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História Descendentes: Os guardiões da Profecia - Coisas estranhas


Escrita por: LuaaChan

Capítulo 12 - Coisas estranhas


|Branca|

Cheguei na escola, na qual dou aula como faço todos os dias. Essa era minha tranquila e ordinária rotina, mas uma sensação dentro de mim dizia que hoje seria diferente.

Passei no escritório da diretoria, para tomar um café e abocanhar duas rosquinhas de creme. Pela primeira vez, me senti desconfortável ao tomar café na escola, mas não tive escolha.

Senhorita Blanchard -A voz eletrônica de um alto falante me despertou -Compareça na sala dos professores, imediatamente

Fiz o que a voz pedia. Por sinal, era a de David. Ele passou a lecionar aulas de História no lugar, em suas horas vagas. Entrei na sala dos professores. Tinha cerca de 8 pessoas lá dentro. Fechei a porta e procurei obter respostas com meu marido, principalmente.

-O que está acontecendo? -Perguntei, tentando limpar os farelos das rosquinhas da borda do meu vestido.

-Talvez tenhamos um problema, mãe. -Niel se pronunciou. Acho que se não tivesse falado nada, nem o notaria.

-Hoje à noite tem lua cheia. -Robin continuou. Me perguntei por que Regina não estaria aqui -E sabemos o que significa.

-Sim, claro. -Sussurrei -Mas só por garantia, será que alguém pode esclarecer?

Apesar de não ser de seu agrado, Gold estava lá e chegou perto de mim. Se pudesse, atravessaria uma espada em sua carne por tudo de ruim que já fez para nós.

-Senhorita Blanchard? -Disse -Será que não se lembra de parte revelada da profecia que Henry nos mostrou?

-Na primeira noite de lua cheia, depois que suas verdadeiras identidades forem reveladas, os poderes dos Descendentes se manifestarão. -Henry o ajudou, segurando um livro antigo.

-Em resumo, nossos filhos provavelmente entrarão em colapso neste dia. -Gold voltou a falar, como se não fosse nada.

-O que faremos, então? -Bella, a dama de Gold se questionou. Acho que eu não era a única sem uma solução pronta, no fim de tudo.

-Não se preocupem. -Emma falou -Cuidamos disso. Eles não virão hoje para a escola. Não estão bem mesmo. Acho que irão entender.

-E quanto aos Hominum? -Os "hominum" foi como começamos a apelidar as pessoas que não eram especiais como nós. Eram normalmente imigrantes e não tinham nenhum parentesco com contos de fada ou algo parecido. Com o passar do tempo, eles vinham para Storybrooke e não causaram muitos problemas, desde então, convivíamos juntos.

-Isso é da conta dos professores, não acha? -O velho homem retrucou, debochando -Oh, esqueci que você era um deles. Boa sorte, querida.

-Branca, esqueça esse crocodilo medíocre. -Gancho veio para confortar -Ele só quer piorar as coisas. É só tomar conta dos normais. Acho que não vão notar a falta de alguns alunos. Por que iriam?

Pelo que vi, as coisas já estavam resolvidas. Perguntei -desta vez, oficialmente -onde estaria Regina. Robin falou que a última vez que ele a vira, estaria caminhando com um garoto de gorro vermelho. Resolvi não me preocupar com isso e voltei ao meu objetivo principal: dar aula aos meus pequenos sem que estranhem a falta de alguns alunos.

***

|Alex|

-Alô, Alex? -Ouvi a voz de Jake do outro lado da linha. Ele estava em sua casa, assim como eu. Ordem dos meus pais. Eu estava doente, foi o que me disseram e o que eu acreditei, até ver no espelho do meu banheiro meus olhos brilharem como chamas crepitantes. Meus poderes? Hm... quem sabe seriam eles.

-Oi, Jake. Ah, sobre o que você me pediu hoje mais cedo: tudo bem. Eu já tô indo praí. -Notei que o sinal estava falhando, mas ainda ouvi sua respiração.

-Era sobre isso que eu queria falar. Acho que não é seguro você vir. -Concluiu -Coisas estranhas estão acontecendo comigo.

-Talvez sejam nossos poderes. Também estão acontecendo... coisas comigo. -Esperei por sua resposta, mas ainda só ouvia sua forte respiração -Olha, eu já tô indo. Te vejo daqui a alguns minutos.

-Espera! -Desliguei meio que sem querer a ligação. Chequei tudo dentro da casa -na verdade, queria saber se meus pais teriam pensado em instalar alguma câmera escondida. Estaria saindo sem a permissão deles, mesmo não sendo a primeira vez. Por fim, saí do meu lar.

Agradeci imensamente pela casa do Jake ficar próxima da minha, não precisaria andar tanto. Não tenho coragem, muito menos pulmões para isso.

Cheguei no lugar certo. Apertei a campainha e August abriu a porta.

-Alex? O que está fazendo aqui? -Disse com uma careta esquisita.

-Vim visitar o Jake. Será que eu poderia entrar? -Tentei, por algum motivo, dar uma espiada por dentro da casa. Sou curiosa, desde que me entendo por gente.

-Claro, sem problemas, amor. -Dei meu olhar ameaçador. Só o Jake usava esse apelido em mim e já o achava exagerado.

-Não força, Pinóquio. -Falei, lembrando da revelação que ele me fizera. Fiquei fascinada quando me disse que ele era Pinóquio e que Gepetto não tinha apenas o nome igual ao pai de Pinóquio. Era realmente ele!

Subi o lance de escadas, recordando do dia em que trouxemos o corpo de Jake para cá. Minha espinha congelou, mas não deixei que ela me parasse.

-Jake? -Bati duas vezes na porta -Ainda está vivo? -Espera... eu acabei de fazer um trocadilho estúpido?

De repente abriu a porta, provocando um ruído agudo e apavorante. Não pude ver seu rosto, estava escondendo de mim, pelo visto.

-Alex? -Sussurrou fracamente.

-Sim, sou eu. Abra a porta. -Ele era teimoso, não me deixou. Forcei, até pensar em empurrá-la. Não seria arrombamento, seria?

Tive êxito, surpreendentemente. Jake caiu e se arrastou até o guarda roupa, como se fosse uma criatura daqueles filmes de terror, totalmente apavorado. Quando me aproximei dele, percebi o motivo de não querer que eu o visse. Apesar de sua bela aparência, Jacob estava horrível, para dizer o mínimo. Suas olheiras dobraram de tamanho e sua aparência esquelética foi se evidenciando mais ainda com a luz fraca do quarto -que estava abafado, por sinal.

Mesmo tendo uma pele bronzeada, estava pálido, quase da minha cor. Ele tentou não fazer contato comigo, mas puxei seu rosto para minha direção.

-Meu Deus, Jake... -Falei -O que aconteceu com você?

-Eu te falei das coisas estranhas. -Olhou para baixo.

-Tá, mas não sabia que eram tão bizarras assim! -Gritei -Jacob, há quanto tempo faz que você não se alimenta?

Ele olhou para suas mãos, como se nunca tivesse as visto antes. Estava realmente assustado, o que me deixou mais intrigada.

-Eu... eu não consigo comer nada sem sentir mais fome, Alex. -Respondeu. Fiquei me perguntando como.

-Tudo bem, vamos te levar para um hospital agora mesmo. -Cheguei perto dele, mas se afastava de mim. Chegamos a um ponto em que ele ficou encurralado e finalmente o alcancei.

-Não! -Falou mais alto -Não se aproxime!

Fui me distanciando. Talvez o deixasse mais calmo. Depois, quando melhorou, voltei para perto vagarosamente. Funcionou.

-Venha aqui. Deixe eu te ver. -Levei uma das mãos ao seu rosto e acariciei sua bochecha magra. Ele segurou em minha mão e olhou no fundo dos meus olhos. Os seus eram negros como carvão e pareciam atravessar minha alma.

-Alex... -Sussurrou, sem tirar os olhos de mim -Eu sinto fome.

Fiquei aliviada por sentir algo, mas nem tanto assim. Aquela afirmação parecia dizer: "Se afaste, você é minha presa."

Abracei novamente o garoto que enterrou o rosto em meu ombro. Passados poucos segundos, senti algo pontudo em minha omoplata. Me surpreendi ao saber que eram os dentes de Jake, levemente cravados na minha carne. Gritei e o empurrei para longe. De sua boca saía um fio vernelho que correspondia ao meu sangue. Tateei meu ombro.

Jake tinha me mordido.

-Jake, você está me assustando de verdade. -Ele recuou -E se você disser que é um vampiro e que vai sugar meu sangue, eu não vou hesitar em dar um soco na sua cara.

-Fala sério, não vivemos num filme! -Disse -E me desculpe. Será que poderia chamar meu pai? -Queria ficar ali, cuidando dele, mas se era o que desejava, por que negar?

-Claro. -Fiz o que pediu. Desci as escadas, segurando no corrimão, ainda chocada. Chamei o nome de Gepetto, sem saber se estava mesmo por aqui. Depois de ter gritado três vezes, apareceu.

-Querida, o que foi? -O velho homem falou com um semblante de nervosismo.

-É o Jake. Ele disse que precisava de você. -Pensei um pouco e cheguei a uma conclusão. Acho que meu melhor amigo queria um tempo sozinho -Quer saber, eu estou indo.

-Mas mal passou dez minutos aqui, Alex. Algum problema? -Necessitei mentir.

-Hã... meus pais ligaram para mim agora há pouco. Disseram pra eu não sair de casa e bem... estou eu na sua casa. -Sorri, nervosamente -Obrigada por me deixar vir, Gepetto. -Deixei um beijo em sua testa um pouco enrugada.

-Sem problemas, meu bem. Volte sempre. Essa é sua casa também.

Saí do lugar.

***

|Jake|

Ouvi alguns barulhos que estavam aumentando cada vez mais. Era meu pai; subia o lance de escadas. Às vezes tinha pena dele, já era idoso.

-Jake? -Deixei que abrisse a porta. Ele já sabia como eu estava, mas não tinha ideia do que fazer.

Ele entrou no quarto e fez um olhar de dor -por mim.

-Pai. -Foi o que pude falar -Preciso dizer uma coisa.

-Fique a vontade. -Se acomodou em minha cama. Eu também.

-O senhor já sabe o quão ruim estou e que tenho problemas com comida.

-Sim. -Afirmou.

-Bom... hoje eu descobri algo novo e perturbador. -Me levantei -Quando eu estava perto da Alex... eu senti mais fome.

Dei uma espiada nele. Meu pai apertava uma almofada, e estava muito atento em minhas próximas palavras.

-Era como se... ela me deixasse com fome. -Disse envergonhado -Aconteceu o mesmo com August, hoje mais cedo. Eu quase senti vontade de... comê-lo.

Gepetto pôs três dedos em seu queixo e começou a coçar sua barbicha. Parecia pouco impressionado.

-Tem ideia do que esteja acontecendo comigo? Algo relacionado ao meu pai biológico, talvez? -Exigi.

-Eu não sei, Jake. Gostaria muito, acredite. Mas não sei muito sobre seu pai, só o básico. Você foi deixado em frente da nossa porta, chorando e com muito frio. -Disse. Ficamos em silêncio.

-E se eu for um monstro, pai? E se eu te atacar? -Comecei com minhas loucas hipóteses, mas a última me deixou aterrorizado -E se eu for um canibal?



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