que o previsto.

  A ruiva estacionou o carro em frente a casa, pegou a caixa de cupcakes e saiu do carro, nem se surpreendeu ao ver a loira já caminhando apressadamente até a porta.

— Não toque, eu tenho a chave. – Rose disse assim que bex posicionou seu dedo na direção do botão da campainha.

— Mas é claro que sim. – Riu.

  Assim que a loira abriu, Rebecca entrou primeiro, em seguida Rose fechou a porta. A casa estava em silêncio, nem mesmo Ava estava na sala.

— Eu irei arrumar a mesa, vá logo atrás delas. – Disse a ruiva.

— Obrigada. – Sorriu grata.

  Enquanto a mulher dos cabelos vermelhos arrumava a mesa, também pensava na amizade das duas loiras, tudo bem que amigas se preocupam uma com a outra, mas no estado em que Rose encontrava-se... Elas eram apenas amigas mesmo? Já havia lido algumas coisas, entretanto nada sobre devido assunto, e além do mais, nenhuma das duas faziam questão de mostrar algum relacionamento. Porque simplesmente, elas eram apenas amigas e nada mais... Certo?

  Os passos lentos que a loira deu até chegar à porta do quarto de Jen, não foram nada ruim perto de abri-la.

  Coragem.

  Girou a maçaneta, sua expressão foi confusão na certa.

  A morena estava sentada na beirada da cama, suas mãos cobriam o rosto, enquanto sua melhor amiga encontrava-se de pé, de costas, as mãos pousadas sobre a parede.

— Vocês estão bem? – Foi a única coisa que conseguiu pronunciar no momento.

  A tensão no quarto era palpável. O som dos gritos, as ofensas, lágrimas, raiva, entre outros, ainda eram presentes na mente de Jennifer e Lana, que haviam acabado de ter uma briga.

  Rose havia chegado em um péssimo momento, e isso foi visível assim que entrou no maldito quarto.

"Você só pode estar de brincadeira!" – Gargalhou Lana. "Jen, você já fez piadas melhores."

  "Eu não estou fazendo piada, você acha mesmo que eu brincaria com isso?!" – Disse séria ao encarar as amêndoas, a morena deglutiu seco. "Eu não estou brincando, estou falando sério, não me culpe pela sua perda de memória."

  "Isso é impossível! Eu tenho um noivo que me ama, e eu o amo. Jamais me casaria com outra pessoa. Isso é loucura!" – Levantou-se da cama e posicionou-se bem a frente da loira, sustentando o olhar que a mesma havia lhe dado segundos atrás.

  "Impossível?" – Riu com deboche. "Que engraçado, não foi isso que você me disse ontem."

  "Eu estava bêbada! Poderia dizer qualquer coisa!" – Defendeu-se.

  "Estava tão bêbada a ponto de querer se casar comigo? Você disse que me amava!" – Gritou a loira, seus olhos ardiam, a mulher estava se esforçando para não fraquejar e deixar com que as lágrimas caíssem. "Eu deveria saber que eram apenas palavras de uma bêbada, eu fui tão otária!" – Virou-se de costas para não deixar a mulher lhe ver fraquejar. Suas lágrimas já caíam, molhando as maçãs de seu rosto, o gosto da decepção era salgado.

  "Eu não consigo lembrar de nada..." – Falou mais calma. "Eu não menti quando disse que te amo, porque eu te amo... Eu te amo, mas não dessa forma, Jennifer. Você é minha amiga, eu amo você, amo a Rebecca, o Sean, o Josh, Jared, amo todos os meus amigos." – Respirou fundo. "Céus, isso é loucura! Como aconteceu e por quê? Precisamos anular isso, eu não posso estragar o meu noivado por uma brincadeira de bêbadas."

  "Brincadeira de bêbadas?" – Fuzilou a mulher com o olhar, aproximou-se de forma ameaçadora, fazendo Lana recuar um passo. "Você é bem engraçada, acha que eu casei sozinha?! Não tente me culpar pela merda que fizemos juntas, muito menos se faça de vítima, porque você quis casar tanto quanto eu ontem! Eu garanto que você estava animadinha demais até." – A raiva era notável, ambas tinham todo o direito de estarem naquele estado, afinal, não é todo dia que duas amigas bêbadas resolvem casar-se. "Eu lhe culpo, você é tão culpada quanto eu. Quem não queria estar amarrada com você sou eu! Não dúvido que tenhas planejado isso, era esse seu plano? Me fazer de palhaça? – Jen gargalhou com desdém e bateu falsas palmas. "Você saiu chorando daquele maldito balcão e eu fui atrás de você! Se eu tivesse deixado você sozinha, não estaria aqui agora casada com uma babaca, porque é isso que você é! Eu não entendo, realmente não entendo, se ama tanto seu noivinho, porque é que está casada comigo agora? Parabéns, para mim que fui feita de otária e para você que é a falsa santa da história. – A loira ainda falaria mais, entretanto, o forte tapa em que recebeu no rosto a impediu. Sua mão foi de encontro com o local atingido, suas lágrimas caíram violentamente, raiva lhe subiu, e a única coisa que ela fez, foi encarar o par de castanhos com incredulidade.

— O que aconteceu aqui? – Rose perguntou preocupada ao ver o rosto vermelho da amiga. — Jen? – Apressou-se em puxar a mulher para seus braços que rapidamente caiu em um choro compulsivo.

  Lana também chorava baixinho, suas mãos cobriam a própria face como uma proteção.

  A ruiva que entrou no quarto toda sorridente, rapidamente ficou perdida. Porque as duas mulheres estavam chorando? Seria o álcool ainda fazendo efeito?

— O que está havendo aqui? – Direcionou seu olhar para a mulher que estava na cama. — Lana? O que aconteceu?

  Como contar o que aconteceu para as duas mulheres? E elas deveriam saber do erro? Elas precisavam de ajuda, e qualquer uma naquele momento seria válida.

  A morena olhou Jen, como se pedisse permissão e a loira, mesmo no estado crítico em que estava, deixou a raiva de lado por um tempo. Lana limpou as lágrimas com as mãos e respirou fundo.

— Nós perdemos a conta ontem, e casamos. – Falou com naturalidade. Bex alternou o olhar entre as três mulheres e gargalhou alto, Rose por outro lado, ficou sem expressão alguma.

— Tudo bem, tudo bem... – Limpou a lágrima que desceu ao rir. — O álcool ainda deve estar fazendo efeito. Venham, trouxemos café, vai fazer vocês melhorarem rápido.

— Não é efeito alcoólico, estamos falando sério! – A loira dos olhos verdes exclamou. — Eu sei que parece brincadeira, mas é muito sério.

— Ah, sério?! Qual é o padre que casaria duas bêbadas assim, em cima da hora e de madrugada? – Revirou os olhos. — Essa pegadinha foi horrível.

— Sim, eu também pensaria isso... Nós o obrigamos. – Jennifer suspirou e logo em seguida soltou-se dos braços da loira que a olhava estupefata. — É uma longa história, mas aconteceu e... – Encarou os amêndoas com certo desprezo. — Precisamos reverter.

— Bom, essa é fácil, divórcio. – Bex disse.

— Não! – Lana e Jennifer disseram em uníssono.

— Não podemos, isso envolve muita coisa. Isso destruiria meu noivado, fora que a nossa carreira também estaria em jogo. — Eu não sei o que fazer... Vocês não podem contar à ninguém! – A morena disse séria.

— A Lana tem razão. – Rose pronunciou-se. — Precisamos arranjar um jeito de reverter essa situação. – Segurou a mão da amiga.

— Tudo bem, tudo bem. Olha, o Marcus tem um casal de amigos que passou por um casamento parecido, eles conseguiriam anular rápido e ninguém ficou sabendo, eu posso conversar com ele e resolvemos isso. – Rebecca disse. — Agora vamos tomar café e vocês me explicam isso direito.

  Ao levantar, Lana olhou Jen com arrependimento, a mulher sentia-se culpada por desferir o tapa na loira.

— Jennifer... Me desculpa, eu não quis... – Tocou o braço da mulher que afastou-se brutalmente.

— Não me toca! – Exclamou irritada, deixando as outras duas mulheres assustadas. — Você me agrediu!

— Eu não fiz porque quis! – Fechou os olhos.

— Já chega! – Rose irritou-se. — Rebecca, leve a Lana para casa e converse com ela, eu e Jen iremos esclarecer as coisas. – A ruiva balançou a cabeça positivamente.

— Eu falarei com Marcus e com o amigo advogado dele, deixarei vocês informadas. – Puxou a morena pela mão. — Mantenham a calma e não façam mais nada, logo esse acontecimento não vai passar de uma piada.

[...]

        Don't You Remember - Adele

  Ao fechar a porta, Rose voltou ao quarto pronta para dar um bom sermão à amiga, entretanto, vendo a mulher tão frágil deitada na cama, só pôde deitar-se ao seu lado e afagar seus cabelos, limpou-lhe as lágrimas e sorriu.

— Eu sei que você quer me dar uma boa lição de moral, sei também que mereço, mas por favor... – Disse chorosa. — Me dê o seu carinho hoje, eu só preciso do seu amor. – Observou as orbes azuis da cor do céu. — Amanhã você pode me xingar, falar o que quiser, mas apenas me deixe segura hoje. — Pediu.

  A dona das orbes azuis sorriu e depositou um beijo casto na bochecha da amiga, logo em seguida lhe puxou para um abraço apertado, e então começou a lhe proferir palavras de conforto e amor.

  Não muito longe dali, Rebecca fazia o mesmo com Lana, e diferente de Jennifer, a mulher só queria os braços do noivo, dizer que o amava e desculpar-se.

  Havia acabado de sair do banho, nenhum dos seus enteados estavam em casa, muito menos Fred, e a mulher agradeceu muito por isso.

  Bex lhe esperava sentada na cama, as duas ainda haviam muito o que conversar. A ruiva aproveitou o tempo em que a amiga ficou no banheiro, para conversar com Marcus, que também ficou chocado com a notícia, mas prometeu ajudar.

[...]

  Muitas coisas estariam por vir, e nenhuma das duas mulheres gostariam de saborear o sabor da ruína. Carreira, noivado, amizade... Tantas coisas em perigo, ou seria uma jogada do destino?

  A noite chegou rápido, não é como significasse alguma coisa, porque no final, o erro cometido ainda estava alí, e suas consequências ainda estavam por vir.

  A loira dormia tranquilamente, e Rose não quis acordá-la, era nítido o dia exaustivo que teve, ela precisava descansar. Sua amiga, também deveria descansar, entretanto, a dona das orbes azuis cor do mar, não conseguia pensar em nada que não relacionasse Lana e Jennifer no meio. Estava torcendo para que esse erro terminasse o mais rápido possível.

  Aconchegou-se mais ao corpo atlético de Jennifer, e tentou cair no sono juntamente com a outra mulher.

  Lana esperava por Fred que já havia ligado para avisar que estava chegando com os meninos.

  Quando o homem entrou no quarto, a morena estava sentada na cama já com seu pijama, Fred lhe seu um beijo casto nos lábios e quando foi tirar o blazer, surpreendeu-se com o abraço repentino de sua noiva, mas o retribuiu com a mesma intensidade.

  "O que você irá fazer?" – Perguntou bex, enquanto fazia carinho na amiga. "Vai contar ao Fred?"

  "Não! Isso o decepcionaria demais, e ainda colocaria meu noivado em risco, não posso contar... Pelo menos por agora." – Disse a morena nervosa.

  "Você não pode mentir, precisa contar." – Suspirou. "Espere eu falar com Marcus e então nós resolveremos isso." – Segurou o rosto da amiga entre as mãos. "Vai dar tudo certo, no fim, você nem se lembrará que isso aconteceu."

  A conversa que tivera com a ruiva mais cedo, martelava em sua mente como um castigo, sua decisão ainda era a mesma, não contaria nada ao seu noivo, mesmo que detestasse mentir, doeria muito, todavia, era o melhor a ser feito.

— Eu amo você, amo muito Fred. – Disse enquanto abraçava o homem, que acabara de sentar-se na cama com a mulher, sem quebrar o abraço.

— Ei, ei... – Afagou-lhe os cabelos negros. — Eu também amo muito você. Lana, és a mulher da minha vida, está tudo bem. – E foi assim que a mulher não conseguiu segurar as lágrimas, apertou mais o noivo e então chorou baixinho em seu ombro.

  Rebecca esperava ansiosamente por notícias de Marcus, e assim que o homem chegou, a primeira coisa que disse, deixou a noiva muito mais apreensiva do que queria.

— E então? – Perguntou a ruiva.

— Becca, acho melhor você sentar novamente, porque o que eu tenho para falar, não é muito bom. – Seu noivo disse assim que ultrapassou a porta.