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História Descendentes: Os guardiões da Profecia - Ass.: J.C.


Escrita por: LuaaChan

Capítulo 8 - Ass.: J.C.


|Jason|

-Paciente 746. Está na hora. -Thompson murmurou do outro lado das grades da minha cela. Gostaria de provocar o brutamontes que acabara de me chamar. Esse era meu hobby no Asilo Trusman de Nova York.

Apesar disso, não era fácil ser corajoso quando tem um monte de monstros como Thompson Collins ao seu redor, andando de lá para cá pelos corredores, tal como um bravo sentinela.

O homem era corpulento, grande e intimidador. Acho que eu não era o único daqui a pensar que suas tatuagens negras, espalhadas na parte esquerda da face ajudavam a intensificar sua aparência assustadora.

-Não estou muito afim, sabe, Thompson. Oh, espera! É a hora do chá? -Dei uma gargalhada que ecoou pelo lugar. Como troco, recebi um golpe forte do segurança, diretamente no meu rosto. Se não tinha deslocado minha mandíbula com isso, nada mais o faria.

Continuei rindo, como se debochasse do oficial do Manicômio Trusman. Era estranhamente divertido.

-Vamos lá, moleque insolente! -Quase suplicou para mim -Você tem me dado muito trabalho, mocinho. Eu só te dei um soco; não queira que eu use uma arma para deter você. Sabe muito bem que posso fazer isso.

-Tenho uma pergunta, sr. Collins. -Falei, adquirindo um tom diferente ao mencionar seu sobrenome -o que usualmente ninguém tinha a audácia de fazer -O que acha que eu sou? Um animal enjaulado? Um pedaço de lixo? -Fechei minha mão e provoquei um forte baque na mesa metálica à minha frente. Doeu um pouco, mas depois de tanto tempo vivendo num hospício, já aconteceram coisas muito piores com a minha pessoa.
-Acho que é um adolescente doente, pequeno monstrinho. Tem ideia do porquê seus pais o largaram aqui, sr. Mars? -Thompson mostrou um sorriso amarelado e amargo. Ele sabia que meu ponto fraco era esse. Meus pais. Meus desconhecidos ex-cuidadores -Eles não aguentariam criar um garoto problemático como você, Jason.

Essa era sua vez de sorrir. Fechei ainda mais meu punho, propondo uma opção de me acalmar e esquecer de tudo isso. Mas não podia. Essa era a minha vida. Esse era meu suposto passado, meu presente e provavelmente, meu futuro.

-Agora, paciente 746, está na hora do seu tratamento. -O "tratamento" representava qualquer coisa. Exatamente: QUALQUER coisa. Os funcionários do asilo eram obrigados a escolher algum exame ou atividade a serem feitos pelos seus determinados pacientes.

Tenho a infelicidade de dizer que existem mais do que 89 "joguinhos" para nos divertirmos-Correção: para divertir nossos mentores. Bom, pelo menos, até agora só peguei as fichas de atividades, mas Thompson já me dissera que se eu enlouquecesse de vez, seria a hora do verdadeiro "tratamento".

No hospício, tinha somente uma amiga: Marley Askhen. Ficávamos em cárceres diferentes. Ela era minha vizinha. Gostava de ouvir sua voz, ainda mais quando cantava suas músicas prediletas, que a propósito, eu já tinha escutado de algum lugar. Assim como eu, ela só pegava fichas de atividades, mas mesmo assim, não deixava de ser um castigo.

-Que comece a diversão! -Falei num sussurro.

*

-Jay? -Ouvi uma voz de boneca. Era a Marley. Depois de um dia limpando 14 cárceres, a única coisa que eu queria era a minha dura e velha cama.

-Oi, Marley. Como foi o dia hoje? Finn pegou muito no seu pé? -Perguntei, referindo-me ao seu mentor.

-Aquele pangaré me deixou cuidando do Brent sozinha. Aquela coisa não merece ser chamada de cachorro!

Por um determinado tempo, só ficamos ouvindo, silenciosamente, as risadas e reclamações dos outros pacientes. Era um saco, mas não tinha o que falar. Não podia dizer o mesmo de Marley. Ela estava triste, notei pelos seus olhos.

-Ei... -Chamei, com um sorriso fraco -O que aconteceu com o meu canário? -Usei seu apelido predileto.

-Nada demais. -Suspirou, negando suas próprias palavras. Ela sabia que eu não tinha acreditado.

-Desista de se esconder, Canário. -Falei o mais calmo possível. Queria convencê-la a acreditar em mim.

Precisou de alguns minutos para ela se sentir confortável, até que sussurrou algo.

-Eles... -Parou -Eles vão nos separar, Jason. -Meu coração gelou, como se tivesse acabado de ouvir uma sessão de tiros da mais carregada metralhadora.

-O quê? Pare de brincar, Marley. Não tem graça. -Quase sorri, mas algo dentro de mim dizia que aquilo era a mais pura verdade.

-Não estou brincando, Jason. -Uma lágrima começou a nascer em seu olho direito -Ouvi o sr. Trusman falando com um dos oficiais. Ele disse que você vai sair daqui. -James Trusman é o chefe dessa espelunca. Era um homem sem emoções que não ligava muito para os loucos daqui.

-Como assim? Por que ele diria algo como isso, Ley?

-Eu não sei... eles falaram algo sobre um lugar chamado Starebook ou algo do tipo.

-Storybrooke? -Perguntei, com uma enxurrada de falsas lembranças do lugar.

-É. -Olhou para mim, curiosa -Como sabia do nome?

-Já tive um sonho com essa Storybrooke. Mas não importa agora. Se eu for embora, você vem comigo.

-Não posso, Jason. Droga, não percebeu que moramos num hospício? O que acha que eles fariam comigo, se eu fugisse?

-Não custa nada tentar. -Falei, segurando sua mão. Para meu espanto, ela soltou.

-Não me deixe pior do que já estou, Jay. Por favor.

De repente, a porta do quarto em que estávamos fora aberta. Era Thompson com um porrete de segurança.

-Sr. Mars. -Me chamou -Hora de ir para seu novo lar.

-O que está acontecendo, Thompson? Por que resolveram me tirar daqui? -Olhar para ele me dava calafrios, mas mesmo assim o fiz da maneira mais corajosa possível.

-Recebemos uma carta anônima ontem, mas claramente, seu pai a escreveu.

O silêncio voltou no local. Desejei que Collins tivesse dito isso mais calmamente. Aquilo foi pior do que um choque. Me machucou.

-Meu... pai? -Falei vagarosamente -Não está mentindo, está?

-Tome suas próprias conclusões, garoto. -O velho guarda pegou um papel amassado da pesada jaqueta. Era a suposta carta. Olhei para Marley. Acho que por dentro estava feliz por mim.

Thompson estendeu a larga mão e me deu o bilhete. Abri o envelope e comecei a ler com ânsia.

Creio que não se lembra de mim. Por que o faria? Sei que nunca nos conhecemos formalmente, mas lembro-me de cada detalhe de você, Jason.
Sinto sua falta e me culpo todos os dias por não te ver. Sinto falta de te segurar nos braços e te dar um beijo de boa noite, mas você não é mais um bebê. A esse ponto, já deve ser um rapaz crescido. Tenho orgulho." -Meu coração começou a acelerar.

"Pedi algumas informações suas com pessoas de confiança. Ouvi dizer que estava num hospício. Que lugar peculiar para alguém como você, hein! Bem, peço caricidamente aos seus atuais responsáveis que te deixem ir para Storybrooke, é um lugar certamente encantador lá no Maine, você vai gostar.

Sei que deve ser difícil para você. Me perdoe por eu ser somente uma lembrança apagada em sua vida. Eu te amo.

Ass.: J. C.

Estava tremendo. Aqui está frio ou é impressão minha? Bom, de qualquer forma, fiquei lá, tateando as bordas do papel cheias de figuras de xícaras e bules de chá, me perguntando qual o verdadeiro nome do meu pai. J. C. ... soava familiar.

-Jason... sinto muito por não ter conhecido seu pai. -Marley murmurou -Mas veja o lado bom. Pode finalmente sair daqui, ser feliz.

-Mas eu sou feliz com você, Marley. Como posso viver sem a única pessoa que me traz paz nesse lugar? -Ela sorriu fracamente.

-Encontre um outro alguém. Eu vou estar bem, Jay. Posso falar com você, enquanto estivermos longe.

-Sabe que não vou conseguir, não é?

-Muito pelo contrário. Eu te amo, Mars.

-Também te amo, Canário.

Minha próxima ação surpreendeu todas as minhas outras. Puxei a garota para perto de mim e encostei meus lábios aos seus, num caloroso beijo. Nunca tinha acontecido, mas foi como se já tivesse milhares de vezes. Marley retribuiu, apesar de sermos apenas amigos. Até nos esquecemos do mundo ao nosso redor.

-Aham! - Thompson provocou uma falsa tosse esperando que nos separássemos.

-Sim, Collins? -Falei com as bochechas ardendo de vergonha.

-Hora de partir.



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