História Destinada a Vencer - Comentários e mais sacanagens

Na segunda-feira, Kathrin e Nicole foram para a escola e subiram rapidamente até a sala de história. Chegando lá, elas sentaram ao lado da porta e começaram a conversar. Joachim e Burkhard estavam lá também.

- Ni, você não acha que o Schwartz me machucou ontem de propósito? Acho que ele está bravo comigo porque faço mais gols que ele... – Perguntou Kathrin.

- Claro que não, Kath. Ele é do mesmo time que você, por que ele faria isso? – Disse Nicole, confusa.

- Não sei, talvez o Schwartz esteja tão revoltado por causa que estou mandando melhor que ele, que ele está tentando me machucar para eu cair fora do time por um bom tempo e ele voltar a ser a estrela do time. – Afirmou Kathrin, preocupada.

- É, pode ser.... O Schwartz é da pesada mesmo... – Comentou Burkhard.

- Acho que ele quer que a Kath vá embora do time para ele voltar a ser o melhor, porque desde que ela entrou no time, o Schwartz anda meio revoltado por não ser mais o rei dos gols... – Comentou Joachim, preocupado. Logo depois, o sinal tocou e os alunos entraram na sala de história. A professora Claudia chegou e ela estava usando um vestido até o joelho com uma garota tocando guitarra desenhada e cercada de notas musicais. Usava também um tamanco branco e duas presilhas roxas no cabelo.

- Olá, pessoal! Hoje vamos aprender sobre Grécia Antiga, mas é a segunda parte! – Anunciou Claudia, ansiosa. Ela explicou toda a matéria, cada anotação que havia feito na lousa e depois disse:

- Agora que acabei a explicação, façam os exercícios um, dois, três e quatro da página cento e treze. Tem seis exercícios, mas vocês só precisam fazer os quatro primeiros, está bem?  Que bom! – Logo depois, os alunos abriram o livro de história e o caderno e começaram a fazer os exercícios ao mesmo tempo que conversavam.

- Nossa, hoje a professora extrapolou! Que vestido é aquele? Parece que ela comprou na sessão infantil da Zara! – Disse Burkhard, inconformado.

- É verdade! Há! Há! Há! – Concordou Heinz.

- Nunca vi coisa igual! – Comentou Nicole, espantada com a roupa da professora.

- Antes de falarmos mal do vestido da professora, preciso falar uma coisa: acho que o Schwartz está tentando me machucar e me tirar do time. – Afirmou Kathrin.

- È vero, Kath. Aquele tropeção que você deu ontem foi por culpa dele e aquilo não pareceu um acidente.... – Comentou Lorenzo.

- Ele me empurrou uma hora lá também. Aquilo também não pareceu um acidente. – Acrescentou Kathrin.

- Não pareceu nem um pouco mesmo. O Schwartz está sendo muito burro e infantil de querer competir com alguém do próprio time. – Disse Heinz, rindo da situação.

- É verdade. Temos que contar para o Meyer antes que ele me machuque de novo. – Afirmou Kathrin, com medo.

- Mas não podemos acusar sem provas, Kath. Não temos total certeza de que aquele tropeção foi armado pelo Schwartz. E para denunciarmos alguém do time, precisamos que o time inteiro se convença de que tem mesmo algo errado, porque quando formos falar sobre isso, os outros do time podem nos desmentir. – Disse Burkhard.

- O Burk está certo. Temos que esperar isso acontecer mais vezes e deixar que o time perceba. Vamos tentar convencê-los também, é claro. – Comentou Anselm.

- Mas, Anselm, quantas canelas chutadas eu vou ter até isso acontecer?! Pode ser que eles nunca percebam e um dia o Schwartz me machuque de verdade! – Disse Kathrin, muito brava.

- Mas é o jeito, Kath. Não podemos dizer que o Schwartz está fazendo maldades sem ter provas. Pode ser que nem seja isso e estamos culpando o pobre coitado por algo que ele nem fez. – Disse Nicole, refletindo sobre a situação.

- E se machucar mais é um risco que você corre, Kath, porque pode ser que o Schwartz esteja mesmo te sacaneando ou também pode ser que não. – Comentou Joachim.

- É verdade. Pode ser que o Schwartz não está com toda essa intenção de me machucar. Pode ser que ele nem tenha inveja de mim, como estou pensando. – Concordou Kathrin.

- Você tem razão, vamos esperar. Quem sabe isso foi mesmo um acidente e estamos falando bobagens. – Afirmou Heinz. Cinco minutos depois, Kathrin e seus amigos acabaram a lição, o sinal tocou e eles trocaram de sala.

No mesmo dia, um tempo depois do almoço, Kathrin e Nicole foram para aula de futebol com Birgit, como sempre. Elas entraram no carro e foram até o clube.

- Chegamos, garotas! Bom treino! – Disse Birgit.

- Até mas, mãe! – Disse Nicole, saindo do carro junto com Kathrin.

Logo depois que Kathrin e Nicole desceram do carro, foram até a porta de entrada do clube, entraram e foram andando até o campo. Para chegar até o campo, tinha que atravessar uma parte do clube e descer uma imensa escada. Chegando lá, Meyer e o resto do time já estavam lá, menos Heinz e Wilfried.

- Olá, Beumer! Olá, Neuer! – Cumprimentou Meyer.

- Olá, Meyer! – Responderam Kathrin e Nicole. Cinco minutos depois, Heinz e Wilfried chegaram juntos.

- Oi, Meyer. Desculpe pelo atraso. – Disse Heinz, envergonhado.

- Me desculpe também. – Disse Wilfried.

- Acho bom que não façam mais isso, porque o horário do treino é quatro e meia, não quatro e trinta e cinco! – Afirmou Meyer, muito bravo com os meninos. Logo depois que acabou de fazer a chamada, Meyer disse:

- Para o campo! Hora do aquecimento! – Todos já entenderam o que era e foram direto até os discos azuis, como sempre. Logo depois, acabaram todo o circuito e se posicionaram para o começo do jogo. Nesse dia, o treino seria mais longo por conta da final do campeonato, que seria na quarta-feira. Nesse mesmo dia, eles teriam um jogo contra Berlim. Tinham ganhado o jogo anterior já.

- Preparar, reservas e titulares... – Anunciou Meyer. Logo depois, Meyer apitou e o jogo começou. Os titulares começaram dominando a bola: Jörg passou a bola para Anselm, que passou para Lorenzo, que passou para Burkhard, que passou para Joachim, que passou para Dieter, que ia passar para Kathrin, mas Wolfgang a empurroue pegou a bola em seu lugar, foi tentar fazer um gol e não conseguiu. O goleiro reserva passou para um dos reservas, que passou para outro, que passou para outro, mas Wilfried roubou, passou para Heinz, que passou para Kathrin e quando ela foi tentar fazer um gol, Wolfgang colocou sua perna em frente a de Kathrin, a derrubou no chão e fez o gol em seu lugar. Muitos ficaram felizes com o gol, mas nem todos, porque alguns acharam aquilo muito estranho.

- É gol! – Gritou Lorenzo, feliz.

- Boa jogada, Schwartz… - Elogiou Joachim, um pouco desconfiado de Wolfgang. Kathrin encarou Wolfgang com raiva, do tipo: “por que você me jogou no chão, seu louco?!”.

- O que foi aquilo? – Perguntou Heinz, para Burkhard.

- Não sei, parece que o Schwartz jogou a Kathrin no chão para fazer o gol no lugar dela. Acho que ele está mesmo de sacanagem com ela... – Respondeu Burkhard.

O jogo continuou e Wolfgang passou a bola para Anselm, que passou a bola para Dieter, enquanto isso, Wolfgang trombou com Kathrin e ela escorregou, Wolgang passou a bola para Joachim, que passou para Jörg, que passou para Kathrin e ela fez um gol.

- Não acredito! – Reclamou Wolfgang.

- Muito bem, Beumer! – Elogiou Burkhard.    

- Valeu, Scholler! – Agradeceu Kathrin, com um sorriso no rosto.

O jogo continuou e Kathrin passou para Wilfried, que passou para Anselm, que passou para Heinz, um reserva roubou, que passou para outro reserva, Kathrin foi correndo para tentar roubar a bola, mas Wolfgang trombou com ela, mas ela saiu correndo na frente dele, então Wolfgang colocou a perna na frente de Kathrin, ela caiu, Wolfgang roubou a bola do reserva, passou para Heinz, mas Burkhard pediu um tempo:

- Tempo! Tempo! Meyer, preciso falar com você. Na verdade, o time precisa. – Todos entenderam o que Burkhard quis dizer e foram até Meyer. Enquanto isso, Kathrin ainda estava deitada no chão, com dor na perna.

- O que houve? É sobre a Beumer? – Perguntou Meyer.

- É sim, Meyer. Estamos percebendo que o Schwartz anda trombando, empurrando e participando muito de tropeções da Beumer. Acho que ele está fazendo isso de propósito. – Respondeu Burkhard.

- É verdade e o Schwartz anda meio com inveja da Beumer porque ela mandou muito melhor do que ele desde que chegou. Foi ele quem a fez cair daquela primeira vez. – Acrescentou Wilfried.

- Ele anda querendo machucar ela, Meyer! Acho que ele quer tirá-la do time! – Comentou Joachim, preocupado.

- Mas vocês acham que ele faria uma coisa dessas? Seria muita infantilidade, porque a Beumer é do mesmo time que o Schwartz e não existe motivo para competição. Não desta maneira violenta. – Afirmou Meyer, com a mão no queixo e expressão de preocupado.

- Eu conheço o Schwartz desde os sete anos e sei muito bem que ele é da pesada. Quando ele percebe que alguém está roubando o cartaz dele, ele faz de tudo para derrotá-lo... – Afirmou Dieter.

- É mesmo, Buchmann? Mamma mia! – Disse Lorenzo, inconformado.

- Acalme-se, Mellini. Vou chamar o Schwartz e dar um jeito nisso. Tem certeza de que ele está agredindo a Beumer? Eu vi ele fazendo ela tropeça mesmo, mas não sei se foi de propósito como vocês estão falando... – Perguntou Meyer.

- Sim, é claro que temos certeza! – Afirmou Jörg.

- Estamos vendo com nossos próprios olhos! – Comentou Joachim.

- Dê logo uma bronca no Schwartz, Meyer! – Pediu Anselm.

- Para falar a verdade, eu acho que o Schwartz anda sacaneando a Beumer sim. Você está certo, Gören: vou dar uma bronca nele. – Afirmou Meyer. Meyer resolveu chamar Wolfgang e fez um sinal para ele vir até onde ele estava.

- O que houve, Meyer? – Perguntou Wolfgang.

- Você sabe muito bem o que houve, Stronzo! Imbecille! – Gritou Lorenzo, furioso. “Imbecille” significa imbecil e “Stronzo” quer dizer idiota, em italiano.

- Chega, Mellini! Vim conversar com você porque percebi que andou querendo machucar a Beumer de propósito e isso não é comportamento de um jogador da sua idade. Falta pouco tempo para a final do campeonato e você não pode agir desse jeito – Afirmou Meyer, de braços cruzados.

- Ah, então você também é fã da Beumer? – Perguntou Wolfgang, para provocar Meyer.

- Não sou fã nenhum, é que você anda sim fazendo sacanagens com ela no jogo! Eu vejo isso! Agora me fale, Schwartz: você gostaria que a Beumer saísse do time para você voltar a ser o artilheiro ou não? – Disse Meyer, furioso. Wolfgang não fazia ideia do que responder, então disse a verdade:

- O que você acha, Meyer? Ela está roubando meu lugar, ora! E é uma novata!

- Mas isso não justifica a agressão! A Beumer pode fazer quantos gols ela quiser, mas ela é sua parceira e não sua inimiga! Ao invés de ficar chutando ela feito criança, porque você não age como um moleque crescido e melhora suas jogadas? – Perguntou Meyer, furioso. Wolfgang ficou calado e vermelho de vergonha.

- Pois bem. Agora vá pedir desculpas a Beumer antes que você seja expulso do time. – Disse Meyer. Wolfgang foi devagar até Kathrin e disse:

- Me desculpe, Beumer. Minha atitude foi agressiva e.... infantil.

- Tudo bem, Schwartz, mas sempre lembre-se do que o Meyer te disse: sou sua parceira no time e não sua inimiga. – Afirmou Kathrin. Wolfgang concordou com a cabeça e Meyer disse:

- Bom, já se passaram alguns minutos e o treino acabou. Dispensados! E parabéns pelo jogo anterior, vocês arrasaram! – Após ouvirem isso, todos se retiraram. Meyer não tinha percebido que o treino ainda tinha alguns minutos, mas ninguém se manifestou. Todos foram embora mesmo assim. Kathrin ficou feliz que Meyer deu uma bronca em Wolfgang, não aguentava mais aqueles empurrões e sacanagens que ele fazia com ela. Kathrin já tinha participado de dois jogos das finais do campeonato: um no dia de seu segundo treino com o time (o dia onde Wolfgang fez Kathrin tropeçar pela primeira vez), onde fez dois gols, e um no terceiro dia (o dia quando Meyer deu a bronca em Wolfgang), onde fez três gols. O último jogo já seria na quarta-feira.