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História Desired Death - Por uma última vez


Escrita por: KodokunaShiro

Notas do Autor


Olá, meus queridos leitores ;u;
A fic está ficando velha, não acredito que falta menos de um mês para que ela complete 1 ano, lembro que um dia desses estava postando o primeiro capítulo e achando que ninguém leria, rsrs... E, realmente, eu já deveria estar terminando ela, mas meu bloqueio não deixa. Às vezes sinto medo de estar escrevendo algo que não satisfaça vocês, ou que a fic esteja tomando um rumo absurdo e que no final eu me arrependa disso.
Bem, eu vou estar me esforçando para concluí-la logo, não tão logo, claro, quero pelo menos passar de 50 capítulos (ainda tem mtos pela frente, rsrs). Não posso abandonar tudo oq construí até aqui antes de dar um final feliz pra esse casal que tanto amo.
Enfim, chega de enrolação, boa leitura!!

Capítulo 18 - Por uma última vez


— Quem fez isso?! — gritou, pegando no pulso frágil do garoto e o encarando, esperando uma resposta.

Kuroko arregalou os olhos e tentou se soltar de Kagami, sentindo o pulso que começava a doer pela força que o ruivo fazia. Ele estava com muita raiva.

— E-Eu… — tentou falar, mas as palavras não saíram de sua boca.

— Kuroko!! — gritou novamente, o encarando nos olhos.

— I-Isso dói, Kagami-kun… — gaguejou, olhando para as mãos do maior, que insistiu em não soltar.

— Só vou te deixar sair quando me contar — ele continuou firme.

Os pensamentos do azulado estavam bagunçados. Não sabia o que estava acontecendo, muito menos não sabia o que fazer ou como reagir. Ele simplesmente não queria dizer que Akashi havia feito aquilo.

— E-Eu… Caí da escada… — disse, usando uma desculpa nada convincente. Desviou o olhar, tremendo.

Kagami estalou a língua e afrouxou a mão, mas não soltou. Ele não estava crendo que Kuroko usou uma desculpa fajuta como aquela, que não convenceria nem mesmo Kise. Passando os olhos pelo corpo semi nu do garoto, ele avaliou cada hematoma destacado na pele clara e não conseguiu evitar se irritar ainda mais, porém, ao olhar o semblante assustado de Tetsuya, tentou manter a calma.

— Quem… Fez isso… Me conta, eu vou te ajudar… — falou, entre pausas, tentando transmitir confiança ao encará-lo firmemente.

O menor se manteve calado e firme na sua decisão.

Ao ver que Kuroko não cederia e que cada vez mais sua expressão se convertia em sofrimento, com os olhos cheios de lágrimas, ele suspirou e continuou a encará-lo, sem soltar seu pulso de forma alguma. Seus pensamentos estavam bagunçados como os do menor, mas uma vaga ideia passava pela sua mente.

— Foi Aka--

Kagami não pôde terminar sua frase, pois a porta abriu em um estrondo que fez o ruivo virar imediatamente para ver quem era.

— Kagami, seu idiota, acho melhor você se desculpar com Tetsu…! — gritou Aomine, mas parou ao ver a cena que já estava se tornando um mal entendido. — Seu filho da puta!!

O moreno avançou em Taiga, fazendo-o soltar o braço da antiga sombra e rolando com ele no chão, entre socos e mordidas. Na porta, também estavam Kise, Midorima e Murasakibara, que acompanharam o ás da Touou até o vestiário.

Como não prestaram atenção na cena porque Daiki estava na frente, eles não perceberam Kuroko se vestir rapidamente. O garoto ainda estava com o coração acelerado e logo se afastou, de costas para os companheiros, enxugando as lágrimas rapidamente. Kise estava tentando separar a briga dos dois gigantes, mas foi arrastado junto para a confusão.

— Kurochin… — Murasakibara chamou o menor, o encarando de cima, logo afagando sua cabeça gentilmente com as mãos enormes. Uma rara demonstração de afeto do gigante, que deu um pequeno sorriso. — Kurochin jogou muito bem~ — sua voz era manhosa, numa provável tentativa de acalmar o menor.

— Foi uma partida interessante… — comentou o arremessador.

Tetsu apenas afirmou com a cabeça, ainda dando leves tremidas.

Quando os dois rivais pararam de brigar, caídos em cima de um loiro esmagado, a atmosfera pareceu pesar.

— Kuroko, desculpa, eu não quis causar problemas… — o amigo se desculpou, não recebendo uma resposta do outro. Ele suspirou, olhando entristecido para o chão.

— Você é um idiota...— sussurrou Aomine, levantando e puxando Kise, que estava com cara de choro.

— Aominecchi, que cruel...— reclamou, passando a mão na cabeça, mas logo foi jogado no chão novamente por um certo mal-humorado. — Ai…!

Midorima ouvia tudo, e juntava todas as peças. Ele já tinha uma vaga ideia de tudo o que estava acontecendo. A loucura de Akashi, o comportamento estranho de Kuroko, e agora havia presenciado o nervosismo de Kagami, que não era sobre a partida. Tudo estava se encaixando e ele só podia suspirar e continuar a procurar soluções. Por que ele faria isso por Akashi? Simples, o ruivo foi seu amigo durante um bom tempo, um conselheiro e companheiro nas horas vagas. Midorima estava apenas retornando um favor.

— Daqui a uma semana… — Midorima falou, atraindo a atenção dos demais. — Daqui a uma semana, iremos ver Akashi no hospital.

Aquilo surpreendeu a todos, já que não esperavam a notícia repentina. Kuroko foi o que mais se surpreendeu, e, ao mesmo tempo, sentiu-se com medo. Tremeu só de pensar em voltar àquele hospital, de ver o rosto dele ou mesmo estar perto depois do que aconteceu. Ele estava com medo.

— Como assim, Midorimacchi?

— Seiji disse que terá uma troca de médicos neste dia. A ala 4, que é onde Akashi está, estará vazia durante alguns minutos. Será a chance de invadirmos.

— Espera, mas o que vamos fazer depois que a gente tiver lá? — Daiki indagou.

Midorima o olhou e respondeu.

— Seiji irá cortar os sedativos. Então, pouco antes de entrarmos, Akashi já estará acordado. Iremos tirá-lo de lá, se necessário.

— Isso é muito arriscado… — Kagami comentou e percebeu Tetsuya o encarar, que desviou os olhos logo depois. Ele acabou se lembrando dos hematomas e apertou os pulsos, balançando a cabeça para esquecer pouco do assunto. Não iria “deixar para lá”, apenas esperaria um tempo para que o menor se acalmasse, e então perguntaria novamente. Porém, sua mente já o afirmava algo.

— Não podemos apenas esperar sentados. O pai dele também não está perdendo tempo. — respondeu.

— Isso é verdade, mas…

Todos se calaram e ficaram pensativos, percebendo a loucura que estavam prestes a cometer, novamente.

— Onde iremos escondê-lo depois? O pai dele chamaria a polícia se necessário. — Kise levantou a dúvida.

— Podemos--

— Já chega! — gritou Kuroko, assustando os outros. Jamais pensaram que viriam ele agir dessa forma. — Vocês vão cometer outra loucura de novo! E se dessa vez ele só não nos expulsarmos do hospital?! E se Akashi-kun sofrer algo pior…?! E se… — ele começou a levantar várias suposições com a voz embargada pela vontade de chorar, olhando para o chão e apertando a cabeça com as duas mãos. Akashi isso, Akashi aquilo, hospital e planos, ele não aguentava mais escutar nada daquilo. Tudo estava virando uma bola de neve e só o que ele sentia era cada vez mais desespero.

— Kurokocchi… — sussurrou Kise, e os outros apenas o observaram, impressionados pela atitude explosiva.

— Tetsu, eu sei que tu tá preocupado, mas…

Aomine ia falar, mas Midorima o cortou.

— Qual sua relação com Akashi? — soltou a pergunta, fazendo o azulado arregalar os olhos e surpreendendo os outros, que, querendo ou não, estavam curiosos pela resposta.

— Eu… — sussurrou baixinho, sentindo a sensação que sentiu no dia em que o lado mau de Akashi o corrompeu. As mãos passeando pelo seu corpo, ou a voz próxima a seu ouvido. Só de lembrar, seu corpo estremecia e o coração acelerava, ficando incomodado e angustiado. Ele não falou mais nada e se manteve calado.

— Ah… que fome… — foi a vez de Murasakibara quebrar o silêncio, massageando a barriga com a mão.

— Eu também... — falou Aomine, olhando para os demais com um olhar de “já chega”.

— Por que não comemos no lugar de sempre…? — indagou Kise, com um sorriso amarelo.

Midorima suspirou, saindo da sala e sendo seguido pelos demais. Havia, sim, sido uma situação estranha. Mas, ao perceberem o desconforto de Kuroko e o clima desagradável, todos resolveram mudar de assunto, seguindo a estratégia de Murasakibara. Deixariam tudo para outra hora mais oportuna.

Enquanto eles caminhavam para fora do vestiário, Tetsuya não moveu um músculo sequer. O sentimento de derrota misturado com a ansiedade começaram a incomodá-lo, fazendo-o sentar no banco e colocar a cabeça entre as mãos, respirando pesadamente. Kagami, que também não se moveu, viu-se novamente incomodado pela situação. Sussurrou um baixo pedido de desculpas, antes de sair da sala de cabeça baixa, apenas seguindo o grupo.

Uma atmosfera constrangedora e estranha, que na verdade deveria ser de apenas união, formou-se entre aqueles jogadores.

[...]

— Já não é suficiente…? — perguntou Akashi.

O ruivo se via em uma escuridão sem fim. A mesma escuridão que o rodeou da vez em que seu corpo machucou a pessoa que ele amava, porém, agora era acompanhado de sua outra personalidade, que adorava passar horas na sua frente sem dizer uma única palavra, apreciando a angústia do outro.

Era uma tortura sem fim.

A figura, de mesma aparência do ruivo, diferenciada apenas pela heterocromia, deu um sorriso silencioso. Novamente, nenhuma palavra saiu de sua boca.

— Responda-me... o que mais quer de mim? — insistiu em continuar, encarando os olhos que mostravam satisfação.

Aos poucos, ele estava desistindo de tudo. Nem mesmo acreditava que voltaria a ver a luz do dia, ou mesmo ouvir uma voz que não fosse a sua. O que era poucos dias na realidade, estava se tornando uma eternidade para ele.

Porém, quando pensou em desistir, a voz de seu pai ressoou em seus ouvidos. Mesmo sendo a voz da última pessoa que queria ouvir na face da Terra, uma pequena esperança acendeu em seu interior, fazendo-o olhar ao redor desesperadamente à procura da origem da voz. Foi quando percebeu que estava ouvindo o que se passava fora daquele lugar.

“Pretendo enviá-lo ao exterior. Não posso deixar que as coisas continuem assim, Seijuro nunca levantou uma palavra contra mim, e foi quando começou a estudar naquela escola que ele ficou dessa forma. Desde o princípio fui contra deixá-lo se expor ao público, mas a mãe dele insistiu, disse que queria deixar o filho conhecer o mundo por si só. Mulher tola! E eu fui mais ainda, concordando em ceder a este capricho dela!”

— Não… — sussurrou baixinho. — Não fale assim da minha mãe… — ele se agachou, colocando as mãos na cabeça. — A culpa é minha, é minha… — repetiu, deixando uma solitária lágrima escapar.

O seu outro “eu”, que estava na sua frente, fez uma expressão séria ao vê-lo se abaixar. Por mais que fossem personalidades diferentes, compartilhavam o mesmo corpo, consequentemente, as mesmas emoções. Agora, mais do que nunca, a vontade do garoto à sua frente era de desaparecer. Não se sabia o que o Imperador queria, uma hora incentivava que ele se suicidasse, outrora acabava por sentir pena. Porém, mais que tudo, ele queria estar no controle. Apenas por se autointitular Imperador, ele achava que o que fazia era o correto a se fazer, o melhor caminho a se tomar; o egoísmo e orgulho eram a sua base. Tais sentimentos contrariavam os desejos originais, de um Akashi bondoso e gentil, disposto a ajudar os que estavam ao seu redor. Talvez tudo fosse consequência de uma pobre criança quebrada por dentro, com a perda de uma pessoa tão querida.

— Você já desistiu, só se recusa a aceitar — falou, depois de tanto tempo.

A personalidade original concedeu um olhar um tanto amargurado. Talvez já tivesse mesmo desistido, talvez ele só estivesse continuando a viver como obrigação. Ele tinha razão, toda a razão.

Era fácil controlá-lo, disso o Imperador sabia. Ele era o único que conhecia o seu lado frágil e indefeso, um Seijuro que ninguém jamais vira, diferente da imagem de um garoto independente e inabalável, pronto para estar sempre à frente dos outros e para atender às expectativas impostas sobre ele: uma máquina perfeita, que ele próprio ajudou a construir quando ficou no controle. Essas pequenas fraquezas eram o suficiente para derrubá-lo.

— Por que continua a causar tudo isso…? — perguntou, com voz falha, esperando uma resposta.

— Porque eu sou você. — foi a única coisa que respondeu, antes de desaparecer e deixar Akashi sozinho pela primeira vez, desde que tentou se suicidar.

Ele se sentiu desestabilizado diante de tais palavras. O que o Imperador queria dizer com aquilo? Eram claramente pessoas diferentes dentro de um só corpo, com ideais e atitudes opostas.

“Desistir”,  era sempre a palavra que passava por sua mente.

Mesmo que em seu estado de insanidade anterior ele praticamente tivesse deixado tudo para trás, o momento que prosseguiu com sua solidão, envolto de um vazio reflexivo, o estimulou a organizar novamente seus pensamentos.

    Mesmo que pensasse em realmente desistir, deixar todo um futuro que deu duro para construir ao se lembrar de sua mãe, uma imagem, que agora se diferenciava da figura materna, ocupava sua mente.

    O doce garoto de cabelos azuis não deixava seus pensamentos, e havia sido a razão por aguentar as exigências dadas a ele durante tanto tempo. Embora tivesse sido responsável por uma violação traumatizante, de uma coisa teria certeza: ele, definitivamente, queria vê-lo novamente, mesmo que fosse por uma última vez.




 



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