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História (Des)Encontros - Infelizes coincidências


Escrita por: HANA_NIM

Notas do Autor


Preparados? Eu acho que não.

Apertem os cintos e boa leitura!

Capítulo 17 - Infelizes coincidências


 

 

 

– A mãe do Jongin quer me conhecer, Baek, e eu não sei se estou preparado para isso – desabafou Kyungsoo, suspirando audivelmente do outro lado da linha. 

– Uh. Eu não queria estar na sua pele agora – Baekhyun disse, sem filtros. Delicadeza não era bem o seu forte. – O Jongin contou a ela o que rolou entre vocês?

Kyungsoo lhe contara tudo que havia ocorrido, claro, entretanto Baekhyun não se surpreendeu tanto, afinal, estava meio na cara que mais cedo ou mais tarde aquele conflito chegaria ao fim. Fosse porque ambos não conseguiriam fingir se odiar por muito tempo ou puramente porque eles tinham um filho juntos e em algum momento teriam de se enfrentar e arrumar toda aquela bagunça de sentimentos que haviam deixado para trás.

E na última vez que vira Jongin em seu escritório, Baekhyun percebera também que o moreno travava uma luta da qual já havia perdido há tempos contra os próprios sentimentos.

– Ela sabe que estamos juntos, claro, mas ele preferiu omitir os desentendimentos por motivos óbvios. E é claro que ela agora quer conhecer o próprio neto – contou o Do, claramente nervoso. 

Dava para entender seu nervosismo? Totalmente, mas Baekhyun achava que o amigo estava fazendo uma tempestade em copo d'água com aquela situação. 

– Mas isso é algo bom de certa maneira, não? Ela quer conhecê-los, afinal de contas – o Byun falou, tentando animá-lo. 

– Eu sei disso... É só que eu estou apavorado – confessou Kyungsoo. – E se ela não gostar de mim? E se eu não fizer uma boa impressão? Ou se ela já tiver tirados as próprias conclusões antes de me conhecer? Querendo ou não ela é avó do Minjoon também. 

Baekhyun revirou os olhos para aquela costumeira demonstração de pessimismo de Kyungsoo. Conseguia imaginá-lo perfeitamente do outro lado da linha com os olhos já grandes ainda maiores por causa da expressão aterrorizada. 

– Bom, isso infelizmente você só vai descobrir na hora. Mas não pensa besteira, sério, tenho certeza que vai dar tudo certo. Tenho certeza que quando ela ver o Minjoon pela primeira vez ela não vai ter olhos para mais nada. 

O que não era mentira nenhuma. Seu afilhado era realmente o bebê mais fofo do mundo em sua humilde opinião e não tinha como uma avó não se emocionar ao encontrar o neto pela primeira vez. E apesar daquela pose de durão, Kyungsoo também era adorável e não era possível desgostar de alguém que tinha um sorriso tão bonitinho como o dele – não que Baekhyun algum dia fosse admitir qualquer um desses fatos em voz alta. 

– Só espero que você esteja certo – Kyungsoo disse com um muxoxo desanimado. 

– E o Jongin, o que acha disso tudo? 

– Ele está se sentindo culpado por ter deixado a mãe descobrir tudo tão cedo, ele queria ter dado essa notícia na hora certa para a família, mas eu entendo também o lado da mãe dele. 

– E entre vocês? Está tudo bem mesmo? – Quis saber, com sua preocupação falando mais alto. 

Ainda não estava 100% confiante naquela relação de Kyungsoo, sabia que era imaturo aquele tipo de pensamento principalmente por saber o quão bem Jongin fazia ao amigo e o quanto, apesar dos desentendimentos, ambos se gostavam, entretanto nada daquilo os impedia de se magoarem novamente e era aquilo que afligia Baekhyun. 

Já havia testemunhado Kyungsoo se magoando tanto que de repente se tornara ainda mais protetor a seu respeito. Só queria vê-lo feliz finalmente, sem se preocupar com mil e um problemas que insistiam em aparecer e atrapalhar sua vida. 

– Está – Kyungsoo disse com um tom perceptivelmente mais relaxado. Baekhyun sabia que ele sorria do outro lado. – Agora que não há mais nenhum segredo entre nós é como se um peso tivesse saído das minhas costas e ver o Minjoon se dando tão bem com o pai dele não tem preço. Nós deveríamos ter deixado o orgulho de lado mais cedo. 

E se ele estava feliz, Baekhyun ficava feliz também. 

Tantas vezes Kyungsoo tomara aquele papel para si, de seu protetor, que era apenas natural agir como o hyung que era pela primeira vez na vida. 

– Olha só para você, chamando o Jongin de pai do Minjoonnie... – sorriu, genuinamente alegre pelo amigo. – Eu fico muito feliz que vocês tenham feito as pazes, sério. Estava meio na cara que vocês se gostavam esse tempo todo. Vocês só precisavam cair na real mesmo. 

– Tipo você e o Chanyeol? – Kyungsoo ironizou. 

– É, tipo eu e o Chanyeol – admitiu Baekhyun com um riso fraco e os olhos descendo até o corpo desnudo deitado de forma displicente sobre suas coxas. 

– E como andam as coisas com o Park? 

E foi Baekhyun quem sorriu lânguido dessa vez, sentindo um calorzinho engraçado tomar conta do peito ao citar o nome do grandão que ocupava a cama junto a si. 

– Melhor impossível, não é, Chanyeol? Inclusive no momento ele está descansando aqui no meu colo recuperando as forças para um possível segundo round – contou com uma gargalhada, tirando um resmungo constrangido de Chanyeol. 

– Você estava transando? – Kyungsoo reclamou. – Ugh, pode me poupar dos detalhes sórdidos, por favor.

Claro que Baekhyun nunca cansaria de encher o saco de Kyungsoo com seu humor completamente distorcido. 

– Como quiser, Sr. Santinho – provocou. 

– Eu vou desligar, não tenho psicológico para conversar sabendo que você está pelado do outro lado da linha. Adeus. 

E no instante seguinte tudo o que Baekhyun ouviu foi o barulho da ligação sendo encerrada. 

– Ele realmente desligou na minha cara – disse com um bico emburrado, olhando para o celular com o contato de Kyungsoo brilhando na tela. 

– Também você precisava ter falado aquilo? – Chanyeol resmungou, abrindo os olhos que havia mantido fechados até então é fitando o outro com falsa indignação. – O que ele vai achar de mim agora?

Baekhyun riu fraco daquela pseudo reclamação. 

Chanyeol que antes sempre tinha um ar profissional e sério demais para a própria idade havia se mostrado nos últimos tempos bem diferente daquela imagem que ele havia pintado de início, não que Baekhyun estivesse reclamando de qualquer maneira. Porque aquele Chanyeol desnudo, deitado sobre si com os cabelos bagunçados e os olhos recheados de preguiça lhe fitando com uma inocência que ele definitivamente não possuía era a visão mais adorável do mundo. 

Ele quisera se fazer de difícil no início e Baekhyun até o entendia, afinal havia sido um babaca com ele, claro que deveria tentar conquistar a sua confiança e ser paciência, no entanto não era como se Chanyeol pudesse ter aguentado aquela tensão sexual toda que os rodeava. Aquela primeira noite inocente que o Byun havia o convidado para seu apartamento para conversarem sem precisarem ser interrompidos? Baekhyun sequer se lembrava deles terem acabado algum diálogo antes de acabarem em sua cama. 

E no final percebera que aquele pensamento que rondava sua cabeça ao fitar o secretário gostoso era realmente verdade: ele era mesmo incrível na cama. 

Mas, além daquela química invejável que possuíam na cama o Byun admitia que nunca pensara que falaria aquilo do seu ex-secretário grandão, mas Park Chanyeol também era adorável demais para o seu próprio bem e cada observação singela como aquela fazia com que seu coração bramisse naquele sentimento novo e esquisito que a cada dia ganhava mais espaço em seu peito. Baekhyun já não possuía mais nenhum controle sobre as próprias emoções. 

E o pior era que estava adorando aquela falta de controle desde que o motivo da bagunça em que sua vida se encontrava fosse Chanyeol, tudo estaria bem.

Porque até mesmo aquela tempestade de sensações e sentimentos que ele lhe causava lhe atingiam com a intensidade de uma brisa gentil. 

– Não vai achar nada, relaxa, o Kyungsoo já tem a pior impressão possível de mim para achar que você é o indecente da relação. 

– Então quer dizer que você é um indecente assumido? – O Park perguntou, entrecerrando os olhos ameaçadoramente em sua direção. 

E apesar daquele tamanho todo, o Byun sabia que ele oferecia tanto perigo quanto um cachorrinho indefeso. E talvez fosse por isso que gostava tanto de provocá-lo. 

– Um indecente que é completamente louco por você – respondeu com um sorriso indecente voltando a se pintar em seus lábios.

De repente a sua vontade de Park Chanyeol havia se reacendido. E quando se inclinou para pousar um beijo no maior ele não recusou seus carinhos, lhe recebendo daquela sua forma sempre tão calorosa e receptiva, matando sua fome, suprindo aquele desejo que nunca parecia ser completamente saciado. 

Porque a forma doce e quente dele lhe corresponder, com uma submissão que se transformava em controle em questão de segundos nunca falhava em acender em seu corpo os mais obscenos pensamentos e desejos. 

E a forma com que as mãos dele deslizavam por sua nuca, se embrenhando por seu cabelo enquanto aprofundava o beijo... 

– Agora eu vou ficar cima – sussurrou devasso contra a audição do maior, observando com satisfação um arrepio cruzar a pele alva. 

Oh, definitivamente Baekhyun não o deixaria sair daquela cama por mais algum par de horas.

 

 

 


***

 

 

 

 

– Você tem certeza de que quer fazer isso? Você sabe que eu posso ligar e cancelar tudo... – Jongin lhe perguntou pela milésima vez com os olhos aflitos.

Eles estavam se preparando para o temido almoço com sua família e Jongin estava tentando convencer Kyungsoo pela última vez de que ele não precisaria ir se não quisesse realmente. 

– Não, Jongin, eu vou –
Confirmou Kyungsoo mais uma vez. – Nós já prometemos, lembra?

– Eu posso inventar uma desculpa qualquer, você não precisa se forçar a ir – o moreno rebateu, preocupado.

A ideia havia sido de sua mãe lógico, ela não gostara nada de saber que estava escondendo um fato tão grandioso de si e logo fez a sua exigência: queria conhecer Kyungsoo e Minjoon. Ela sequer havia deixado espaços para contestá-la, apenas marcando uma data e exigindo a presença de ambos lá. 

Jongin sabia que a mãe estava chateada consigo e aquela era a sua maneira de demonstrar seu descontentamento, entretanto o moreno entendia também que Kyungsoo estava aterrorizado com aquele encontro. Era completamente compreensível. 

No entanto, apesar de tudo o menor se recusava a não comparecer, insistindo em lhe acompanhar naquele almoço mesmo que conseguisse ver em seus olhos escuros a sombra da insegurança se fazendo presente. 

Aquele era mais um fato que havia aprendido a respeito de Do Kyungsoo: ele se fazia de forte mesmo quando estava claramente abalado. E aquilo se tornara mais um fato que aprendera admirar nele também, porque era preciso muita coragem para encarar os seus medos de frente e isso Kyungsoo tinha de sobra. 

– Hey, relaxa – o menor lhe reassegurou. – Eu vou precisar fazer isso em algum momento, então não tem porque ficar adiando.

– Eu me odeio por te fazer passar por isso – Jongin suspirou, puxando o menor para um meio abraço, finalmente se dando por vencido. 

Com um quebra cabeça de encaixe perfeito, era assim que Kyungsoo cabia dentro do seu abraço, segurando Minjoon com destreza em um dos braços e passando o braço livre por sua cintura. Seu filho era a peça chave. 

E era em momentos como aquele que o peito de Jongin se enchia de um sentimento tão grande e tão bom que sequer poderia colocar em palavras, tornando os dias cheios de mágoa em que havia passado sozinho em conflito com o próprio ego e orgulho apenas uma lembrança longínqua, uma mancha quase imperceptível em seu subconsciente perto dos seus seus dias repletos de sorrisos codiformes e risadas infantis. 

Em uma cura lenta, mas efetiva, todas as feridas do seu coração se fechavam pouco a pouco com uma fórmula infalível: a presença de seu filho e os beijos calorosos de Kyungsoo.

E a melhor parte de tudo para si era ver refletidos naqueles olhos outrora cheios de mistério tudo aquilo que o Do antes não se permitia sentir. Não haviam mais barreiras ao redor de seu coração, ele não tinha mais medo da intensidade de seus sentimentos, nem de se doar de acordo com o que seu coração lhe dizia. 

Não haviam mais segredos entre eles e agora Jongin não era mais apaixonado apenas pelo vislumbre de um Kyungsoo cheio de mistérios, agora Jongin era apaixonado pela totalidade que ele representava. Com suas qualidades, suas falhas, com seus momentos de fraquezas e também a capacidade dele lhe magoar. 

Mas aquilo era o amor, não? 

Era se doar, se jogar em um futuro mesmo sabendo que poderia acabar se machucando porque no final, ah, no final Jongin sabia que aquela dor sentida teria valido a pena.

– Acredite, eu já passei por coisas muito piores, pelo menos é a esse fato que vou tentar me agarrar se sua mãe não gostar de mim – brincou Kyungsoo, por mais que suas palavras tivessem um fundo de verdade. 

– Não seja bobo, é claro que ela vai gostar de você. Não é, Minjoonnie? – Jongin resmungou, pegando o filho no colo, fazendo o caminho da porta resignado com a decisão de Kyungsoo.

– Já está tentando colocar meu filho contra mim, Jongin? Isso é jogo baixo – Kyungsoo disse em um falso tom ofendido, chamando o elevador até seu andar.

Ele estava vestido de forma impecável e formal e, por mais que o moreno tivesse lhe dito que não era necessário, havia insistido naquele conjunto de camisa e paletó que Jongin tinha de dar o braço a torcer e admitir que lhe caíam muito bem. Até mesmo seu filho que sempre ostentava os mais diversos macacões com temas de divertidos de animais e desenhos animados vestia um conjunto de calça e suéter infantil que lhe fazia parecer um adulto em um corpo diminuto, era adorável e mostrava também que nem mesmo Minjoon havia conseguido fugir da mania de perfeição do pai. 

– Só estou tentando te deixar mais tranquilo – se explicou, com os olhos recheados de carinho recuando sobre o menor. – Vai ser apenas um almoço, coisa rápida, e se você se sentir desconfortável é só me falar e nós podemos voltar a qualquer momento, entendeu? – Explicou uma última vez. 

E Kyungsoo teve de sorrir ao aquiescer ao senso protetor exagerado do moreno. 

– Sim, senhor.

Mas no fundo, bem lá no fundo, Kyungsoo admitia que amava toda aquela proteção e a sensação de ser cuidado. 

 

 

 

***

 

 

 

 

Kyungsoo não poderia negar que sentia as mãos tremerem ao descer do carro com Minjoon no colo, entretanto o sorriso encorajador de Jongin em sua direção e a forma como ele tomou uma de suas mãos entre a dele e as entrelaçou serviu para acalmar pelo menos um pouco seu coração aflito. 

No fundo de seus límpidos olhos castanhos ele lhe dizia silenciosamente que tudo ficaria bem. E Kyungsoo acreditou nele. 

Poucos segundos após a campainha ser tocada a porta de entrada foi aberta por um empregado que os conduziu até uma espaçosa e bem decorada sala de estar e Kyungsoo reconheceu instantaneamente na mulher elegante que ali os esperava características que deixavam evidentes seu parentesco com o moreno ao seu lado. Aquela deveria ser a temível mãe de Jongin. 

– Você deve ser Do Kyungsoo – ela o saudou com um sorriso brando. 

Definitivamente, ela era muito menos assustadora do que havia imaginado e talvez aquilo se devesse ao fato de ela possuir os mesmos olhos castanhos calorosos de Jongin. 

– Muito prazer, Sra. Kim – cumprimentou com uma timidez evidente. 

– Por favor, me chame de Soyeon – ela dispensou as formalidades, logo voltando a atenção até o bebê em seu colo. – E este rapazinho seria...

– Este é Minjoon, mãe, nosso filho – Jongin se pronunciou com um perceptível tom de orgulho em sua voz que fez o peito de Kyungsoo se aquecer de emoção. 

E eram coisas pequenas e bobas como aquela que faziam o menor se pegar pensando em como era mesmo muito sortudo, porque, assim do nada e inesperadamente, o destino havia colocado a melhor pessoa possível ao seu lado. Pois Jongin não era bom apenas para si, ele conseguia ser um pai perfeito também. 

– Ele é lindo – Soyeon murmurou maravilhada e visivelmente emocionada. – Eu posso pegá-lo no colo?

Soyeon tinha os olhos marejados quando Kyungsoo deixou que ela tomasse Minjoon nos braços, o segurando de forma cuidadosa e o fitando com um carinho explícito por um par de segundos silenciosos. 

Minjoon era uma criança calma e não estranhou o colo daquela desconhecida para si, se permitindo abrir um sorriso sem dentes ao ter umas das bochechas tocadas com ternura pela avó. 

Jongin voltou a entrelaçar sua mão a de Kyungsoo, abrindo um sorriso pequeno em sua direção como quem dizia que não havia mais com o que se preocupar. Sua mãe havia o aprovado e se encantado com Minjoon. 

– Ele tem os seus olhos, Jongin – ela disse emocionada ao filho. – E ele tem o seu sorriso, Do Kyungsoo – completou, devolvendo o filho aos seus braços. 

Só então Kyungsoo pode finalmente respirar aliviado. Mais um obstáculo havia sido ultrapassado e, apesar do que pensara anteriormente, a mãe de Jongin não representava qualquer perigo. 

– Eu tenho que me desculpar por ter apressado esse encontro, mas o Jongin me conhece e sabe como sou ansiosa, quando fiquei sabendo que eu tinha um neto... – ela desculpou-se. – Eu precisava conhecê-lo, entende?

– Eu ia te apresentá-lo, mãe, mas você não sabe ser paciente – Jongin rebateu. 

– Não, eu não sei. Mas agora que o vejo meu coração está tranquilo. Ele é uma criança adorável e você... – ela virou-se para Kyungsoo, sorridente. – Você é um lindo rapaz. Eu sabia que podia contar com o bom gosto de Jongin. 

– Muito obrigado, Soyeon – Kyungsoo agradeceu lisonjeado, mas sem conseguir evitar corar com tal elogio. 

Definitivamente não esperara conseguir a aprovação de sua agora sogra e avó de Minjoon tão facilmente e ficava feliz de tê-la obtido sem precisar passar por nenhum outro conflito cansativo. 

Soyeon se parecia com uma pessoa alegre e gentil e Kyungsoo se aliviava também por saber que seu filho teria uma figura como ela fazendo o papel de sua avó paterna. 

E era engraçado como a chegada de Jongin em sua vida havia transformado tudo ao seu redor, até pouco tempo atrás sua vida era resumida a uma família incompleta formada apenas por si e por Minjoon, mas com a chegada do moreno nada mais fora o mesmo. Ele colocara sim seu mundo de cabeça para baixo, mas da forma mais louca havia também colocado tudo em seu devido lugar.

Agora Minjoon não teria mais de crescer em um ambiente sempre faltando a presença do outro pai. Não. Agora Jongin estava ali também.

Agora eles formavam uma família completa.  

– Infelizmente meu marido não conseguiu estar presente, mas teremos muitas outras ocasiões onde vocês poderão se conhecer – explicou com pesar. – Mas venham, vamos para a sala de jantar, o almoço está prestes a ser servido e não vou conseguir segurar seu irmão em casa por muito mais tempo, Jongin, só eu sei como vocês vivem correndo por causa do trabalho – ela ralhou como uma verdadeira mãe faria, os guiando até o outro cômodo. 

– Você nunca me disse que tinha um irmão – Kyungsoo observou, virando-se curioso em direção ao moreno. 

– Na verdade nós somos meio-irmãos, ele não é filho biológico da minha mãe, apesar de ela o tratar como tal, temos apenas o pai em comum e crescemos separados, ele aqui na Coreia e eu nos Estados Unidos. Não tivemos uma criação tão próxima, acho que por isso nunca lembrei de mencionar – Jongin explicou. 

A sala de jantar era tão espaçosa quando o ambiente anterior, com uma decoração mais clássica e vitoriana, exibindo largas janelas que davam vista a um jardim florido do lado de fora e uma mesa larga e grandiosa em seu centro também ricamente adornada com vasos de flores naturais e um verdadeiro banquete em variedades da cozinha coreana e americana. Duas fileiras de cadeiras altas rodeavam a mesa longa e apenas uma pessoa se dispunha sentada na cadeira de uma das extremidades. 

– Joonmyeon esse é Do Kyungsoo – Jongin apresentou-os. – Kyungsoo esse é Kim Joonmyeon, meu irmão mais velho. 

Kyungsoo quis que aquilo se tratasse de uma pegadinha. 

Quis estar tendo uma alucinação ou que tudo aquilo não se passasse de um sonho da qual poderia acordar e perceber que tudo não passara apenas de uma brincadeira de mal gosto de sua mente.

Entretanto, por mais que seus olhos perplexos piscassem repetidamente, a figura dolorosamente familiar perante si não se desfazia ou se transformava em um completo desconhecido da qual não compartilhara um passado em comum. 

Ainda era Joonmyeon ali, do outro lado da mesa parecendo tão atônito quanto a si, com cada traço de seu rosto bonito se parecendo exatamente com as lembranças que ainda guardava no fundo de sua mente e que nunca poderiam ser apagadas por mais que aquele sentimento que outrora os ligara não existisse mais. O passado não podia ser apagado e, mais uma vez, nessa ocasião em uma cruel brincadeira do destino, Kyungsoo se reencontrava com Joonmyeon.

Mais rápido do que a si, Joonmyeon pareceu se recuperar da própria surpresa, lhe cumprimentando de forma educada, não dando sinais de que ambos fossem qualquer coisa além de dois estranhos que haviam acabado de se encontrar pela primeira vez. Kyungsoo entrou em seu jogo, claro, começar um drama à mesa e ali na frente da sogra que havia acabado de conquistar a confiança não estava em seus planos, contudo, o Do soube no momento em que se sentou do outro lado da mesa, à frente de Joonmyeon e ao lado de Jongin, que aquela seria a pior refeição de sua vida. 

Um desconforto sem igual tomou conta de suas entranhas instantaneamente e Kyungsoo de repente se sentiu também completamente ciente do olhar pesado de Joonmyeon sobre cada mínimo ato seu. Era estranho e desconfortável lhe retribuir o olhar e era mais difícil ainda tentar manter sua mente calma e sã, longe da lembrança que seu ex-namorado de anos agora era seu cunhado e estava exatamente a sua frente, e manter uma conversa amena com Soyeon e Jongin que não pareceram perceber o clima tenso entre si e Joonmyeon.

Kyungsoo mal tocou na comida do próprio prato, sentindo o sangue se transformar em puro gelo e o estômago se revirar em indisposição por causa da situação. De repente Kyungsoo sentiu-se culpado até mesmo de ter o filho sobre o próprio colo, sabendo o quanto a presença dele ali pesava ainda mais em sua situação com Joonmyeon.

Não. Definitivamente nada em sua vida vinha de forma simples.

E a lembrança de uma ocasião em especial martelava em sua mente em todo o momento, a visita de Joonmyeon à durante a sua gestação e a proposta que ele fizera a si. 

"– Eu queria tentar de novo, Kyungsoo." Ele lhe dissera. E sem sequer pestanejar Kyungsoo o dispensara. 

Sabia que fora de certa forma cruel, apesar de saber que havia feito a coisa certa, entretanto, reencontrá-lo depois de tanto tempo na companhia de seu meio irmão, o pai biológico de seu filho, se parecia simplesmente errado e ilógico. 

Aquilo sim era crueldade e Kyungsoo se odiava por estar fazendo Joonmyeon passar por aquilo. Não, não era proposital e esfregar a sua imagem perfeita de família feliz na cara do ex-namorado não se parecia com um ato muito louvável em sua mente.  

O pior de tudo era que o tempo parecia passar ainda mais devagar naquela situação desconfortável, aumentando a sua agonia interior e aquele sentimento de culpa e constrangimento. Kyungsoo sequer conseguia levantar seu olhar ou encarar Joonmyeon a sua frente. Sequer conseguia também conceber que tipo de pensamentos se passavam em sua mente. 

Tinha medo de olhá-lo e perceber que havia dor, sofrimento ou pior, acusação, brilhando nas íris que o encaravam tão veementemente. 

Quando finalmente se levantaram da mesa, um alívio sem precedentes tomou conta de seu peito, seu coração naquele instante batia pesadamente, agoniado, tal qual um pássaro preso em uma gaiola visando a liberdade, aquele era o sentimento que lhe tomava. Queria ir embora, fugir dali o mais rápido possível. Entretanto, não era como se pudesse simplesmente sair correndo em uma ocasião tão importante ou especial quanto o primeiro encontro de Soyeon com Minjoon. 

Ainda encantada, ela levara seu filho para passear pelo jardim florido do lado de fora, parecendo mais do que satisfeita de poder passar mais um tempo junto do neto. 

Contudo, não era como se Kyungsoo conseguisse sequer apreciar a visão do filho sorridente e claramente se divertindo nos braços experientes da mãe de Jongin ao fitá-los pela janela ampla da sala. 

Aquilo era tudo que mais poderia querer, certo? Tudo havia dado certo, a reação de Soyeon não poderia ter sido mais positiva, entretanto, porque seu peito se afundava em pesar e culpa?

E a resposta era clara. 

– Jongin, eu não estou me sentindo bem – murmurou ao moreno ao seu lado. 

Estava abalado demais com aquele reencontro repentino para conseguir fingir normalidade por muito mais tempo. 

– O que você está sentindo? – Jongin perguntou alarmado. 

E a preocupação que encontrou em seus olhos castanhos só fez Kyungsoo sentir-se ainda mais culpado. 

Não. Não queria mais sentir-se daquela forma. Contudo, era a insegurança que voltava a dar as caras e lhe encher de medo de um dia voltar a perder aquele carinho novamente. 

– Nada sério, mas eu gostaria de ir para casa. 

– Claro, fique aqui, eu vou me despedir da minha mãe – ele disse de prontidão, deixando um beijo carinhoso em sua testa antes de partir em direção da mãe no jardim.

E Kyungsoo quis chorar. Quis deixar sua fortaleza finalmente se romper e expressar a agonia que tomava seu interior que naquele dia deveria estar apenas repleta de alegria e satisfação. Quis demonstrar o medo absurdo de voltar a perder aquilo que mal havia conquistado, aquela sua felicidade efêmera, mas aquela era a vida real, não um mundo ideal, e na sua realidade a vida não esperava com que se recuperasse para voltar a exigir de si mesmo que já se sentisse exaurido. 

– Kyungsoo – aquela voz terrivelmente familiar soou as suas costas. 

Em seu timbre doce ele não traspassava nenhuma emoção que denunciasse o que se passava em seu coração.

– Joonmyeon.

Ao voltar seu olhar para ele, Kyungsoo descobriu que seu rosto bonito também não expressava emoção alguma em especial. 

– Eu confesso que estou surpreso em te ver aqui – Joonmyeon disse com um sorriso que não encontrou seus olhos. 

Era um sorriso triste. E seus olhos escuros outrora vivos e brilhantes agora se encontravam vazios. 

– Eu também estou.

Kyungsoo sabia que provavelmente espelhava o mesmo vazio em suas íris, pois era assim que sentia seu coração. 

Era tão estranho reencontrar alguém da qual vivera tantos momentos juntos. Era como revisitar um lugar abandonado, ver um álbum de fotos há muito esquecidas. E o pior de tudo era aquela sensação de desconforto. Porque Kyungsoo não queria reviver nada daquilo que Joonmyeon lhe fazia relembrar.  

– É estranho saber que a situação onde você finalmente conhece a minha família seja assim, tão súbita, ou que a minha posição seja a de cunhado – ele falou com os olhos se voltando às suas costas, mais exatamente a cena no jardim. 

E apesar de tudo, eles ainda tinham uma conexão. Pois Kyungsoo conseguiu enxergar através daquela expressão neutra de Joonmyeon uma tentativa falha de esconder sua decepção. 

– Me desculpe, Joonmyeon. Eu não fazia ideia de que Jongin era seu meio irmão – confessou, sentindo o peito apertar em culpa. As coisas não eram para ser daquela maneira. Kyungsoo não queria mais causar dor para ninguém. – Eu nunca viria se soubesse que você estaria aqui. 

Todavia, aquilo era algo irremediável. Joonmyeon já estava machucado. 

– Não precisa se desculpar, Soo, eu sei que você nunca faria algo do tipo de propósito – ele foi compreensivo. E o apelido carinhoso ainda saía facilmente por seus lábios. – Mas é engraçado, não? Agora eu sou tio e ganhei um sobrinho. O seu filho.

Ah, aquela coincidência cruel doeu em Kyungsoo também. 

– A vida parece possuir um senso de humor cruel – foi a única coisa que conseguiu falar.

Afinal, o que poderia falar para aquele homem ferido à sua frente?

Ele havia passado por cima do próprio ego quando voltara para si e pedira para ser aceito novamente dentro de seu coração, assim como quando se oferecera para assumir Minjoon, o filho de outro homem e mesmo assim tivera os seus pedidos negados. 

E então, meses depois, na companhia de Jongin, Kyungsoo simplesmente aparecia na frente dele com Minjoon, filho biológico de seu meio irmão, feliz e apaixonado, exibindo a sua exuberante alegria na frente do mesmo homem que se humilhara diante de si e fora friamente dispensado. 

Nada aquilo fora proposital. Fora apenas uma coincidência daquele destino maldito que tanto gostava de brincar sua vida. No entanto, Kyungsoo não conseguia deixar de se sentir responsável pela dor do outro.

Kyungsoo só queria ser feliz. Era simples. O problema era que a sua felicidade estava machucando outra pessoa. 

E o pior? Não havia nada que pudesse fazer para reverter aquela situação. 

– Bom, eu já vou indo, como você deve imaginar eu também estou nesse almoço por obrigação – Joonmyeon sorriu tristemente mais uma vez. – Foi um prazer te rever.

Não. Kyungsoo queria dizer que o entendia, que sabia que nunca deveria ter ido ali, que suas vidas nunca deveriam ter voltado a se encontrar daquela maneira, no entanto, sabia também que não precisava fazer a agonia dele perdurar mais do que o necessário com palavras vazias que não fariam mais do que fazê-lo sentir-se ainda mais miserável. 

– Adeus, Joonmyeon – despediu-se simplesmente. 

Na última troca de olhares igualmente doloridos, contudo, havia um pedido de desculpas mudo e uma compreensão resignada sendo trocados naquela última extensão de uma conexão há muito extinguida. 

E com um sorriso forçado nos lábios rosados Joonmyeon partiu com uma promessa de que ficaria bem. 

– Kyungsoo? – Jongin surgiu novamente ao seu lado. – Vamos? 

Aquiescendo, Kyungsoo seguiu o moreno, pesaroso e melancólico, temendo, no entanto, que ele estivesse mentindo. 

 

 

 


***

 

 

 

 

Em todo o caminho de volta Kyungsoo se manteve silencioso, sentindo-se mais e mais culpado a cada demonstração de preocupação de Jongin para consigo, mas sentindo-se incapaz de fazer outra coisa além de remoer o sentimento de melancolia que aquele encontro desastroso deixara para trás.

Apesar da preocupação evidente, ainda assim o moreno estava exultante, feliz com a recepção positiva da mãe consigo e com o filho e, claro, em algum lugar não afetado por lembranças dolorosas, Kyungsoo também estava feliz por aquele fato. 

Ah, o Do era grato demais por ter Jongin ao seu lado.

E era por isso também que tudo se tornava um pouco mais complicado.

Porque não era apenas a si que tinha de lidar com o fato de Joonmyeon ser seu atual cunhado, pois Jongin também teria de lidar com o fato de seu irmão mais velho ser o ex-namorado do pai de seu filho. 

Havia sido por causa de segredos como aquele que Kyungsoo quase perdera Jongin uma vez, mas o Do estava disposto a não cometer o mesmo erro duas vezes.

Fosse sua reação positiva ou não, o moreno precisava saber. 

Dessa vez Kyungsoo não se programou, não pensou detalhadamente no efeito que cada palavra sua poderia ter em Jongin, não julgou quais seriam as consequências de seus atos ou antecipou qualquer reação da parte dele. 

Kyungsoo tinha dificuldades em dar voz ao seu coração. Sempre tivera. Talvez aquele tivesse sido um dos motivos para seu relacionamento com Joonmyeon ter fracassado, mas este, porém, estava no passado, e Kyungsoo agora estava focado em fazer ele e Jongin darem certo. 

Ele queria a sua sinceridade, certo? Mesmo quando ela pudesse machucar? 

Pois Kyungsoo ousou dar voz ao seu coração dolorido, apenas porque sabia que mesmo que doesse ainda mais pronunciar todas aquelas palavras, aquele era o caminho mais rápido para a solução. 

Minjoon adormecera no carro no caminho de volta como o costumeiro, e ao subirem até seu apartamento Jongin se dispôs a colocá-lo para dormir no berço, dando poucos minutos para Kyungsoo tentar organizar os próprios pensamentos e respirar fundo vezes o suficiente para ter coragem de fazer se apagar daqueles olhos castanhos e calorosos a felicidade tão genuína e pura que eles vinham expressando até então.

Carinho, preocupação e um afeto descomunal se encontravam naquelas íris límpidas e terrivelmente sinceras que lhe encaravam de volta ao Jongin finalmente voltar para o seu lado, lhe envolvendo em um abraço caloroso que Kyungsoo definitivamente precisava receber. 

– Jongin, eu achei que nunca mais precisaria dizer essas palavras, mas nós precisamos conversar.

E como um céu limpo que se fecha de nuvens carregadas, seus adorados olhos expressivos se nublaram em um instante. Roubando o bonito brilho que antes carregavam e transformando-os em uma escuridão intrépida e impetuosa.

Não, Kyungsoo percebeu, ainda não haviam chegado os tempos de paz. 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Eu duvido que alguém tenha pensado nesse plot twist HAHAHAH que coincidência filha da puta, não? :')

Bom, agora oficialmente estamos a reta final. Só temos mais dois capítulos pela frente, ufa.

Gostaram do cap? Odiariam?

Beijos e até o próximo!


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