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História Descendentes: Os guardiões da Profecia - Ajude-me


Escrita por: LuaaChan

Capítulo 7 - Ajude-me


|Alex|

Estava arrasada. Não por qualquer motivo. É comum seu coração se despedaçar quando sente falta de alguém, principalmente se este está morto. Nunca mais poderia ver seu sorriso. A dor se repetiria todos os dias com muita intensidade até que algum dia ela cesse. Saber que eu perdi o Jake foi uma das piores coisas que aconteceram na minha vida.

-Volte pra mim, seu idiota! -Xinguei para o corpo inerte do meu melhor amigo (quase irmão) no chão imundo do banheiro masculino. Chequei mais do que 8 vezes sua pulsação e repousei delicadamente a cada 5 minutos meus dedos sobre sua boca -queria ver se realmente não estava respirando. Não era fácil de acreditar.

-Alex, vamos deixar pra lá... -Megan pediu com a voz bem baixa. Tinha se aproximado da gente nessas semanas e estava aqui para me confortar. Mas eu não queria isso.

-Como pode ser tão insensível! Ele não pode estar morto, Megan! -Gritei, procurando me livrar do grande nó no estômago. Ele crescia com o passar dos minutos -Droga! Onde está Gepetto agora?

Como se tivesse lançado um feitiço, o pai adotivo de Jake aparecera em nossa frente. Senti pena dele, teria que ver seu filho, antes cheio de vida, morto.

-Ora, Jake... -Sussurrou como se estivesse reclamando com um garotinho que acabara de ficar na detenção -Por que agora, filho? -Era impressionante como sua voz era calma e firme. Quase cheguei a pensar que ele não estava triste com a situação...

Charlotte foi a próxima a entrar. Seus olhos arregalaram ao ver Jake. Tinha deixado sua pilha de cadernos cair ao chão com um forte impacto.

-Gepetto? Isso... isso é o que eu estou pensando? -Perguntou para o velho. Não sabia que se conheciam. Ah, mas o que importa agora?

 -A transfiguração. Está acontecendo, Charlie! -Gepetto puxou alegremente a garota para um abraço. Ela correspondeu. Algo estranho estava acontecendo aqui.

-Vocês se conhecem? -Megan parecia tão surpresa quanto eu. Por um breve instante, senti que ela esquecera da existência de Jake -como se isso fosse possível.

-Alex, segure os braços de Jake. Megan, você, as pernas. -Gepetto a ignorou. Apesar do clima tenso, obedecemos, como se precisássemos fazer isso.

Erguemos o corpo de Jake. Era como segurar uma pilha de lençois. Por falar nisso, colocamos uma lona pesada sobre o corpo para não chamar atenção e o levamos até o carro de Gepetto. Não me contive e comecei a chorar. Senti um vazio imenso dentro de mim e era assim que poderia reprimí-lo.

A dor de cabeça voltou, mas não liguei pra isso. Senti meu sangue borbulhar, como se estivesse queimando-me por dentro. Oprimi um gemido; não queria chamar atenção.

-Você está bem, Alex? -Charlotte colocou sua mão em meu ombro, revelando uma de suas várias costuras. Lembro-me de ela ter dito que fizera diferentes cirurgias recentemente, por isso tinha tantas. Não acreditava muito.

-Só... vamos pra casa do Gepetto, tá?

Fiquei apreciando a paisagem, sem ânimo. O corpo do Jake estava sobre meu colo. Enquanto isso, alisava seus cabelos castanhos e beijei sua cabeça, numa pequena esperança de que aquilo fosse como nos contos de fada, nos quais o príncipe beijava a bela e delicada dama e ela acordava em seus braços. Como sou estúpida!

-Chegamos. -Gepetto falou. Me senti excluída. Eu era a única que estava chorando por causa de Jake. Nem mesmo Megan, a garota apaixonada por ele, ocupou-se em deixar algumas lágrimas saírem. Se bem que eu já conhecia o gênio da garota há muito tempo. Ela era Doutora em esconder suas emoções dos outros.

-O que vamos fazer? Procurar algum lugar para enterrar o corpo? -Megan questionou. Fiquei tentada a envolver minhas mãos em seu pescoço e enforcá-la, só um pouquinho. Mas não era certo. Não era justo, nem mesmo a situação certa.

-Colocaremos o Jake na cama dele. August deve estar no primeiro andar. -August era o filho mais velho de Gepetto. Eu gostava dele. Era um amigo, quando eu precisava e nunca me permitia ter raiva de Jake.

Subimos o lance de escadas, ainda segurando meu melhor amigo. Não conseguia entender o ponto de Gepetto. Além de carregar um cadáver para sua própria casa, iria mostrá-lo a August. Ele iria notar, em algum momento, que se trata do corpo de seu irmão.

-Pai? -Ouvimos a voz de August, vinda do quarto de Jake. Era como se estivesse esperando por nós -Vocês o trouxeram?

-Espera, você já sabia que estávamos carregando o corpo do Jake? -Megan perguntou. Pela primeira vez desse dia, tinha ficado furiosa. Parecia tudo tão cruel e planejado, como uma conspiração. Eu e ela éramos as únicas que estavam por fora disso.

-Meninas, não temos tempo para explicações. Preciso que peguem aquela pedra azul bem ali! -Gepetto apontou para uma pequena e brilhante figura bem na nossa frente que estava sobre uma escrivaninha. Não questionamos, apenas joguei a pedrinha para Megan que deu à August.

-Cuidado! -Charlotte nos alarmou, como se soubesse exatamente o que aquele inofensivo objeto pudesse fazer -A Sanitatum não é uma bola! -Ignoramos seu comentário. Adiantaria perguntar o que essa coisa era, se sequer eles eram capazes de responder às nossas perguntas?

-August, quero que pressione a Sanitatum no peito de Jake. -Com apressados movimentos, o filho mais velho de Gepetto rasgou a camisa do menino morto, expondo parte de seu peitoral. August obedeceu ao seu pai, e colocou a pedra exatamente onde pedira e permaneceu por alguns segundos, mas para minha surpresa (ou nem tanto), nada aconteceu.

-Pai? -Perguntou desesperado -Por que não funcionou?

-E-eu não sei, filho. -Respondeu, com um tom diferente de hoje mais cedo. Estava preocupado, realmente preocupado.

-August. -Charlotte o chamou, olhando atentamente para o corpo. Seus olhos brilhavam, quase que literalmente -Gostaria de tentar.

Aquilo tudo não fazia sentido pra mim, resolvi atuar como um robô e apenas não entender nada.

Charlotte levou sua nem tão pálida mão ao peitoral nu de Jake. Cerrou os olhos e posicionou novamente a estranha pedra nele, balbuciando palavras que para mim soavam inaudíveis -acredito que para os outros também.

De repente, como se algo ainda mais estranho pudesse acontecer, as luzes do quarto começaram a piscar numa velocidade anormal e estranhamente simétrica , como num fenômeno poltergeist -acho que daria para tocar piano com esse rítmo. Charlotte, ainda sussurrando as esquisitas palavras, permanecia com os olhos fechados, como se tudo ao seu redor estivesse tão calmo quanto as batidas de ondas sobre rochas.

Até que enfim, tudo parou. Charlie parecia estar fraca, por algum motivo. Quando se ergueu, quase cambaleou. Por sorte, August não deixou que ela caísse.

-Todo mundo está bem? -Perguntou, esfregando a parte superior de sua cabeça.

-Sim, estamos. -August respondeu com um sorriso tranquilizante.

-Não! -Megan pronunciou, todos os olhares voltando para ela -Não faço ideia do que droga aconteceu aqui, mas isso não foi normal! Pergunte para a Esquisitona! Tenho certeza que ela vai dizer a mesma coisa. -A "Esquisitona" era um apelido que Megan sempre usou em mim, desde a 4° série, quando nos conhecemos. Honestamente, não tinha fibras para retribuir com algum nome criativo, então simplesmente balancei a cabeça com os olhos arregalados.

-A pergunta principal é... como você conseguiu concluir o processo? -Gepetto perguntou à Charlotte, me ignorando de novo, como se fosse uma coisa extremamente ordinária.

-Já chega! -Gritei, impaciente -Escutem aqui, eu... -Minha sentença não pôde ser terminada. Senti uma pontada forte no coração e me curvei. Ainda não tinha caído, mas outra pontada veio para terminar o trabalho. Ao invés de pedir ajuda com meus olhos -não conseguia pronunciar nada mais do que palavras ininteligíveis - meu fôlego fora tomado.

Olhei para Jake, talvez na esperança de poder vê-lo pela última vez. Mas minha reação foi de espanto, quando algo se mexeu na cama. Algo estava tendo pequenas convulsões. Vi rostos embaçados correndo em direção ao corpo de Jake. Ora, o que estaria acontecendo com ele?

Como uma rápida resposta, eu notei o que ocorrera. Não era algo convulsionando e sim, alguém. Era Jake.

-A-Alex. -Ouvi sua voz, como se minha cabeça estivesse fazendo truques crueis comigo. Praguejei -E-eu preciso ver a Alex. Me deixe v-ver a Alex, por favor! -A voz ressoava abalada e trêmula. Todos olhavam para a cama. Rapidamente, alguém me puxou e me trouxe até meu melhor amigo.

-Ah, meu Deus! -Minha boca estava aberta num "o". Era ele. Jake estava respirando e estava vivo.

-A-Alex, amor. -Com a última palavra, notei Megan se afastar de nós. Parece que o ciúme era maior do que a felicidade. Jake colocou o polegar em meu queixo -V-você está, bem? -Uma lágrima rolou pelo meu rosto, mas ele a limpou.

-Ja...ke... -Foi a única coisa que pude falar, mesmo com dor.



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