Lucas P.O.V
Depois de poucos minutos pensando em qual seria a novidade que ela me traria, ouço leves batidas na porta. Quando a abro, vejo Cláudia segurando uma bandeja de prata aonde havia um copo cheio de suco em cima.
— Entre — falei, e assim que ela havia entrado no quarto, fechei a porta e a tranquei. — O que você tem para mim? — perguntei, ansioso.
— Vou ser bem direta, pois não posso demorar. No escritório do Enzo há um cofre com uma enorme quantia em dinheiro — Cláudia falou, causando brilho nos meus olhos.
— E em que lugar do escritório esse cofre fica localizado?
— Adivinha? Atrás de um quadro.
— Mais clichê, impossível — falei.
— Enzo não se preocupa muito em esconder o cofre, pois sabe que aqui só há pessoas de confiança — ela falou, me fazendo rir.
— Não há mais — falei.
— Mas não é melhor ir achando que vai ser fácil conseguir aquele dinheiro. Quando Enzo não está trabalhando na empresa, está enfiado dentro do escritório — Cláudia me avisou.
— Sem problemas, eu acharei uma brecha — comentei, ainda sem saber o que faria.
— E o que você pretende fazer com o dinheiro? — ela perguntou, se sentando ao meu lado na cama de casal.
— Essa informação pertence apenas a mim — falei, enquanto alisava sua perna.
— Você tem certeza de que não vai ferrar pra mim? Lucas, eu não posso me dar m... — Cláudia começou a falar, realmente preocupada. Mas eu não a deixei terminar, precisava lhe transmitir confiança.
— Nada vai acontecer com você, confia em mim — falei, olhando em seus olhos e alisando seu cabelo. Seus lábios, que até segundos atrás despejavam insegurança, agora formavam o sorriso que eu precisava ver.
— Não vá se esquecer da minha parte — ela falou, sussurrando ao meu ouvido. Ela deveria saber que é um erro confiar em mim.
— Claro que não — falei e logo após comecei a dar leves selinhos em sua boca, a fazendo querer mais. Quando ela veio em minha direção para me beijar, me afastei, a fazendo sorrir por conta da provocação.
— Agora não. Não é o momento — falei e peguei o copo com suco que estava na bandeja que ela havia deixado em cima do criado-mudo.
— E quando será o momento?
— O momento será quando eu decidir— falei e tomei um gole do suco, que já estava ficando quente. — Mas eu não acho que vá demorar. Você fez um ótimo trabalho conseguindo essa informação. Não vai se arrepender.
Ela se levantou da cama e pegou a bandeja, indo em direção a porta.
— Tenho certeza de que não vou. Quando quiser mais alguma coisa, é só me chamar — ela falou, ainda virada para a porta. Ela estava claramente se insinuando para mim.
— Não se preocupe, eu irei — eu falei e ela saiu, fechando a porta atrás de si.
Ariana P.O.V
— Apaga logo a luz! — falei para Christian que estava logo ao lado do interruptor. Suas mãos eram ocupadas por dois tubos de Pringles e alguns refrigerantes pequenos, mas ele se esforçou para apagar a luz com o cotovelo. — Ah, cuidado para não tropeçar na mala! — o alertei sobre uma das minhas malas que já estava arrumada e em pé ao lado da cama.
Desviando de pequenos obstáculos a sua frente, Christian se sentou na minha cama e eu peguei um tubo de batata de sua mão e um dos refrigerantes.
— Laranja, meu preferido — falei ao ler o rótulo que indicava o sabor.
— Christian, muito obrigada por ser um ótimo amigo e ter se preocupado em comprar o refrigerante que eu gosto, por mais que eu seja uma ingrata — ele falou, em uma tentativa de imitar minha voz. Como resposta, lhe dei um tapa no braço.
— Primeiro: eu não falo desse jeito. Segundo: eu não sou ingrata! — me defendi.
— Mas é claro que não é — ele falou e eu senti uma pitada de sarcasmo em sua voz.
— Vou dar play no filme antes que eu jogue esse controle na sua cara — o ameacei, fazendo Chris rir. Apertei um dos vários botões do controle remoto para dar início ao filme e pular os trailers de outros filmes.
***
Oh, it's just me, myself and I
Solo ride until I die
Cause I got me for life
Acordei um pouco assustada ao ouvir a voz de Bebe Rexha saindo de dentro do meu celular. Há pouco tempo eu havia trocado o toque do meu despertador para "Me, Myself and I", que veio a se tornar uma das minhas músicas preferidas.
Peguei meu celular que estava debaixo do meu travesseiro e olhei a tela. São 07:50 da manhã e eu precisava estar na casa de Foquinha às 09:00. Olhei para o meu lado esquerdo, onde Chris dormia, e eu o encontrei com a boca aberta, babando em cima do travesseiro que eu havia lhe emprestado para passar a noite.
— Figueiredo, levanta — o chamei e o cutuquei com meu dedo indicador. Ele me olhou com os olhos semicerrados, completamente sonolento — Precisamos nos arrumar, anda — falei e me levantei, indo em direção ao meu armário, aonde havia o vestido que eu tinha separado para usar hoje.
— Eu preciso mesmo ir? — Christian falou, se sentando na cama.
— Se eu precisar te responder, a resposta não será nada agradável — falei, o poupando do meu estresse matinal.
— Valeu pelo toque — ele falou e foi em direção ao meu banheiro. Saiu de lá segundos depois, escovando os dentes.
Eu estava indo para o banheiro trocar de roupa quando minha mãe abriu a porta, nos assustando.
— Meu Deus, mãe! — exclamei, irritada por ela ter entrado sem sequer avisar — Custava bater na porta?
— Estavam fazendo algo de errado para estarem assustados desse jeito? — minha mãe desconfiou, colocando sua mão na cintura.
— Lá vem você com as suas teorias — falei, revirando os olhos. — O que foi? — perguntei, sem muita paciência.
— O café já está na mesa e eu estou indo trabalhar. Por favor, não deixe de me ligar ou enviar mensagens durante essas semanas, tudo bem? — ela pediu enquanto me dava um abraço.
— Se eu não fizer essas coisas você provavelmente chamará a polícia, então tudo bem — por eu ter falado em um tom de brincadeira, recebi seu famoso olhar de desaprovação, o que me fez pedir desculpas para ela. — Tudo bem, mãe, eu vou ligar. Prometo.
Christian estava saindo do banheiro quando minha mãe foi falar com ele, já sem a escova de dentes na boca.
— E você, Christian, muito juízo — ela falou, dando um abraço nele também, mas menos afetivo que o meu. — Cuide da Ariana para mim — minha mãe sussurrou no ouvido do Christian, achando que eu não a ouviria.
— Não se preocupe, dona Joan, vou cuidar muito bem dela — Christian falou, me fazendo revirar os olhos de um modo que até doeram.
— Eu não preciso de ninguém cuidando de mim, mas obrigada do mesmo jeito, Chris — falei educadamente por estar na frente da minha mãe, mas se estivéssemos a sós, a resposta teria sido um pouco mais agressiva.
— Estou atrasada para o trabalho. Se cuidem nessa viagem e diga que eu mandei lembranças à Fernanda — minha mãe falou, antes de sair do quarto.
— Agora nós também estamos atrasados, considerando que ainda temos que esperar pelo táxi — falei, apressada.
— Táxi? — Christian estranhou, já que eu tenho um carro e o combinado havia sido nós irmos nele.
— Enquanto você deliciosamente babava no meu travesseiro ontem a noite, Fernanda me ligou falando que seria melhor pedirmos um táxi, para não ficarmos com dois carros lá — expliquei a lógica de Fernanda.
— Ela poderia pelo menos mandar um dos motoristas dela nos buscar— Christian reclamou, como sempre. E até que ele tinha um pouco de razão.
— As coisas pela casa estão loucas, segundo ela. Ninguém está parando lá, Enzo e Melissa saem o tempo todo, não dá pra gente atrapalhar — expliquei meu ponto de vista. — Chega de enrolação e se arrume logo, senão a Foquinha vai comer nosso fígado — o alertei e entrei no banheiro.
— Tem certeza? Ela é muito refinada para isso — ouvi a voz venenosa de Christian vindo do meu quarto.
— Cala a boca e se arruma! — ordenei, tentando segurar o riso.
***
Quando chegamos na casa da Fernanda, a primeira coisa que vi foi Lucas, parado em frente a um dos vários carros que pertenciam aos donos da casa; Fernanda, Melissa e Enzo.
— Bom dia, Lucas — falei para ele, que estava cumprimentando Christian com um aperto de mão.
— Bom dia — Lucas falou para mim, nem fazendo questão de forçar um sorriso. — Fernanda precisa conversar com vocês, é sobre a viagem — ele falou e notou minha expressão confusa, então tratou de dar alguma explicação. — Adivinhem só? Mais mudanças de planos. Ela está esperando por vocês no quarto — avisou.
— Obrigada por avisar. Vamos acabar logo com isso — olhei para Chris e falei, já desanimada ao pisar no primeiro degrau que nos levaria até a porta de entrada.
— Ei, Ariana — Lucas me chamou, me fazendo parar e olhar para ele. — Gostei do vestido — ele falou, se referindo ao meu vestido branco que tinha alguns desenhos de flores espalhados por ele, tornando-o mais interessante.
— Obrigada, Lucas. É muita gentileza — falei, sem jeito após ter sido pega de surpresa pelo seu elogio.
***
— Graças a Deus vocês chegaram! — Foquinha falou ao ver Christian e eu entrando no quarto. Ela me recebeu com um caloroso abraço, e para Christian um simples aperto de mão que logo depois foi seguido por um beijo na bochecha, mas na verdade era apenas a bochecha da Foquinha encostando na do Chris enquanto ela fazia um biquinho com os lábios.
— Soubemos agora pouco que houve mudanças de planos — Chris falou primeiro, encostado perto da porta fechada do quarto.
— Sim, vou ser breve para explicar. Minha tia acabou voltando da viagem durante a noite de ontem, então não podemos ficar na casa dela, nem na mesma praia, como havia sido planejado.
— E...? — perguntei, querendo saber aonde ela queria chegar com aquela conversa.
— Como ela ainda quer me presentear, resolveu nos dar estadia de graça no hotel dela, com tudo incluso — quando ela parou de falar, eu olhei para Christian, que olhava para mim, embasbacado.
— É sério isso? — perguntei, descrente.
— É claro que sim. Talvez vocês se animem agora — Foquinha falou, com certeza se segurando para não rir das nossas caras de surpresos. — Vamos, com certeza vocês não querem se atrasar — ela falou, pegando uma bolsa de mão e abrindo a porta atrás da gente.
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