História Desafio de Cada Dia - Inspiração

Muitos possuem uma inspiração para fazer algo, o mesmo ocorreu comigo: tive uma inspiração para praticar um esporte que hoje amo, a natação.

Meu pai — um amante de esporte — havia comprado os ingressos para os jogos olímpicos de Sydney e como filho único, acompanhei-lhe. Assistimos todos os esportes, até que chegou à natação.

Estávamos na primeira fila, a melhor visão possível, e cada nadador estava conversando com seu treinador enquanto alongavam-se. Todos eram bem estruturados, em perfeita forma: ombros largos, braços e pernas fortes, com a massa corpórea nos lugares certo do corpo. Ambos altos, no mínimo 1,74m. E mesmo sabendo que aquilo era uma competição, todos sorriam, e antes de começar a partida os nadadores cumprimentaram-se com aperto de mão, desejando sorte, e então posicionaram-se sobre as raias espalhadas pela borda da piscina de 50 metros de comprimento.

Após arrumar as toucas e os óculos posicionaram-se, preparados para a partida: sobre a raia colocaram os braços estendidos sobre a cabeça, segurando a borda, com o pé de apoio na frente e o outro atrás, ambos nas pontas, prontos para pular a qualquer momento e a costa estava curvada, deixando seus rostos próximos à água límpida que, ao sol, brilhava chamativa. E então, o apito soou alto e em bom som, e num piscar de olhos pularam ritmados, com os braços em frente ao rosto, esticados, e o corpo seguindo uma sutil curva, para, então, mergulharem na água, que lhe acolhia como se estivesse lhe abraçando. E então começou.

Era como uma dança bem treinada, todos seguindo seu ritmo, porém de forma coordenada: cada braçada precisa para pegar impulso, com todos os músculos se estendendo pelo ato, abrindo passagem por entre a água; cada nadador surgindo em meio à água, puxando o ar profundamente antes de, novamente, submergir nessa. Era simplesmente incrível!

E apesar de ser uma “dança coordenada” cada um deixava bem claro a sua marca: as braçadas mais longas e rápidas, ou braçadas mais curtas, mas ainda assim rápidas; ou o modo de mover as pernas para seguir o ritmo necessário para chegar em primeiro lugar; ou o modo de abrir passagem pela água, de forma gentil e fácil; ou, até mesmo a forma de virar para fazer mais uma volta.

Depois de ida e vinda havia chegado à volta final: com calma, os nadadores na linha de frente deram uma pirueta na água, e após colocar os pés na parede de azulejo branco da piscina e flexionar os joelhos, se jogaram para frente, e com impulso, continuaram, em meio à gritaria de todos que ali assistiam. Em questão de segundos o apito soou, dando fim aquela partida. Todos subiram da água, exaustos, mas sorrindo, e os que perderam, parabenizando os ganhadores.

Após esse surgiram outros: o de borboleta, o de costas, o de 500 metros, de 100 metros, e assim em diante.

A emoção, a sutileza, tudo no esporte fora a minha inspiração, e após os jogos comecei a treinar, um processo bem difícil, pois não tinha o físico necessário — era franzino, sem resistência —, e muito menos respiração para tal. Todavia, como todo esporte, precisei colocar esforço, alma, coração e gosto, e com o tempo aprendi.