A garota estava sentada no trono, parecia ser feito do mais puro caramelo endurecido nos montes de Neve do Mar, a pele pálida contrastava com o vestido vermelho vivo com detalhes em dourado, seus cabelos negros oscilavam devido ao forte vento que adentrava o castelo e apesar de toda a tensão naquele salão, seus olhos castanhos brilhavam com a chance de vitória e conforme seus oponentes eram enganados a jovem, sem demora, se preparava para a votação que iria acontecer.
– Todos já se decidiram? – Um “Sim. ” Em uníssono foi ouvido e imediatamente apontaram para o acusado. – Ornitorrinco, vire sua carta.
A expectativa dos envolvidos estava ao máximo, a carta que seria revelada nos próximos segundos, fez com que os corações batessem mais rápido, pois o destino de todo o vilarejo estava em risco e o lobisomem tinha que ser detido.
As patinhas que seguravam a carta foram lentamente deixadas de lado, o pelo molhado do pequeno animal dava a impressão de ter sido mergulhado várias vezes na água quente, seu bico preto como a noite não se abria para nada, contudo, suas narinas se abriam tentando pegar a maior quantidade de ar possível, era somente o ladrão, que por um infortúnio roubou a rainha.
– Quem é o lobisomem, minha rainha?
– Não é obvio, meu amigo? Eu era o lobisomem, mas quando o Ornitorrinco me roubou e a Zebra trocou as cartas de volta, voltei a ser o lobisomem, o que significa que eu ganhei!
Uma risada escapou pela boca da rainha que olhava contente para os seus súditos.
– Não gostaram da brincadeira? – Disse ela em meio aos sorrisos que recebia, porém, o coitado do Ornitorrinco se recusou a responder e educadamente se retirou do salão.
Heloisa, a rainha, saiu correndo atrás do pobre animal, mas fora fácil demais alcança-lo, ele estava manco, arrastando uma de suas patas traseiras pelo corredor extenso e sua cauda achatada fazia companhia as suas patinhas.
– O que foi, meu querido? Fiz algo que não lhe agradou?
– Não foi nada minha rainha, apenas me sinto entristecido quando lembro que costumávamos jogar este mesmo jogo com a Jade, minha parceira. E ainda sim, perder. – Os olhos brilhantes do animal se apagaram por momentos, como se estivesse em outra dimensão, foi então que a moça teve uma ideia.
– Venha aqui amanhã de manhã e cuidado.
Na manhã seguinte, o Ornitorrinco se pôs a caminhar até o salão do dia anterior, contando os ladrilhos na estrada e quando chegava perto ouviu uma voz conhecida, seu coração palpitou forte e seus olhos negros procuravam a dona da voz melodiosa. A porta de madeira se abriu antes que ele pudesse chegar, apesar da luz ainda ofuscar os olhos, sabia que quem veria.
Ela correu para seus braços e o abraçou forte, seu pelo continuava macio e vívido, num tom de caramelo queimado. A senhora ornitorrinco tinha viajado por muito tempo em uma missão especial para Heloisa, a qual tinha decido que a viagem deveria terminar o mais rápido possível, então pediu para que seus grifos a trouxessem em segurança, ela ficou ao longe, olhando para o casal com uma alegria sem igual, podia sentir que o castelo inteiro estava mais jubiloso.
– Muito obrigada! - Dizia o casal, várias e várias vezes, todavia, a garota ficava cada vez mais feliz por tê-los juntados mais uma vez.
– Vocês estão exagerando! Sabe o quando quero que todos aqui fiquem alegres.
No final do dia, todos estavam naquela roda de brincadeiras, discutindo quem era o lobo e ficaram felizes para sempre!
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