No mesmo dia, só que à noite, Kathrin, Helen e Rudolf acabaram de jantar. A noite estava bonita, cheia de estrelas no céu, o que era raro em Munique. Kathrin queria muito sair para dar uma volta e observar melhor a paisagem.
- Mãe, posso ir dar uma volta lá fora? - Perguntou Kathrin, sorrindo.
- Mas, Kathrin, está muito escuro! – Disse Helen, preocupada.
- Não se preocupe comigo, mãe. Volto daqui a uma hora ou trinta minutos. – Afirmou Kathrin, pegando seu casaco roxo e já indo para a porta.
- Ok, filha, pode ir. Mas tome cuidado. – Pediu Helen, preocupada. Kathrin concordou com a cabeça e foi andar pelo condomínio, precisava dar uma volta e esfriar a cabeça. Teve um longo dia e queria muito relaxar. Kathrin andou um pouco, até que chegou em um pequeno lago que ficava na frente de algumas casas e tinha uma bela vista para o céu. Kathrin ainda estava usando o seu colar com o número trinta e um e olhava para ele triste.
- Pois é, pai... Parece que nunca vamos nos ver. – Comentou Kathrin, magoada. Kathrin sentou em frente ao lago e ficou olhando para o céu até que uma estrela cadente passou.
- Uma estrela cadente! Eu vou fazer um desejo: eu desejo... o meu pai! - Disse Kathrin, com os olhos fechados.
Logo depois, Kathrin viu que nada aconteceu e ficou deitada olhando para seu reflexo no lago pensando. Até que conduziu seu dedo indicador até seu reflexo e tocou levemente na água. O reflexo de Kathrin se distorceu e quando a água parou de mexer, O reflexo do pai de Kathrin surgiu na água em uma forma espectral.
- Pai?! – Perguntou Kathrin, espantada.
- Sim, sou eu mesmo, Kathrin. – Respondeu Bastian, sorrindo para Kathrin.
- Quando eu vou te conhecer, pai? Quando eu vou poder sair nas ruas e responder para aquela imprensa a pergunta que sempre me fazem e não aguento mais? – Perguntou Kathrin, atormentada.
- Não sei, Kath... Sua mãe nunca vai permitir isso. – Respondeu Bastian, desapontado.
- Espere! Você mora no meu condomínio! Seria perfeito se eu perguntasse para o pai da Ni qual o número da sua casa e fosse até lá para finalmente falar com você! – Comentou Kathrin, ansiosa.
- Você não acha que eu queria te conhecer também? Eu adoraria, mas sua mãe só vai te deixar me ver pela televisão por enquanto... – Disse Bastian, muito triste.
- Então... Nunca poderei te ver e te chamar de pai? – Perguntou Kathrin, inconformada. Dito isso, caiu em prantos e a imagem de Bastian permaneceu imóvel olhando para Kathrin.
- Não chore, filha... Você pode nunca me ver pessoalmente ou falar comigo, mas eu sempre estarei no seu coração. Sempre estarei ao seu lado o tempo todo: nas suas aulas, nos seus jogos, nos seus pensamentos e nos seus sonhos. – Disse Bastian, com ternura.
- Obrigada, pai. – Agradeceu Kathrin, já um pouco calma.
- Quando estiver jogando futebol, se lembre de mim. Eu sempre estarei lá. Use esse colar e você jamais me esquecerá. – Afirmou Bastian, com um sorriso acolhedor.
- Sim, pai, mas eu queria muito te ver de verdade.... – Comentou Kathrin, quase voltando a chorar.
- Nem sempre conseguimos o que queremos na vida, Kath, mas eu sempre estarei do seu lado. Nos seus pensamentos e na sua imaginação. Conte comigo para o que precisar. – Dito isso, a imagem de Bastian começou a desaparecer lentamente.
- Não! Não vá! – Implorou Kathrin. Bastian desapareceu e Kathrin ficou triste. Ia começar a chorar, mas viu que o seu pai tinha razão e que tinha que encarar a realidade. Kathrin gostou de ter conversado com seu pai, mesmo que ele fosse apenas um fruto de sua imaginação.
- Obrigada por ter conversado comigo hoje, pai. Foi uma conversa curta, mas muito boa...– Disse Kathrin, sorrindo e olhando para seu colar. Como Kathrin não queria voltar para casa, resolveu dar uma voltinha pelo condomínio e nessa voltinha encontrou Margrit andando pelo condomínio.
- Marg? O que você faz aqui? – Perguntou Kathrin, surpresa.
- Eu quem pergunto! O que você está fazendo aqui a esta hora da noite?! – Disse Margrit, também surpresa.
- Vim dar uma volta. Pensar um pouco. Até conversei com um reflexo imaginário do meu pai no lago! – Contou Kathrin, rindo.
- Nossa! Você realmente está com vontade de conhece-lo! – Comentou Margrit, impressionada.
- Você também não tem vontade de conhecer o seu pai? Ele é do mesmo time que o meu e tudo. Talvez seja fácil vê-lo por aí – Disse Kathrin.
- Sabe, Kath, eu meio que já me conformei com a ideia de que nunca foi poder realmente conhecer o meu pai e dizer a ele quem sou. E a chance disso acontecer e de uma em um milhão, o que é praticamente impossível. Aliás, já se passou muito tempo e se meu pai descobrir sobre mim um dia, com certeza vai fazer vista grossa e seguir com a vida. – Afirmou Margrit, um pouco triste.
- Também não é assim, Marg! Quando o pai da Ni descobriu sobre ela, ele casou com a mãe dela e eles são uma família até hoje! Você não pode perder as esperanças assim, nada é impossível! – Disse Kathrin, sorrindo a Margrit.
- O caso da Ni era diferente. Os pais dela namoravam, agora a minha mãe era só uma fã do meu pai. Ou seja, nunca passarei de uma filha dele com uma fã adolescente que só ficou com ele por uma noite. – Disse Margrit, rindo.
- Não pense assim. Quem sabe você se surpreende e ele acaba ficando super feliz que descobre que tem uma filha. – Comentou Kathrin, já indo embora.
- Talvez sim. Não sei. – Disse Margrit, também indo embora. As duas então se despediram e foram embora para suas casas. É claro que Kathrin estaria sempre com seu pai no coração e seu colar a fazia lembrar dele sempre, mas ainda tinha vontade de conhecê-lo pessoalmente e chamá-lo de pai. Isso era um grande sonho de Kathrin, mas sabia que não poderia fazer isso por conta que sua mãe a fez prometer que jamais contaria tudo a seu pai.
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