1. Spirit Fanfics >
  2. Desabafo >
  3. Parte V

História Desabafo - Parte V


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Naruto não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.


Boa leitura!

Capítulo 5 - Parte V


Eu já falei o tanto que eu me sentia um adolescente, desde que eu me envolvi com a Sakura? Pois é. Nesse momento, eu me sentia assim de novo. Era a mesma sensação de um porra de um moleque, que foi pego em flagrante, fazendo alguma coisa errada. Tirando o fato de que quando eu era adolescente, eu era bem menos cuzão do que nesse momento, e que, pra mim, não tinha nada de errado estar namorando com a Sakura. Mas eu me sentia um cagão, parado no meio da sala do meu apartamento, encarando a Tsunade, que me olhava de volta, com um sorrisinho irônico, e vendo a Sakura entre nós, na metade do caminho, mas longe do alcance dos dois. Uma cena digna de filme.

- E aí? Vocês vão falar alguma coisa?

Precisa mesmo? Eu tô aqui, sem camisa, sem cueca, só com uma calça molinha, ela tá ali, com um shortinho mínimo e sem sutiã, com uma blusa marcando os biquinhos do peito... e é bom eu parar de olhar, senão meu pau vai subir e aí sim eu tô lascado.

- Tsunade, eu e a Sakura estamos namorando.

Boa, Kakashi! Falei num fôlego só.

- Isso eu deduzi. – velha desgraçada. Quer saber o quê, então? – Eu tô esperando vocês falarem que isso foi um erro e que não vai mais acontecer.

Oi? Eu sei que eu não entendi. Mas quando olhei pra Sakura, me perguntei se a minha expressão era tão chocada quanto a dela. Ela encarava a Tsunade, que ainda mantinha aquele sorrisinho superior, de um jeito tão incrédulo, que eu concluí que se tivesse assim, minha masculinidade estaria em risco.

- Eu não vou falar isso.

- Nem eu. – boa, minha flor!

A Hokage deu uma risadinha maldita. Que que essa mulher tá aprontando? Prefiro ela gritando do que rindo.

- Eu não permito esse relacionamento de vocês. – disse com uma firmeza impressionante.

- Então eu vou embora.

EU VOU O QUÊ?! O que que eu falei?

- É o quê, Kakashi?! – agora ela tá gritando.

- Eu vou embora.

Cara, eu falei isso duas vezes. Eu falei mesmo que eu ia abandonar Konoha... Eu gosto mesmo dessa menina, pra colocar minha reputação em risco. A Sakura tava me olhando de um jeito, que eu nem entendia.

- Você só pode estar brincando... – ela começou a me ameaçar, mas a voz da Sakura interrompeu a gritaria.

- Eu vou com ele. – o silêncio se fez. Os olhos da Tsunade pareciam que iam sair da órbita, encarando a minha flor.

- Sakura, você não precisa falar isso. – eu vou lá saber se ela tá falando sério...

- Eu vou com você. – e eu quase morri de felicidade. Abri um sorriso por baixo da máscara, que ela entendeu. Me sorriu de volta.

Só que a nossa troca de sorrisos foi interrompida por um rosnado. Eu podia jurar que tava saindo fumaça daquela cabeça.

- Garota, você tá ficando maluca de falar desse jeito comigo?! – e partiu pro lado da Sakura.

Okay... aí eu parei. Porque eu posso estar sendo um bananão em vários aspectos. Mas no segundo em que eu vi que a Tsunade investindo pro lado da minha flor, não sei se por instinto de homem ou de sensei, eu pulei por cima do sofá e parei na frente dela. Tudo bem que, em uma briga das duas, a Sakura tem muito mais chance que eu. Muito mais. Só que jamais eu deixaria ela encostar um dedo na minha namorada na minha frente, ainda mais porque ela disse que ia embora comigo caso o nosso relacionamento não fosse aceito.

Só que a Sakura não é mais aquela menininha que precisa da minha proteção. Ela aceitou meu gesto. Mas não se escondeu atrás de mim. Passou na minha frente e peitou a Hokage. Me colocou nas costas dela e, pela primeira vez, era eu quem estava sendo protegido. E, lembrando do que eu pensei na festa, passei a mão na sua cintura e parei ao seu lado. Nós éramos um casal mortal. Se precisássemos ir embora, que fosse. Começaríamos em qualquer outro lugar. Eu teria orgulho de ter a Sakura do meu lado.

Então a Tsunade parou. Parou e analisou a nossa configuração. Sua expressão foi mudando aos poucos, até ela virar de costas e ir em direção aos armários da cozinha. Abriu um por um, até achar uma garrafa lacrada.

- O que é isso? – perguntou de costas mesmo, me levantando a garrafa.

- Saquê. – respondi firme. Mas não tava entendendo porra nenhuma. Já tava esperto, porque esperei que ela quebrasse a garrafa e viesse pra cima da gente com os cacos.

- De onde? Não reconheço. – e isso é difícil hein?

- País da Terra.

- Credo. – e arrancou o lacre. É sério isso. Reclamou e abriu.

Eu olhei pra Sakura que estava tão confusa quanto eu. A gente ainda tava meio abraçado, daquele jeito, olhando Tsunade servir duas doses. Ela esticou o olho pra Sakura, como se ponderasse se punha uma pra ela também.

- Se já tá dando, pode beber no café da manhã.

E eu queria muito dar risada, porque isso foi genial. É o tipo de lógica que todo mundo devia ter. Se já tá dando, pode fazer isso. Se já tá dando, pode fazer aquilo. Mas eu não ri. Porque, até onde eu me lembro, eu tinha acabado de me expulsar de Konoha. E tinha dado um jeito de carregar a Sakura junto.

Eu precisava saber se esperava ela acabar de beber pra ir embora, ou se já podia ir arrumar as minhas coisas.

- Tsunade, eu... como fica? Nós vamo embora? Vamo ficar?

Ela me fez uma cara de azeda, que eu não consegui entender.

- Cala essa boca, Kakashi! Ninguém vai embora, porra nenhuma... – e falou como se fosse óbvio.

Como se fosse óbvio. Não sei pra quem. Entrou aqui parecendo que queria matar um. Eu, no caso. Agora tava lá, tomando a terceira dose. Mostrou os dois copos e chamou eu e a Sakura com a mão. Nós fomos. Mas fomos pisando na ponta do pé. Era um movimento mais brusco e os dois voavam dali.

- Depois dessa ceninha aí, de “eu vou junto” e um pula da frente do outro, pra defender, e o caralho a quatro, tá na cara que é sério esse relacionamento.

Pera. Foi um teste? Uma porra de um teste?

- Então não tem problema? Pelo fato do Kakashi ter sido meu sensei? – a voz da Sakura tava até esganiçada.

- Isso depende. Começou quando vocês eram sensei e aluna?

- Não. – respondemos juntos. E alto. E rápido. E balançando a cabeça. Ela até riu da nossa cara. Eu tô começando a acostumar das pessoas rindo de mim.

- Eu já sabia que não. Não precisa desse desnorteio todo! – falou gargalhando.

Essa mulher é esquisita de verdade.

- Sakura, minha querida... quando você era aluna do Kakashi, só faltava você lamber o chão que o Uchiha pisava. – não gostei. Não gostei mesmo. Achei desnecessário esse comentário. – Konoha inteira sabe disso. Ninguém vai achar que você tava tão apaixonada pelo garoto e saindo com o velhote aí.

- Que velhote, Tsunade... Você tá falando umas coisas bem legais, viu? – e eu não escondi o ciúme, nem o desagrado. Ela ligou?

- Vai se foder, Kakashi. – virou pra Sakura de novo. – Depois, quando o time se desfez e você veio treinar comigo, o velhote quase não ficava aqui. – e volta o “velhote”.

- Sakura, eu sou velho? Eu sou tão velho assim? Não, me fala, por favor. – e o pior é que ela não me respondeu. Só deu uma risadinha e empurrou meu ombro. Caralho...

- Enfim... – a velha desgraçada e bêbada, da boca maldita, ainda tinha mais coisa pra falar. – Eu que fui muito burra de não ter juntado as peças. Porque, no mesmo dia, os dois me falaram que estavam saindo com alguém...

Vai ver já tava no grau. Por isso num juntou uma coisa com outra.

- Como você descobriu? – a Sakura interrompeu o meu fuzilamento ocular, perguntando isso pra Tsunade. – Que a gente tava junto?

- Sakura, todo mundo viu vocês se agarrando na festa ontem.

- Mas tava todo mundo tão bêbado... – a minha flor devaneou. Ah.

- Mas o nível da Hokage é alto, Sakura... ela devia estar boa o bastante pra ver tudo o que estava acontecendo. – não foi um elogio. Mas ela levou como um. Me levantou o copo, como um brinde. Mulher maluca...

- Exatamente! – falou rindo e matou o que tinha no copo. Abraçou a garrafa. – Bom, então é isso, estamos conversados. Kakashi, vou levar isso aqui de indenização por ter me feito vir na sua casa logo cedo.

Pensei em qual seria a minha indenização por ela ter empatado a minha foda da manhã, somada aos quatro mini-ataques cardíacos que eu tive enquanto esteve aqui. Tive uma ideia louca e falei correndo, antes que ela saísse.

- Alguma chance da Sakura ter folga do hospital hoje? – na cara de pau mesmo. Porra, ela tava levando meu saquê embora, depois de quase me matar, não custava eu tentar.

Ela me deu uma olhada com cara de desdém. Olhou pra Sakura, que tava roxa de vergonha. Tava roxa, mas a gostosa também não reclamou nem um pouco de eu ter pedido.

- Depois você se entende com a Ino. – falou pra ela. Pra mim, o aviso foi mais sério. – Se você botar um filho na barriga dela, eu te obrigo a casar, tá escutando?

Concordei com a cabeça meio em choque. Não tinha pensado nisso. Ai... Fechei a porta e foi a primeira coisa que eu perguntei.

- Sakura, você tá usando o contrac...

- Tô, Kakashi. Fica tranquilo.

Ufa! ... Ufa? É. Acho que é ufa mesmo. Depois eu penso nisso. Voltei pra ela, que me esperava ainda no mesmo lugar que antes.

- Acho que não tem mais porquê esconder. – falei mansinho. Queria ganhar a garota.

- É. A Tsunade já sabe do nosso “relacionamento”.

E riu. Deus, como eu posso amar e odiar o riso da Sakura? Como aquela risada pode me levar do céu ao inferno em meros segundos? Falou “relacionamento” fazendo aspas com os dedos e deu uma risada tão esquisita que, pra mim, pareceu deboche. Eu já tava sem máscara, então ela viu que eu fechei a cara na hora.

- Que foi? Por que ficou bravo? Não gostou que as pessoas saibam do nosso relacionamento?

Esse tom dela me incomodou. Perguntou com um desdém, sei lá.

- Nosso “relacionamento”? – eu tenho quinze anos. Sério. Tenho mesmo. Depois a Hokage tem coragem de me chamar de velhote. Porque eu tô falando do mesmo jeito que ela e fazendo umas aspas forçadas com os dedos. Eu não devia ser o maduro desse “relacionamento”?

- Ué? A gente não tem um relacionamento?

- A gente não tá namorando? – eu falei gritado. Perdi o controle da minha vida. Perdi completamente o controle da minha dignidade.

- Não.

E caiu uma rocha nas minhas costas. Senti o peso do mundo esmagando meu corpo. Meus pulmões pesaram uma tonelada. Tava difícil até pra respirar.

- Que porra é essa, Sakura? A gente não tá junto?

- Tá.

- E não tá namorando?

- Não.

Caralho, alguém me explica. PELO AMOR DE DEUS! Porque há quinze minutos, eu tava disposto a acabar com a minha reputação por essa maldita menina de cabelo rosa e agora ela tá disposta a me enlouquecer.

Respirei fundo, coloquei as duas mãos na cintura e fechei os olhos.

- A gente não tá namorando? – perguntei com o máximo de controle que consegui juntar.

A desgraçada tava rindo de novo. É sério. A Sakura vai me enlouquecer.

- Eu não lembro de aceitar um pedido de namoro...

Tá explicado. Aí até eu comecei a rir.

- Porra, Sakura... Não faz isso comigo, não. Eu achei que era sério... – fiquei apavorado de verdade. Mas entendi a manha da menina.

Nem eu tava acreditando que eu ia fazer isso. De verdade. Parecia que eu tava fora do meu corpo, vendo outro eu me ajoelhar na frente dela, e estender a mão pra Sakura. A vontade que o “eu que via tudo” tinha, era de dar um tapa na cara do “eu ajoelhado”. Mas o “eu ajoelhado” tava feliz demais... Ainda mais porque o “eu ajoelhado” tava ganhando aquele sorriso de lábios e olhos.

- Sakura Haruno, você aceita ser minha namorada? – fiz até um charme, com a voz grossa e tudo mais.

Ela torceu o nariz. Metida.

- Só isso? – pigarreei. Vamos de novo.

- Sakura, você quer namorar comigo? Eu prometo que eu vou ser o melhor namorado do mundo! – fiz bonitinho.

Torceu o nariz de novo. Chata.

- Vai prometer só isso? – pigarreei mais uma vez.

- Sakura, namora comigo e eu garanto que você não vai se arrepender. Eu vou te dar carinho e os orgasmos mais alucinantes que você pode imaginar.

Aí foi. A cara de sacana entregou.

- Gostou, né? – e no chão mesmo eu já fui pro lado daquelas coxas grossas. – Você é muito gostosa, Sakura. – abri o botão do short que ela usava e puxei pra baixo. Que surpresa boa... – E muito safada... Sem calcinha, minha flor?

Levantei os olhos pra encontra-la me encarando com aqueles olhos de gata. Eu já tinha entendido que quando eles ficavam naquele tom de verde, o bicho ia pegar bonito.

- A Hokage tava aqui. Não deu tempo de colocar...

É. Porque demora muito colocar uma calcinha. Então, tá. Só dei uma risadinha, fazendo de conta que eu acreditava, e abri as pernas dela. Instintivamente, ela se apoiou no balcão.

- Você precisa melhorar seu equilíbrio, Sakura. – fiz o meu melhor papel de sensei. E meti a língua no meio da boceta dela.

- Meu equilíbrio é bem melhor quando não tem ninguém no meio das minhas pernas, sensei. – o murmuro foi delicioso. Eu nem quis continuar falando. Só fiquei ali, esfregando a língua naquela bocetinha tão pequenininha, tão rosadinha, e beliscando o clitóris dela, devagarzinho, ouvindo seus gemidos. O cheiro da Sakura era inebriante. Com a ponta da língua, fiquei excitando seu ponto mais sensível, enquanto a penetrava com dois dedos. Foi delicioso ouvir ela sussurrar aqueles palavrões tão baixinho, enquanto os meus dedos eram apertados. Nossa, como essa menina se aperta quando tá gozando. É surreal. E goza muito. De pé, chegou a escorrer. Mas eu tava ali, prontinho pra receber o mel que saía da sua fonte. O problema é que eu nunca tô satisfeito. Eu sempre quero mais. Sempre.

Quando eu me levantei, senti meu pau incomodando. Tive que ajeitar. Encontrei os olhos molinhos da minha flor de cerejeira. Enfiei um dedo embaixo da alça da blusa justa e estourei. Fiz o mesmo do outro lado. Ela pensou em me reprovar, eu conheço a Sakura. Mas tava com tesão demais pra falar qualquer coisa. Baixei aquele pedaço de pano que me impedia de chegar aos seus seios e me afoguei entre eles, massageando um com uma mão, enquanto lambia o outro. E ela se remexia, resmungando qualquer coisa, enquanto arranhava as minhas costas. Na cozinha do meu apartamento, eu decidi que precisava comer ela. E, de novo, o quarto parecia longe demais. Corri os olhos rapidamente pelo lugar, decidindo onde eu ia estrear com a minha flor. Achei.

Fui empurrando a Sakura, beijando seu pescoço, fazendo ela ir de costas, só com aquele pedaço de blusa parado no meio da barriga, até encostar na mesa de jantar. É aqui. Ela me lançou um olhar malicioso, como se quisesse saber o que eu tava aprontando. Ia mostrar imediatamente. Virei ela de costas e a debrucei sobre o tampo de madeira, deixando aquela bunda toda empinada pra mim. Um milhão de coisas passou pela minha cabeça naquele instante. Tirei a calça e, hipócrita como eu sou, também não tinha nada por baixo. A não ser um pau latejando de vontade de entrar nela. Respirei fundo, pra tomar o caminho já conhecido, e entrei. Cheguei a suspirar. Ela, então, deu um daqueles gritinhos que me matam de tesão. Fui estocando com força, com profundidade, a posição me permitia isso. Sakura gemia descontroladamente, o que me transtornava ainda mais. Se esfregava de volta em mim, rebolando aquela bunda gostosa na minha barriga. Eu tinha que dar um tapa. Um só. E ela fez de novo. Deu aquele gritinho tesão, com uma risadinha maldita. Gostou. Ela vai me matar. Vai. Tá disposta a me matar. Enfiei a mão no meio do cabelo dela, enrolando em volta, e me debrucei em suas costas. Se alongou inteirinha e eu senti meu pau viajar dentro do seu corpo. Nem eu aguentei. Dei um urro e investi mais rápido. Ela começou a gozar. Aí sim que eu me lasquei. Já tava num tesão do caralho, agora tava me enfiando naquele lugar apertado da porra. Chegava a tremer de desejo. E ela ali, deitada naquela mesa, quicando aquela bunda. Nossa... hoje eu morro de gozar. Segurei no quadril dela e bombei com rapidez. Forte. Fundo. E ela gritando. Deus... Fechei os olhos e deixei vir. Quando eu senti, não deu pra controlar. Tava gemendo tão alto, que era quase um urro.

Espero, de verdade, que os meus vizinhos não estejam em casa.

Quando eu me desencaixei da Sakura, senti minhas pernas bambearem. Ainda não foi dessa vez, mas uma hora eu morro. Soltei um suspiro fundo e voltei a vestir a calça. A gostosa subiu a blusa, transformando em top, sei lá como chama. E eu... com pouca ajuda já como ela de novo. Passou por mim rebolando aquela bunda maravilhosa e pegou o short caído do outro lado. Ainda se empinou toda antes de vestir. Era a ajuda que eu precisava. Meu companheiro de baixo consegue estar mais apaixonado pela Sakura que eu. É só ele ver ela passar, que já se anima todo.

E eu, que sempre fui um cara que deixa a cabeça de baixo pensar mais que a de cima, fui tentar de novo. Cheguei devagarzinho, abraçando ela por trás e me enfiando entre o seu pescoço.

- Sério, Kakashi? – pelo tom, não vai rolar. Sinto muito, parceiro.

- Não custava tentar...

- Não... sério mesmo? Você já quer de novo?

Sakura tava me olhando com uma expressão incrédula. Eu ri. Rá! Eu ri da cara dela. Pela primeira vez. Papeis trocados, palhaça.

- Sakura, eu te quero toda hora. – comecei a explicar. Mas tinha mais uma coisa pra incluir nessa explicação. – E eu prometi pra mim mesmo que eu transaria o mesmo tanto de vezes que bati punheta nessas três semanas que eu fiquei longe.

- E quantas foram?

- Acho bom você tirar a roupa de novo. – ela começou a rir. – Acho bom você já ficar sem roupa, minha flor.

Pela quantidade de risada, ela não tava me levando a sério. Deveria. Deveria mesmo. Depois eu ataco ela de surpresa, vai ficar se fazendo de inocente.

- Mais tarde a gente resolve isso. Eu preciso ir falar com a Ino.

- Pra?

- Você ouviu a Tsunade. Eu tô de folga, mas preciso combinar com a Ino pra ela cuidar das minhas coisas. É rápido.

E foi saindo pra se arrumar. Hum... pensei um pouco. Vai sair... sozinha... ah, mas não vai mesmo. Voei pro quarto atrás dela.

- Vou junto.

- Não precisa. Só vou e volto.

- Vou sim. Você vai, fala com a Ino, depois a gente compra alguma coisa pra almoçar, um monte de bobagem e fica aqui o dia inteiro.

Sakura pensou um pouco. E eu não gostei nem um segundo desse pouco que ela pensou.

- Que foi agora, Sakura? Antes, era porque a Hokage não sabia. Qual é a desculpa dessa vez?

- Sem desculpa. Quer ir, vamos.

E eu fui mesmo. Acabei de me arrumar e fiquei esperando a boneca. Parece que isso é meio que um hábito. Eu, sentado, esperando a Sakura acabar de se enfeitar. Até ela aparecer, parecendo uma princesa e eu ficar que nem um idiota, rindo igual um palhaço, admitindo que cada segundo de espera foi válido, levando em conta o prêmio final, que era ela ali, sorrindo pra mim.

Saímos juntos do apartamento e o primeiro estresse começou assim que chegamos na rua. Eu, definitivamente, gosto mais da Sakura bêbada. Ela é bem mais extrovertida e demonstra muito mais que gosta de mim. Andou do meu lado, como se fosse só minha amiga.

- Namorados andam de mãos dadas, não andam? – e volta o Kakashi de quinze anos. Pega nessa porra dessa mão e pronto. Senão, não pega. Não quer pegar, não pega.

- Eu não aceitei seu pedido de namoro...

Ah, não. De novo, não.

- Sakura, eu tô perdendo a paciência com você.

- Ih, Kakashi... credo. – e pegou a minha mão com raiva, fazendo bico. Eu dei uma risadinha por baixo da máscara.

- Você não aceitou o meu pedido de namoro.

- Sim.

- Sim o quê?

- Sim, eu aceito namorar com você.

Engraçado é que eu achei que tava namorando até dez segundos atrás, até que a Sakura me chamou atenção pra uma questão semântica de não ter me respondido com palavras e sim com orgasmos. Mas foi tão insano ouvir ela falar aquilo, que eu me peguei, de novo, sorrindo que nem um débil mental. Entrelacei meus dedos nos dela, enfiei a outra mão no bolso e fui andando, me sentindo o cara mais feliz do mundo por estar desfilando por aí com a gata mais gata de Konoha.

Por onde a gente passava, as pessoas iam girando os pescoços, pra acompanhar o nosso caminhar. Surgiram alguns cochichos mas eu tava pouco me fodendo com aquilo. Aliás, eu tava até me divertindo. Sempre fui assunto nesse lugar. Era legal ser comentado por outra coisa que não fosse a máscara ou a minha recém-descoberta má fama de destruidor de corações de mulheres indefesas. Olhei pra Sakura e vi que ela estava mais relaxada do que eu podia imaginar. Pensei que a primeira aparição, pra ela, seria mais tensa.

- Tudo bem aí? – perguntei tranquilo. Dependendo da resposta, já ficava mais cabreiro.

Ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.

- Por causa dos cochichos? Kakashi, minha preocupação era a Tsunade implicar. Se ela não falou nada... – e fez um lindo movimento de ombros, característico da mulher forte e determinada que tinha se tornado. Tão diferente da menina carente que eu conheci.

- Você é linda, sabia?

Me sorriu com sinceridade. Cara, meu mundo se racha no meio, quando essa menina sorri pra mim.

- E tem mais: se alguém vier me falar alguma coisa, eu parto em dois. – achei lindo. Agora, eu queria saber quem teria essa coragem...

- Eu te ajudo! – brinquei com ela e ganhei uma risada daquelas gostosas.

Fomos conversando bobagens até chegar na lojinha da mãe de Ino. Aliás, Ino que começou a berrar quando nos viu chegar lá do começo da rua.

- Assumiram?! – deduzi que ela soubesse. Olhei pra Sakura, que rolou os olhos em um específico “depois te conto”. – Assumiram!

- Fala baixo, porca! Ou senão fala mais alto, que o País do Vento não ouviu.

- Não me reprima, Testuda! Você tá andando de mão dada com o sensei mais desejado de toda Konoha e quer que eu fique calma?!

Eu já falei que eu gosto da Ino, né? Gosto mesmo.

- O sensei mais desejado?

- Ah, desculpa Kakashi-sensei... é que nós, pobres alunas, temos mania de ver você como sensei. Um sensei gato. Muito gato. Maravilhosamente gato. Desesperadamente...

- Ele já entendeu, Ino. – ciúme?

- Ninguém nunca nem me viu.

- Mas aí que tá, Kakashi-sensei. Essa é a questão! Por isso que você tá na cabeça de todo mundo.

Eu tava rindo. Não é possível que as coisas são assim. Olhei pra Sakura, que tava visivelmente irritada. Quando eu ia falar alguma coisa, Ino interferiu. Amiga serve pra isso, certo?

- Tá com ciuminho, Testa? Relaxa... porque enquanto a gente tá sonhando, é você que tá dormindo com ele.

E eu achando que ela ia ajudar. Não aguentei não rir. Tomei um olhar tão assustador da Sakura, que eu cheguei a estremecer.

- Por favor, não me faz essa cara. A culpa é sua. Você que quis vir aqui.

- Eu não queria que você viesse. Achou que fosse por causa da Tsunade, tá aqui o motivo de eu não querer. – e apontou Ino, que mandou um beijo de volta pra ela. Analisando bem, fazia muito sentido eu não ter ido mesmo.

- Ela tem medo, Kakashi-sensei. Porque o último amorzinho dela, eu quis pra mim.

A Ino tava só brincando. Mas ela mesma viu que tinha passado do limite. Só que a Sakura não quis saber. Começou a acumular chakra na mão e eu notei na hora. Ela foi andando em direção a amiga e eu tive que interferir.

- Sakura, é brincadeira. – Ino falou assustada.

- Chega, Sakura. É uma brincadeira boba da Ino.

- Você não repete mais isso. Fica com o Sasuke pra você. Agora se olhar pro Kakashi, esquece nossa amizade, tá ouvindo? – ela tava transtornada. Eu não achei nem legal esse ciúme. Só ali eu me dei conta do estrago que a Sakura poderia fazer se ficasse nervosa.

- Eu posso continuar brincando? Mas é só de brincadeira, eu juro! – a Ino é louca. Tava com a voz até trêmula, mas tinha coragem de perguntar um negócio desses.

Sakura soltou a mão. Abriu o punho e deixou o chakra dissipar. Respirou fundo algumas vezes, antes de responder.

- Pode, mas só se cobrir o meu plantão hoje. Tsunade me deu folga pra namorar. – e virou as costas, como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei parado, tão perplexo quanto Ino. Aliás, ela voltou à si mais rápido, já que começou a xingar a Sakura de tudo quanto é nome. – Tchau, porca! Até amanhã! – ela já tava lá na rua. Saí correndo atrás.

Fui andando do lado da Sakura, mas, eu admito, tava meio ressabiado. Olhava pra ela, de vez em quando, achando ela uma pintura de bonita, com aquele nariz em pé. Mas que eu tinha achado meio louco, aquela explosão na lojinha, ah, eu tinha.

- Kakashi, eu consigo ver a sua cara por baixo da máscara. – e ela tava rindo de mim de novo.

- Como assim?

- Você tá me olhando com cara de assustado. E nem a máscara tá disfarçando, meu lindo.

Eu adoro quando ela me chama de meu lindo. Adoro mesmo. Eu sinto que eu vou explodir. Mas volta pra parte do susto.

- Eu não ia bater na Ino. – que bom.

- Não pareceu.

- Eu dou uns sustos nela, de vez em quando, pra dar uma situada. – rapaz... Tô lascado. – Senão, as brincadeiras dela passam do limite, como hoje.

- Sakura... não sei. Ela apavorou.

- Só ela? – e riu do idiota de novo. – Kakashi, a Ino tem razão em uma coisa. Eu e ela, disputamos o Sasuke por muito tempo. Quer dizer, disputamos a ilusão do Sasuke, né?

Eu tenho a impressão de que as próximas palavras que saírem da boca da Sakura, ou vão me fazer muito feliz, ou vão me deixar muito nervoso.

- Quando eu fiquei com você, eu tinha a certeza de que seria só mais uma das muitas noites do famoso Kakashi Hatake. Mas eu não fui. Então, a ideia de disputar você com qualquer outra pessoa me desagrada. Porque eu não quero mais viver isso.

- Você não vai me disputar com ninguém, Sakura.

- Não mesmo. Eu não sou mais daquele jeito que eu era. Mas... – e voltou o tom brincalhão. – com a porca eu tenho que manter uma aparência, certo?

Tudo bem. Fazendo um balanço rápido, o que ela falou não me desagrada, mas também não me agrada.

- O que você quer dizer é que tem ciúme de mim, mas não tem ciúme de mim?

- Eu não tenho ciúme de você.

E eu, que deveria gostar de ouvir isso, porque nunca gostei de ninguém no meu pé, achei ruim. Devo ter feito uma cara tão inconformada, que ela achou que cabia uma explicação.

- Kakashi, se eu fosse ter ciúme de você, eu teria ciúme de Konoha inteira. Não tem uma mulher daqui que nunca tenha pensado em ir pra cama com você.

- Entendi.

E fiquei em silêncio, como o molequinho chorão que eu virei, pensando se isso significava que ela gostava menos de mim. Porque, sei lá, eu não gosto de ciúme exagerado, mas eu acho que é legal essa demonstração de limites. Talvez se eu falar pra ela...

- Eu tenho ciúme de você. – falei de uma vez.

- Eu sei.

- Como?

- Gai-sensei falou. – putz, é mesmo. Falou na festa da Ino. – E você teve no bar, quando o Shikamaru chegou.

- Lógico! Chegou olhando seus peitos! – descontrole é o que eu mais tenho, nesse momento. Mas ganhei um sorrisinho.

- Fala baixo, escandaloso. – e uma ralhada.

Sakura deu um suspiro longo. Longo demais e rolou os olhos. Senti que vinha alguma coisa daí.

- Tá, eu vou te contar, mas não é pra ficar todo metido. – já animei. – Eu belisquei uma moça de propósito outro dia no hospital.

Meu sorriso tava quase saindo pra fora da máscara.

- Por quê?

- Porque a vagabunda tava falando que tinha ficado sabendo que você ia dar um tempo nas missões longas e estava decidida a ser sua companhia enquanto estivesse por aqui. – tava toda nervosinha. Uma delícia.

 - E então você beliscou ela? – perguntei com ironia. Eu imagino como seja um beliscão da Sakura. Ela só me deu uma risadinha e pegou na minha mão, entrelaçando os dedos. Parou no meio do caminho. Olhou diretamente pra mim e disse:

- Acompanha com o olhar. – e acenou pra uma mulher na outra calçada, que nos olhava. A expressão dessa desconhecida era estranha. Uma moça bonita até, mas olhava com raiva pra nós dois. Sakura me abraçou pela cintura e ficou balançando a mão até a desconhecida virar de costas. Quando ela virou... – Ah lá. Tá vendo o roxo no braço?

- Deus do céu, Sakura... é essa? – olhei pra ela, dando risada da loucura. – Você é uma pessoa horrível!

- Sou nada. Eu sou um anjo. – falou toda metidinha e foi andando, rebolando aquela bunda gostosa na minha frente. – Só não gostei de ouvir falar do meu namorado.

E eu, eu, me conhece? Kakashi Hatake, o copy-nin, o ninja dos mil jutsus, abri o maior sorriso que eu já tive em toda a minha miserável existência, ouvindo aquilo. “Meu namorado”. Caralho, eu tô tão lascado... Essa menina vai acabar com a minha vida. Escreve o que eu tô dizendo.

- Vai ficar aí o dia inteiro? – é. Eu fiquei parado, admirando o quanto eu tava feliz, enquanto a Sakura continuou andando. Cheguei ao lado dela.

- A Ino já sabia de nós dois?

- Eu contei pra ela. Ela é minha melhor amiga, você sabe, e percebeu que eu tava chateada com alguma coisa.

- Com o quê?

- Como “com o quê”? Quando você saiu em missão. Eu não sabia como ia ser, se você ia demorar, se quando voltasse a gente ia ficar junto, essas coisas...

Ela sentiu mesmo a minha falta. Eu fico pensando se existe uma cota de felicidade. E se existe uma cota de ser paspalho. Porque se existir, eu tô superando as duas. Tô de quatro. Sério.

- Lógico que a gente ia ficar junto.

- Ah, Kakashi. Você, três semanas fora? Eu não acreditei muito que ia voltar interessado em mim não...

- Pois saiba, Sakura, minha flor de cerejeira, que eu pensei em você o tempo inteiro.

Ela me olhou com o canto do olho. Tentou esconder o sorriso. Menina boba... dei um empurrão nela, pra deixar de ser insegura.

- Eu gosto de você, Sakura. Mesmo. – esse sorriso ela não escondeu. Deu ele inteirinho pra mim.

- Eu também, meu sensei-delícia.

É a vida. A vida que eu descobri que queria levar. Parar no mercado, comprar alguma coisa pra fazer pro almoço, discutir com a namorada sobre o que comeríamos, implicar com as escolhas dela, ouvir ela implicar com as minhas, conviver com a bagunça que a Sakura faz a cada vez que respira, dividir funções básicas, como um lavar a louça e o outro secar, dar umazinha antes de almoçar, dar mais umazinha depois de almoçar, cochilar a tarde, dar mais uma depois de acordar, tomar banho junto, transar no chuveiro, o que, aliás, é excelente dada a elasticidade da minha flor, ganhar uma massagem com ela sentada na minha bunda, e é isso. Eu posso viver assim. Eu consigo viver assim o resto da vida. Tava preparado pra me jogar na cama mais uma vez, e meu quarto, nesse momento, tinha um delicioso cheiro de sexo, quando ouvi palavras que me foram assustadoras.

- Vamos sair?

Simples. Sair. Dar uma volta. Era o que eu queria, não era? Andar por aí de mão dada com a Sakura, ostentando pra todo mundo que eu tava namorando essa delícia toda. Mas depois dessas duas simples e despretensiosas palavras, eu ouvi a maldita voz do maldito Gai na minha mente: “Pensa Kakashi, a gente já não tem mais o mesmo ânimo deles.”

E foi aí que eu entendi o que ele quis dizer. Na hora que o Gai me falou isso, eu pensei na única coisa que eu penso: sexo. Pra isso, meu ânimo é incomparável e eu podia fazer uma maratona de transa sem cansar. Por isso, o que ele me disse nem me preocupou. Eu sabia que seria mais do que capaz de acompanhar o pique da minha gostosa, anos mais nova que eu. Mas não era isso! E a vida, filha de uma puta, veio me dar um tapa na cara pra me lembrar disso. Passei o dia inteiro em casa, basicamente comendo, dormindo e comendo (a Sakura). Eu tava cansado. De quê? Sei lá. Mas eu queria mesmo, mesmo, ficar jogado na cama e continuar na inércia de comer, dormir e comer (a Sakura). Só que a minha flor, que não trabalhou nem treinou, que também não fez nada além de comer, dormir e dar pra mim, tava agitadona. E aí as palavras do Gai fizeram sentido.

- Você quer sair? – perguntei com uma má vontade, torcendo tanto pra ela dizer que não, que tinha sido uma má ideia, que a minha voz era aquela preguiçosa de sempre.

- Quero! – e pulou. Porra, ela pulou. Tô fodido. Se ela até pulou, não tem a menor chance de mudar de ideia. – Vai, seu preguiçoso! Vamos beber pra comemorar!

Comemorar o quê? Que ela conseguiu me tirar de casa? Eu sou um senhor de idade. Tô preocupado. As palavras do Gai tão na minha mente.

- Comemorar o quê?

- Nosso namoro.

Ia ficar meio chato, se eu dissesse que não queria sair pra comemorar nosso namoro.

- Prefiro comemorar aqui.

- E o que tem pra beber?

Aí fodeu de novo. O que tinha, a Tsunade levou de manhã. Não tinha jeito. Eu ia ter que sair.

- Nada. Vai. Vai se arrumar. – ela pulou de novo. Sério. A Sakura é empolgada a esse ponto. Eu ainda fiquei ali, deitado, vendo ela escolher o que ia vestir. Aliás, eu descobri que isso é um passatempo interessante, porque eu gosto muito de ficar vendo ela se enfeitar. Ainda mais agora, que é pra sair comigo. O problema é que eu perco o rumo, admirando a beleza da Sakura, e quando dei por mim, ainda tava jogado na cama, só de cueca e a gostosa de cara feia.

- Kakashi, você vai conseguir se atrasar mesmo se a gente sair do mesmo lugar? Juntos?

Eu ia responder o quê. Comecei a dar risada. Não sei qual o meu problema com atrasos, eu só não consigo fazer as coisas na hora certa.

- Tô indo, tô indo...

Eu tava com tanta vontade de ir, que eu demorei mais tempo que a Sakura pra me arrumar. E ela lá, me atormentando. Parece que tinha compromisso, credo. Primeiro dia de namoro e eu já tava repensando bastante essa história. Por fim, saímos. Ela queria beber, só tinha um lugar pra onde podíamos ir e, óbvio, já tinha gente conhecida lá. Primeiro baque: eu não animei de sentar com as amigas dela. Ela não animou de sentar com os meus amigos. Kakashi Hatake, o diplomata, propõe juntar as mesas. Respira, Kakashi, respira.

Passado o primeiro problema, foi tudo muito bem. Muito bem mesmo. Sentou, bonitinha, do meu lado, me abraçou algumas vezes, riu aquele sorriso lindo pra mim e eu, apaixonado do jeito que eu tô, tava feliz pra caramba de ter saído, só porque eu sabia que a Sakura tava feliz. Pois é. Agora eu sou um cara que coloca a felicidade dos outros acima da minha. Dos outros não, da minha flor.

Até chegar o segundo problema da noite e parar, de pé, ao lado da nossa mesa. E, assim, eu tenho que admitir, era um problema bem interessante.

- Oi, Kakashi!

Quem é? Quem é? Eu não lembro o nome. Mas pela figura alta e corpulenta, com essa cara de safada, com certeza eu já comi.

- Oi. – respondi o mais neutro que deu. Porque se eu abro mais a boca é perigoso eu me comprometer. Caralho, quem era? Como eu não consigo lembrar de uma mulher dessas?

- Eu soube que você tá namorando. É verdade, essa barbaridade?

A namorada, no caso, que estava sentada ao meu lado, olhou pra mim na mesma hora. Virou o pescoço tão devagar, que eu consegui contar os milésimos de segundo, antes de encontrar os dois olhos verdes me julgando por aquilo. Não era minha culpa. Alguém podia me ajudar?

- É. – monossílabos servem pra momentos como esse.

- E é essa coisinha sem sal, mesmo?

Ainda virada pra mim, a Sakura fechou os olhos. Apertou os lábios, respirou fundo duas vezes. Eu tava esperando o chackra se acumular no punho e essa ilustre gostosa desconhecida sair voando pelo telhado, mas isso não aconteceu. Ela fez algo pior. Muito, muito pior. Abriu o olho e esperou a minha resposta.

DESDE QUANDO EU SEI O QUE FALAR NUMA SITUAÇÃO DESSAS?! Eu responderia um sonoro “É!”, mas eu tinha a absoluta certeza de que se eu falasse isso, o bicho ia pegar pro meu lado.

Pensa, Kakashi. Pensa, e pensa rápido.

- Eu te conheço? – era uma pergunta honesta. Eu tinha a impressão que conhecia ela, mas essas liberdades dela davam a entender que conhecia muito bem. Mas, por um milagre, essa minha pergunta feita de mal jeito, parece que atendeu às expectativas da minha flor, que deu um sorrisinho pra mim. Segui por aí.

- Claro que sim! Eu sou a Hana, Kakashi! – tentei lembrar, é sério. Não é charme. Mas não era bem em nomes que eu costumava me ligar. Só sabia que tinha tido alguma coisa com aquela mulher, porque, enfim... ela era bem, bem, bem, gostosa. Balancei a cabeça, dando a entender que não me lembrava, e a Sakura rindo. A moça, coitada, ficando nervosa. – Lembra, Kakashi! Da linguadinha!

Aí eu lembrei.

Fiz a minha melhor expressão de indiferença, mas essa era só pra mascarar o que eu tava sentindo. Se a Sakura sonha o que tava passando na minha mente naquele instante...

- Não lembro de você. – menti mesmo.

- Eu posso fazer de novo, se você quiser.

Por quê, Deus? Por quê? Olhei pro lado e o riso da Sakura tinha acabado. Olhei pro outro lado e o resto da mesa tava com cara de assustado. Ia dar merda.

- Eu não quero.

- Por causa dessa coisinha?

Não fui nem eu que respondi. A própria coisinha olhou pra moça da linguadinha.

- Sabe por que ele não lembra de você? Porque, provavelmente, ele só lembrou do que você fez, depois que você se expôs pra todo mundo, numa mesa de bar, na frente de um monte de desconhecidos, pra um cara na frente da namorada, dando a entender que tinha chupado ele. Ninguém lembraria seu nome. Aliás, se perguntar aqui na mesa, ninguém ouviu seu nome. Só ouviu você sendo vulgar ao ponto de falar o que fez, rezando pra que ele lembrasse de você.

Uau.

- Isso não é verd...

- Kakashi, meu nome.

- Sakura. – tomara que seja esse.

- Yamato? Você sabe o nome da moça? Gai? Ino! A Ino sabe, com certeza! Não? Neji? Ninguém? E o que ela fez?

- Deu uma linguadinha! – Ino escandalosa.

Caralho, tô chocado com a Sakura.

- Eu sei o seu nome... – e foi se levantando. Fique com dó da coitada, que tava até roxa de vergonha. – Hana, não é? Então Hana, eu vou te avisar uma vez só: chega no meu namorado desse jeito de novo, pra você ver o que vai te acontecer.

A moça da linguadinha não tinha nem palavras pra responder aquilo.

- Outra coisa, sem sal por sem sal, o Kakashi tá repetindo a comida toda hora. Você deve ser muito temperada.

Olha as coisas que essa menina fala...

Ainda bem que alguém sensato viu a discussão e veio resgatar a inconsequente da linguadinha. Devem ter reconhecido a Sakura. Eu não ia me meter. Tá louco. Voltou pro meu lado com um sorriso louco, uma cara de doida. Ela tá ficando igualzinha a Tsunade, cruzes.

- Testuda! Arrasou! - Ino

- Eu fiquei assustado. – Gai

- Eu achei legal... pensei que fosse ter briga. – ainda vou dar na cara do Yamato. Tarado do caralho.

- Essa linguadinha aí... vou lá ver que negócio é esse. – vai nessa Neji. Vai, que você não vai se arrepender.

- “O Kakashi tá repetindo toda hora?” – perguntei no ouvido dela.

- Acho que ele gostou do meu tempero...

Menina... não me responde com essa manha, que eu te pego aqui mesmo.

- Tá na hora de comer de novo.

Não precisei falar mais nada. Só ganhei um olhar daqueles maliciosos e um sorriso de canto, que, fala sério, como ela me desmonta com aquela carinha de safada.

- Vou no banheiro. – levantou e foi saindo.

- Eu vou também, Testa. – a Ino recebeu um olhar só. Mulher é legal que elas se entendem sem palavras. – Mas eu vou depois, espero você voltar.

E eu, o disputado da noite, também ganhei um desses. Só que eu não fiz questão de disfarçar não. Dei uma bela secada na bunda gostosa que foi embora rebolando, respirei fundo, matei o que tinha no copo e falei.

- Eu vou dar uma rapidinha na despensa do bar.

Quem tava na mesa me lançou olhares curiosos, seguidos de risadas altas.

- Sério, Kakashi? – ah, vai se foder, Yamato. Até parece que você não faria o mesmo.

- Seríssimo.

Levantei e fui saindo. No caminho, ainda vi a moça da linguadinha se entendendo com o Neji. Esse garoto tá feito, essa noite. Mas quando eu senti as mãozinhas me puxando praquele mesmo quarto escuro de outro dia, não teve como pensar outra coisa.

- Não mais do que eu...

- Quê?

- Nada. Vem cá.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...