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História (Des)Encontros - Dois estranhos com o mesmo desejo


Escrita por: HANA_NIM

Notas do Autor


Esse capítulo está intenso pra porra e foi por isso que eu não consegui terminar antes rs

E eu preciso dizer que estou morrendo com cada comentário lindo que vocês estão deixando nessa fic. Muito obrigada por todo o carinho comigo e com essa fic, quando o Spirit decidir cooperar comigo eu juro que termino de responder todos vocês, porque cês são fodaaaaaa. <3

Boa leitura!

Capítulo 16 - Dois estranhos com o mesmo desejo


 

 

 

 

Jongin odiou a fragilidade que encontrou nos olhos de Kyungsoo quando chamou-o para conversar, entretanto, sabia que aquilo era necessário. Para si, para ele, para seu filho. 

O moreno sabia que precisava de sua paz interior de volta, e só havia uma maneira de conseguir tal feito. Arrumando aquela confusão toda. 

– Pensei que tivéssemos resolvido tudo na última ocasião – Kyungsoo disse na defensiva. 

Ele não parecia disposto a ter aquela conversa.

Medo. Havia medo estampado naqueles olhos escuros e Jongin odiou-se por saber ser o causador daquele sentimento. 

– Você acha? Porque eu não acho que há nada de resolvido na nossa situação, Kyungsoo. 

É claro que Kyungsoo queria se esquivar daquela conversa. Se ela se desenrolasse como seus últimos diálogos realmente era melhor que nem continuassem, porém dessa vez Jongin não estava ali para aumentar o tamanho das mágoas causadas por ambos até então. 

– Eu não entendi o que você quis dizer – Kyungsoo fez-se de desentendido. 

– Você está confortável com tudo isso? Você acha que realmente não há nada que nós precisemos conversar? – O moreno pressionou. 

E Kyungsoo suspirou profundamente fugindo do olhar do outro sobre si. 

– Há muita coisa não dita entre nós, Jongin. Mas acredito que você roubou a minha chance de me explicar quando você resolveu me odiar antes de me escutar.

Haviam muitos sentimentos contidos naquelas frases. Havia muita mágoa também. 

– Eu sou o único errado, então, Kyungsoo? É isso que quer dizer? – Acusou Jongin.

Porque porra, seu coração doía também. Doera desde o início e a cada dia que se passava só aumentava aquele sentimento de vazio, aquele buraco cada vez mais fundo em seu peito, lhe lembrando de seus próprios erros e de como fora uma vítima de toda situação também. 

– Não, droga, é claro que não – Kyungsoo explodiu. – Eu errei desde o começo, desde antes de nós, eu errei muito, e eu sinto muito também. Mas você escolheu me crucificar antes de tentar me entender.

Era muito difícil para Jongin, era difícil pra caralho tentar manter a sua calma enquanto ouvia Kyungsoo o apedrejar com as próprias palavras. Era complicado ouvir o outro lado da história quando estava tão certo de que ele estava errado.

Mas era para isso que havia ido até ali, certo? E dali não sairia até ter as próprias respostas. 

– Eu quero ouvir. Você disse que tem o seu lado da história, certo? Conte-o para mim, então – falou calmamente, encostando-se contra a parede atras de si e cruzando os braços sobre o peito. 

– Por que agora? – Quis saber o menor. 

– Porque eu cansei de tentar adivinhar seus motivos. Cansei de ter essas dúvidas roubando o meu sono. Eu preciso saber os seus motivos para saber se eu consigo te perdoar – admitiu com toda a franqueza que havia poupado até então. 

– É uma longa história – Advertiu Kyungsoo. 

– Eu estou disposto a ouvir.

Havia um milhão de palavras engasgadas na garganta de Kyungsoo, mil e um sentimentos trancafiados no peito, contudo, quando se via na mira dos olhos de Jongin sua mente se embaralhava e tudo ficava em branco. 

Sabia lá no fundo que precisava falar, que ambos precisavam conversar e que tinha também que colocar para fora tudo que até então se culpava de não poder ter dito ao moreno.

Ele poderia continuar lhe odiando mesmo depois de ouvir o seu lado da história, mas pelo menos Kyungsoo não ia se sentir mais sendo massacrado pelo peso daquelas palavras não ditas e os "e se" que lhe rondavam a cabeça toda noite antes de dormir. 

Sem pressa, sabendo que aquela conversa ia ser longa, sentou-se no braço do seu sofá, não exatamente confortável, mas de frente a Jongin, com os olhos sobre seu rosto bonito trajando uma feição inexpressiva. 

– Quando nós nos encontramos pela primeira vez eu tinha acabado de sair de um relacionamento muito longo e de um término nada fácil. Eu não sei se você percebeu, mas eu não sou do tipo de pessoa que age impulsivamente, Jongin, só que foi exatamente o que aconteceu naquela noite – confessou com a voz baixa e uma sinceridade genuína. – Talvez pela novidade da situação toda eu tenha me descuidado, não sei. Só sei que no dia seguinte eu acordei sóbrio e sem saber como encarar aquele homem estranho que eu tinha compartilhado tanta intimidade. E foi por isso que eu fugi, me desculpe se fui indelicado. 

Teve de rir fraco da situação, apesar de todas aquelas lembranças não evocarem exatamente os melhores sentimentos em si. 

– Mas então, meses depois, logo quando minha vida estava voltando a entrar nos eixos eu descubro que estou esperando um filho. Você tem ideia de como ficou minha cabeça? – Perguntou retórico. – Eu estava esperando o filho de um completo desconhecido, Jongin. E você pode não saber, mas eu fui atrás de você, essa responsabilidade não poderia ser só minha, certo? Eu cheguei a ligar para você, mas quando eu ouvi sua voz do outro lado da linha... Eu não sei o que deu em mim. Eu não pude te contar. Não espero que entenda, mas eu não estava preparado para deixar mais uma pessoa entrar na minha vida, não sabia sequer o que esperar de você. 

Jongin prestava atenção em cada palavra dita por Kyungsoo, os olhos atentos sobre a figura tensa à sua frente, porém seu rosto não denunciava nenhuma de suas reações àquele discurso. 

E Kyungsoo odiava não saber o que se passava por trás de seus olhos amendoados.

Aquelas palavras eram o mais puro conteúdo do seu coração e não, Kyungsoo não deixava ninguém entrevê-lo com facilidade. 

– Na minha cabeça, na época eu estava tomando a melhor decisão – disse cuidadoso, estudando a expressão do moreno em resposta às suas palavras. – Você morava em outro continente, poderia seguir sua vida sem ser perturbado por nada disso. Eu peguei o peso todo para mim e não, não foi nada fácil, Jongin. Meu ex-namorado chegou a me propor assumir o meu filho, sabia? Mas eu já havia mudado demais para conseguir aceitar, Minjoon já havia me mudado. Eu errei muito até aqui, errei demais. No começo eu sequer queria ter um filho, e de repente eu comecei a fazer todo o tipo de burrada possível apenas por achar que estava fazendo o melhor para ele. Você pode achar que não, mas eu achei que estava fazendo o melhor para você também. 

E só Kyungsoo sabia o quanto as próprias mãos tremiam quando se viu proferindo aquelas palavras para o dono de suas maiores preocupações nos últimos tempos. Aquela era a sua verdade. O que fazia seu interior se contorcer em nervosismo, entretanto, era a sua sinceridade não ser o suficiente para o moreno. 

– Eu merecia saber, Kyungsoo – Jongin finalmente quebrou o seu silêncio para declarar.

E aquela observação quebrou Kyungsoo do mesmo modo como cada palavra ácida que ele havia lhe dirigido no passado. 

Porque era verdade. 

– Eu sei – concordou com a voz quebrada. – Mas eu não posso mais voltar atrás. Eu tomei a decisão errada, e assim como todas as decisões difíceis que eu tive de tomar quando assumi uma gravidez sozinho, eu estou encarando as consequências agora.

Não era fácil para si se abrir daquela forma. Nunca fora alguém de expressar os sentimentos tão facilmente, no entanto, sabia que aquilo era imprescindível naquele momento. 

Como um momento de tudo ou nada onde apenas Jongin poderia dar o veredicto final. 

– Por quê? Eu só queria saber o porquê você deixou eu me aproximar de você e do meu filho mesmo tendo escolhido que eu não faria parte da sua vida – questionou ele. E havia angústia em seus olhos castanhos.

Kyungsoo se sentiu um idiota por querer apagar aquele sentimento de suas íris quando sabia o tanto de dor que espelhava nas próprias pupilas. 

– Eu não sei – negou, evitando retribuir o olhar do moreno. – Me desculpe, eu realmente não tenho uma resposta para isso. 

Já havia dito tudo, havia aberto seu coração para Jongin, entretanto, ele queria mais do que aquilo. 

– Você não é ingênuo, Kyungsoo – ele pressionou com o tom de voz sério. – Você não sabia quais seriam as consequências?

– Sabia. E mesmo assim eu deixei – concordou com a cabeça ainda baixa, os olhos desfocados encarando as próprias mãos sobre seu colo. – É minha culpa, é tudo minha culpa, eu sei disso.

– Por que, Kyungsoo? – Mais uma vez Jongin perguntou. Ele inquiriu. 

Kyungsoo se sentiu como em um tribunal. Havia autoridade no tom de voz sério do moreno dirigido a si e, bem lá no fundo, o Do sabia que nunca conseguiria esconder aquela verdade por muito mais tempo. 

– Por você – confessou, erguendo os olhos até o outro. – Eu ignorei minhas próprias vontades por tanto tempo, sempre colocando os outros antes de mim e de repente eu quis ser egoísta. Você não deveria ter aparecido, isso não estava nos planos. 

– Por que você demorou tanto para me contar tudo? 

Kyungsoo deu de ombros com um sorriso amargo pairando nos lábios. 

– Eu só não queria que você me odiasse. 

A veracidade daquelas palavras estavam estampadas no olhar escuro de Do Kyungsoo. 

E como um juiz impetuoso e irrefreável Jongin voltou a inquirir a seu respeito. Ele estava ali em busca de respostas e Kyungsoo podia ler em cada linha de sua postura tensa que ele não iria embora enquanto não as tivesse. 

Kyungsoo nunca fora muito bom em desvendar o moreno. Ele era muito transparente quando queria, entretanto, ele também poderia se transformar em uma pessoa fria em um piscar de olhos. Kyungsoo também já conhecia aquela tão odiada máscara de gelo. Entretanto, o que era aquele olhar enigmático dele em sua direção?

– E por que eu não consigo te odiar mesmo sabendo que você mentiu na minha cara todo esse tempo? – Demandou o moreno.

– Eu não sei, Jongin.

– Por que a cada dia longe meus motivos para me manter afastado faziam menos sentido? – Ele questionou, dando um passo em sua direção. 

O que ele queria dizer com aqueles olhos castanhos banhados de angústia buscando tão desesperadamente pelos seus? 

Porque a cada centímetro que ele encurtava a distância entre seus corpos Kyungsoo sentia a sua barreira de defesa se desmontar mais um pouco, quase como se a presença de Jongin fosse a arma necessária para exterminar suas barreiras e lhe atingir ao mesmo tempo. 

Mas sempre fora assim, não? 

– Eu tentei te odiar, sabia? Mesmo sabendo que eu era o errado da história. Eu achava que assim eu poderia mascarar os sentimentos que eu tinha por você – segredou ao moreno agora parado à sua frente. 

– Funcionou? – Ele quis saber. A voz em tom baixo causando aquelas mesmas sensações boas em seu interior, de uma época onde tudo ainda não havia desmoronado sobre suas cabeças. 

E aquilo era perigoso porque Kyungsoo sabia que ainda não havia aprendido a não cair na tentação que Kim Jongin representava para si. 

– Não – negou. – Eu ainda queria você do meu lado mesmo sabendo que você provavelmente me odiava. 

Mas como não cair por ele? Como esconder aquela verdade quando ela estava estampada em como seu corpo reagia pateticamente a cada ato dele? 

– Queria?

Não, Kyungsoo se viu na obrigação de corrigir. 

Seu desejo por Jongin e todos aqueles sentimentos flamejantes não haviam ficado no passado. 

– Eu quero. 

– Esse é o problema, Kyungsoo – Jongin disse em um tom que não passou de um sussurro. – Eu também quero você.

E Kyungsoo sabia exatamente o que vinha após.

E justamente por isso fechou seus olhos com força, sentindo o coração dolorido por tantas sensações brigando por espaço ali dentro, quando sentiu as mãos de Jongin encontrar os lados de seu rosto e os lábios quentes dele encostarem nos seus. 

Havia um nó em sua garganta e borboletas voando em seu estômago quando deixou suas mãos trêmulas se apoiarem nos ombros largos do moreno, sentindo a boca quente dele fazer a sua mágica em si, enviando calor a todo o seu sistema nervoso, arrepiando sua pele em uma onda avassaladora de êxtase e fazendo sua mente girar por instantes que se pareceram horas.

Kyungsoo havia sentido tanta tanta falta de Jongin. 

Daquela maneira como ele lhe retirava da sua intrincada rede de pensamentos e lhe enviava diretamente a um oásis sensorial apenas com a sensação da boca dele provocando a sua, a língua dele se entrelaçando na sua e as mãos dele contra sua pele, lhe fazendo perceber que o momento presente era muito mais importante do que qualquer problema que pudesse lhe ligar ao passado.

Assim, com aquele beijo lento, tão cheio de sentimento, Jongin fazia as coisas parecerem muito mais simples do que eram na realidade.

Ele fazia também aquela saudade corrosiva se parecer pequena perto do sentimento que voltava a tomar forma em seu coração cheio de cicatrizes que batia acelerado ao ter mais uma vez Jongin ali, tão perto de si, com a pele quente sob seus dedos e a boca de lábios cálidos lhe fazendo lembrar da sensação única de volúpia que apenas ele podia despertar em si.

Eram tantos sentimentos expressados em uma fração tão pequena de tempo. Seus pulmões clamavam por ar, mas Kyungsoo não queria quebrar aquele beijo, não queria se afastar de Jongin. Seu medo mais uma vez falava por si. 

Não queria abrir os olhos para uma realidade diferente daquela onde Jongin estava disposto a lhe perdoar e ajudava a curar cada uma das cicatrizes do seu coração com seus beijos demorados e incumbidos de uma mágica só sua.

Kyungsoo queria tanto Jongin que chegava a doer. 

E admitir aquilo para si mesmo significava também admitir que aquela dor excruciante das últimas semanas fora o simples produto de uma saudade e desejo que não podia suprir. 

Devagar, com um suspiro a cada selar lento em seus lábios inchados, Jongin pôs um fim aquele ósculo longo e cheio de significados, abrindo os olhos para as lágrimas grossas descendo pelas bochechas coradas de um Kyungsoo que não se atreveu a encará-lo de volta.

Limpou delicadamente o rastro das lágrimas no rosto corado, apenas para perceber que era inútil tentar contê-las, uma vez que outras logo desciam refazendo o caminho da anterior pela pele de porcelana.

– Me desculpe, Jongin – Kyungsoo murmurou, escondendo o rosto contra seu peito. – Por favor, diz que me perdoa.

Um choro sofrido tomou conta do ambiente e Jongin se odiou por saber que era o causador de tal choro e de toda mágoa que Kyungsoo destilava junto das lágrimas grossas que agora molhavam o tecido de sua camisa. Seus braços de fecharam de forma protetora contra o corpo do menor, puxando-o para ficar de pé, em um abraço que ele demorou a retribuir, passando os braços fracamente por sua cintura.

Lágrimas também salpicavam seus olhos, mas Jongin se recusou a derramá-las. Aquele não era um momento de demonstrar fraqueza, estava ali para consertar tudo aquilo de errado que havia deixado para trás, e o Kyungsoo magoado e choroso entre seus braços era um desses. Magoá-lo fora seu maior erro e Kyungsoo era seu maior acerto. 

Por que havia resistido por tanto tempo?  

– Eu entendi os seus motivos – murmurou, com uma das mãos passeando pelas costas do menor em um ato de consolo. – Você errou, tomou decisões que cabiam apenas a eu tomar, mas eu entendo.

Kyungsoo levantou os olhos úmidos em sua direção, mais calmo, mas com rastros de dor brilhando em suas íris escuras. 

– Isso não quer dizer que você me perdoa.

Jongin suspirou, concordando. 

– Isso vai levar mais um pouco de tempo.

– Você não vai mais sair por aquela porta depois de tudo isso, vai? – Kyungsoo perguntou temeroso, apertando o tecido de sua camisa entre os dedos.

E aquele ato involuntário só fez Jongin ter ainda mais vontade de ficar. 

– Não vou. Eu não consigo. Você me concede esse tempo? – Pediu, encostando sua testa na do menor, gostando da forma como suas respirações se misturavam naquela proximidade.

– Você acha que vai conseguir voltar a olhar pra mim sem se lembrar de que já me odiou? 

Jongin sorriu, fechando os olhos a seguir de sua resposta simplista e um dar de ombros. 

– Mas eu nunca consegui te odiar, Kyungsoo. 

E dessa vez não havia dor ou qualquer sentimento de confusão quando Jongin cobriu a boca de Kyungsoo com a sua. 

Tudo estava claro em sua mente e coração, apenas pela forma como ele batia descompassado ao sentir Do Kyungsoo lhe corresponder com tanta vontade, tanta fome. 

Era saudade o nome daquele sentimento ingrato que lhe corroera o interior por todas aquelas malditas semanas. Era saudade do cheiro de Kyungsoo, do seu toque, da sua pele. 

Cada característica dele estava cravada no fundo de sua mente e guardada em um compartimento dentro de seu coração da qual não possuía a chave. Mesmo quando parecia possuir todos os motivos do mundo para deixá-lo, seu coração insistia em querer uma pessoa só.

Era Kyungsoo.

Era por ele que ele batia agora tão acelerado quando o menor suspirava tão entregue ao apertar os braços ao redor de seu corpo, parecendo querer ficar ainda mais próximo de si. E Jongin queria o mesmo. Queria mais daquela proximidade quando puxou-o pela cintura de forma a colar ambos os corpos em um abraço quente e cheio de contato. 

Quente e avassalador como o beijo profundo que enviou uma série de arrepios por sua pele. 

A boca macia de Kyungsoo era sua perdição. 

Ali não havia espaços para mágoas ou qualquer resquício de dor, na verdade, Jongin podia sentir na ponta da língua de Kyungsoo, no gosto de seus lábios, a forma como ele sentia a sua falta também. A maneira como as mãos dele percorriam suas costas, pressionando os dedos sobre o tecido que fazia uma barreira e o impedia de tocar sua pele livremente. 

Parecia simplesmente insana a forma como ambos haviam negado os próprios sentimentos até então. Tudo isso por que? Por puro orgulho? 

Simplesmente não valia a pena.  

– Você me deu um filho, Kyungsoo – disse ofegante contra a boca carnuda. – E apesar de isso não ter feito muito sentido no começo, agora eu consigo te entender um pouco melhor. Você fez o que achou que seria melhor para ele. Você o criou sozinho até agora, mesmo que isso virasse a sua vida de cabeça para baixo. Você trouxe meu filho ao mundo mesmo quando claramente essa opção não era a mais viável para você. Mas você não pensou em si mesmo, você pensou nele. E eu me pergunto, Kyungsoo, como eu posso não amar alguém que se sacrificou tanto pelo meu próprio filho? 

E pela forma como seus corpos estavam colados, Kyungsoo não duvidou que Jongin poderia sentir a forma como seu coração estava batendo acelerado. 

Sua cabeça girava e simplesmente já havia desistido de tentar fazer algum sentido dos próprios pensamentos. 

– Você o que?

– Eu acho que eu te amo, Do Kyungsoo. 

E Kyungsoo não precisou responder com palavras. 

A forma meio afoita como voltou a juntar à sua boca na de Jongin calou qualquer palavra que poderia pronunciar, deixando que suas ações falassem por si. Na verdade, o Do achava que sequer conseguiria falar qualquer coisa depois de ouvir aquela confissão sussurrada do moreno. 

Seu coração batia tão acelerado dentro do peito que chegou a questionar se seria possível ele ultrapassar sua caixa torácica. A parte boa é que ele batia por todos os motivos certos dessa vez.

Havia um sorriso sendo contido no meio daquele beijo apressado e com gosto de desejo e saudade reprimida, e era ainda melhor sentir Jongin lhe retribuir com toda a intensidade típica de sua personalidade.

Em um momento estavam de pé, dentro de um abraço apertado e uma confusão de mãos e toques apressados e em outro o moreno estava sobre si no sofá, com o corpo torneado exercendo uma pressão gostosa sobre si e a boca dele passeando por seu rosto, maxilar e pescoço, em uma trilha de beijos e mordidas que roubavam seu fôlego e seu controle sobre o próprio corpo e mente. Ambos estavam nas mãos experientes que lhe apertavam a pele sob sua blusa, espalhando calor com seus toques firmes e certeiros.

– Jongin, o Baekhyun pode entrar a qualquer momento e nos encontrar aqui, vamos para o meu quarto – alertou em um curto lapso de consciência.

A última coisa que queria era ser interrompido ou flagrado pelo Byun em um momento como aquele. 

E Jongin pareceu concordar consigo quando custosamente levantou-se, puxando-lhe junto a si e entrelaçando uma de suas mãos com a dele em um ato singelo, mas que foi o suficiente para Kyungsoo saber que estava tomando a decisão certa.

Seu corpo dizia por si, Jongin era a resposta correta da qual buscava. 

E aquele brilho de carinho e mais uma profusão de sentimentos que via refletidos nos olhos castanhos em sua direção... Aquele era o Jongin da qual conhecia e havia se apaixonado. 

E ele estava de volta. 

– Quanto tempo nós temos até o Minjoon acordar? – O moreno quis saber assim que chegaram até a sua cama. 

– Muito pouco. Então eu sugiro que nos apressemos. 

E Jongin não quis perder nenhum segundo. 

Kyungsoo tremia em expectativa conforme sentia os toques do moreno se tornarem mais urgentes, sentindo a própria ansiedade no ato de despir Jongin, redescobrindo a pele bronzeada a cada peça de roupa que desaparecia de seu corpo bem torneado, fazendo ressurgir também um desejo antes mal escondido sobre aquele falso ódio, agora muito claro, correndo em suas veias como fogo líquido enquanto se deixava matar as saudades daquela pele ardente, tocando-o em uma mistura confusa de carinho e desejo, deslizando as mãos pelo peitoral firme enquanto sentia lábios famintos trilhando caminhos úmidos por seu pescoço, arrastando as unhas curtas pelas costas torneadas de músculos ao sentir uma das mãos de Jongin envolver com firmeza entre os dedos ágeis seu membro duro que pulsava clemente de atenção. 

Estava especialmente sensível ou aquela era simplesmente a influência de Jongin sobre si? Kyungsoo não saberia responder, não enquanto tinha a mente em branco, embargado pela sensação de êxtase causada pela fricção poderosa dos dedos ágeis de Jongin em seu membro necessitado. 

Seu baixo ventre repuxava naquela conhecida sensação que antecipava um orgasmo poderoso, mas Kyungsoo não queria terminar assim, não tão cedo. 

Foi com muita relutância que empurrou Jongin com delicadeza, indo contra o próprio instinto ao se impedir de alcançar o orgasmo tão próximo, mas se obrigando a ser racional naquele momento em que sentia a própria consciência tão turva. 

Ter o olhar ardente de Jongin sobre cada um de seus movimentos não facilitava muito a própria urgência, porém por sorte encontrou preservativos no fundo da gaveta da mesa de cabeceira, rasgando uma das embalagens plásticas com pressa, desenrolando a proteção de látex sobre o membro de Jongin sob o olhar atento dele. Definitivamente não estava em seus planos encomendar outro filho em um futuro próximo. 

Teve os lábios capturados mais uma vez em um beijo cheio de desejo por parte de Jongin que usou da magia de seus lábios macios para distrair Kyungsoo do desconforto inicial da penetração, transformando qualquer dor em prazer com os movimentos cuidadosos de seu quadril e do seu beijo poderoso, marcando a pele leitosa sob si com suas mãos que nunca se cansavam de marcar aquela derme em uma sensação repentina de possessividade. 

Marcar Kyungsoo como seu de repente se pareceu muito importante para si. 

E era quase assustadora a forma como aquele sentimento antes não declarado tomava proporções ainda maiores conforme calava os gemidos do menor em seu beijo e invadia seu corpo com cada vez mais necessidade, necessidade essa que representava seu corpo e seu coração. Havia o tesão ali, falando mais alto enquanto buscava o próprio ápice ao tocar e invadir o corpo torneado em busca de alívio, mas havia também aquele tal de amor que apenas agora começava a fazer sentido, esse que fazia com que aquele momento tivesse toda uma conotação diferente perante o seu coração que batia desenfreado no peito por vários motivos diferentes. 

Com a respiração ofegante, Jongin abriu os olhos para uma visão que fez seu coração falhar uma batida, abrindo um sorriso mesmo em meio à bagunça de sensações que se encontrava naquele instante. A visão de Kyungsoo excitado abaixo de si se parecia com uma lembrança que gostaria de marcar a fundo em sua mente. 

A cabeça tombada deleite, as bochechas vermelhas e a boca rosada entreaberta e ofegante, clamando o seu nome baixinho e entrecortadamente. Era assim que gostaria de se lembrar dele dali pra frente, passando uma borracha mental em todas as lembranças dolorosas até ali.

Assim como ele gemia seu nome, entregue, rebolando em busca do próprio ápice, mergulhado nas sensações que o proporcionava, Jongin se deixou embalar pelo prazer crescente que tomava conta de seus sentidos, afundando o rosto na curvatura do pescoço de Kyungsoo que agora exibia marcas de sua possessão, gemendo rouco enquanto atendia aos clamores dele e aumentava o ritmo de seus quadris, indo rápido, profundo, sentindo a fricção do interior quente e apertado lançar arrepios em ambos os corpos suados e que deslizavam com facilidade em toda aquela proximidade cheia de contato. 

Sabia que o ápice estava a poucos instantes de distância e queria que Kyungsoo o alcançasse junto a si, gemendo com aquela voz rouca ao pé de seu ouvido enquanto gozava por sua causa. O moreno diminuiu o ritmo de seu quadril apenas para alcançar a ereção molhada do menor, sorrindo deliciado com a expressão banhada de prazer que se formou em seus traços, iniciando um vai e vem exigente junto dos movimentos cadenciados e calculados de sua pélvis contra o quadril dele, sentindo-o se impulsionando em sua direção a cada investida, sentindo também que poderia se entregar sem reservas ao orgasmo que borbulhava em suas veias e lhe atingiu como uma onda poderosa e incontrolável. 

Sua mente saiu de órbita por alguns segundos e apenas seu instinto tomou conta, e nesse mesmo curto período de tempo, apesar da consciência longe, Jongin sabia que aquela voz suplicante que ouvia à distância pertencia a si. 

Era o nome de Kyungsoo que escorria por seus lábios como uma prece sussurrante e insistente. 

Era a presença dele, o corpo, o cheiro, as mãos, os toques, a boca, os beijos, eram todos aqueles motivos que haviam lhe perseguido como um maldito fantasma durante aquele estúpido período de distância entre eles apenas para lhe mostrar que ficar sozinho não era mais uma opção. 

Quando o moreno voltou a abrir os olhos de seus devaneios, achou que ainda estava sonhando ao se deparar com aquele sorriso codiforme que habitava seus pensamentos junto de seus fantasmas interiores. 

E aqueles terríveis olhos castanhos de Jongin continuavam infalíveis na arte de fazer Kyungsoo se desarmar por inteiro. 

A forma como ele lhe olhava depois de dizer que lhe amava e logo após fazer amor... 

Jongin não tinha esse direito. Ele não deveria ter o direito de chegar de repente e lhe bagunçar com tanta propriedade a sua tentativa de organização. Entretanto, ele fazia o caos se parecer com a alternativa mais doce.

Amor. 

Sim, Kyungsoo não tinha dúvidas de que era amor. 

E quando Jongin se debruçou mais uma vez, dessa vez docemente, lentamente, naquele beijo com ar casto, Kyungsoo imprimiu todas aquelas emoções em ebulição no seu peito no toque cálido de seus lábios. 

Tudo ainda estava uma bagunça, mas só de ter Jongin novamente ali, daquele jeito consigo, sabia que tudo ficaria bem. 

Infelizmente a realidade voltou a cair sobre suas cabeças e Kyungsoo se lembrou de que o filho adormecido não ficaria por muito mais tempo naquele sono calmo. Havia sido tudo apressado sim, mas cada toque urgente havia contido tanta sinceridade que o Do não trocaria aqueles momentos por nada no mundo. E Jongin parecia concordar consigo quando entrou no chuveiro consigo, não querendo largar de seus lábios nem mesmo sob o jato de água morna que descia sobre seus corpos, em um banho corrido antes de Minjoon chorar do outro lado do corredor e acabar com o momento de reconciliação de ambos os pais. 

E não demorou para tal fato se concretizar. 

– Pode deixar comigo, eu vou lá – Jongin se prontificou a ir cuidar do filho. 

– Você tem certeza? 

Não que ainda não restasse um resquício de estranheza em Kyungsoo com toda aquela situação. Ainda era tudo muito novo para si e, definitivamente, dividir as tarefas na hora de tomar conta do filho não era algo costumeiro. 

Jongin, entretanto, estava disposto a mudar aquilo. 

– Claro. Você se esqueceu? Eu também sou o pai dele – e ele possuía um sorriso grande e orgulhoso quando proferiu tais palavras.

A água quente continuava a cair sob si, mas naquele instante Kyungsoo so conseguiu se focar na sensação de calor que jorrava do próprio peito. Quente, calorosa, transbordante.

– Jongin?! – chamou-o de volta enquanto ele cruzava a porta do banheiro. – Eu acho que também amo você. 

 

 

 


***
 

 

 

 

Não era como se todos os seus problemas tivessem desaparecido de uma hora para outra como em um passe de mágica. Definitivamente não.

Aquela primeira conversa que tivera com Kyungsoo havia sido apenas a ponta do iceberg. Ainda havia muita coisa a ser discutida com ele, muitas cartas a serem jogadas sobre a mesa, entretanto, Jongin compreendia também que aquilo levava tempo. Eles precisavam ser completamente honestos um com o outro para aquilo dar certo e, se dependesse de si, iria dar. Kyungsoo também estava muito mais aberto a si em todos os sentidos. Ele não mais escondia um segredo de si e ter tirado aquele obstáculo de seus caminhos fora a melhor decisão possível.

Não era como se agora Jongin concordasse com a atitude de Kyungsoo de esconder sua paternidade de si, na verdade, agora simplesmente compreendia seu lado. Se abrira o suficiente para ouvir o seu lado da história e abrira seu coração também para perdoá-lo. 

Kyungsoo sabia que tinha errado e Jongin sabia também que não havia tomado as decisões mais corretas com a cabeça quente. Era um processo de perdão de ambos os lados e o que importava realmente era o elo que os ligava. Completava.

Minjoon.

Os últimos dias haviam sido diferentes, claro. Agora já conseguia dormir à noite sem ficar se revirando na cama insone e conseguia também visitar o próprio filho sem precisar marcar um horário para tal. E o melhor, tinha agora o outro pai para lhe fazer companhia. 

Até o ar parecia ter ficado mais leve repentinamente. 

E com seus conflitos interiores parcialmente resolvidos Jongin se sentiu mais preparado para encarar a mãe que reclamava de sua ausência agora que ela tinha voltado ao país. No fundo, o moreno sabia porque estava fugindo das visitas à mãe, ela sempre muito intuitiva e observadora não demoraria a perceber em seu comportamento algum indício de suas preocupações e Jongin simplesmente não estava preparado ainda para lhe contar tudo aquilo que estava acontecendo. 

Era muita coisa a revelar à família e precisaria de um tempo até prepará-los para a notícia de que não apenas possuía um filho como também estava junto do pai que lhe escondera tal fato.

Assim que cruzou a porta de entrada da casa da família estranhou o fato de sua mãe não ter ido lhe recepcionar. 

Havia avisado-a de que estava indo finalmente passar um tempo consigo, coisa que ela vivia reclamando que nunca tinha pois estava sempre trabalhando, entretanto ela não apareceu na entrada com seus abraços apertados e demonstrações de carinho sempre exageradas como o de costume. 

Quando chegou à sala de estar, porém logo a encontrou, sentada no sofá espaçoso elegantemente como nunca deixava de ser. Mesmo com as marcas do tempo no rosto outrora jovial, sua mãe nunca parecia perder aquele ar de elegância intrínseco de sua personalidade e atos. 

Abriu um sorriso ao se encaminhar na direção da mãe, preparando-se para um de seus sermões bem humorados relacionados à sua vida corrida, entretanto, foi saudado com um olhar frio que não testemunhava há anos. Ela não parecia muito feliz em lhe ver. 

– Kim Jongin, você pode me explicar o que é isso? – Questionou, apontando papéis na mesa de centro logo a sua frente.

O moreno apressou-se em pegar os tais papéis, confuso com tal recepção vinda de sua mãe. 

– Você achou que conseguiria esconder por muito tempo de que estava movendo um processo de reconhecimento de paternidade de sua família? – Disse ela com a voz e olhar refletindo uma frieza que atingiu Jongin em cheio. 

– Onde você conseguiu isso? – O moreno perguntou alarmado. 

Droga. 

Não era para ela descobrir assim. 

– O seu pai tem conexões, Jongin. E você tem explicações a me dar. 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E não é que teve reconciliação mesmo, meu povo?

Gostaram? Odiaram?

Beijos e até o próximo!


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