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História Desgarrados - Lobo Corvo - Fracasso


Escrita por: rubiconvenus

Capítulo 8 - Fracasso


Capítulo 07: Fracasso

 

-- Acha que estou sendo paranóico? Eu penso isso as vezes, quando me recordo de que eu sonhei com a mulher que foi assassinada. - Meus olhos percorrem pela quadra.

Os alunos estão com seus uniformes de educação física, passando pela rotina de pesar e medir os seus corpos, fazendo aquecimentos e jogando bola, divididos entre lobos e corvos, garotos e garotas misturados.

-- Eu não sei. - Abel balança a cabeça, com um dos braços para trás.

Há suor em sua testa e os cabelos dourados estão grudados em seu rosto. Ele respira como se estivesse cansado, após pagar algumas flexões para o professor de educação física e treinador do time; abanando a camiseta. Eu nem consigo evitar de olhar para o corpo torneado dele, as marcas dos músculos retos, formando quadrados.

Apesar de estar um dia nublado e com o vento frio, no geral está bem abafado e estamos todos suando na quadra.

-- Um, dois, três, quatro… - O treinador grita, contando as flexões dos alunos no centro da quadra. Entre eles está Daxton, com os cabelos presos em um coque. Observo seus braços, os ombros, as partes onde ele tem algumas cicatrizes causadas pelas escoriações dos lobos naquele jogo estranho de quem domina quem.

Há outros lobos com as mesmas marcas. Eu não sei bem como funciona essa hierarquia, mas nós, os Corvos, funcionamos bem diferentes. Por exemplo, eu sou um corvo machucado e normalmente, fico para trás do bando, basicamente esquecido e sendo tratado como um fardo. As pessoas me encaram com pena.

-- Acha que é o mesmo lobo que atacou meus pais? - Pergunto, retomando o assunto com Abel.

-- Minha mãe deu um tiro nele, lembra? - Abel passa as costas da mão na testa, limpando o suor. -- Não teria como ele sobreviver, foi um tiro com bala de prata.

-- Então é outro?

-- Deve ser outro, além do mais, ninguém disse que foi um lobo. - Ele me encara com os olhos azuis baixo. -- Disseram que foi um animal.

-- Acha que foi o quê? Um urso?

-- Pode ter sido. - Abel desconversa, olhando para longe, o que indica que ele não tem certeza de suas palavras. Talvez, como eu, ele pense que foi mesmo aquele lobo.

-- Ai, menina! - Chloe berra, empurrando a irmã de Daxton, a aluna nova Kaya. -- Por que você está mijando nos meus pés, sua louca?!

Kaya dá uma risada divertindo-se e se afasta, indo para o lado dos lobos, como um cãozinho brincalhão. Ela ainda olha por cima do ombro, olhando Chloe com cara de nojo e um sorriso quase sádico se forma em seus lábios cheios de batom. Kaya é essa garota bem diferente de Daxton, ela nem parece um lobo ômega, como ele explicou. Ela é ágil, forte e se sobressai na quadra, dominando as outras garotas, deixando a maioria dos lobos babando e uivando por suas pernas longas e torneadas. Ela é bem atlética e não vi nenhuma cicatriz em seu corpo, o que me faz pensar que ela é quem causa escoriações nos outros. Ela prende os seus cabelos escuros em um rabo de cavalo, e fica conversando com Angeline, a capitã do time dos lobos, enquanto ela bate a bola de basquete no chão.

-- Acho que ela está marcando você. - Luna, um Corvo do Norte, que está ao lado de Chloe com os cabelos castanhos claros rebeldes contidos com diversas tranças no alto da cabeça, se aproxima para avisar.

-- Marcando? Como?

-- Lobos fazem isso, sabe. Urinam para marcar território. - Luna continua, com sua voz calma e os olhos azuis esverdeados passeando de Chloe para Kaya. Ela joga a bola de basquete no chão, que quica e vai para um garoto do outro lado da quadra. -- E eu acho que vi Rarlen fazendo isso com Angelina esses dias.

-- Urinando nela? - Velvet abre bem os olhos castanhos escuros assustada, seus cabelos estão soltos e flamulando com o vento grudando no rosto com a transpiração. Ela segura a bola que um garoto enviou.

-- Perto dela, sabe. Onde ela estava. - Luna diz.

-- Credo! Mas por que ele fez isso? - Velvet pergunta.

-- Para que nenhum outro lobo chegasse nela e roubasse dele, imagino. Os lobos fazem isso, eu vi um documentário!

-- Mas Kaya fez xixi no meu tênis! - Chloe continua, sem entender, levantando os pés, onde uma poça de água amarelada está.

-- Vai ver ela quer o seu tênis. - Luna dá de ombros e ergue as mãos, segurando a bola que foi arremessada com precisão para ela.

-- Priiiii! - O professor Bentley assopra o seu apito e tira da boca, virando-se para mim e para Abel. Ele tem a voz portente e os lábios um pouco erguidos, mostrando os dentes, como se rosnasse. Ele é um dos poucos professores que são lobos, afinal, ele se destaca muito nessa parte física e é o primeiro ano dele dando aulas, então ele não me conhece. -- Ei, vocês dois, aí! Por que estão parados? Já pra cá!

Abel fica imediatamente em pé, como quem leva um susto, acertando a camisa no corpo e corre para perto do professor, que aponta para o canto da quadra, onde outros corvos estão fazendo polichinelo. Eu me levanto com dificuldade, minhas pernas estão cansadas e eu acho que não aguento mais. O professor vem para perto de mim, apitando:

-- Priii, priii, priiiiiiiiiiiiiiiiii! - E para bem na minha frente. Ele está com um uniforme igual ao nosso, amarelo e preto, uma camiseta regata e calça. -- Você é muito lento, se estivesse na selva, já estaria morto!

-- Desculpe, é minha perna… - Abaixo a cabeça e conserto os óculos no rosto. Eu sei que as palavras dele são repletas de razão, mas poxa! -- É que… Eu sou manco.

-- E daí? Não pense que pode usar isso como desculpa para sua preguiça.

-- Você não entende. Nunca serei tão bom como os outros corvos e nunca poderei voar.

-- Entendo muito bem. Se você quer, você se esforça, é assim que as coisas funcionam! - O professor diz, com aquela filosofia que funciona para lobo. Ele bate a mão no meu ombro como quem quer dar apoio moral. -- Ande, ande, vá para junto dos outros.

Vou para o canto da quadra, ficar perto de Abel e dos outros, que estão pulando na borda da quadra, ofegantes e cansados. Junto-me a eles, obedecendo o professor e começo a pular, balançando os braços. Eu acho que faço uns dez polichinelos, até que meu joelho direito começa a reclamar, com uma dor aguda e latejante. Preciso parar e me curvo, colocando a mão no joelho. Aaaaai!

-- Priiiiiiii! - O apito soa e o professor vem correndo na minha direção. -- Priii! Priiiiiiii! Já está cansado? Você é um fracasso, mesmo! - Ele grita comigo, diante de todos os alunos. -- Priiiii! Vamos, quero ver cem polichinelos!

Todos os alunos param o que estou fazendo e eu mesmo fico um pouco perplexo diante dele. Abel se aproxima, mas é Daxton que toma a frente:

-- Professor Bentley…

-- O que é? - O professor vira-se para ele irritado, há uma tensão que se forma no ar, como se algo explodisse. Testosterona, talvez? Minha vontade é de sair correndo, mas eu não chegaria muito longe, no entanto eu noto que Daxton se encolhe, comprimindo os ombros e abaixando a cabeça, de uma forma submissa que reconheço em mim. -- Se está achando ruim, pode se juntar ele. Cem polichinelos, os dois! Agora! Priiiiiiii!

Limpo o suor da testa. Daxton para do meu lado e me envia aquele esticar de boca de quem tentou me ajudar, mas não deu muito certo e começamos a pular. O professor começa.

-- Um, priii! Dois, priii! Priiii! - Contando nossos polichinelos. Começamos a pular, sem demorar nem um segundo do primeiro apito. -- Nove, priii! Dez, priii!

Apesar de ser um lobo do tipo ômega, Daxton tem um bom físico e ele não é um lobo menor que os outros lobos que vi atacando-o, mas eu, eu sou mais magro e subdesenvolvido, mesmo. Um pássaro que não pode voar. Acho que sou pior que um lobo ômega, porque eles podem revidar e quem sabe, conquistar a confiança do seu bando, mas não eu.

Os outros alunos ficam formando uma espécie de paredão, nos vendo pular e posso ver o rosto assustado dos meus amigos, enquanto outros apenas cochicham entre si e dão risada de nossa posição humilhante.

-- Dezenove, priii! Vinte, priiii! - O professor continua.

Enquanto tento pular os polichinelos que o professor conta, eu vou ficando mais fraco e meu joelho começa a me trair. A dor é excruciante, uma pontada que sobe intesa até o meio da minha coxa, exaurindo meus músculos. Forço, continuo pulando, jogando mais o peso para a outra perna como posso.

Estou com dor  física e emocional, com vergonha. Se eu parar agora, não vai ser pior? Não vão rir ainda mais de mim?

-- Trinta, priii! Trinta e um, priii! Mais rápido! - O professor nos olha com desprezo, acelerando um pouco a contagem e nos fazendo pular mais depressa. -- Trinta e dois, priii! Trinta e três, priii! Trinta e quatro, priii! Trinta e cinco, priiii!

Então minha perna direita simplesmente esmaece e eu vou de encontro ao chão. Escuto a risada de alguns alunos e o professor apita mais:

-- Priiii! Você é um fracassado! - Ele grita. -- O que foi, continue, trinta e seis, priiii! - Ele continua.

-- Nossa, ele nem chegou no trinta e seis. - Escuto as vozes comentando.

-- É muito fraco.

Fico com as mãos no chão da quadra, a cabeça baixa, vendo as gotas de suor se desprenderem da ponta do meu nariz e caírem pingando no chão. Não tenho coragem de encarar meus amigos nesse momento, mas imagino que eles estejam perplexos e pensando a mesma coisa que eu nesse momento: Sou um fracassado. Não que isso seja novidade, eu já sabia, todos eles já sabiam e definitivamente eu não precisava do professor Bentley para demonstrar o quanto eu sou incapaz.

-- Cem! Priiiiiiiiiiiii! - O professor termina com um apito longo.

Daxton desaba sentando-se ao meu lado e coloca a mão no meu ombro apertando firme, levanto a cabeça, encarando, ele sorri e pisca um olho azul, como se tivéssemos vencido alguma coisa, mas se ele venceu, eu não estava incluso nessa vitória.

Por trás dele vejo o professor dispersando os alunos, inclusive meus amigos, que percebo, querem vir até onde eu estou, mas são bloqueados. Não vejo Abel entre eles. Onde ele está? Por que ele saiu? Fico com a sensação de que ele me abandonou.

-- Todos dispensados! Priiiii! - O professor encerra a aula.

 

(Continua)

 

 

-- Acha que estou sendo paranóico? Eu penso isso as vezes, quando me recordo de que eu sonhei com a mulher que foi assassinada. - Meus olhos percorrem pela quadra.

Os alunos estão com seus uniformes de educação física, passando pela rotina de pesar e medir os seus corpos, fazendo aquecimentos e jogando bola, divididos entre lobos e corvos, garotos e garotas misturados.

-- Eu não sei. - Abel balança a cabeça, com um dos braços para trás.

Há suor em sua testa e os cabelos dourados estão grudados em seu rosto. Ele respira como se estivesse cansado, após pagar algumas flexões para o professor de educação física e treinador do time; abanando a camiseta. Eu nem consigo evitar de olhar para o corpo torneado dele, as marcas dos músculos retos, formando quadrados.

Apesar de estar um dia nublado e com o vento frio, no geral está bem abafado e estamos todos suando na quadra.

-- Um, dois, três, quatro… - O treinador grita, contando as flexões dos alunos no centro da quadra. Entre eles está Daxton, com os cabelos presos em um coque. Observo seus braços, os ombros, as partes onde ele tem algumas cicatrizes causadas pelas escoriações dos lobos naquele jogo estranho de quem domina quem.

Há outros lobos com as mesmas marcas. Eu não sei bem como funciona essa hierarquia, mas nós, os Corvos, funcionamos bem diferentes. Por exemplo, eu sou um corvo machucado e normalmente, fico para trás do bando, basicamente esquecido e sendo tratado como um fardo. As pessoas me encaram com pena.

-- Acha que é o mesmo lobo que atacou meus pais? - Pergunto, retomando o assunto com Abel.

-- Minha mãe deu um tiro nele, lembra? - Abel passa as costas da mão na testa, limpando o suor. -- Não teria como ele sobreviver, foi um tiro com bala de prata.

-- Então é outro?

-- Deve ser outro, além do mais, ninguém disse que foi um lobo. - Ele me encara com os olhos azuis baixo. -- Disseram que foi um animal.

-- Acha que foi o quê? Um urso?

-- Pode ter sido. - Abel desconversa, olhando para longe, o que indica que ele não tem certeza de suas palavras. Talvez, como eu, ele pense que foi mesmo aquele lobo.

-- Ai, menina! - Chloe berra, empurrando a irmã de Daxton, a aluna nova Kaya. -- Por que você está mijando nos meus pés, sua louca?!

Kaya dá uma risada divertindo-se e se afasta, indo para o lado dos lobos, como um cãozinho brincalhão. Ela ainda olha por cima do ombro, olhando Chloe com cara de nojo e um sorriso quase sádico se forma em seus lábios cheios de batom. Kaya é essa garota bem diferente de Daxton, ela nem parece um lobo ômega, como ele explicou. Ela é ágil, forte e se sobressai na quadra, dominando as outras garotas, deixando a maioria dos lobos babando e uivando por suas pernas longas e torneadas. Ela é bem atlética e não vi nenhuma cicatriz em seu corpo, o que me faz pensar que ela é quem causa escoriações nos outros. Ela prende os seus cabelos escuros em um rabo de cavalo, e fica conversando com Angeline, a capitã do time dos lobos, enquanto ela bate a bola de basquete no chão.

-- Acho que ela está marcando você. - Luna, um Corvo do Norte, que está ao lado de Chloe com os cabelos castanhos claros rebeldes contidos com diversas tranças no alto da cabeça, se aproxima para avisar.

-- Marcando? Como?

-- Lobos fazem isso, sabe. Urinam para marcar território. - Luna continua, com sua voz calma e os olhos azuis esverdeados passeando de Chloe para Kaya. Ela joga a bola de basquete no chão, que quica e vai para um garoto do outro lado da quadra. -- E eu acho que vi Rarlen fazendo isso com Angelina esses dias.

-- Urinando nela? - Velvet abre bem os olhos castanhos escuros assustada, seus cabelos estão soltos e flamulando com o vento grudando no rosto com a transpiração. Ela segura a bola que um garoto enviou.

-- Perto dela, sabe. Onde ela estava. - Luna diz.

-- Credo! Mas por que ele fez isso? - Velvet pergunta.

-- Para que nenhum outro lobo chegasse nela e roubasse dele, imagino. Os lobos fazem isso, eu vi um documentário!

-- Mas Kaya fez xixi no meu tênis! - Chloe continua, sem entender, levantando os pés, onde uma poça de água amarelada está.

-- Vai ver ela quer o seu tênis. - Luna dá de ombros e ergue as mãos, segurando a bola que foi arremessada com precisão para ela.

-- Priiiii! - O professor Bentley assopra o seu apito e tira da boca, virando-se para mim e para Abel. Ele tem a voz portente e os lábios um pouco erguidos, mostrando os dentes, como se rosnasse. Ele é um dos poucos professores que são lobos, afinal, ele se destaca muito nessa parte física e é o primeiro ano dele dando aulas, então ele não me conhece. -- Ei, vocês dois, aí! Por que estão parados? Já pra cá!

Abel fica imediatamente em pé, como quem leva um susto, acertando a camisa no corpo e corre para perto do professor, que aponta para o canto da quadra, onde outros corvos estão fazendo polichinelo. Eu me levanto com dificuldade, minhas pernas estão cansadas e eu acho que não aguento mais. O professor vem para perto de mim, apitando:

-- Priii, priii, priiiiiiiiiiiiiiiiii! - E para bem na minha frente. Ele está com um uniforme igual ao nosso, amarelo e preto, uma camiseta regata e calça. -- Você é muito lento, se estivesse na selva, já estaria morto!

-- Desculpe, é minha perna… - Abaixo a cabeça e conserto os óculos no rosto. Eu sei que as palavras dele são repletas de razão, mas poxa! -- É que… Eu sou manco.

-- E daí? Não pense que pode usar isso como desculpa para sua preguiça.

-- Você não entende. Nunca serei tão bom como os outros corvos e nunca poderei voar.

-- Entendo muito bem. Se você quer, você se esforça, é assim que as coisas funcionam! - O professor diz, com aquela filosofia que funciona para lobo. Ele bate a mão no meu ombro como quem quer dar apoio moral. -- Ande, ande, vá para junto dos outros.

Vou para o canto da quadra, ficar perto de Abel e dos outros, que estão pulando na borda da quadra, ofegantes e cansados. Junto-me a eles, obedecendo o professor e começo a pular, balançando os braços. Eu acho que faço uns dez polichinelos, até que meu joelho direito começa a reclamar, com uma dor aguda e latejante. Preciso parar e me curvo, colocando a mão no joelho. Aaaaai!

-- Priiiiiiii! - O apito soa e o professor vem correndo na minha direção. -- Priii! Priiiiiiii! Já está cansado? Você é um fracasso, mesmo! - Ele grita comigo, diante de todos os alunos. -- Priiiii! Vamos, quero ver cem polichinelos!

Todos os alunos param o que estou fazendo e eu mesmo fico um pouco perplexo diante dele. Abel se aproxima, mas é Daxton que toma a frente:

-- Professor Bentley…

-- O que é? - O professor vira-se para ele irritado, há uma tensão que se forma no ar, como se algo explodisse. Testosterona, talvez? Minha vontade é de sair correndo, mas eu não chegaria muito longe, no entanto eu noto que Daxton se encolhe, comprimindo os ombros e abaixando a cabeça, de uma forma submissa que reconheço em mim. -- Se está achando ruim, pode se juntar ele. Cem polichinelos, os dois! Agora! Priiiiiiii!

Limpo o suor da testa. Daxton para do meu lado e me envia aquele esticar de boca de quem tentou me ajudar, mas não deu muito certo e começamos a pular. O professor começa.

-- Um, priii! Dois, priii! Priiii! - Contando nossos polichinelos. Começamos a pular, sem demorar nem um segundo do primeiro apito. -- Nove, priii! Dez, priii!

Apesar de ser um lobo do tipo ômega, Daxton tem um bom físico e ele não é um lobo menor que os outros lobos que vi atacando-o, mas eu, eu sou mais magro e subdesenvolvido, mesmo. Um pássaro que não pode voar. Acho que sou pior que um lobo ômega, porque eles podem revidar e quem sabe, conquistar a confiança do seu bando, mas não eu.

Os outros alunos ficam formando uma espécie de paredão, nos vendo pular e posso ver o rosto assustado dos meus amigos, enquanto outros apenas cochicham entre si e dão risada de nossa posição humilhante.

-- Dezenove, priii! Vinte, priiii! - O professor continua.

Enquanto tento pular os polichinelos que o professor conta, eu vou ficando mais fraco e meu joelho começa a me trair. A dor é excruciante, uma pontada que sobe intesa até o meio da minha coxa, exaurindo meus músculos. Forço, continuo pulando, jogando mais o peso para a outra perna como posso.

Estou com dor  física e emocional, com vergonha. Se eu parar agora, não vai ser pior? Não vão rir ainda mais de mim?

-- Trinta, priii! Trinta e um, priii! Mais rápido! - O professor nos olha com desprezo, acelerando um pouco a contagem e nos fazendo pular mais depressa. -- Trinta e dois, priii! Trinta e três, priii! Trinta e quatro, priii! Trinta e cinco, priiii!

Então minha perna direita simplesmente esmaece e eu vou de encontro ao chão. Escuto a risada de alguns alunos e o professor apita mais:

-- Priiii! Você é um fracassado! - Ele grita. -- O que foi, continue, trinta e seis, priiii! - Ele continua.

-- Nossa, ele nem chegou no trinta e seis. - Escuto as vozes comentando.

-- É muito fraco.

Fico com as mãos no chão da quadra, a cabeça baixa, vendo as gotas de suor se desprenderem da ponta do meu nariz e caírem pingando no chão. Não tenho coragem de encarar meus amigos nesse momento, mas imagino que eles estejam perplexos e pensando a mesma coisa que eu nesse momento: Sou um fracassado. Não que isso seja novidade, eu já sabia, todos eles já sabiam e definitivamente eu não precisava do professor Bentley para demonstrar o quanto eu sou incapaz.

-- Cem! Priiiiiiiiiiiii! - O professor termina com um apito longo.

Daxton desaba sentando-se ao meu lado e coloca a mão no meu ombro apertando firme, levanto a cabeça, encarando, ele sorri e pisca um olho azul, como se tivéssemos vencido alguma coisa, mas se ele venceu, eu não estava incluso nessa vitória.

Por trás dele vejo o professor dispersando os alunos, inclusive meus amigos, que percebo, querem vir até onde eu estou, mas são bloqueados. Não vejo Abel entre eles. Onde ele está? Por que ele saiu? Fico com a sensação de que ele me abandonou.

-- Todos dispensados! Priiiii! - O professor encerra a aula.

 

(Continua)

 


Notas Finais


O que estão achando da história? Não está muito bem revisado por conta da pressa em conseguir bater a meta de palavras do NaNoWriMo2016, mas quando eu revisar arrumo aqui. Se quiserem consertar algo, fica a vontade ok?
Obrigada por sua leitura!


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