História Desejo Proibido - Apenas amigos

— E aí, vamos nessa viagem ou não? — Chris me pergunta, enchendo a mão de pipoca. 

— Não sei, me pegou meio de surpresa. Não quero deixar minha mãe sozinha aqui, sabe? — falei, me sentando ao seu lado no sofá.

— Sabe que a Fernanda não vai parar de te encher até você dizer que tem certeza que vai, né? Ela nem perguntou, simplesmente falou que iríamos — Chris falou, com o corpo virado pra mim no sofá, deixando apenas seus pés fora.

— Eu só vou se você for — digo e um sorriso surge em meu rosto. Quero ver se Christian fará isso por mim. Ele me olha, sua cara dizia "nem pensar". — Por favor, Chris! — implorando, seguro em seu braço como uma criança que implora para mãe comprar um brinquedo. 

— Não! Eu faço quase tudo por você, mas passar sei lá quanto tempo com a Fernanda, não! — ele diz, se virando pra frente.

— Ela não é um monstro, Chris! Por favor, não queria ficar só com os dois lá! — digo, implorando novamente. Eu nem estava com tanta vontade de ir, só queria ver se Christian abriria mão da sua birra com Fernanda por mim. 

Ele tira os olhos da televisão, com o filme ainda pausado, e olha pra mim. Depois de um longo suspiro, ele me dá uma resposta. 

— Tá bom, vou pensar no seu caso — ele diz, se rendendo. — Mas amanhã eu vou me decidir, depois do churrasco na casa dela, com mais informações e tal... 

Aquilo não era um sim, mas já era um avanço se tratando do Chris. 

— Obrigada, de Caldas — falei, no objetivo de irritá-lo, já que ele não gosta de ser chamado pelo sobrenome.

— De nada, Ariana Pequena — ele falou, sorrindo. Simplesmente odeio quando fazem essa piada relacionada ao meu sobrenome e meu tamanho. Que culpa eu tenho se logo antes de eu nascer o universo já conspirava contra mim?

— Você venceu dessa vez, mas não vai se acostumando — digo, o avisando. 

Passado uns 15 minutos desde que voltamos a assistir o filme, olho de relance para Christian e o flagro me olhando, ou melhor, encarando. A sala estava escura e a única iluminação que tínhamos ali era a luz da televisão, mas ele estava perto o suficiente para que eu tivesse a certeza de que ele me observava.

— O que foi? — pergunto, estranhando — Minha boca tá suja? — pergunto, passando a mão no canto da boca pra tirar qualquer sujeira que estivesse ali.

— Tá sim — ele diz, me fazendo esfregar minha boca mais forte. Depois de me observar por mais un segundos, ele diz: — Deixa que eu limpo pra você. — ele falou, se aproximando de mim.

Foi algo que aconteceu tão rápido que eu mal consegui raciocinar o que estava acontecendo. Senti seus lábios encontrarem os meus, suas mãos pressionarem meu corpo contra o seu, minha respiração estava desregular e intensa. Sinto como se eu estivesse em chamas por dentro, uma sensação que eu nunca havia sentido antes. Mal consigo acreditar que é o Christian que está me causando essa sensação. 

Durante o beijo, tenho um breve momento de lucidez e o paro, colocando a mão no ombro do Christian e o empurrando para longe de mim.
Ele me olha assustado, e provavelmente arrependido de ter sido impulsivo. 

— O que deu em você? — pergunto, incrédula.

— Desculpa, eu apenas... Não pensei direito, me desculpa — ele falava comigo, mas não olhava pra mim. Ele, ainda sentado, encarava o chão.

Fico observando ele, quieto e encolhido no seu canto como um cachorro que foi repreendido. Depois de uns segundos de silêncio que me pareceram horas, resolvo fazer uma pergunta que martelava minha cabeça a certo tempo.

— O que você sente por mim? — pergunto. Na minha cabeça se passava um milhão de coisas, um milhão de lembranças. Como eu nunca havia percebido que Christian sentia algo por mim?

Ele finalmente me olha, e então dá uma resposta que já era esperada por mim.

— Eu não sei, Ariana. Simplesmente não sei — ele disse, jogando seu corpo para trás até encontrar o encosto do sofá. — Eu gosto de você, e esse sentimento cresce dentro de mim sem parar. Não consigo controlar.

Ouvir aquilo me deixou sem reação. Eu não sabia o que pensar, apenas queria ficar sozinha.

— Por favor, não pare de falar comigo por causa disso. Eu posso reprimir, acabar com esse sentimento que eu sinto por você, só não se afaste de mim. — ele disse. Algumas lágrimas saiam de seus olhos e percorriam todo o seu rosto. 

— Eu jamais vou parar de falar com você, Chris. Jamais! — digo, me aproximando dele e segurando suas mãos — Eu preciso ficar sozinha, e você deve ir para casa. Amanhã nós conversamos — digo e vejo ele assentir. 

Nos levantamos e dei um longo abraço nele, sentindo seu perfume. 

— Até amanhã — ele diz, indo até a porta e a fechando logo após ter saído.

— Até amanhã — digo a mim mesma.