Desatei-me. Foi como que de súbito, Kim, mas nós já não éramos mais nós; e você sabe disso melhor do que qualquer pessoa, pois você não era mais você, assim como eu não era mais eu. De cara, isso parece ser estranho demais, não é? Até ‘pra mim, e talvez por isso esteja escrevendo essa carta em papel amassado, antes de ir embora nessa manhã gelada, diretamente para minha casa. E isso é o mais estranho, porque eu nunca precisei ir para casa, pois tu eras minha casa; era – no nosso maldito tempo passado.
As coisas continuam rodando na minha cabeça, entretanto não é como se houvesse qualquer explicação para tudo, não é? Na verdade, você continua aqui – de corpo, mas continua. Mas é estranho poder te tocar e, ao mesmo tempo, sentir como se você estivesse correndo pelo vão dos meus dedos. O seu corpo está aqui, mas a sua alma, Kim, onde sua alma está?
Eu sempre acreditei que tudo volta, mas, às vezes, você parece me fazer descrer. Parece que quando eu sair daqui, você nunca mais vai me procurar e, como de praxe, viraremos somente desconhecidos que se conhecem tanto, ao ponto de já terem compartilhado a mesma cama, o mesmo corpo, a mesma boca e o mesmo coração.
E eu realmente acho que você iria se refazer longe de mim, mas tudo o que eu quero saber é: por que, anjo? Mas certas respostas não se podem ter, por isso continuamos nos desatando e nos anulando.
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