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História Depois do Outono - Preparações


Escrita por: QueenArabella

Notas do Autor


Espero que gostem <3 Obrigada por acompanharem

Capítulo 3 - Preparações


P. O. V. Noah

Olhos azuis. Foram a primeira coisa que eu vi quando acordei, ainda resmungando por causa do bipe infernal que parecia penetrar meus tímpanos.
Gaia estava tão perto do meu rosto que eu podia sentir seu hálito fresco contra a pele. Ela trazia o céu do verão nos olhos e sua boca pequena estava entreaberta enquanto se concentrava em afastar meus cabelos com uma mão. 
 Tudo só durou um microssegundo porque, no momento em que percebeu que eu havia acordado, a garota se afastou como uma corça assustada, o rosto corando violentamente. 
Franzi o cenho, sem entender. Gaia nunca foi tímida daquele jeito. Ela se adiantou para o computador do seu lado, desativando o bipe alto e insistente. Quando voltou a me olhar, seu rosto havia adquirido um tom forte de vermelho. 
-Que foi? -Ouvi minha própria voz dizer enquanto me livrava das cobertas. Me virei para descer da maca, mas Gaia corou mais ainda. 
-Pra começar, você devia vestir umas roupas. -Ela desviou o rosto sem conseguir segurar uma risada. 
Eu a encarei por alguns segundos antes de compreender: Alguém tinha me vestido com uma daquelas camisolas de hospital e, pela brisa nas minhas partes baixas, eu não devia estar usando nada além disso. 
Naquele exato momento, eu estava virado para Gaia com minhas pernas abertas enquanto me preparava para descer da maca. Senti meu próprio rosto esquentar enquanto  puxava um travesseiro para me cobrir. Ela continuava a rir, então eu revirei os olhos teatralmente enquanto começava a me levantar, sentindo as fortes pontadas de dor que irradiavam do local do tiro na minha coxa direita.
-Droga. Você viu minha virtude. Agora vamos ter que casar para proteger a minha honra. 
Gaia deu um sorriso largo. 
-Por mim, sem problemas. -Ela deu de ombros. 
Soltei um riso baixo enquanto andava até minhas roupas, que estavam dobradas em cima de uma mesa circular. 
-Quais são as últimas notícias? Por quanto tempo eu dormi? 
-A última notícia continua sendo a tentativa sulista de assassinato. -Ela ergueu a sobrancelha para mim. -E você dormiu só por uma noite. Seu pai ainda está planejando a retaliação contra os Bernardi. 
-Ótimo. Aparentemente, eu não perdi nada.
-Só um pedaço da perna. -Ela murmurou, o tom subitamente sério. 
-Ah, vai dizer que uma cicatriz não me deixa mais sexy? -Coloquei um dedo na boca enquanto levantava o pé direito um pouco, ignorando as alfinetadas que foram provocadas pelo movimento. 
Gaia sorriu, mas eu pude ver que seus olhos continuavam tristes enquanto ela encarava o que deveria ser minha cicatriz. Eu ainda não tinha reunido coragem para encarar o ferimento, porque desconfiava que isso faria a dor piorar caso estivesse muito feio. E, pela expressão da garota, estava muito feio.
Eu suspirei enquanto andava até uma porta cinzenta que tinha uma placa a identificando como "Banheiro". 
-Vou me trocar e já volto. 
Enquanto fechava a porta atrás de mim, não pude deixar de me perguntar o que Gaia estava fazendo naquele lugar. Não era como se tivéssemos sido melhores amigos pelos últimos meses. Na verdade, a gente mal se falava desde que ela tinha voltado do intercâmbio e, por mim, podíamos ter continuado assim. 
Ok, certo, eu podia até ter ficado feliz por ver aquele rosto quando acordei, mas junto com ela vinham muitas lembranças ruins. Memórias que eu ainda não estava preparado para enfrentar e nem sabia se algum dia estaria. Eu sabia que era injusto com Gaia, que ela não tinha culpa de nada, mas o meu desconforto com sua presença era irracional. 
Tirei a camisola pela cabeça, espantando aqueles pensamentos. Vesti a mesma camisa branca e o jeans azul do dia do acidente. A calça estava limpa, mas, como previsto, um buraco grande estava aberto bem na parte superior direita, por onde a bala havia entrado. 
Eu suspirei enquanto me virava para sair do banheiro. Para a minha surpresa, Gaia não estava mais sozinha no quarto do hospital. Um rosto conhecido logo se virou para mim, sorrindo. 
-Caralho, eu não acredito que você tá mesmo vivo. -Kyoto andou até mim rapidamente, me envolvendo em um abraço de urso. 
-Você quase perde sua chance de declarar seu amor por mim. -Eu o provoquei.
-Como se você já não soubesse. -O moreno gargalhou. -Amor de verdade não se declara, se vive. 
Eu arregalei os olhos, incapaz de segurar uma risada histérica. 
-Nossa... isso... isso foi muito profundo. -Finalmente consegui falar, recuperando o fôlego. 
-Eu já tô com ciúmes. -Gaia se levantou, interrompendo nossa conversa. Eu quase havia esquecido que ela ainda estava ali. 
-Ah, bebê, você sabe que eu te escolheria em qualquer dia da semana. Mas o Noah acabou de levar um tiro e tudo mais... -Kyoto se aproximou da garota, afagando a bochecha dela com o dedo. 
Gaia riu enquanto o afastava, andando na minha direção. 
-Vamos te levar para casa. O seu pai quer falar com você imediatamente, parece que temos notícias novas. 
Franzi o cenho com a súbita mudança de assunto, mas assenti com a cabeça enquanto a deixava conduzir o caminho até um corredor. 
...
P. O. V. Vênus 
Rastejei pela grama, procurando um local que desse para enxergar o portão de casa. Os tiros continuaram por algum tempo, mas logo o carro arrancou e eu o ouvi o som do motor diminuindo aos poucos. 
Aquilo era algum tipo de aviso? 
Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho estridente da campainha. Senti o sangue gelar. Se alguém estivesse vindo para me matar, não iria tocar a campainha, certo? 
Reuni toda a minha coragem para me agachar em cima da grama e conseguir olhar para o portão. O que vi me fez sentir um misto de raiva e alívio tão forte que eu apenas fiquei ali por mais uns cinco segundos, encarando enquanto uma garota alta me olhava de volta.  Ela tinha traços indianos, pele morena e um longo cabelo escuro e ondulado. Deu um sorriso divertido ao me ver ajoelhada, ainda escondida entre as folhagens, e depois ergueu a arma que segurava lentamente, apontando o cano na minha direção enquanto piscava um dos olhos. 
-Pow. -Ela imitou o som de um tiro, o sorriso se alargando. -Olhe só pra você aí. Nem parece que estava liderando uma patrulha ontem, toda confiante segurando aquela metralhadora. -Ela revirou os olhos enquanto gesticulava com a arma para que eu me levantasse. 
-Vai se foder, Jade. -Eu me ergui e andei até ela em passos rígidos. Abri o portão e dei o meu melhor para fazer uma cara séria, mas a garota apertou minha bochecha com uma das mãos e a esticou.  Não resisti e acabei rindo, abraçando-a em seguida. 
Eu não tinha visto a Jade desde a missão da tarde passada. Queria me manter brava por mais tempo, mas não existia espaço para brigas em situações assim, nas quais a gratidão pelo outro estar vivo era maior do que qualquer coisa. 
-Eu sei que você deve estar morrendo de medo dos Butera virem te matar, mas... Eu achei que uma risadinha não podia te fazer mal. Não pensei que ia ficar tão assustada.  -Ela apertou os braços ao meu redor. -Como você está? -Jade se afastou para me encarar. Seus olhos castanho-claros pareciam penetrar a minha alma. 
-Bem fodida. -Eu a encarei tristemente, mas depois sacudi a cabeça. -Vamos conversar lá dentro. Temos algum tempo antes da reunião com os sócios do meu pai. 
Jade me seguiu sem tirar o braço do meu ombro. Ela me entendia melhor do que eu mesma, o que era engraçado considerando que só nos conhecíamos há três anos. 
-Você tem ideias? -Perguntou quando já estávamos dentro de casa. 
Dei um sorriso travesso enquanto começava a subir as escadas para o andar de cima. 
-Claro que tive. Por favor, eu sou um gênio. -Revirei os olhos. -Sobe logo. 
Jade veio atrás de mim até o meu quarto. 
O cômodo era revestido de madeira clara e muito entulhado. Tinham vários livros em pilhas organizadas por cor em cima do chão e vários mapas de Verona e diagramas com fotos na parede. Não pude deixar de me sentir constrangida ao ver o esquema da última missão que eu havia montado em cima da cama. Suspirei e puxei Jade para o sofá ao lado da janela, abaixando a voz para um tom conspiratório: 
-Caso a guerra comece... Eu quero articular o sequestro de Noah.-Falei pausadamente. 
A garota ergueu as sobrancelhas, incrédula. 
-Você está ouvindo o que diz? Esse garoto é intocável! Além do mais, no que isso vai ajudar? -Jade murmurou. 
Sorri, apreciando o suspense. 
-Se pegarmos o Noah, pediremos como resgate a paz de Verona. Os Butera são uns filhos da puta, mas eles mantêm a palavra. É um dos orgulhos da família. -Revirei os olhos sorrindo. -E eu consegui informações novas que podem me ajudar a encontrar o filhinho do Marco. 
-Quem te deu informações? -A garota aumentou o tom da voz e eu fiz um gesto com a mão para que ela se contivesse. 
No mesmo momento, o meu celular apitou e eu a ignorei por um segundo para checar a tela de bloqueio. Um símbolo indicava que eu tinha uma mensagem não lida. Passei os olhos pela tela rapidamente enquanto sentia o estômago afundar. 
-Você tem um espião perto dos Butera? -Jade insistiu. 
-Eu tinha.


Notas Finais


Obrigada por lerem! Por favor deixem comentários sobre o que estão achando da estória, significa muito! Beijão


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