Estava prestes a entrar em casa quando ouvi meu nome ser chamado do outro lado da rua, a chuva abafava um pouco da voz, porém era tão familiar que nem mesmo precisaria olhar para saber quem era. Me virei e ali estava ela, segurando um guarda-chuva amarelo e junto ao corpo uma pequena sacola de papel, seus cabelos dourados soltos e desajeitados com a roupa ensopada colada ao corpo.
– Venha logo, Mary! Você vai ficar doente se pegar chuva desse jeito.
–Se eu ficar doente, eu tenho você para cuidar de mim, Freddie! – Sua voz macia dançava pelo ar, me levando ao encontro dela.
Entramos pela porta da frente mantendo o contato visual, seus olhos sempre me encantaram, aquele tipo de azul que te transporta para outros lugares só de observa-los por alguns segundos e eu realmente estava sendo levado para outro mundo, longe de todos os problemas, ela era a coisa mais importante da minha vida.
– O que você trouxe aí? Será... Hm, esse cheiro. Com certeza é!
– Vá com calma pequeno roedor, esses aqui são para mais tarde.
– Até chegarmos a cozinha será mais tarde e esses churros serão meus. - Eu sorria com sinceridade e sei que ela também, mesmo com a roupa pingando ela não deixava de estar perfeita.
Minha mão foi diretamente para a cintura dela e seus braços envolveram meu pescoço com uma certa leveza, nossos lábios estavam a milímetros de distância, porém eu sabia que nada havia entre nós, não mais. Peguei o pacote com uma das mãos livres e corri pelo corredor, assistindo o olhar impaciente me acompanhar e logo seu sorriso se intensificando pelo rosto.
– Seu ladrãozinho! Volte aqui.
– Só depois que eu acabar de comer esses deliciosos churros SO-ZI-NHO.
Enquanto eu corria para a cozinha, conseguia sentir os passos leves e apressados de Mary atrás de mim, ela se encontrava a algumas passadas de distância, mas eu já havia chegado e olhava dentro do saco com uma grande expectativa, apenas para me deparar com uma enorme decepção: Os churros estavam molhados e amassados, o recheio de doce de leite estava grudado no fundo do saco de papel e o açúcar com a canela haviam de desmanchado por inteiro, deixando apenas aquela massa esmagada com doces molhados espalhados por toda parte.
– Não sei o porquê você tem um guarda-chuva se vive se molhando e molhando tudo o que carrega com você.
– Não me diga que... – Ela pegou o saco e soltou um gritinho de desapontamento que logo foi silenciado com um simples beijo. Não havia mais o que dizer ou fazer, todo aquele momento só me fez reafirmar a necessidade de tê-la ao meu lado, par sempre.
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