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História Depressão - Capítulo Único


Escrita por: notsoften

Notas do Autor


Olá! Antes de começarem a ler, peço que não interpretem isso como incentivo à algo, por favor. Apenas saibam que isso é a realidade de muitas pessoas, e se você está passando por qualquer problemas desses, por favor, procurem ajuda!
E se vocês são vulneráveis à suicídio, automutilação ou outra coisa envolvida, aconselho vocês a não lerem.
Beijos e boa leitura, x.

Capítulo 1 - Capítulo Único


A depressão é algo delicado, difícil de se lidar. Na verdade, "algo" seria indelicado de se dizer, pois não é uma doença simples. Ela afeta muitas pessoas, sendo cada vez mais forte, e mais difícil de se "curar", muitas das vezes temporárias. 

Ela pega alguém desprevenida. A pessoa tinha tudo para viver, mas algo a impede. Após algo impedi-la, seja um motivo forte ou não, vem a tristeza. Mas a tristeza não é como a depressão. A tristeza é algo passageiro; já a depressão é como uma viagem que durasse meses, ou até mesmo anos. A depressão é companheira.

E quando você já tem motivos suficientes para ficar mal, a depressão surge; e tudo que você mais gostava de  fazer já não passava de algo inútil, sem sentido; você, mesmo tendo dez mil amigos, consegue se afastar de todos, porque a depressão vem junto com a solidão. Mas você se sente melhor sem ninguém te atrapalhando... e quando você percebe que já não tem mais ninguém com você, sua mente começa a fazer gritarias com a palavra suicídio.  E, ela, não satisfeita com apenas a palavra, começa a gritar frases do tipo "quem sentiria a minha falta?". Você começa a pensar seriamente nessa ideia, e você não sai da cama, fazendo com que esses pensamentos te perturbem até você tomar uma decisão.

E mesmo que sua mente te perturbe vinte e quatro horas por dia, você permanece quieta, pois ninguém restou para te dizer palavras boas, mas você não liga, porque na verdade você não tem mais ninguém. E se você não tem mais nenhuma pessoa do seu lado, você não faria falta para ninguém. Porém, isso é apenas o que o seus pensamentos dizem! E sabe aqueles dez mil amigos que você achava que tinha? Eles estão com você, por mais que você não perceba. Sua depressão foi algo tão profundo que você já nem ligava mais pra nada, não se importava. E cada um daqueles que você nomeava como amigo tentam te ajudar, mas nada consegue tirar você desse túnel totalmente escuro, sem nenhuma luz no final.

Você não está sozinha, mas não é isso o que pensa. Pra você, sua vida está afundando cada vez mais e ninguém parece lembrar da sua existência, você está sozinha, sem ninguém, sem nada. E mais uma vez você pensa no suicídio.

Aparecem pessoas tentando te ajudar com frases totalmente inúteis, que não fazem mais sentido pra você, como tente ser feliz, mas não entendem que não há felicidade no seu caminho, não há ninguém que seja capaz de recuperar toda a sua felicidade!

A depressão é como uma máscara quando você está com alguém. É como se você fizesse parte de um teatro. Irônico, não? Você está morta por dentro e por fora, seus olhos não brilham mais, você não tem mais vontade de sair da cama e nem de fazer mais nada. Mas quando você levanta para ir à escola após uma semana inteira faltando, você coloca uma máscara... ou melhor, uma fantasia de alguém que é extremamente feliz e nunca teve um sequer problema. E o pior é que ninguém te conhece realmente para dizer que o seu eu estou bem é a frase mais falsa que você diz atualmente. Mas se te conhece, você nega até a morte dizendo que nunca esteve tão bem em toda a sua vida... e você tenta acreditar suas palavras, mas quem disse que o seu subconsciente deixa? 

Mas depois de uma época você já não consegue mais esconder sua  depressão. Aquela menina agitada na sala de aula que ria de tudo, comentava sobre tudo, e não parava de falar por um minuto agora estava quieta, mais quieta que a pessoa mais tímida da sua sala que nunca fala para nada, e quando percebem isso... não deixam passar em branco. Comentam que você já não está falando mais nada, não ri nem das piadas mais engraçadas que contam em momentos descontraídos, está perdida nos pensamentos e nem presta mais atenção na aula, nem mesmo na sua preferida. Sua média começa a abaixar, seus professores comentam com você mas você não consegue falar nada, apenas olhar para eles e abaixar sua cabeça e se perder em seus pensamentos que gritam o quanto você não presta e o quanto você é inútil, um completo lixo que nem ir bem na escola você não consegue.

Quando você chega em casa, você se sente livre por tirar sua fantasia e não ter que conviver com mais ninguém te enchendo de perguntas como "por que você está assim?" ou frases como "você mudou". Você deita e fica pensando em coisas que te atormentam sua vida e começa a chorar. O tempo passa e você não percebe, então adormece. E você adormece na esperança de que tudo aquilo passe ou de que isso tudo que você está sofrendo seja apenas um pesadelo do qual você nunca mais vai ter. Mas aí você acorda e percebe que nada aconteceu. Seus sentimentos continuam o mesmo, sua vida continua a mesma coisa desde o começo. Nada mudou. Mas a sua esperança não acaba. 

Você levanta, vai até o banheiro e vê a sua imagem, que sinceramente, não é uma das melhores. Olheiras, cara amassada, olhos sem vida, pele pálida. Você fecha os olhos com força no intuito de acordar e ter uma vida feliz, mas isso não acontece. Então vem uma ideia na sua cabeça. Parece ser louca mas ao mesmo tempo sensata. Procurou por algo que cortasse, mais precisamente, uma lâmina. Você pensa direito no que vai fazer, e seu subconsciente lhe pergunta: que mal tem? Então você se sente confiante quando acha uma e começa a fazer contes grandes e profundos, e você se proíbe de gritar ou reclamar de dor, mas não consegue esconder as caretas. Depois de tanto fazer automutilação seus olhos param sobre seus braços e pernas avermelhadas por conta do sangue. Além de dolorido, você sente prazer de ver todos aquele sangue escorrendo e você morrendo aos poucos... para querer sentir mais dor, você lava tudo e, na verdade, sente arder. Mas você não ligava, era como se tudo isso fosse toda a dor emocional que estava sentido em forma física.

Dias se passaram e você continuava a praticar automutilação e você não se alimentava direito. Você estava se matando aos poucos... Na verdade, você está apenas se matando por fora, já que por dentro não há nem sinais ou restos seus.

Não satisfeita, acha que mutilação é pouco; então você começa a tomar inúmeros remédios, sem se importar para quê eles servem, você só queria efeitos e mais efeitos...

Estava quase chegando ao ponto que queria... já parou diversas vezes no hospital por tentativas de suicídio. Mas você não ficaria satisfeita até que você estivesse morta.

Na verdade, ninguém quer realmente se matar; e sim matar suas dores. Mas você não se importa mais com nada, apenas se sente um fracasso, não consegue nem fazer mais coisas pequenas que antes te alegravam e hoje você não sente mais nenhum prazer ao fazer aquilo... subitamente você está vivendo em câmera lenta, você está vivendo em um círculo vicioso, onde nada mais faz sentido.

Desde quando o vazio começou a preencher tanto espaço?

A depressão, o vazio, a falta de motivação e satisfação, autoestima baixa, solidão e outras milhares de coisas que a depressão carrega consigo se arrasta sobre você silenciosamente por mais e mais dias que parecem não acabar mais.

Mas tem uma hora que você não aguenta mais e decide acabar com isso de uma vez por todas... E então você entra numa banheira, toma muitos remédios e, já tonta, você pega sua lâmina e começa a fazer cortes grandes e fundos em variadas partes de seu corpo. Sua respiração ficou a começar falha, sua visão turva e já não ouvia mais nada. Você estava perdendo os sentidos jogada numa banheira, e enquanto isso passava-se todos os momentos da sua vida, todos decepcionantes e raros momentos felizes. 

Você fecha os olhos.

Sente a morte vir te buscar... era tudo o que você mais esperava.

E por último você dá um sorriso mínimo; satisfeita.

Adeus mundo cruel.
    
    



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