História Desde sempre - Jikook - Capítulo 18

Admito que diversos pensamentos constrangedores passaram pela minha cabeça, mas no final, foi apenas um banho, como ele disse que seria, afinal, não faria sentido ele tentar alguma coisa justamente no único dia que minha mãe estava em casa, certo?

No dia seguinte, minha mãe nos olhava como aquele amigo chato te olha quando você está perto da pessoa que você gosta, e ele sabe. Ela limpou a casa, preparou comida, tudo, mas eu queria que ela descançasse, minha mãe sempre trabalhou muito já que é enfermeira, e nunca deixou de cuidar de mim, ela quase nunca relaxava, e estava sempre feliz, eu a admirava muito.

-Jimin, o que acha de levarmos sua mãe ao shopping, ou coisa assim? Nem aqui ela para de trabalhar.

Ele também havia percebido.

-Seria bom.

-OH MAE!! - Ele gritou assim como uma criança quando já está deitada mas esqueceu de apagar a luz.

-O que foi jungkook??!!- ela gritou de volta.

-Vem aqui mae!!

-O que foi menino?!- ela reclamava enquanto entrava na sala.

-Vamos no shopping?? - Jungkook apelava com o rosto de bebê para convence-la.

-Aish! Era só isso? Vamos sim, vou me arrumar.- minha mãe respondeu voltando para o quarto.

Aproveitamos muito o dia, já que no seguinte estaríamos na aula, e minha mãe iria embora logo cedo.Eu não queria que chegasse amanhã, mas chegou.

Acordamos ainda mais cedo para levar minha mãe ao ônibus, e seguimos para a aula.

Quando chegamos na faculdade podia-se notar um único assunto em comum em todas as rodinhas de pessoas que passávamos, alguém de lá daria uma festa, e pelo visto, a faculdade toda, que por sinal não era pequena, foi convidada.

Ele me deixou na sala, beijou minha testa e se despediu, só nos encontramos novamente no intervalo, onde a garota veio nos importunar.

-Oi Jungkook!!- talvez ela até fosse me cumprimentar, mas minha expressão de poucos amigos fez a garota me olhar com ainda mais incômodo.- Relaxa, ( acredito que isso era direcionado a mim) vou ficar com as minhas amigas, só queria confirmar, você vai na festa amanhã, não vai Jungkook?

Ela deixava claro, o "Jungkook", no final das frases para evitar que eu pudesse responder.

-Ah bem... Acho que não.

-Não vai me dizer que é por conta do garotinho mimado aí? - ela se referia a mim.

Eu fui tão idiota, por que aceitei uma provocação daquelas?

-Adorariamos ir. - cortei antes que ele fosse mal educado com ela, o que pela sua expressão era exatamente o que iria acontecer.

-Ah... Que bom, vejo vocês lá então!- ela se despediu dele beijando sua bochecha, e foi, me deixando de lado, mostrando claramente qual seu interesse ali.

-Nós não vamos não é?

-Na... Você quer ir?

-Talvez seria legal sairmos.

-Então tudo bem, se você quer podemos ir.

-Obrigado.

-Eu não fiz nada.

Ele sorriu e voltou a comer.

[Dia seguinte - Noite da festa]

Ele ja era bonito, mas arrumado daquele jeito, era fora do normal. Eu estava apenas com um moletom grande vermelho, calça rasgada e tênis, ele tentou implicar com a minha roupa, mas desistiu já que eu não iria troca-la, eu não vestiria um monte de roupa desconfortável só para essa festa cansativa e desnecessária.

Quando chegamos no local, era uma casa realmente grande, muito bonita e moderna, o som era alto, e ouvia-se os gritos dos estudantes convidados.

Não nos desgrudamos, até o momento em que ele começou a beber, um copo, depois outro, um aviso meu ignorado atrás do outro, assim como mais copos vinham.

No ápice da festa ele dançava junto dos demais e já não tinha consciência dos seus atos, assim como os demais. Eu estava tão irritado, um cheiro ruim, gritaria, músicas ruins, pessoas... Eu queria ir embora, mas sabia que ele não iria agora.

Eu estava cansado daquilo, e resolvi ficar para o lado de fora, onde haviam menos estudantes, apenas alguns que se agarravam com seus companheiros. Eu poderia vomitar mesmo sem estar bêbado.

Eu realmente havia achado engraçado não ter encontrado a Nayeon ainda, mas não demorei muito para encontra-la, quando voltava para dentro para ver o Jungkook, acabei esbarrando com ela, que beijava um garoto, e se virou para ver quem esbarrou nela, foi aí que pude ver, o garoto, Jungkook.

Ela me olhava vitoriosa, e ele se assustou, quase como se voltasse a realidade. A música parou de tocar na minha cabeça, eu não ouvia mais nada, eram apenas nós 3, eu não tinha reação, eu nunca quis tanto estar em casa.

Quando voltei a mim, me virei para outra direção e sai, procurando a saída para ir para casa. Uma multidão se formou em torno dos dois, ele gritava meu nome e tentava me acalçar, mas acabou derrubando no chão a Nayeon, que tentava impedi-lo de me acalçar, todos começaram a afasta-lo da garota, com medo dele estar agredindo-a, o deixando ainda mais distante de mim.

Eu corri pela rua até cansar, estava frio, estar de moletom foi uma ótima ideia, depois de cansar segui andando, até chegar em casa, eu chorei muito, mais do que ele por filmes tristes, mais do que minha mãe pela morte do meu pai, mais do qualquer coisa que eu podia imaginar. Até chegar em casa.

Me deitei na cama de casal, que antes grande, agora estava imensa.

Chorei até que o lençol se encharcasse, sem tomar banho ou tirar os sapatos, chorei até pegar no sono.

[Jungkook]

Eu não conseguia pensar em mais nada, na minha cabeça agora bêbada passava-se apenas os momentos em que eu o beijava, eu dançava no meio do tumulto e a música alta era quase inaudível para mim, quando acordei, eu estava beijando alguém... Jimin? Não, era uma garota. O que eu fiz? Eu vi o Jimin, seus olhos pararam, não tinham brilho, sua expressão, nao, seu rosto não tinha expressão, ele estava imóvel, o que me deixou imóvel também.

Quando ele finalmente se moveu meu único impulso foi ir atrás dele, mas aquela garota ainda me empurrava, se esfregava, me beijava, eu apenas a empurrava e a mandava sair, até perder completamente a noção, a joguei no chão, mas o que antes era uma única pessoa me prendendo se tornaram várias, eu não sabia porque, mas ele estava indo, e eu nao conseguia segui-lo.

Quando tudo se acalmou corri para casa, corri, corri... Até quase desmaiar faltando apenas um quarteirão. Por sorte, voltei rápido a mim, e entrei em casa com a chave reserva escondida no vaso.

Eu nao tinha controle do meu corpo nem para andar decentemente. Aquilo precisava passar, eu precisava de uma ducha fria, mas antes, Jimin, onde ele estava, eu precisava vê-lo, saber que estava... Bem.

Abri a porta do quarto e o encontrei dormindo na cama, ainda de sapatos, eu precisava cuidar dele, mas não assim, fedendo a bebida.

Entrei no banho, com água gelada, aos poucos meus pensamentos eram mais claros e eu via mais nítido. Sem me dar conta, estava chorando, que merda eu havia feito.

Entrei no quarto, tirei seus sapatos, aquele moletom suado sem que ele acordasse, e o cobri, eu queria abraça-lo, dormir ali, perto dele, mas eu não podia, podia? Mesmo depois do que eu fiz?

Eu estava tão culpado que talvez não dormisse aquela noite, ainda tinha a visão curvada e pensamentos confusos pela bebida, eu devia tomar algum remédio. Não, agora eu devia cuidar dele. Se podia ou não, eu não sei, mas me deitei com ele, e o abracei, ele se ajeitou em meu corpo assim como um bebê faz, de modo que estávamos frente a frente, como eu queria não estar bêbado para aproveitar melhor aquilo.

Mesmo turvo, eu via seus olhos inchados e molhados, ele chorou... Por favor que não tenha sido muito. Sua boca também estava inchada pelo choro, o que a deixava ainda maior, e tão bonita, eu o beijaria, mas agora eu tinha nojo da minha própria boca, alguns fios do deu cabelo cinza estavam grudados em sua testa pelo suor. Ele é tão lindo.

Aos poucos fui adormecendo, mesmo com o coração doendo.