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História Descompassos - A Carta


Escrita por: gabrielebborges

Notas do Autor


Esta One-Shot teve um grande incentivo da @julialoiolac. Obrigada por tudo, eu nunca sabia por onde começar, mas agora acho que finalmente terminei.

Leitor, esteja ciente que a presente história é de minha autoria, com exceção apenas das letras das músicas, mas que estas receberam os devidos créditos. Plagio é crime, previsto no Art. 184, § 1º do Código Penal.

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 1 - A Carta


Segunda-feira, 22 de agosto de 2016.

Caro A.,

Tudo começou há três anos atrás. Queria ter tido a sorte de um amor tranquilo, mas o nosso sempre foi descompassado.

Entretanto, saiba que as vezes não é tão ruim que esqueçamos esse ciclo para aprender a lição de novo. É sempre bom matar a saudade, mas do nosso futuro.

2013:

Nos conhecemos na minha cidade natal, naquele interior que tanto amo. Os carnavais daquele lugar costumavam ser bem divertidos no passado. Éramos apenas duas crianças tentando sair da rotina, fugir da cidade grande onde morávamos.

Eu não pensava em garotos, não queria nem saber deles para falar a verdade. Nessa época, eu lembro claramente que estava sendo ignorada pela primeira pessoa por quem me “apaixonei”. Admito que lhe achava uma criança imatura, apesar de ser apenas um ano mais novo que eu e ter tido muito mais experiências amorosas.

Nos tornamos apenas conhecidos na época. Tanto que nem lhe chamei para minha festa de aniversário de quinze anos, sinto muito, eu esqueci. Você ainda não era um problema.

Eu era um desastre, não pensava no meu futuro, só queria saber de sair com os amigos e me divertir. Não é à toa que chamei cento e vinte pessoas para esta mesma festa de aniversário e hoje, posso contar os meus amigos nos dedos.

Esse ano foi um dos melhores da minha vida, e não se sinta ofendido, é que eu percebi que esse foi o único ano em que eu vivi plenamente, sem me importar com nada.

Já me mudei três vezes até agora, e isso tem pontos positivos e negativos. Sempre tive uma alma aventureira, gosto de viajar e conhecer gente nova, mas no fim desse ano, quando me mudei para a cidade que estou hoje, posso dizer que não foi a minha experiência mais feliz.

2014:

Meus dias foram cinzas no começo deste ano. Não queria aceitar essa nova realidade. Tudo parecia estar desabando, as pessoas que eu imaginava serem meus amigos estavam se afastando, como se eu tivesse culpa de ter me mudado.

Meus pais trabalham aqui agora, eu nunca escolhi isso.

Os meses iam passando e consegui fazer algumas amizades nessa escola nova. Não porque era excluída ou coisa assim, mas simplesmente porque não queria estar nesse lugar. Tudo era tão diferente do que eu estava acostumada. Eu vivia fazendo comparações entre o passado e o presente, e isso doía muito.

Seis meses se passaram e eu perdi tantas coisas nesse meio tempo, que comecei a aceitar as mudanças. Pois talvez, elas tenham acontecido por uma causa maior.

Segunda, 30 de junho de 2014.

22:00 6 meses

Deixar algumas coisas para trás é difícil, mas as vezes muda tantas coisas e nos faz melhorar em tantos pontos que só percebemos alguma falta quando nos lembramos do passado.

O começo de cada jornada é dolorosa, parece que tudo era tão bom antes que se não tomarmos alguma iniciativa, vivemos apenas de passado, e a nostalgia nos domina. E esse é o pior erro que podemos cometer, não viver o presente, não aproveitar as oportunidades que vem para as nossas vidas.

Sempre tem uma coisa boa no meio de tudo, basta viver para descobrir. E eu descobri que viver seis meses longe de tudo que parecia ser a minha única casa, única vida, não é uma coisa tão ruim.

Você costumava dizer que eu era uma pessoa má, mas não sabe o quanto me mudou. Eu era uma garota egoísta, fria e calculista. Queria ter o mundo e não me importava em dizer adeus.

Então, por isso que digo que essa mudança externa e interna valeu apena. Eu precisava sair desse mundo, ver que existem mais coisas e passar por um momento só meu, de introspecção.

Eu fui tentando me reerguer, a partir de novos conceitos e novas verdades. Sabe onde eu passei o meu aniversário de dezesseis? De volta ao interior, apenas com a minha família, que era a única coisa que me parecia real no momento.

Foi aí que começamos a nos falar por mensagens mais constantemente, e para mim era empolgante. Engraçado como a vida é curiosa, quando morávamos no mesmo lugar, eu esqueci completamente da sua existência, e depois que me mudei, voltamos a manter contato.

Eu era um clichê da garota sem sentimentos, que não gostava de demonstrar fraqueza ou amor. E quando percebi que isso estava mudando, muitas incertezas surgiram.

Conversávamos o dia todo, ter uma palavra constante sua já havia se tornado o meu vício. Eu sabia que você gostava de mim, mas eu ainda estava impassível, não queria me relacionar com ninguém, muito menos com quem estava a quilômetros de distância.

Sábado 22 de novembro de 2014.

15:13 Estou realmente cansada de tudo o que eu faço e de tudo que eu sou.

Sinto falta de quando tinha pessoas que se importavam comigo, que ficavam horas falando tudo e ao mesmo tempo nada, que se preocupavam, que brigavam, e que acima de tudo, me amavam.

Sinto falta de estar apaixonada por alguém, mesmo que coisa boba, aquilo preenchia meu coração de uma forma que hoje me faz falta.

Sinto falta de sair com os amigos, mesmo que seja para andar na rua e rir até a barriga doer, comer brigadeiro e assistir filmes. Aquilo recompensava qualquer festa. É por isso acredito que as coisas mais simples da vida são as melhores e as que mais deixam saudades, pois naquele momento eu me sentia completa, eu me sentia feliz...

O vazio estava se instalando em meu peito e eu não queria admitir que me sentia triste com tudo a minha volta. Sim, eu já tinha aceitado a minha mudança, pois mesmo que eu voltasse para lá, de nada bastaria, não seria da mesma forma. Eu mudei, e os meus amigos também.

Foi quando comecei a me apegar a única pessoa que estava mais “presente” na minha vida, você. Já éramos muito amigos e mesmo com toda a distância, você me fazia rir e esquecer toda essa bagunça a minha volta.

Quinta-feira 11 de dezembro de 2014

00:06 É como se você sempre significasse muito mais do que os seus erros, não consigo ignorar ou desprezar a sua existência, pelo contrário, eu me lembro toda hora, todo minuto, como se conversar com você ou estar com você fosse a coisa mais certa pra mim e como se não importasse o resto.

Uma pena esse sentimento só partir de mim, mas não posso reclamar, admito que as vezes - a maioria das vezes - fui fria e grossa quando deveria ter dado atenção e te responder como você merece. Você deve pensar que eu não ligo pra você nesse aspecto, mas acredite, eu ligo, e muito. Então não canse de tentar (se é assim que você chama), pois eu gosto, é o que te torna especial pra mim, é o que te torna único porque você me torna única, mesmo não sabendo disso.

Chame isso do que quiser, idiotice, besteira ou até amor. Eu não me importo, estou sendo sincera contando tudo e como você me faz sentir, e sou muito grata por isso. Obrigada!

Só tínhamos nos visto uma vez, duas na verdade, porque depois fui descobrir que você foi o garoto com quem joguei cara-a-cara em uma festa da sua família em 2010, mas eu nem sabia o seu nome.

Nesse ano eu li mais livros do que eu li em toda a minha vida, queria evadir, esquecer da realidade. Comecei a escrever escondido para você, pois a cada dia me convencia do que eu já estava suspeitando.

Quando fui ao seu aniversário de quinze anos e nos vimos pela terceira vez, foi que eu fiquei mais confusa ainda. Fomos no cinema depois da festa e eu sei que desperdicei a nossa única chance de ficar.

Mas eu não estava preparada, não queria mentir pra você, muito menos para mim mesma.

Tudo me parece meio vago agora, mas você disse que realmente gostava de mim no ano novo por telefone e eu não sabia o que fazer. Você já havia começado a derreter o meu coração e eu não queria acreditar nisso.

Domingo 28 de dezembro de 2014

23:06 Porque você facilita e dificulta tanto as coisas? Estou confusa, não sei como reagir a tudo isso. Passo o dia todo tentando tirar você dos meus pensamentos. Como posso acreditar em você, se ao menos aparece? É como se você tivesse se afastando de mim e ao mesmo tempo não. Eu fico com raiva desse "nós". Não sei o que sentir e como evitar. E quando você volta, essa guerra contra esses sentimentos e expectativas desaparece e tudo se repete.

2015

Acho que depois dessas poucas experiências falhas, você estava desistindo de mim. Eu também estava vivendo na minha cidade, tentando dar uma chance aos meus novos amigos e eventuais amores que aparecessem.

Continuávamos nos falando, mas eu sabia que era apenas para preencher esse espaço. Eu tentava demasiadamente parecer interessante, inventar histórias e arrancar risadas suas. Mas eu sabia que não era mais o suficiente.

Você começou a namorar uma garota, e eu não liguei. Ainda éramos amigos afinal de contas e não tínhamos vivido nada juntos. Tudo não havia passado de palavras. E as vezes, elas não são tudo.

Mas admito que por dentro ainda estava meio frustrada com toda a situação. Queria que me falasse que não ia embora agora, sem antes me dizer o que pensa. Porque eu continuava acreditando que você ainda conversava comigo todas as noites porque queria.

Sexta-feira 16 de janeiro de 2015

12:00 Obrigada mais uma vez por estragar tudo e ser idiota o suficiente para nem saber que a culpa é inteiramente sua.

Obrigada por fazer eu gostar de você e depois simplesmente me excluir da sua vida.

Obrigada por seguir em frente, arrumar outro alguém na rua e julgá-la melhor do que eu.

Obrigada por me tirar do tédio durante todos esses meses com suas grandes mentiras.

Obrigada por me fazer escrever textos idiotas para você e ainda por cima agradecer.

É, obrigada!

Eu estava realmente começando a gostar de você, mas aparentemente você já havia seguido em frente. E eu insistia na nossa história, com textos e palavras mal escritas.

Sábado 02 de maio de 2015

01:34 Eu não sei o que fazer, o que me resta é esperar que esse sentimento passe, porque se eu já senti e já deixei de sentir isso por outra pessoa, eu posso fazer de novo, ou pelo menos tentar.

Eu não consigo te entender, não sei se é bipolaridade ou questão de amadurecimento, ou até mesmo idade, só sei que eu sempre tento, tento de novo e de novo.

Porque eu gosto de você, mas se não consegue manter uma simples amizade comigo nesse meio tempo até nos vermos, eu não sei o que fazer, a única opção para mim é não mais te incomodar.

E foi quando eu decidi te esquecer, mas mal sabia que a nossa história ainda ia ter muitos capítulos.

Quinta-feira 04 de junho de 2015

21:59 Pensei que quando você disse em tentar de novo fosse dar uma nova chance ao destino. As oportunidades surgiram, e com elas, você descartou todas.

O que é tentar pra você, afinal? Porque pelas minhas contas, tentamos o número de vezes que nos vimos, e comparado à tudo, foi pouco.

Na primeira. O que sentíamos um pelo outro ainda não era totalmente recíproco. Você não tentou.

Na segunda. Eu comecei a sentir. Você tentou. E eu rejeitei. E eu me odiei por isso.  Onde eu estava com a cabeça?

Agora que tudo está as claras, você está cansado de tentar. Dando fim ao que nem começou. E não há a quem culpar. As pessoas costumam desistir antes mesmo de chegar ao fim.

Mas o que pode ser o fim para uns, é apenas o recomeço para outros.

Um mês depois desse texto, nós entramos de férias. E advinha? Viajamos para o mesmo lugar. Ainda sentíamos algo um pelo outro, afinal, mesmo com o afastamento, não é fácil esquecer alguém da noite para o dia.

Passamos quase três semanas juntos, eu acho. Mas foi apenas nos últimos dias que finalmente – quase – nos beijamos. Foram apenas selinhos roubados em momentos inoportunos.

Você me disse que não estava mais namorando, e para falar a verdade, eu não queria me entregar assim. Eu sabia que no dia seguinte iria embora, e para evitar sofrimento, não quis me envolver mais do que isso.

Nós iriamos voltar para as nossas vidas, em cidades diferentes, e nada iria mudar.

“Vamos onde ventar, menina

Foi bom te encontrar lá em cima

Odeio despedidas

Mas tudo bem

O dia vai raiar

Pra gente se inventar de novo”

- Tempo de Pipa – Cicero.

Eu fiz dezessete anos e comemorei com os meus amigos na minha cidade. Eu convidei você, mas sabia que não viria.

Segunda-feira 03 de agosto de 2015

15:08 Deixo o tempo agir em nós, congelar o que sentimos pra depois. Há tantos problemas e confusões, que eu não sei te dizer se vai melhorar, mas você pode me esperar.

Eu sei que há mudanças em nossas vidas, que pessoas vão e vêm, mas o que eu sinto não é passageiro. Anos me parecem tão distantes para conta-los pra te ver.

Então, não faça planos pra depois, não me diga o que estou tentando esquecer, esse tempo todo que ainda falta pra te ter. 

Não meça os quilômetros ou os dois anos para ver se eu valho a pena, conte todas essas palavras e principalmente os "eu te amo".

Dois meses depois, você voltou com a sua ex-namorada e ela decidiu me acusar de traidora. É engraçado, porque o culpado nunca foi você, né? Você me beija e a vadia sou eu. Mas eu já estava acostumada, todo o fracasso da nossa relação sempre foi jogado para cima de mim.

Quarta-feira 14 de outubro de 2015

02:59 Quando eu finalmente penso que estou deixando tudo para trás, algo me força a parar.

Eu não quero mais saber dessa situação, só quero seguir em frente e partir para outra. Mas depois de ser xingada publicamente, eu realmente não consigo simplesmente fechar os olhos e fingir que nada aconteceu.

Cansei de sempre ser boazinha, você não merece nenhuma boa palavra de mim, não quero mais perder o meu tempo escrevendo todas essas palavras com quem não sabe a diferença entre “mais e mas”.

Eu estou tentando ser uma pessoa melhor, apenas aprendi com você tudo o que eu não devo fazer da próxima vez e cair no mesmo erro. Você é repugnante, um idiota, e se depois de tudo o que ela me fez, você continuar de boa com ela, eu vou ter certeza, de que vocês se merecem. Você feriu a decência e os bons princípios que tento me convencer que sua mãe te dera, percebe o quão ridículo você se tornou? Deveria sentir vergonha!

Eu não ligo se a felicidade é ela, por mim, você pode ficar com quem não vale nada, não me importo mais, pois agora eu vejo que você não está tão diferente disso.

Pensei que já tinha me magoado de todas as formas possíveis com você, mas sempre há outras maneiras de você me deixar marcada.

Quanto à essa garota, eu não quero nem ao menos tocar no seu nome, pois sei que não vai terminar nada bem. Apenas desejo o mínimo de caráter e senso do ridículo, mas principalmente cuidado com o que fala, as palavras podem ser as nossas melhores aliadas, mas também nossas piores inimigas.

Depois de toda essa confusão, nos afastamos ainda mais.

Quase no fim do ano, eu tive que fazer uma prova na sua cidade, e pedi para ficar na sua casa. Você já tinha pedido perdão e essa garota também. Estávamos bem, voltamos a condição de amigos.

Nesse dia você me fez ir à igreja e pagar um Subway pra você, a cena toda foi hilária. Parecíamos dois namorados, se divertindo em um sábado qualquer.

Sexta-feira 13 de novembro de 2015

22:33 Conheciam um ao outro mais do que a si mesmos, dividira todos os seus segredos, pensavam na possibilidade de outra chance, de alguma forma, mas não agora, não mais.

E ali vão eles de novo, todas as vezes que se reencontravam era a mesma coisa, agiam como estranhos, que se conheciam muito mais que simples amigos.

Caminharam, riram e passaram o tempo juntos, lembrando de todos os momentos bons de quando suas mãos se entrelaçaram, e de todos os defeitos que agora não podiam se quer mencionar.

E mesmo que ainda houvesse algo entre eles, se mostraram pra cima, mesmo quando tudo estava desmoronando por dentro, só porque nunca mais queriam estar apaixonados, só porque não possuíam mais um ao outro.

E ali vão eles de novo, todas as vezes que se despediam era a mesma coisa, de frente para a pessoa que costumavam amar, eles sabiam que as coisas só iriam piorar, se voltassem atrás, para o que costumavam ter.

2016

Finalmente iria fazer o que eu sempre quis. Entrar na faculdade havia me deixado tão feliz, que não havia mais tempo para romance na minha vida.

Conversávamos muito pouco, só por educação ou quando eu estava entediada. E assim eu ia seguindo, me apaixonado cada vez mais pelo Direito, e pra mim você era inconstitucional.

Porquê da mesma forma que você começou a derreter o meu coração, também o congelou ainda mais.

Sexta-feira 22 de janeiro de 2016

23:49 Vamos lá, palavras ruins ditas em momentos ruins são minha especialidade, você já deveria saber. Escada de sentimentos, trilha de sorrisos, todas as sensações possíveis. Tudo isso para chegar a um ponto final vazio.

Esperança? Não sei se é a palavra certa a se dizer. Esperei demais de alguém que não espera por mim. Não quero voltar a trás. Então, não tente me impressionar com meias palavras, tenho discursos inteiros que guardo pra mim, pois você não merece ouvi-los.

Segunda chance? Acho que você perdeu a conta, dispersou todas as que eu te dei.

Final feliz? Você não tem paciência nem para viver o meio. Aliás, não temos nem um começo e recomeço não é com você.

Outro alguém? Não. Mas em breve, talvez. E eu não vou hesitar em te deixar pra trás.

Obrigada? Bom, obrigada. Por momentos mínimos de felicidade e máximos de muita angústia. Obrigada por toda inspiração, escrevi textos maravilhosos enquanto você esteve aqui.

Talvez o que eu vá escrever agora não seja tão original, mas acho que a nossa história já caiu no clichê. Em fracasso. Em ruína.

Então: eu perdi você, mas me encontrei e isso foi a melhor coisa que me aconteceu.

Eu segui em frente, reprimindo tudo o que ainda sentia por você.

Mas não terminou por aí.

O verão veio e lá fomos nós de novo.

Para dizer a verdade, me senti culpada por não ter me arriscado tanto no primeiro verão que passei ao seu lado, quando meu coração estava derretendo.

Eu não queria olhar para trás e me arrepender de coisas que eu não fiz, queria que dessa vez fosse diferente, porque agora, eu estava congelada novamente. E podia fazer o que eu quisesse, que não iria cair por você outra vez. Era isso que eu achava. Eu não poderia estar mais errada.

Passamos duas semanas naquele lugar, e você sabe o que aconteceu. Estávamos agindo quase como namorados – e até soube que você não negava quando o nosso amigo afirmava isso –, e eu não percebia o que você estava fazendo comigo, todo esse gelo virar água.

Nós rimos, brigamos, jogamos... Nos amamos.

Foram os melhores dias, eu acreditava em nós, acreditava que agora poderíamos voltar para casa não só como amigos.

Mas nada disso aconteceu.

Eu amei você durante essas duas semanas, mas você não me amou. Já percebeu que sempre há esses descompassos entre os nossos sentimentos? Você me contou toda a sua história em uma daquelas noites em que conversamos, e agora eu contei toda a minha – de forma mais completa – como um meio de te fazer descobrir e perceber o que porquê dessa nossa desconexão. E eu pensei que podia ser finalmente a nossa hora, mas eu estava errada.

Terça-feira 9 de agosto de 2016

Papeis

Continuo seguindo carregando todos os sentimentos que foram e os que não foram compartilhados.

Diferentemente, você vive a sua vida com indiferença. Costumava me chamar de "sem sentimentos", mas mal sabe que faz melhor do que eu. Percebe que você se tornou tudo o que criticava em mim?

Agora sou eu quem se importa, gosta e sofre. E o você é o frio, impassível e egoísta. Os papeis se inverteram, sem ao menos percebermos.

Nesse filme que é a nossa vida, precisamos entrar em um consenso sobre a direção. As cenas continuam passando e, eu e você, nunca ficamos juntos.

Esse script já caiu no clichê, o badboy e a mocinha. E você sabe que nunca fomos assim. Costumávamos ser loucos e livres para ser quem quisermos a noite inteira.

Então, me diga que não termina dessa maneira, em uma dramaturgia barata. Porque valemos mais, somos mais, amor.

Fui sincera durante todos esses dias depois da nossa viagem, pois para mim estava tudo bem, não podíamos ficar juntos agora, mas quem sabe no futuro? Mas parece que quando finalmente você conseguiu me ter, desistiu de vez de mim, de novo.

Eu me senti usada, soube que você já estava fazendo planos com outra garota e só provou ser a mesma criança que eu conheci em 2013.

Sabe, eu mudei ao longo de todos esses anos em que a nossa história estava sendo escrita, e estou feliz pelo o que eu me tornei. Mas pelo visto você continua o mesmo.

Agora, escrevendo tudo isso pra você, já deve passar das três da manhã. Ao longo desta carta, citei uma música marcou a nossa trajetória, mas agora vou citar uma minha. Eu espero que um dia você a ouça, mesmo sabendo que você nunca se daria o trabalho:

“Estou sem dormir à noite

Pois não sei como me sinto

Estive esperando por você

Para dizer algo verdadeiro

 

Há uma luz na estrada e acho que você sabe

Que a manhã já chegou e eu tenho que ir

 

Não sei por quê, não sei por quê

Precisamos terminar desse jeito

Não sei por quê terminamos desse jeito

 

Mas se somos fortes o suficiente para deixar entrar

Somos fortes o suficiente para largar tudo

Largar tudo

Largar tudo

Desprenda-se de tudo agora

 

Se eu olhar desde o começo, agora eu sei

Vejo tudo de verdade

Há uma chama no meu coração, minha querida

Mas não estou queimando por você

 

Começamos errado e acho que você sabe

Esperamos demais, agora eu tenho que ir”

- Let It All Go – Birdy (Feat. Rhodes)

De lá pra cá muita coisa aconteceu, eu sei. Mas aqui termina mais um dos nossos ciclos. Começamos a nos falar mais intensamente em agosto de 2014, e agora, dois anos depois, acho que é finalmente a hora de te deixar partir, pois sei que você já me deixou ir há muito tempo, só não queria admitir.

O nosso amor sempre foi o mais inconveniente e descompassado. Você não está mais disposto a correr e sendo sincera, estou cansada desta estrada nunca me levar a um caminho certo para nós dois.

Então, obrigada por tudo e boa sorte com as suas novas histórias, porque modéstia à parte, acredito que elas nunca serão tão bem escritas quanto esta. Pois apesar de todas essas semanas, meses e anos. Toda essa distância, viagens e encontros. Todas essas diferenças, brigas, idas e vindas... Eu pelo menos, tirei as minhas conclusões, e você?

Atenciosamente,

G.


Notas Finais


Deixei todas estas palavras me levarem em meio a todos os sentimentos que você me causou. Meu coração ainda está aberto, mas a ferida não sangra mais como antes.

“Eu aprendi que as pessoas vão esquecer o que você disse e o que você fez, mas nunca esquecerão como você as fez sentir.” - Maya Angelou.

Twitter: @gabrielefborges
Instagram: @gabrielefborges


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