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História Desafio dos 42 - Sexta-feira 13



Notas do Autor


Uhuuuul! Os aliens não perturbaram e nós conseguimos postar mais rápido dessa vez!!
Primeiramente agradecemos todos os favoritos e comentários divos, e a vocês também, leitores fantasmas, não pensem que não amamos vocês!!
Enfim, aproveitem os 42... digo, o capítulo!!

Capítulo 7 - Sexta-feira 13


Sabe aquela sensação de que tudo vai dar errado? Então, hoje eu levantei com o pé esquerdo, literalmente, e tive essa sensação!

Eu só conseguia pensar no meu encontro desastroso com o Sasuke, que foi atrapalhado e pisoteado pelo imbecil do irmão dele. Maldita hora em que Ino me ligou, maldita hora em que eu aceitei carregar um Sex Shop na minha bolsa, maldita hora em que me apaixonei por Sasuke Uchiha!

Não dava para lutar contra o sentimento, assim como não dava para voltar no tempo e consertar o que foi feito. Eu tinha a ligeira impressão que Itachi não cumpriria a promessa de manter o bico fechado. Provavelmente Sasuke já devia saber que minha real intenção era levá-lo para a cama e estaria achando que sou uma vadia pior que a Karui. Ok, não é para tanto!

Pois bem, eu estava distraída, perdida em meu mundo de pensamentos, e a Lei de Murphy resolveu me envolver nesta manhã de uma forma que, se fosse alguém me contando, eu não acreditaria em uma letra sequer.

Para começar, minha cama fica perto da janela que, devido ao calor infernal de ontem, estava aberta. O que isso tem de mais? Bem, eu estava de boas arrumando a cama, um pouco curvada, claro, e, quando levantei, minhas costas tiveram o infeliz destino de se encontrarem com a quina da maldita janela... Cara, eu senti um dor bem, bem forte. Era como se tivesse um prego em minhas costas e um elefante se equilibrasse sobre ele.

Saí de fininho de perto da janela e fui ao banheiro para me lamentar da dor aguda nas costas e me arrumar para ir à faculdade. Assim que abri a porta do banheiro, tropecei na porra do tapete e bati com a testa no vaso sanitário. Posso ser a primeira da turma, mas isso não me impede de ser a personificação do desastre.

- Maldição! – berrei e me levantei meio a uns capengos, massageando o local da pancada.

Me apoiei na pia para levantar e olhei o resultado no espelho. Minha testa estava com uma marca avermelhada e, com certeza, aquilo viraria um belo de um galo. Ótimo, meu dia começou maravilhoso, imagina o que vem a seguir...

Acham que meus desastres param por aí? Então, quando estava devidamente vestida e fui sair do banheiro - não sei como explicar o ocorrido, não acho que tenha explicação física para o que aconteceu -, apenas consegui o maior feito da minha vida. Meu sutiã, que por acaso eu estava usando, já de camiseta e tal, enganchou na maçaneta da porta. Como isso pode ter acontecido, pelo amor de Deus? Sério, cara, eu estava de camiseta. Quase arrancou o bico do meu peito.

Não pode piorar, certo? Errado. Ao terminar de me questionar sobre isso, eu bati o mindinho do meu pé esquerdo na cama. Qual a função desse dedo inútil, além de bater nas quinas dos móveis? Sério, eu consegui fazer tudo isso em apenas... Fala sério, 42 minutos? Vai se ferrar!

Não sei porque o Universo conspirou contra mim neste dia. Depois de terminar de me arrumar, olhei a hora no celular: 6h42... Sexta-feira 13... Ótimo! Perfeito!

Fui para a sala esperar um pouquinho, ainda estava bem cedo. Peguei minha base em pó para tentar esconder o vermelho da testa e, quando estava passando, o que aconteceu? O espelho, magicamente, caiu da minha mão e se estilhaçou em uns 42 pedaços.

Após perder tempo catando caco de vidro do chão, peguei minhas coisas para ir a pé para a faculdade, uma vez que não iria mais aceitar as caronas do Sasuke, não depois do encontro frustrado da noite anterior.

Assim que abri a porta, vi um gato preto passar na minha frente. Droga. Eu deveria voltar para o quarto, deitar na minha cama, me enrolar nas cobertas e passar o resto do dia vegetando? Não, Sakura, esse negócio de azar não existe, não acredite nessas superstições! Além do mais, tenho aula de Farmacologia e precisava assistir. Respirei fundo e mentalizei apenas coisas positivas enquanto caminhava calmamente pelas ruas de Konoha, rumo à Universidade.

...

Sabe aquele bom pressentimento, aquela certeza de que tudo vai, finalmente, dar certo depois que tudo deu errado? Pois é, eu não estou sentindo isso

Maldita hora que teríamos que rodar o campus todinho até chegar no auditório. Não é à toa que odeio as aulas de Farmacologia. A professora Shizune sempre inventa essas coisas para interagirmos melhor e para tornar as aulas menos cansativas. No final, acaba se tornando ainda pior!

Alunos de outros cursos, como Enfermagem e Farmácia, também estariam lá para a aula.

Andei apressada pelos corredores pois Sasuke estava por perto e eu queria passar despercebida por ele. Parecia que eu estava fugindo de algo, nem dei bola para quem me cumprimentou nos corredores. So sorry, Hinatinha, depois eu explico!

No caminho me encontrei com a Karin, que faz Enfermagem. Ao menos não estarei sozinha nessa maldita palestra. Ela é a única das minhas amigas que está na área da Saúde também. Contei a ela sobre minha manhã desastrosa, mas me arrependi, porque ela ficou rindo alto como uma louca, o que chamava atenção para nós duas.

Mais à frente, no corredor, um eletricista, em cima de uma escada, ajeitava uma fiação. Eu estava com uma preguiça infernal, daquelas que você tem preguiça até de sentir preguiça! Então permaneci andando em linha reta, sem a menor vontade  de contornar a escada, e passei por baixo mesmo, foda-se o risco de cair a escada ou mesmo o eletricista sobre mim.

- Você é louca? – Karin gritou.

- O que foi? – perguntei. – Vamos logo, senão iremos nos atrasar pra porcaria da palestra.

- Você é abirobada, garota? – a ruiva perguntou incrédula.

- Ué, por que? – fiquei mais confusa ainda.

- Depois de toda a manhã azarada que você me contou que teve hoje, ainda tem a coragem de passar por baixo de uma escada? – ela perguntou com os olhos arregalados. As pessoas que passavam perto riram da gente, porque, assim como Ino e Naruto, primo dela, a Karin falava alto pra caramba. – E tipo... Justo hoje, quando você tá com azar, brota uma escada no teu caminho? – a ruiva balançava a cabeça como uma forma de repreensão.

- Não acredito em superstições, Karin! – revirei os olhos.

Quando íamos sair do prédio que estávamos, para passar para o que tinha o auditório, onde haveria a palestra, começou a chover.

- Viu? Olha no que deu você passar por baixo da escada! – ela me repreendeu. - Agora você vai ter que equilibrar a balança da sorte do Universo.

Que diabos de balança é essa? Ignorei.

Bem, corremos pela chuva mesmo, já que nenhuma de nós estava preparada. Acontece que, na corrida, eu tropecei e quase fui de encontro ao chão.

Finalmente chegamos ao outro prédio, e o que mais me partiu o coração foi ver a quantidade de gente pelos corredores. Tomara que ninguém tenha reparado o Vesúvio na minha testa, pois não basta a testa ser grande, tem que estar vermelha e com um galo enorme.

Quando subimos as escadas e chegando no segundo andar do prédio, olhei para os meus pés e percebi que minha sandália havia arrebentado. Minha sandália de oncinha que a Ino me deu de Natal. Acredito que meu dia não possa ficar pior!

- Isso também dá azar! – Karin falou apontando para minha sandália.

- Isso não dá azar, isso é o azar! Já disse que não acredito nessas coisas. – falei, continuando meu caminho.

- Você pisou numa rachadura, isso também dá... – a ruiva se calou quando lancei um olhar impaciente sobre ela.

Finalmente chegamos ao auditório e eu puxei a Karin lá para frente. Não tenho obrigação de aguentar isso sem ninguém conhecido para conversar... Tenho sim, mas deixa quieto!

Ficamos sentadas esperando, conversamos algumas banalidades, até que o projetor foi ligado, prendendo atenção dos alunos, e começou a passar um vídeo. “A Nerd da Faculdade” era o que havia escrito no começo... Estou pressentindo algo muito ruim. Meus olhos arregalaram assim que as imagens começaram a passar depois do título. O pessoal começou a rir, gritar algumas obscenidades e, embora sem coragem de olhar para os lados, consegui passar os olhos por Karin, vendo suas sobrancelhas franzirem para o vídeo.

Aquela merda estava bem feita, tenho que admitir. Começou com uma mulher fazendo selfie completamente nua, nem censura. Mas isso foi leve, as que vieram depois eram bem piores! O vídeo foi cortado para uma cena em que ela estava se masturbando enquanto fazia um oral em um homem qualquer. Abri minha boca incrédula, a mulher estava com o meu rosto. Outra vez o vídeo foi cortado e mostrou uma cena onde a mulher –com o meu rosto- estava levando uma dupla penetração. Isso foi o cúmulo! O fim da picada!

Ok, Sakura, eu sei que você está quase tendo um ataque fulminante, mas fica calma. Por mais que você queira derramar lágrimas o suficiente para encher o rio Amazonas, fica... calma...! Fizeram uma montagem sua com vídeos pornográficos! Claro que eu fingi estar indiferente a tudo aquilo, não iria dar este gostinho a seja lá quem fosse o desocupado que perdeu tempo editando isso.

Karin me olhou preocupada com a minha reação, mas eu mantive uma expressão neutra. Shizune entrou no auditório, e, quando viu o vídeo, tratou de desligar na mesma hora. Muito obrigada, professora! Um pouco tarde, porém.

- Quem fez isso? – ela gritou irritada, passando os olhos pelos alunos e, por fim, os pousou em mim, mas eu nem me movi.

Todos pararam de rir, ficando calados por um longo tempo. Vendo que não daria em nada, ela iniciou a aula. Eu não prestei atenção a palavra alguma, nem no que Karin sussurrou para mim, apenas foquei em me manter firme e não derramar as Cataratas do Niágara pelos meus olhos. Seria ainda mais humilhante.

...

Eu estava andando pela escola a passos firmes. Para humilhar as inimigas, nada melhor do que fingir que aquilo não te ofendeu! Embora eu não saiba quem fez aquela montagem terrível, absurda e completamente repugnante!

Andei pelo corredor até o banheiro que ficava mais longe possível do prédio, apenas ouvindo xingamentos direcionados a mim por uma pessoa ou outra. Abri uma das portinhas e sentei-me sobre a tampa do vaso, encolhendo minhas pernas.

Confesso, estou horrorizada. Como pode alguém fazer aquilo comigo? Foi uma humilhação total! Estou assustada, estou com ódio! Maldita seja esta sexta-feira 13!

Escondi meu rosto entre as pernas e as abracei. Grossas lágrimas já desciam pelo meu rosto e ao longe escutava Karin chamando-me. Desculpa, mas depois daquele vídeo eu não conseguirei encarar mais ninguém!

Quem fez aquela montagem? E o que eu fiz para esta pessoa a ponto dela fazer isso comigo? Eu sou tão detestável assim?

Chutei a lata de lixo que estava perto de mim e fiz o mesmo com as outras. Estou com ódio! Muito ódio! Mas acima de tudo: envergonhada. Eu não entendo! O que tem de engraçado em fazer isso?!

– Sakura! – Karin me encontrou e correu em minha direção, impedindo que eu chutasse a última lixeira em pé.

– Me larga! – bradei a afastando. – Me deixa sozinha!

– Sakura! – Ino havia aparecido com as outras meninas, provavelmente Karin as chamou. – Amiga, já sabemos de tudo...

– Vão embora! – gritei e meus olhos novamente se encheram de lágrimas e minha voz embargou. – Eu quero ficar sozinha!

– Não me venha com essa! – replicou Temari. – Não vamos embora e te deixar deste jeito!

– Não precisa! Eu não quero ver ninguém! – agachei-me no chão agarrando minha blusa pelas costas, abraçando meu próprio corpo. – Eu... Eu... Aquela não sou eu! – funguei. – Eu juro! Eu... Eu não faço aquilo!

Senti alguém me forçando a levantar com brusquidão  em seguida me abraçou. Era a Hinata. Tentei me afastar daquele carinho, mas as outras acabaram me abraçando em conjunto.

– Acreditamos em você, Sasah. – cochichou Tenten. – Não precisa explicar.

– Quem quer que seja, não vai sair impune! – Ino se afastou cerrando os punhos. – Se for mulher, eu vou costurar a maryjane da safada! Se for um homem, eu arranco o pinto dele fora! Não! Independente do sexo, a pessoa irá sentir o ódio dos meus punhos! Arrancarei seus olhos, mastigarei e os colocarei de volta!

– Fique tranquila, Sakura. – Temari me encarou com fogo nos olhos. – Quem quer que seja, desejará nunca ter nascido!

– Faz tantos anos que não soco a cara de alguém! – Tenten mostrou os músculos com um sorriso sacana.

– Aposto que foi a vaca da Karui e o resto de seu rebanho. – Manu falou.

Eu ainda estava abraçada com a Hinata, que apenas alisava meu cabelo.

– Sakura... – olhei para Ino. – Erga a cabeça e pare de chorar, senão eu te dou uma surra. Você sabe que pode fazer melhor que isso, você é um gênio! Além de ser a melhor pessoa que já conheci... – a Porquinha sendo fofa comigo, ela estava mesmo preocupada.

Ela secou minhas lágrimas e me abraçou, mas o momento foi cortado.

– Estão vendo como a amiguinha de vocês não passa de uma vadia? – Karui dizia de maneira debochada enquanto eu era protegida por minhas amigas, que mais pareciam uma cavalaria escoltando uma rainha.

– Vai dar o cu, que é a única coisa que você sabe fazer, rabo de arara! – Ino esbravejou e, pra quem não entendeu o apelido, é por causa do cabelo.

– Ei! – Karin berrou, afinal fora atingida pelo comentário também.

– Olha aqui, seu leite azedo! – Karui apontou o dedo na cara da Ino. – Em primeiro lugar, quem gosta de dar o cu é sua amiguinha rosa chiclete, em segundo lugar, rabo de arara é a puta que...

– Meça suas palavras! – Temari, que tem o pavio mais curto que cabelo de careca, praticamente avançou sobre a Karui. – Nós sabemos que aquele vídeo foi obra de vocês!

– Dobre a sua língua! – dessa vez foi a Shion, a anãzinha de cabelo descolorido.

– Fica na sua, smurf branquela! – Tenten revirou os olhos.

– Não adianta ficar com raivinha! – disse Guren, outra baba-ovo da Karui. – Vocês dizem que fomos nós, mas cadê as provas?

Aquela cara de deboche da Guren denunciava tudo. Mas... por que?

– Eu nunca fiz nada para vocês! – falei entredentes. – Me deixem em paz, não precisava disso!

– Você nunca será nem 1% da mulher que a Sakura é! – Ino falou, ela estava em minha frente, quase criando um campo de força ao meu redor.

– Sabem o que vai acontecer? – Karui arqueou a sobrancelha e falou da maneira mais desprezível possível. Aquele ar de superioridade em sua voz me dava nos nervos. – Todos vão começar a falar desse flamingo desengonçado, vai ser a maior puta dessa Universidade, e suas amiguinhas também ficarão faladas, afinal, amiga de vadia, vad...

Minhas amigas estavam mais iradas do que nunca, isso eu garanto, sabem por que? Hinata é quase uma Madre Tereza de Calcutá. E o que isso tem a ver? A morena de olhos perolados, a pessoa mais paz e amor da face da Terra, acabou de interromper a Karui com um soco - muito bem dado, diga-se de passagem - no nariz da ruiva.

– Cale a sua boca! – eu e as demais presentes ficamos boquiabertas, o tom que a Hina usou assusta qualquer um. Ela exalou poder total!

Até a Karui se assutou. Ela passou a mão no nariz e percebeu um leve arranhão causado pelo anel da Hinata.

– Olha o você fez... Arranhou o meu rosto, sua... – Karui começou.

– Sua o que? – Tenten segurou ela pela gola da blusa.

– Não mexam com a Sakura. – Temari falou.

– A Hinata não é a única com anel aqui. – Ino completou.

As vadias saíram do banheiro, nos olhando com nojo e falsa superioridade, nos deixando a sós.

– Quem é você e o que fez com a Hinata? – Karin perguntou surpresa, ajeitando os óculos.

– Sinceramente, não sei! – a morena riu, corando um pouco. – Eu bati na Karui mesmo?

– Sim... – Temari falou, toda empolgada. – Você realizou o meu sonho, Hina!

– Muito obrigada, Hina! – não pude deixar de agradecer. – Você foi corajosa e inconsequente!

– Precisando... – a Hyuuga me mostrou a mão com o anel de ouro de crucifixo no seu dedo indicador. – Tenho outros anéis pontiagudos lá em casa, posso emprestar a vocês.

– Acho que vou querer dez! – Manu sorriu.

– Só vocês para me animarem... – falei, rindo junto a elas.

...

Eu estava andando firme por aquele corredor, que mais parecia um corredor da morte. Todos me encaravam, fazendo caretas e comentários a respeito daquele vídeo.

Estava descendo as escadas quando me sinto ser empurrada. Acabei derrubando o meu material todo. Para evitar me machucar muito, usei minha mão como apoio enquanto rolava a escada. Meu caderno e livros estavam amassados. Senti um líquido sendo derramado sobre minha cabeça e tronco na região da coluna, uma vez que eu parecia um cachorro de bunda para cima.

O líquido era tinta rosa. Eu escutava risadas à distância, mas aquilo pouco me importava.

– Agora está mais parecida com os seus parentes. Já pode participar de “Peppa Pig” como a Puta Pig. Fará sucesso nos pornôs! – Karui falou entre risos e o pessoal a acompanhou.

Vi minhas amigas chegando e já querendo partir para cima da ruiva, quando decido me levantar. Tirei os cabelos do meu rosto e algo começou a escorrer de minha testa. Era sangue. Maravilha, agora o Vesúvio em minha testa entrou em erupção!

Respirei fundo e encarei aquele bando de gente que ria da minha desgraça.

– Acho que a maioria aqui me conhece, não é? – comecei em voz alta, para que todos ouvissem. – A nerd cor-de-rosa, a coisa rosa, a testa de marquise... Estou esquecendo de mais algum apelido carinhoso? – olhei para a cara de espanto de todos ali. – O que foi? Achavam que eu não sabia sobre meus apelidos? – dei uma risada sem humor. – Vocês são tão baixos, sem personalidade, sem qualidade... que precisam reforçar sua incompetência pisando em pessoas únicas para subir na vida. Vocês não têm capacidade não? Ah, qual é, não me olhem assim. Não tenho medo de cara feia. Não foi ofensa, garanto, foi apenas a verdade. E de ofensa eu entendo bem. – eu mantinha meu ar superior, e as pessoas começaram a se olhar. – Eu posso até não ser perfeita, mas eu tenho dignidade, inteligência, coragem e amizades verdadeiras. – minhas amigas sorriam orgulhosas. - Houve um tempo que eu estava sozinha e me deixava levar pelos insultos, principalmente ao tamanho da minha testa, como se fosse algo extraordinário... – nesse momento afastei a minha franja, colocando-a atrás da orelha, para mostrar o corte. – Até pintei meu cabelo de rosa para que as atenções se dispersassem! Tudo para ter alguém que não risse de mim! Uma certa loira se aproximou um dia e me disse que eu não precisava me esconder, que eu era boa demais para me rebaixar perante aqueles que queriam me fazer mal. – Ino esticou o sorriso mais ainda. – Todos querem se sentir bem e dão qualquer coisa por isso. Só que vocês não conseguem dar o melhor de si e extrapolam, ferindo outras pessoas. Essa é a parte ruim. – todos me olhavam com atenção, a carapuça servindo aqui e ali. – Ser cruel é bem fácil, né? Se coloquem no lugar do outro e vejam se é fácil aguentar a crueldade! – suspirei, acho que falei demais. – Eu sou Sakura Haruno, o resto não importa. Agora, com licença, tenho uma testa para limpar!

...

Saí andando pelos corredores à procura de um banheiro, eu podia estar firme como uma rocha por fora, mas por dentro estava destruída, minhas pernas enfraqueciam e minha cabeça parecia girar, só que eu não podia deixar isso transparecer.

Aquele corredor estava vazio, aproveitei para me escorar na parede, tentando manter o equilíbrio e reprimir o choro. Deixa para chorar quando estiver em casa, no quarto e sozinha, Sakura.

Minhas amigas não me seguiram, elas podem ser protetoras, mas me conhecem bem o suficiente para saber que naquele momento eu já estava um pouco melhor do que estava no banheiro e precisava ficar um pouco sozinha. Mas, por precaução, fui para o outro prédio na tentativa de despistá-las e de estar num ambiente em que as pessoas ainda não soubessem do tal vídeo. Se bem que eu não duvido nada que a história já tenha se espalhado por todo o campus.

Um nó tinha se formado na minha cabeça. Nunca fiz nada para aquelas meninas, por que tanta raiva? Foi quando uma voz rouca, masculina e sexy me tirou daquele tsunami de pensamentos.

– Sakura? – era o Sasuke. Ele me seguiu? Estávamos a sós naquele corredor e eu tinha a impressão de que ele ia me dizer coisas horríveis.

– Olha, antes que você me descasque, eu preciso dizer que aquela não sou eu...

– Eu sei! – Sasuke mal me deixou terminar de falar. – Sei que aquela não é você. Na verdade, acho que todos perceberam que era montagem, mas estavam ocupados demais querendo alguém para fazer de mártir.

– É... – abaixei o olhar, fitando meus pés descalços, uma vez que minha sandália arrebentou. – Quanta falta de empatia.

– Inveja – ele falou naturalmente e eu arregalei os olhos. De onde ele tirou isso? Sasuke riu ao ver a confusão estampada no meu rosto. – Você é uma garota bonita, inteligente, especial... Não é pouca merda como eles.

– Se você diz... – dei de ombros. Sasuke podia muito bem estar dizendo aquilo só para me animar. Mas por que viria atrás de mim depois daquele encontro frustrado?

– Aquelas palavras... – ele parecia admirado e eu encarei aquele rosto pra lá de perfeito. Um rosto másculo e delicado ao mesmo tempo, Sasuke é mesmo único. – Você é bem mais forte do que eu pensei, Sakura. Que bom que não abaixou a cabeça diante da situação.

– Na verdade, estou destruída por dentro... – senti um pouco de sangue cair sobre a minha blusa e me lembrei do machucado na minha testa.

– Vem – Sasuke segurou em meu braço e saiu me puxando até o banheiro feminino. Espera, o que deu nele?

– Você não pode entrar aí! - resisti.

– Não tem ninguém aqui, sequer tem câmera nesse corredor. – por ser mais forte, Sasuke me puxou para dentro do banheiro e trancou a porta. Ok, tô ficando meio mexida!

Caminhei para a frente do espelho, analisando a situação do machucado. Embora estivesse sangrando bastante, não iria precisar de pontos, apenas limpar e fazer um curativo já seria o suficiente.

– Não foi tão grave assim, acho que nem vai ficar com cicatriz. – falei aliviada por saber que não precisaria sair dali coberta de tinta rosa rumo a um hospital.

– Ei, Sakura! – Sasuke me chamou e eu olhei para o rapaz que tirava a camisa. Eu devia ficar admirada ou assustada? Será que Sasuke tinha algum fetiche de transar no banheiro e, após ver as montagens, pensou que aquela era uma oportunidade? Não, claro que não, ele estava sendo gentil demais pra isso.

– Sasuke, se veste! – fiquei roxa de vergonha quando ele retirou a camisa azul clara, expondo aquele belo tronco que não era muito musculoso, mas era bem definido e proporcional para ele. Resumindo: Perfeito!

– Você não vai limpar esse machucado com papel higiênico! – De fato, provavelmente faria uma lambança até maior.

Sasuke abriu a torneira e umedeceu a pontinha da camisa, se aproximou de mim e segurou de leve no meu queixo enquanto limpava o machucado na minha testa.

Eu devia cair da escada mais vezes!

Estava tão hipnotizada com aqueles olhos negros que mal senti ardência quando o tecido úmido encostou no corte. Sasuke limpou com toda a paciência. Gente, que príncipe!

– Pronto! – ele falou com um sorriso no rosto. – Agora é só passar um remédio e fazer um curativo, em poucos dias estará com uma testa nova em folha.

– Obrigada, doutor Uchiha! – ambos começamos a rir do meu comentário.

– De nada, minha primeira cobaia! – Sasuke respondeu com um sorriso no rosto. Que simpático, ele não está com ódio de mim por causa do encontro e, pelo visto, o outro moreno sedução não contou sobre minha bolsa de utilidades e os 42cm.

Me olhei novamente no espelho. Minha camisa estava toda suja de tinta, a calça nem tanto, mas a camisa estava numa situação terrível mesmo.

– Que ótimo! – murmurei. - Espero que saia quando lavar, adoro essa blusa.

– Tira essa blusa, você não pode ir pra casa assim – Sasuke falou na maior naturalidade do mundo e eu simplesmente fiquei estática. Como assim ele queria que eu tirasse a blusa?

– E-eu não vou fazer isso... – respondi indignada, tentando manter a minha cor natural, mas já devia estar parecendo um pimentão.

– Boba! – ele começou a rir de mim e, na mesma hora, minha cor foi do vermelho para o roxo. - Veste a minha.

O encarei com a sobrancelha arqueada. Ele suspirou e me entregou sua camisa antes de se virar de costas para mim. Um perfeito cavalheiro.

Me senti obrigada a aceitar tamanha gentileza, sem falar que eu ficaria com o delicioso cheiro do perfume dele. Rapidamente tirei a minha blusa e vesti a camisa que estava molhada apenas na pontinha. Sequer me certifiquei se ele estava me espionando pelo espelho, mas com certeza não estava. Cheguei à conclusão de que Sasuke é mesmo um rapaz muito especial.

– Já pode se virar. – falei após me vestir e ele se virou para mim, sorrindo ao me ver com sua camisa. Estava um pouco grande.

– Ficou ótimo. – era impressão minha ou ele se segurava pra não rir? Tanto faz, estava estranho mesmo.

– Obrigada! – comecei a rir da minha imagem refletida no espelho, mas era melhor sair com uma camisa masculina que mais parecia um vestido -já que Sasuke e eu, perto um do outro, somos como um Avatar e um Hobbit- do que sair toda melecada de tinta.

Embolei a camisa suja de qualquer jeito e segurei até encontrar uma sacola de plástico.

– Deixa que eu te levo em casa. - Sasuke falou enquanto destrancava a porta do banheiro para sairmos.

Apenas assenti. Eu não podia sair daquele jeito, ainda por cima descalça.

Fomos andando juntos pelos corredores da UFK, Sasuke sem camisa, eu com a camisa dele... Todos os olhos se voltaram para nós, inclusive os de Karui e seu bando, que praticamente se descabelaram ao me ver com Sasuke. Aproveitei a deixa para dar uma provocada e pisquei para a bruxa ruiva que quase teve um treco.

– Sasuke! – Karui correu até onde estávamos, não sei como não tropeçou com aqueles saltos bizarros e saia mais do que justa. - O que faz com essa vadia?

– O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta... – o moreno respondeu irritado e eu gritei internamente de tanta alegria. – E a única vadia aqui é você.

– Sasuke, não fala assim comigo! – Karui praticamente implorou, fazendo uma cara que, na cabeça dela era sexy, mas que na realidade mais parecia o fofão. – Por que não larga ela e vamos fazer algo mais interessante?

– Karui! – Sasuke falou ríspido e puxou seu braço que estava sendo agarrado por aquele carrapato ruivo. – Desiste, eu tento te evitar pra não parecer grosso, mas não tem jeito... – ele suspirou, exalando irritação. – Eu não quero nada com você! Eu jamais ficaria com você... Jamais! – dando ênfase no "jamais", Sasuke tirou um peso enorme de minhas costas, já que estava claro que a Karui nunca transou com ele.

A deixamos para trás e fomos andando juntos até o carro.

Não sou de fazer maldades, mas a sensação de sambar na cara da inimiga é muito boa! E quando seu parceiro de dança é o boy magia que a inimiga dizia pegar, a sensação é ainda melhor... Ainda mais quando ele afirma, na frente de diversas pessoas, que nunca teria nada com ela... Nossa, já posso ser rainha da bateria de alguma escola de samba do Rio de Janeiro!

Tinham várias pessoas ao redor e agora todos sabiam que ela mentia quando dizia que dormia com Sasuke, fazia garanta profunda e todas as outras barbaridades.

Quando chegamos ao carro, o moreno vestiu uma blusa de frio... Estava calor, mesmo depois da chuva, então pra que essa blusa? Pode ficar sem, não ligo não.

...

Sasuke dirigia o carro dele pelas ruas de Konoha. Eu não tentei seduzi-lo nenhuma vez, acreditem... Eu nunca mais faria esse tipo de coisa!

Espera... Eu conheço essa rua, eu conheço esse lugar. Me encolhi no banco quando passamos na frente da farmácia... Sim, aquela na qual a Ino comprou as camisinhas para mim. Ei... O que ele está fazendo? Não, não! Não faz isso!

– O que está fazendo? – perguntei... Acho que não consegui disfarçar o espanto.

– Você precisa de um curativo e essa era a farmácia mais próxima. – ele suspirou e acho que ouvi ele sussurrar um “Infelizmente”.

Pois é... Nunca se pergunte se seu dia pode piorar, porque piora sempre!

Descemos do carro, eu estava vestida com a camisa dele, descalça, só o pó da rabiola e, pra piorar, entrando naquela farmácia.

Não entendi porque o Sasuke colocou o capuz da blusa dele... mas bem que eu queria ter um nesse momento.

– O que querem aqui? – conheço essa voz.

Deve ter perguntado isso por eu estar suja de tinta e descalça e Sasuke com a cabeça coberta pelo capuz. Tomara que ela não me reconheça.

– Ah, é você... Em que posso ajudar? – Mirys sorriu para mim.

Suspirei, me virando já estava vermelha. Impressão minha ou o Sasuke reagiu da mesma forma? Olhei para a atendente, e ela analisou o Sasuke de cima a baixo.

– Então esse é o dono dos quar... – ela começou a falar, olhando para o meio das pernas do Uchiha... Tarada!

A abracei pelos ombros o mais rápido possível, completamente sem graça.

– E aí, Mirys? Como vai? Há quanto tempo, não é mesmo? – eu tive que interromper. – Não pergunte isso! – sussurrei para ela e ela me olhou com medo.

– O que desejam? – fingiu que nada tinha acontecido. – Seu cabelo está rosa... Digo, tem tinta rosa nele.

– Ela machucou a testa, pode fazer um curativo? – por que Sasuke está disfarçando a voz? Estranho...

– Ah, claro, sigam-me!

Mirys nos guiou até um escritório, mandou eu me sentar e saiu. Obedeci e observei o rapaz encapuzado a minha frente.

– Por que está usando isso? – perguntei.

– O que? – notei que ele fingiu desentendimento. Arqueei uma sobrancelha. – Ah, o capuz? Eu gosto. – deu de ombros.

A atendente retornou com o necessário para fazer meu curativo, puxou outra cadeira e sentou-se em minha frente.

– O que houve para você ficar assim? – ela perguntou preocupada.

– Uns babacas me empurraram da escada e jogaram a tinta. – dei de ombros.

– E você não fez nada? – Mirys virou-se para o moreno, o repreendendo. – Que tipo de namorado você é?

– E-ele não é... – comecei.

– Ela soube se defender muito bem! – Sasuke falou... Ele disfarçando a voz estava me deixando intrigada.

– Por que está falando assim? – perguntei. – Tá com dor de garganta?

– Eita, deixa eu dar uma olhada... – a atendente se prontificou.

– Não, não precisa. – Sasuke falou afobado.

– Relaxe, sou técnica de enfermagem. – ela disse.

A mulher puxou o capuz do Sasuke e ele estava bastante vermelho, um pouco assustado talvez. Ela parou a investida, o encarando.

– Ora, você não é o garoto que queria perder o cabaço? – heim? Sasuke virgem, como assim?

– Deve estar me confundindo... Eu nunca vim aqui! – falou com o tom frio, lançando um olhar mortal para a farmacêutica. – Então... A Sakura deu uma lição de moral hoje nos imbecis da UFK. Foi incrível! – olhei desconfiada para ele.

– Menina, então você está de parabéns. Bullying é muito triste. – Mirys comentou, toda animada. – Mas, fala aí... Usou a camisinha que brilha?

Silêncio total, sepulcral, constrangedor...

– E-era para a minha amiga... Não era para mim... – tentei argumentar.

– Mas sua amiga dis...

– Era para a minha amiga! – gritei. Porra! Para de ser inconveniente e faz esse curativo, traste dos infernos! – Termina logo isso!

Finalmente a Mirys terminou o curativo e eu me levantei depressa, louca para ir embora... Sasuke também foi rápido. Quero sair daqui, não quero ver essa mulher nunca mais na minha vida.

– Tenho uma sandália sobrando, se quiser! – ela falou.

– Eu preciso devolver? – perguntei.

– Claro!

– Vou descalça, obrigada! – jamais voltarei ali. – Tchau, obrigada pelo curativo!

Fomos embora daquele local tortuoso, pela graça divina!

...

Finalmente estávamos em frente a minha casa e Sasuke desligou o carro, mas não destravou. Ele me encarou por uns segundos e ficamos naquele silêncio medonho. Eu não sabia o que fazer e nem o que falar, eu estava raciocinando mais devagar do que trânsito em capital.

Sasuke sorriu sem graça, como se quisesse dizer ou fazer algo e não tivesse coragem. Pois é, entendo esse sentimento e posso dizer que é exatamente isso. Sasuke estava se torturando para tomar alguma atitude que eu não sabia qual era.

– Sakura, eu queria marcar um encontro decente com você. – ele falou após tomar fôlego e suas bochechas ficaram levemente rosadas. Que fofo.

– Um encontro? – eu parecia estar engasgada. Levantei com o pé esquerdo, quebrei um espelho, cruzei com um gato preto, passei embaixo de uma escada, arrebentei a sandália, pisei numa rachadura e estava sendo convidada para um encontro com Sasuke Uchiha? Viram só? Por isso não acredito em superstições!

– É... Sem o Itachi! – Amém! – Olha, se você não quiser, eu entendo... Eu só não poderia deixar de tentar, sabe... Tipo, você aceitando ou não, eu tinha que pedir... Você não ia adivinhar que eu quero marcar um encontro, por isso tô falando com você... Mas, se você não quiser, tudo bem... Eu entendo, juro que não tem problema...

– Tudo bem! – eu o interrompi antes que ele se enrolasse ainda mais. Por que parecia tão nervoso? Definitivamente, aquele rapaz tímido não é o Sasuke garanhão da UFK.

– Sério? – ele arregalou aqueles belos olhos ônix.

– Sim... – sorri. – Eu aceito um encontro com você... Sem o Itachi!

– Ótimo! – Sasuke abriu um sorriso de orelha a orelha. Que sorriso lindo, que dentes perfeitos, que rapaz maravilhoso!

Sasuke e eu nos encaramos por uns segundos, olhando fundo nos olhos um do outro. Me senti hipnotizada. O que está acontecendo comigo? Era como se o mundo tivesse sido reduzido apenas a mim e ao Sasuke sozinhos naquele carro, olhando nos olhos um do outro como se fôssemos duas crianças bobas que acabaram de descobrir algo novo.

– Sasuke... – sussurrei baixinho, quase sem perceber.

Instintivamente nossos rostos se aproximaram devagar, de forma que eu podia sentir sua respiração. Nossos olhos se fecharam e Sasuke levou sua mão a minha nuca, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem. Meu coração batia acelerado, minhas mãos suavam frio, meu mundo parecia ter parado, minha mente era invadida por milhares de pensamentos, mas ao mesmo tempo eu só conseguia pensar naquele momento e em Sasuke, que estava próximo de mim. Próximo demais... Foi quando, finalmente, nossos lábios se tocaram.


Notas Finais


Alguém queria ver um beijo entre eles? Aí está u.u
O que será que vai acontecer agora?
Vejam no próximo capítulo de "Desafio dos 42"... tá, parei... '-'


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