História Depois Do Por Do Sol - Onde Tudo Começou

Hoje está sendo literalmente um dia estranho..

Logo pela manhã, acordei assustada, após um sonho confuso. Passei a manhã toda no quarto pensando, e tentando entender o que estava acontecendo comigo e o por quê daquele sonho..  

E o pior de tudo, ele já vem acontecendo já há alguns dias.. Sempre do mesmo jeito, as mesmas palavras e o mesmo lugar de sempre.. Um amplo jardim, devidamente iluminado por luzinhas piscando, como no natal, envolta das árvores, o céu estrelado.. Um delicioso cheiro de morangos misturado às flores que cercam o jardim, e um homem jovem, aparentemente da minha idade, com lindos olhos âmbar brilhantes e sorriso encantador.  Tudo parece bem, se não fosse por duas razões..  Primeiro que não me lembro de conhecer ninguém como ele, é como se ele fosse uma criação da minha cabeça. E segundo, bem no final do sonho, se ouve um estrondo alto e depois o olhar carinhoso do rapaz, se torna assustado e preocupado. E quando percebo minha blusa se manchando rapidamente de sangue, e então, eu acordo...

Sempre do mesmo jeito, com o mesmo rapaz, o mesmo olhar assustado e preocupado e no final eu acordo.. Por vários e vários dias tem sido assim, sem nenhum sequer detalhe modificado..  Normalmente quando sonhamos com algo, isso acontece apenas uma vez, ou então um ou outro detalhe é modificado por nosso subconsciente..  Mas dessa vez, nada disso aconteceu. E e não faço ideia do que esteja acontecendo..

Depois de horas e horas presa em meu quarto, e com o roncar do meu estômago, resolvo sair um pouco em busca de comida e um pouco de ar puro.. Quando estou descendo as escadas, um rápido flash se passa pela minha cabeça, e de repente tudo fica escuro, até não ver e sentir mais nada..

[...]

Desperto meio zonza, com a cabeça latejando. A última coisa que me lembro é que eu estava descendo as escadas e por fim, mais nada. Abro os olhos com um pouco de dificuldade, e então vejo minha mãe entrando em meu quarto, com o olhar preocupada.  Espera..  meu quarto!?

— Phillipe, ela acordou! — diz ela, se sentando na beirada da cama, acariciando meu cabelo. — Você está bem, filha? Sente alguma coisa? 

— hum... eu.. eu estou bem.. como eu vim parar aqui?

— Seu pai e eu a encontramos desacordada aos pés da escada, então a trouxemos para o seu quarto.. Você está mesmo bem, filha?

— sim mamãe, eu estou.. mas minha cabeça dói muito..

— Deve ter sido pelo impacto, você se lembra de alguma coisa?

— eu só lembro que estava descendo, e então, tudo ficou escuro..

— Finalmente você acordou filha, que susto você nos deu. Está se sentindo bem? Sente dor em algum lugar? — pergunta preocupado, adentrando no quarto, me analisando.

— eu estou bem, papai.. não deve ter sido nada, só minha cabeça que dói..

— Aqui está, tome isso, vai ajudar com a dor de cabeça.. — disse me entregando uns comprimidos e um copo com água.. — Você está mesmo bem? Sente dor apenas na cabeça?

— sim, eu vou ficar bem..

— Tudo bem então, nós vamos fazer o jantar. Quer algo diferente hoje?

— não, não quero..  onde estão o Peter e a Emma?

— Ainda não chegaram, mas já devem estar chegando em casa. — diz mamãe, acariciando meu rosto. — Quando o jantar estiver pronto, trazemos aqui para você..

— não precisa, eu....

— Precisa sim, filha. Você caiu da escada, enquanto estiver sob meus cuidados, fica quietinha aqui..  Agora descansa. — papai diz, dando um beijo na minha cabeça, e logo saem, deixando a porta entre aberta.. 

"O que tem de errado comigo?", penso. Desde cedo tenho me sentido estanha, e agora isso? Fico encostada na cabeceira da cama, olhando em volta, pensativa por longos minutos, até que acabo adormecendo..

FLASHBACK ON

— Eu já disse pra você parar. — sorrio alto, sentido suas mãos me fazendo cócegas..

— Eu gosto de te provocar, adoro ouvir suas gargalhadas, principalmente por saber que sou eu quem estou lhe proporcionando isso.. — diz ele, sorrindo, abraçando minha cintura.

— Eu sei disso, eu também gosto de te provocar. Mas carinhos são melhores.. — sorri colocando meus braços envolta de seu pescoço e começo a beija-lo e ele me corresponde na hora..

— Eu te amo, Sophia.. — diz entre o beijo, me apertando levemente em seus braços, num abraço protetor e carinhoso..

FLASHBACK OFF

P.V Nathaniel

É tão difícil ficar longe dela. Não suporto a ideia de tudo o que aconteceu, de ser obrigado a me afastar da pessoa que mais amo em minha vida. 

Todos os encontros, todos os olhares, todos os sorrisos bobos, todos os momentos que passamos juntos.. ver todos esses momentos ser apagados e esquecidos num piscar de olhos, acabaram comigo..

Há mais de 7 meses que, sou obrigado a viver vagando sozinho, a observando, sempre de longe. Por mais que queiram que eu me afaste por completo dela, mas me recuso a fazer isso.

Nesse momento, estou em seu quarto a observando dormir. É isso que tenho feito nesse últimos meses. Ela é tão linda enquanto dorme. Saber que está bem e segura, me reconforta. Mas depois de hoje, sinto como se nossas almas estivesse se reconectando, que ela precisa de mim mais que qualquer outra coisa, e que devo me reaproximar, só não sei como.. Será que ela voltaria me amar como antes??

P.V Sophia

Acordo de manhã um pouco mais disposta depois do dia anterior, mas mesmo assim me sinto um pouco estranha, sentindo um vazio estranho dentro de mim.

Me levanto e vesto a primeira coisa que vi no armário e desço até a cozinha, com mais cuidado agora, para o café da manhã..

— Bom dia mãe, bom dia pai. — digo me sentando ao lado deles a mesa..

— Bom dia filha.. — diz mamãe, começando a me servir, como todos os dias.

— Está se sentindo melhor, princesa? — meu pai pergunta.

— Sim, mas sinto um vazio estranho dentro de mim, como um aperto no coração.

— Como assim, filha?

— Eu não sei, mamãe.. só sinto como se estivesse faltando alguma coisa, ou melhor, alguém. Alguém que eu não deveria esquecer..