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História Desejos Secretos - Desespero


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


O cerco está se fechando...
Espero que apreciem o capítulo e que não desistam dessa história. Deixem seus comentários, amores! Vou voltar o mais breve possível...

Capítulo 18 - Desespero


Fanfic / Fanfiction Desejos Secretos - Desespero

Narrado por Elinór

Peguei meu carro e saí da mansão do doutor Igor Dias Sarmento. Estou dirigindo muito acima da velocidade permitida, mas isso agora pouco importa, pois só consigo pensar nos olhos dele ao me fitar antes que eu pudesse sair. Acho que ele não vai me perdoar pelas coisas duras que eu disse, e é descomunal a angustia que sinto, não sei como isso vai passar! Em qualquer outro caso eu não teria ficado assim, mas percebo o quão vulnerável eu estou sentimentalmente, estou presa a ele. Faço algumas ultrapassagens perigosas pelo caminho e ouço algumas buzinadas eufóricas, o que me faz acelerar o carro ainda mais. Alimento um ódio visceral pela Eduarda e fico a cada segundo imaginando as maldades que ela fez com a filha, o jeito baixo com que tratou Igor e sua face dissimulada de vítima, de boa mãe. Em pouco tempo, cheguei a meu apartamento, mas sei que não vou conseguir ficar aqui com as lembranças que tenho de Igor, e principalmente o que fizemos nesta sala em nossa primeira vez juntos. Segui na direção do pequeno bar, a garrafa de uísque ainda continua em cima do balcão, deixei ali quando recebi o chamado dele. Peguei a mesma e uma mini garrafa de vodka, além disso, guardei no bolso da jaqueta um maço de cigarros que está sobre a mesinha de centro. Desci pelo elevador de serviços e passei pela recepção, se o porteiro me dirigiu alguma palavra eu não escutei, ainda são cinco da manhã e já é perceptível uma claridade discreta no céu, mas ainda não amanheceu totalmente. Atravessei a rua sem olhar muito para os lados, andei pelo calçadão, até uma parte deserta da praia, há muitas pedras desse lado e poucos banhistas se aventuram. Não me preocupei em estar de sapato fechado, caminhei vagarosamente até encontrar um local escondido entre as pedras. Sentei na areia e recostei em uma delas, abri a garrafa de uísque e tomei gole por gole até chegar ao fim, fiz o mesmo com a vodka e mais uma vez, fumei vários cigarros até notar que meus pulmões e minha garganta não aguentavam mais. Meu estômago já dá sinais de ânsia, não como nada desde ontem à tarde, também não comi nada na festa e só bebi. Passei a sentir meus olhos pesados e uma sonolência me entorpece, meu raciocínio lento pelo álcool já não me permite ter forças para nada, só tive tempo de olhar a fotografia que estava no bolso da minha jaqueta. Deitei na areia e admirei com uma saudade imensa as duas pessoas da imagem antes de adormecer aqui mesmo, abracei a foto contra meu peito e fiquei à mercê da brisa e do barulho do mar nesta praia deserta.

Narrado por Igor

Estou em choque com tudo o que está acontecendo, e ainda mais agora, ela me olhou pela última vez antes de sair do hall de entrada e pediu perdão. Eu começo a sentir medo, muito medo, porque por mais triste que tenha sido nossa discussão, nada do que eu sinto por ela mudou, nesse olhar de adeus eu realmente percebi o quanto ela faz falta. Quando Susana está aqui eu sinto segurança e ela está sob os meus olhares. E ainda que tenha me rejeitado, essa era a única maneira de me manter conectado a ela. Com o sumiço de minha filha e o afastamento dela do caso, estou sendo tomado por uma tristeza profunda, as duas pessoas que amo verdadeiramente agora estão longe de mim. Todos nós paralisamos um pouco ao vê-la sair, seu porte altivo e comandante deixava o ambiente vivo, se assim posso dizer. Nesse momento, unindo minhas últimas forças, andei em direção à minha pequena biblioteca que faço também como escritório; entrei e fechei a porta. Há um sofá de couro preto na lateral onde sentei quase despejando meu corpo cansado e sem esperanças. Cerrei meus olhos e recordei o dia em que visitei Elinór em seu apartamento depois de nossa briga, eu levava minha filhinha no colo ainda adormecida. Naquele dia, Elinór roubou cada um dos meus pensamentos, era a imagem dela que eu via em todas as coisas e pessoas. Eu não poderia ficar em paz sem falar com ela, por isso quase acordei a Patrícia ao tirá-la da cama, estava dormindo enroladinha em sua coberta, a paguei no colo e me dirigí até o apartamento da Madame. Elas dormiram abraçadas, pois foi a cena que encontrei pela manhã quando cheguei ao quarto. Acomodei-me numa poltrona próxima à cama e admirei as duas até que acordassem, estive um bom tempo a pensar sobre minha vida e no tamanho do amor que me envolveu ao olhar as duas tão aconchegadas uma na outra. Parecíamos uma família feliz no café da manhã, eu daria tudo o que tenho para ter mais dias como aquele. Daria cada centavo deste maldito dinheiro!

Tive que sair deste hipotético sonho quando ouvi batidas na porta. 

– Pode entrar! – autorizei. 

– Doutor Igor, precisamos conversar! – olhei para a amiga dela parada na porta, fiz gesto para que entrasse. A mulher puxou uma cadeira próxima à mesa e sentou-se de frente para mim. 

– Eu não vou adiar o assunto e muito menos enrolar – a mulher é séria, tanto quanto Elinór quando a conheci. – Eu não sei se estou preparado para ouvir o que quer que seja – falei exausto, encarando-a. – Doutor Igor, escute bem, preciso que o senhor colha uma amostra de sangue para um teste de DNA – meu mundo desabou ao ouvir. 

– Teste por quê? – perguntei assombrado por meus fantasmas de medo, minha respiração descompassou na hora. 

– A policia rodoviária encontrou um corpo, acham que pode ser de uma menina, além do mais precisam que o senhor reconheça um objeto, um sapatinho mais precisamente – não consigui esboçar nenhuma reação. – O que aconteceu com o corpo da criança? Eu sou médico – um peso enorme paira sobre meu corpo e nenhum músculo consigo mover. 

– Foi carbonizado – ela disse com pesar. Uma lágrima caiu por meu rosto instantaneamente e tudo a minha volta tomou um aspecto enegrecido, sem vida, sem ar. E assim fiquei por vários minutos. 

– Minha filhinha morreu – sussurrei baixinho e aos poucos o choro dolorido foi caindo por meu rosto, o som tomou proporções altas e minha agonia espalhou-se pelo cômodo e certamente por fora dele também. – Por favor, não tire conclusões precipitadas! – falou tentando me consolar. 

– Não quero lhe dar falsas esperanças, mas pais de outras crianças desaparecidas também vão fazer o teste – eu não consigo parar de chorar, porque dentro de mim eu sei que é a minha menina. – Ela me prometeu – exclamei chorando de dor e encolhendo meu corpo. – Ela disse que tinha certeza que a Paty estava viva, ela disse – afrouxei o nó da gravata para respirar melhor. 

– Ela mentiu, ela me enganou – olhei para ela ao dizer. – Doutor Igor, como eu disse, é um teste – segurou minhas mãos. 

– Por favor, não a julgue desta forma – pediu calmamente. Levantei desesperado e saí do escritório sem ouvi-la até o fim, me dirigi rapidamente para o jardim, pois preciso respirar com urgência. Coloquei as mãos em minha cabeça, apertando-as em meus cabelos e olhei para o céu. 

– O que eu te fiz pra você me castigar assim? – esbravejei de raiva e indignação contra os céus por essa desgraça. 

– Ela era só uma criança e você deveria ter cuidado dela – abracei meu próprio corpo, o ar não entra direito em meus pulmões, dei passos desnorteados até a lateral da casa onde construí um pequeno playground e uma casa de bonecas, ao lado, perto de uma árvore, pendurei dois balanços. Sentei em um deles e observei o jardim à minha frente, a casa, toda a beleza e luxo que tanto lutei para fornecer à minha família. Abaixei minha cabeça por uns segundos até que ouvi mais uma vez a voz de Vivian, ela sentou no balanço ao meu lado. 

– Nessas horas eu não tenho palavras de consolo, eu busco ser bem realista, doutor – respirei profundamente tentando conter o choro. – Você não tem filhos, não pode saber como é – a olhei de lado. – Perdão, eu não quis parecer insensível, só estou dizendo para se manter forte – disse suave. 

– Colha a amostra, precisamos tirar esta dúvida, não temos cem por cento de certeza. Sua filha pode estar viva! – lembrei das palavras de Susana. – Ela disse que minha filhinha estava viva e eu acreditei. Eu confiei nela e agora ela saiu do caso porque simplesmente o pai pediu e ela obedeceu como se fosse uma criança! – minhas palavras mal saem corretamente. 

– Não a culpe pela esperança que ela tem, Elinór gosta muito da sua filha e não faria falsas promessas. É muito competente no que faz, mas é ser humano como nós – explicou me fazendo refletir. – Ela acha que eu quis brincar com os sentimentos dela, me aproveitar. Ela não devia ter dito aquelas coisas pra mim – ela negou com a cabeça. 

– Não é bem assim, doutor Igor. Ela tem os motivos dela para ser desconfiada de tudo. Aprendemos a nunca dar certeza absoluta para um cliente, mas fazer o nosso trabalho com excelência. Porém, eu posso atestar com todas as letras que ela gosta de você e sei que toda essa situação é complicada pra ela. Soniér a tirou do caso porque ela está muito envolvida com você, e nada disso ajudaria nas buscas de sua filha – fiquei pensativo, e alternadamente, as lembranças dela e da Paty passam em minha cabeça. 

– Vamos supor que você tenha razão – enxuguei as lágrimas, meus olhos ardem pelo choro. – Que diferença isso faz agora, se é nesse momento que eu mais preciso dela! Eu sou louco pela Susana – declarei e Vivian me olhou compassiva. – Ela sabe do que você sente, então espere esse dia nebuloso passar e vá falar com ela. Não se desespere! – me olhou firme e disse como se fosse fácil. 

– Chega de sofrimento! Tudo o que eu ouvi dela foi o suficiente para saber que é melhor eu me afastar. Eu vou colher a amostra – engoli o choro e tirei forças de onde não tinha para sair do balanço. 

– Vamos acabar logo com isso! – ordenei. 

– Uma equipe do laboratório vai vir aqui, vamos esperar eles chegarem e isso não deve demorar muito, depois nós temos que ir ao IML – assenti positivo, por fora, eu tento demonstrar um pouco mais de coragem, mas por dentro estou destruído. Segui para o interior da casa e me deparei com os agentes conversando com Soniér, que assim que me viu, caminhou em minha direção. 

– Há uma coisa que o senhor precisa ver – falou misterioso descemos até o porão de minha casa e me deparei com uma caixa repleta de bonecas desfiguradas, todas riscadas, com os rostos amassados e as roupinhas rasgadas – Minha filha ama essas bonecas, eu não estou entendendo o porquê elas estão assim – falei chocado com a cena. – Doutor Igor, sua ex mulher já maltratou sua filha? – Soniér indagou e o olhei indignado. 

– Não! – rebati. – Ela podia ter todos os defeitos como mãe, mas nunca encostou um dedo na Patrícia – completei. 

– Então sua filha estava passando por algum tipo de transtorno, certamente foi ela que fez isso com as bonecas – neguei com a cabeça, desacreditando. Saímos do porão e fiquei durante um tempo ouvindo as instruções de Soniér, suas suspeitas sobre Eduarda, mesmo que sem provas. Investigações demoram e não sei por quanto tempo mais vou suportar esperar por notícias, por algum pedido de resgate. O dia está amanhecendo e não preguei o olho um minuto sequer, não aguento mais ver os investigadores ligando para os informantes espalhados pela cidade, nas instituições. Nada sei sobre minha filha, dois técnicos do laboratório vieram até aqui e colheram uma amostra do meu sangue para análise. 

– Temos que ir ao IML – Soniér disse sério. Saímos de minha casa em direção ao local que eu mais temia. Ao chegarmos, fui direto reconhecer o objeto. O homem trouxe uma sacola transparente com o pequeno sapatinho lilás, que para a morte da minha esperança era o par do que havia ficado caído no jardim. Não tive forças para reagir, olhei mil vezes para o sapatinho e pensei na última vez em que dei um beijo de boa noite em minha filhinha. "- Dorme bem, papai te ama! - beijei a fronte de minha filha. - Quando a gente vai na casa da Susana de novo, eu gostei tanto dela! - falou docemente. - Eu vou levar vocês duas para um passeio bem legal, eu prometo - ela sorrio ao ouvir. - Você gosta dela? - perguntou. - Papai gosta sim, muito! - respondi. - Ela pode ser sua namorada - ri do comentário. - Torce pelo papai - pedi. - Eu vou torcer - nos abraçamos. Cobri minha filha com o cobertor rosa, seu preferido e caminhei em direção à porta. - Papai! - chamou-me. - Oi meu amor - fiquei atento. - Eu te amo - declarou. - Quando eu crescer vou ser médica como você - sorri encantado com minha menina. - Eu vou ser o pai mais orgulhoso...também te amo! - falei emocionado e deixei o quartinho dela." Retornei à realidade cruel, volvi meu corpo e voltei para o carro de Soniér. Não consigo chorar, algo travou dentro de mim. Voltamos para a mansão e permaneci calado dentro do carro, não há mais força vital dentro de mim. Ele me explicava os dois lados da moeda e de como tudo podia ser uma armadilha, cena forjada e que tínhamos que esperar por contato. O corpo pode não ser de minha filha, mas só o exame irá dizer. Nada é mais angustiante e desesperador quanto essa espera.

Narrado por Elinór

Acorda Elinór! – ouvi uma voz ao longe chamar por mim, mas mal consigo abrir os olhos, tentei pronunciar alguma coisa, mas não consegui. – Anda, vamos embora daqui – senti meu corpo ser puxado e me colocaram sentada, porém não tenho forças para me equilibrar, alguns tapas de leve são dados em meu rosto na tentativa de me acordar e aos poucos abri meus olhos, mas a claridade cegou-me por alguns segundos. 

– O que foi que você fez? Olha o seu estado – a pessoa me repreende, e seja lá quem for não consigo distinguir. 

– Igor – chamei tropeçando nas palavras. – Ele não está aqui, sou eu, doutor Henrique. Vou levar você pra casa – ouvi um homem balbuciar alguma coisa, ele me ergueu usando de sua máxima força e me carregou no colo. Literalmente apaguei durante o trajeto, lá no fundo ouvi murmurinhos de pessoas falando, entretanto minha cabeça está pesada e tudo dói. 

– Não! – protestei travando a voz quando senti uma água fria cair sobre mim, me debati agitada, abri meus olhos e enxerguei dois vultos rodando, tudo está rodando. – Vai ficar aqui sim! – uma das vozes disse. – Segura as pernas dela – imobilizaram minhas pernas e tive que aguentar a água gelada por um bom tempo. 

– Vivian! – segurei o rosto dela quando finalmente a reconheci, mesmo que de forma bem embaçada. – Você quase mata a gente de susto! – falou brava. – Me tira daqui! – me irritei e tentei levantar, mas a cabeça latejou. – Olhe naquelas gavetas, me traga uma toalha – ela pediu para uma pessoa em pé do lado de fora do Box, não posso levantar a cabeça e não sem quem é. 

– Vou procurar pela casa e ver se ela tem glicose para aplicar na veia – a voz é de um homem, me esforço para identificar quem seja. Aos poucos minhas roupas foram tiradas peça a peça e o frio deixava o momento horrível. Resistir é impossível, suporto tudo sem energia sequer para argumentar. Quando finalmente a água parou de cair, meu corpo foi enrolado numa toalha e meu cabelo foi secado com outra, andei com dificuldade pelo quarto, as duas pessoas me seguram para eu não cair e me deitaram na cama. 

– Não achei nada apela casa, mas vou dar isso a ela – levantaram minha cabeça. 

– Bebe tudo – abri a boca e senti gosto doce, virei o rosto para recusar, mas tive que tomar até o fim, pois eles me forçaram. 

– Eu cuido dela agora – com dificuldade, Vivian colocou roupas em mim. Minutos depois ouvi a outra voz.

- Você precisa voltar antes que o Soniér descubra – por mais que eu tentasse olhar na direção da voz masculina, a pessoa andava pelo quarto e tudo estava sem nitidez. Por que não reconheço a voz dele? 

 – Aquele homem está arrasado pela filha e por ela – meu cabelo foi afagado com carinho e ouvi parcialmente a conversa, mas não decodifiquei a mensagem. Tentei relutar, porém apaguei e não ouvi mais nada.

Quando acordei, senti um cansaço monstruoso me invadir, a ressaca me pegou brutalmente, mas para minha sorte, a dor de cabeça foi embora, sinto apenas muita sede e demorei um pouco para perceber que estava em meu próprio quarto. Levantei e me assustei, pois o relógio sobre o criado mudo já marca cinco horas da tarde. Segui para o banheiro e tomei um banho frio para ficar mais disposta. Me sinto um pouco tonta, meu estômago está vazio e preciso comer alguma coisa. Coloquei um vestido confortável e fui para a sala, preciso falar com Vivian. Estranhei encontrar doutor Henrique dormindo no meu sofá. 

– Henrique – touquei seu braço e prontamente ele acordou. 

– Está se sentindo bem? – perguntou preocupado. 

– Estou bem sim – respondi sem graça. – Por que está aqui? – indaguei com as vagas lembranças de Vivian me ajudando. 

– Você estava pensando em se matar? Quase entrou em coma alcoólico! Eu fiquei um bom tempo tentando te acordar naquela praia – falou seriamente e me sentei ao seu lado. – Você tem ideia do que foi receber uma ligação da Vivian às quatro e meia da manhã me contando aquelas coisas? Eu saí correndo do hospital e quando cheguei aqui, o porteiro disse que você havia saído em direção à praia com garrafas de bebida – me repreendeu duramente. 

– Estava fedendo a álcool e literalmente na sarjeta – a primeira memória que veio em minha mente foi do dia em que encontrei Igor no mesmo estado que eu. 

– Eu perdi o controle... – tentei me explicar. – Você é uma mulher adulta e é médica no hospital onde eu sou o chefe da cirurgia. Eu posso muito bem mandar você embora por justa causa. Bêbada e exposta a qualquer coisa naquela praia – abaixei a cabeça ao ouvir, sei que estou errada. 

– Eu só queria parar de pensar – desabafei. – Parar de pensar nisso? – indagou e esticou o braço pegando alguma coisa na mesinha ao lado do sofá. 

– Pela primeira vez eu falhei – falei quando ele me mostrou a foto do Igor e da filha. – Eu sabia que você ia se interessar por ele – disse convicto. – Eu não pedi por isso, mas foi inevitável – o encarei sem conseguir esconder a verdade. 

– E o que você pretende fazer? – questionou curioso. 

– Nós brigamos feio aqui nesta sala, eu disse muitas coisas ruins pra ele, tive que mentir e deu tudo errado – suspirei. 

– Igor é um homem bom, justo – sofri mais ainda por ouvir a verdade dos lábios de Henrique. 

– Seja lá o que aconteceu entre vocês, espero que as coisas se resolvam – tentou me consolar. – Ele não quer mais me ver, está decepcionado comigo e tem toda razão – embarguei as palavras. 

– Estou com vergonha de mim mesma e não posso mais ficar aqui no Brasil, eu vou voltar para Lisboa. Fique tranquilo, vou cumprir aviso prévio e enquanto isso te ajudar a achar um substituto para a neurocirurgia – Henrique ficou abismado com minha decisão, mas ele sabe que assim como meu pai, eu não volto atrás.

Quatro dias se passaram depois que tudo aconteceu, eu tinha notícias de Igor através de Vivian. Ele colheu o material para o exame e esperava o resultado. Ninguém entrou em contato, não houve nenhum pedido de resgate e Igor reconheceu o sapatinho da filha que foi achado no local do crime, mas como muitas cenas de crime são forjadas, os investigadores decidiram esperar pelo resultado do teste. As provas de que Eduarda tem uma procuração com a assinatura de Igor não foram encontradas e Edgar, que torturamos na festa, através do telefone que foi fornecido a ele, ligou para Walter e disse que Eduarda tinha uma conta em um banco em São Paulo, que não é prova suficiente. Ela não deixa pistas, só suspeitas e isso não colabora muito. Seu depoimento foi coerente, o que me deixou bastante confusa; Igor também prestou depoimento e se ausentou nesses três dias do trabalho. Voltei à minha rotina no hospital, espero que esse mês passe logo para que eu possa voltar à minha vida em Lisboa, onde todo esse sofrimento não fazia parte de mim. Depois de uma manhã e tarde pesados no centro cirúrgico, estou indo relaxar um pouco na sala de sobreaviso, são quase sete horas da noite, mas no caminho fui surpreendida com doutor Henrique. 

– Eu sei que está cansada, mas venha até minha sala, por favor – o encarei exausta.

 – É mais algum paciente? – perguntei. 

– Não – respondeu. 

– Só me acompanha – pediu com semblante sério. Caminhamos até sua sala e nos acomodamos nas poltronas. 

– Que cara é essa, Henrique? Aconteceu alguma coisa? – indaguei com meus pensamentos voltados para uma pessoa apenas. 

– O teste de DNA deu positivo, era a filha dele – minha respiração foi cortada por uns instantes. 

– O que? – minha voz quase não saiu. 

– O resultado saiu hoje de manhã, eram quase sete horas. O funeral está saindo da casa dele agora em direção ao cemitério.


Notas Finais


Obrigada por ter lido até aqui 😍
Espero que tenha gostado 😘


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